Eu fui criado com palmadas. Por nota baixa, por irritar minha mãe etc. Mas fui criado com muito amor e sabedoria também. Acho que as palmadas eram consequência de pais desinformados, sem noção etc.
Meus pais vieram de uma cultura que tinha um lema: “quem ama, dá umas palmadas”, ou algo do gênero. Em hebraico, essa frase tem rima.
Não vejo a cena de eu dando umas palmadas nos meus filhos. Quando olho para minha filha, me vem a certeza, com evidências reais, que ela veio para este mundo para ser amada.
Não estou defendendo a palmada, nem a ausência dela, mas muitas vezes essas diretrizes de como criar os filhos me parecem ondas que vem e vão, sobem e descem, mudam e desmudam de acordo com a mente coletiva vigente.
Sou o que sou hoje devido a soma de tudo isso: amor e palmadas. Eu gosto do que sou. Outra pessoa, com exatamente a mesma criação, seria diferente. Talvez mais traumatizada, talvez mais forte, sei lá. Educação não é uma ciência exata e isso é legal.
Prefiro pensar que cada um vem ao mundo buscando exatamente o que precisa. Uns amor, outros palmada. É uma escolha intrínseca, inexplicável. Cabe a mente coletiva vigente definir limites que moldarão a próxima mente coletiva. No máximo vamos pagar por isso.
Escrevi isto como um comentário ao Tapa Não Educa, da Vitória, no Blog da Jacarandá.
Minha infância também teve o uso de palmadas como ferramenta de correção e eu não me sinto frustado ou traumatizado com isso.
Na verdade aprendi minha mãe duas coisas sobre palmadas:
– Criança não gosta de adulto “bobo”. Adultos que muitas vezes agem sem seriedade(através da palmada ou não) com crianças abrem portas para que elas assumam o controle da situação;
– Não se deve dar palmas/bater com raiva, pois a raiva tira toda a razão do ato. Se você não demostra tem razão, como uma criança irá entender aquilo como uma ação de correção?