O que fazer no Centro de São Paulo e Redondezas

No grupo de bairro chamado Cecilias e Buarques, alguém pediu dicas de coisas para fazer por perto, que não seja comer, pois estava de regime. Mandei as dicas abaixo.

Sala São Paulo, todo domingo 11h tem concertos gratuitos e muito convidativos. Chegue antes para pegar ingresso, sempre tem lugar, nunca lota. Programação aqui. Tem algumas pessoas em condição de rua no entorno, que deixam a região meio sinistra, mas não incomodam ninguém e não apresentam perigo nenhum.

Ao lado, tem o incrível Museu da Língua Portuguesa.

Uns quarteirões de lá, tem a Pinacoteca e o Jardim da Luz. Ambos imperdíveis e com a vocação para esculturas ao ar livre.

Todos esses museus, aos sábados têm entrada franca.

E já que estará próximo do Bom Retiro, as ruas lá são muito legais de se visitar, especialmente quando as inúmeras lojas de roupas estão abertas. É um bairro histórico e importante para a memória da imigração do Brasil. Tem lá também muitos restaurantes, cafeterias e sorveterias coreanas e judaicas que valem a visita.

Quando voltar a comer, vá ao Komah, restaurante coreano sofisticado, mas não muito caro, na Barra Funda. É fora de série.

Caminhe até o Largo do Arouche e Praça da República. Neste último, há anos, aos domingos 11h, tem uma roda de capoeira bonita e muito impressionante. Na Praça Dom José Gaspar tem uma galeria que às vezes abriga, em todos os seus andares, feira de artesãos de jóias, marchetaria, moda, velas etc. Informe-se sobre datas.

Essa região toda da República foi urbanizada de forma maravilhosa e você deve contemplar ali os prédios e como eles devolvem vitalidade à cidade. É uma pena que a região passa agora por um período de decadência (que já vai terminar).

Ainda na Praça da República, o Ester Rooftop é restaurante que você deve visitar. Contemple seu edifício Deco. Contemple a vista alta. Tem dias da semana que tem trio de jazz tocando lá dentro. De 3ª a sábado tem música ao vivo e cobrem vários estilos.

Ainda na República, no trajeto até o Theatro Municipal (que você também deve visitar e ir a espetáculos), mas antes de chegar lá, tem o SESC 24 de Maio, lindo, maravilhoso, adoro. Se você for sócio, tem uma piscina incrível na cobertura para usufruir. Fora a abundante programação cultural com teatro, exposições e atividades interativas.

Outro SESC é o Consolação, próximo ao Mackenzie. Ali toda 3ª 19h, há muitas décadas, tem shows importantíssimos de música instrumental brasileira, palco que dá espaço para artistas de projeção internacional mas que são menos conhecidos que as Anitas e Pablos do jabá. Esse projeto, Instrumental SESC, é gratuito e os shows são transmitidos ao vivo também em seu canal do YouTube, abarrotado de registros históricos.

Chegue até os calçadões do Centro e visite as inúmeras exposições do Farol Santander (Edifício Altino Arantes, edifício do Banespa), inclusive o Bar do Cofre no subsolo. Nessa Praça Antônio Prado há mais o que se ver, como o monumento a Zumbi dos Palmares. Neste mesmo passeio contemple a arquitetura Deco e Nouveau desses prédios históricos. Dê também um pulo ao Centro Cultural Banco do Brasil que vale pelo edifício e também pelas itinerantes exposições. Tem também a Caixa Cultural ali perto com exposições.

A Praça Ramos de Azevedo tem em seu entorno o Theatro Municipal, que tem visitas guiadas muito interessantes de dia, fora a programação cultural. Tem também o belíssimo edifício Matarazzo que hoje abriga a prefeitura da cidade, cuja cobertura creio que é aberta para visitação. E também o Shopping Light, com tours guiados e com um bar charmoso na cobertura.

O roteiro religioso inclui corais e atrações no Mosteiro de São Bento e na Catedral da Sé. Geralmente aos domingos, horário da missa. Informe-se antes.

A todos esses lugares você pode e deve ir a pé ou aproveitar ônibus gratuito aos domingos.

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Maracujá é a fruta da Flor da Paixão

Eu passei a vida toda achando que o nome internacional do maracujá — passion fruit, fruta da paixão — era devido a sua cor e aroma exóticos e afrodisíacos.

Me enganaram! Ou, mais provável, eu me enganei a si próprio.

O maracujá é típico da Amazônia e o nome latim/inglês/francês — passiflora — foi dado pelos jesuítas, no século 18, porque usavam a flor para ensinar sobre a Paixão de Cristo aos nativos do novo mundo. Pois a flor tem pétalas que lembram uma coroa de espinhos, e estames que lembram uma cruz.

O nome original em tupi — mara kuya — significa alimento na cuia. Porque afinal fazemos da casca do fruto o recipiente para se comer a polpa.

Mais uma coisa bem aprendida numa bela viagem.

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CoViD-19 acabou?

Aeroportos cheios e quase ninguém mais usa máscara, inclusive dentro do avião, durante o voo. Nenhum oficial nem pede também comprovante de vacinação nem teste negativo.

Fila de pessoas em aeroporto e poucos usam máscara

Seria porque ⓐ não se importam mais, ⓑ usar máscara é muito chato, ⓒ estamos simplesmente agindo como pessoas vacinadas?

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Abacaxi vem da Amazônia

O abacaxi é uma bromélia amazônica.

A gente chama de “fruta”, mas aquilo é na verdade um conglomerado de frutos, sendo cada fruto um dos gomos que se vê na casca. Da bromélia brota uma estrutura cheia de florzinhas, parecida com a foto. E aí cada 1 florzinha se transforma em 1 fruto. Eles vão engordando e grudando um no outro até formar o abacaxi inteiro.

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Vitória-Régia da Amazônia

A Vitória-Régia, além de linda e exótica, é também uma planta alimentícia não-convencional (P.A.N.C.).

Típica da Amazônia, ancora sua raiz no fundo de lagos ou águas doces estáveis, e de lá estende grossos caules até a superfície para cada flor, cada fruto, cada folha enorme em forma de prato de 1 a 2 metros de diâmetro.

A raiz é um tubérculo, que pode ser cozido e consumido como batata. Os caules podem ser descascados e preparados como palmito ou aspargos ou espaguete. As folhas, após removidos os espinhos, podem ser consumidas cruas ou cozidas como couve.

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Nação dos Nômades Digitais

Me colocaram num grupo de nômades digitais cujas discussões são nada menos que absolutamente inspiradoras.

São pessoas desprendidas e provavelmente sem filhos que têm profissões que levam de forma remota, pela Internet, e que passam a vida viajando.

Discutem se os próximos meses devem passar nas Maldivas, Tenerife ou Tailândia. Contam o paraíso que foi tal e tal lugar onde ficaram N meses.

Não é algo novo, mas a cultura do trabalho remoto recebeu o aval maior pela pandemia e a Nação dos Nômades Digitais deve crescer nos próximos anos.

Claro que algumas coisas ajudam: ter renda em moeda forte — para pagar barato por produtos e serviços em lugares distantes do planeta —, ter um trabalho que permite essa situação — ou ser rico mesmo — e não ter filhos — para ser desprendido e ganhar agilidade para ir e vir.

Mesmo achando que já vivo no paraíso, preciso confessar que esse modo de viver me atrai e faço planos secretos de catar a namorada e virarmos nômades assim que os filhos alcançarem a alta adolescência.

Alguns lugares que eu voltaria ou passaria com prazer uma temporada:


Hibiki, Tashkent, Nova York, interiorizão dos EUA, Piemonte, Tenerife, Hamburgo, Carolina do Norte em maio, Addis Abeba, Ibiza, Belém do Pará…

E você?

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Achados e perdidos na praia de Calhetas

Ontem eu perdi na praia chave do carro, chinelos e máscara de mergulho.

A chave achei metros de distância embrulhada numa toalha nada a ver.

Os chinelos, depois de ½ hora procurando desesperado, o amigo me diz que foram usados prá marcar os limites do gol 50m prá lá. E tavam lá mesmo, enfiados bonitinhos na vertical na areia.

A máscara de mergulho a onda me levou num belo dum caldo que arruinou os planos de snorkeling. 3 horas depois a maré trouxe de volta e meu filho achou.

Na volta encontrei a redenção no sorvete de doce de abóbora com coco no Rocha de Maresias.

Praia linda, dia perfeito, final feliz.

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Sonhos de uma viagem pós-pandemia

Saudade de uma bela viagem de férias. Se a pandemia nos ancora em casa, podemos pelo menos lembrar as passadas e planejar as próximas. Abaixo estão as memórias de algumas viagens que fiz e farei. Quero me inspirar com as suas também.

Saudade de férias em hotel de luxo de alguma praia europeia, Biarritz (que só passei num dia de chuva), Noli na costa da Ligúria, ou a que fiz em Sitges na Cataluña, mesmo que a trabalho. Ilha da Madeira, Tenerife, Ibiza, me aguardem!

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Dicas para uma Paris alternativa

Eis uma lista de dicas que costumo mandar para amigos que vão para Paris. Dicas que não são encontradas em qualquer lugar. Procure fazer tudo a pé.

Tem um mapa com alguns desses pontos aqui.
Instale o Google Maps no seu celular e copie esse mapa pro seu Google Drive prá fazer os landmarks aparecerem no seu celular.

  1. Passeie pelo bairro Marais. É antigo mas cheio de jovens, ruazinhas, falafel e crepe.
  2. Imperdível: no Marais (fale “Marré”), na minúscula rua Bourg Tibourg tem a minúscula perfumaria L’Artisain Perfumeur. Olhe pro lugar não como loja mas como um museu de cheiros sensacionais. Eu acho esse lugar incrível. Torre €90 prá comprar um frasco. Tinha uma época que a davam 20% de desconto na segunda compra, então compre uma coisa barata na primeira compra e o produto caro na segunda. Prá presente, eles tem caixas com amostras de diversos perfumes. Peça também amostras grátis que eles dão de montão.
  3. Ao lado, tem o Mariage Frère, uma loja antiga de chás muito bons. Vendem a granel. A loja é bonita e pode-se tomar chá lá também, mas eu prefiro comprar prá fazer em casa, no Brèsille. Vá de Plain Lune, Marco Polo ou um chá salgado que eles tem. Ou escolha outros pelo cheiro.
  4. Suba o morro até o Sacré-Cœur. O lugar é bem turístico, cheio da juventude, não falha. Desça pelo outro lado, prá conhecer mais bairros.
  5. A torre Eiffel é muito interessante de se visitar, mas tem filas enormes prá subir. Eu nunca subi. Repare nos nomes de dezenas de cientistas e engenheiros gravados no mezanino. Muito emocionante.
  6. No verão acontece o Paris Plages que transforma o Sena numa longa praia com pequenos eventos na beira do rio. Legal prá passear, correr, alugar bike de graça, sentir a vida parisiense. Só no verão.
  7. Há o serviço Batobus no rio Sena que pára em várias estações. Você entra e sai onde quiser, tipo a estação da torre Eiffel. Compre passe diário e divirta-se.
  8. Vá ao Louvre, tire fotos com as pirâmides no pátio, mas sugiro entrar somente se você for um estudioso entusiasta da arte. O museu é enorme, precisa-se de semanas para conhecê-lo direito e não vale a pena se vc tiver pouco tempo. Minha esposa conhece e gosta de arte e usou passe de longo prazo quando morava lá. É massante. Veja a Monalisa na Internet com mais calma. Eu fui prá Paris umas 4 vezes e nunca entrei no Louvre.
  9. Vá ao museu d’Orsay. É pequeno (2 ou 3h prá visitar tudo) e muito muito bonito. Tem Rodin, Degas, Monet, Toulouse-Lautrec e outros impressionistas. Acho que existe app pro iPhone que serve de guia.
  10. Jardim Luxembourg
  11. Jardins des Tuileries
  12. O Arco do Triunfo na Champs Élysées é uma região muito turística, cheia de gente, mas ele fica no meio do Axe historique onde uma série de monumentos se alinham e pode-se vê-los um dentro do outro
  13. …e o melhor lugar prá ver isso acho que é no Place de la Concorde, onde há o original obelisco egipcio.
  14. Ile de La Cité é a ilha central onde a cidade começou e é onde fica a Catedral Notre Dame. As pontes que conectam a ilha ao continente tem cadeados que as pessoas deixam lá como promessa.
  15. Tem uma sorveteria muito famosa numa das ilhas. Não lembro o nome…
  16. As pontes do Sena no verão são chão para piquenique dos parisienses no fim da tarde. Galera senta no chão e abre o vinho. Cada ponte tem uma história. A Pont Neuf é a mais antiga.
  17. Onde se lê “é” fale “ê”. E onde se lê “è” fale “é”. Demorei prá descobrir isso.
  18. Imperdível: vá a Fromagerie Laurent Dubois. Fromagerie é “queijaria”. Evite sábados e domingos de manhã pois há fila e você precisará de atendimento premium prá provar lascas de tudo. Prove os queijos, escolha e peça para embrulhar a vácuo e traga de presente para amigos no Brèsille. Os que mais gosto são o bleu (tipo rockfort ou o próprio rockfort verdadeiro e de origem controlada), o comté (tipo suiço) e o camembert e variações, mas tem uns 800 outros tipos lá, de cabra, de ovelha etc. Compre a vácuo prá trazer ao Brèsille no dia que você estiver voltando. Não antes. Mantenha em geladeira até o último momento e não espere muito prá comer no Brèsille. Eu costumo colocar 3 pedaços pequenos de queijos diferentes em cada envelope a vácuo e cada envelope vai de presente prum amigo diferente. Na viagem de volta, despache os envelopes com queijos na bagagem. Não traga na bagagem de mão pois vão achar que há algum defunto na cabine. Se o Dubois for fora de mão, há outras queijarias, mas não encontrei outras tão impressionantes e tradicionais. Última viagem trouxe uns 12 envelopes da felicidade prá distribuir. Não compre queijos no supermercado.
  19. Prove também saucisson, um salame defumado muito cheiroso.
  20. Vende-se também nos supermercados latas de escargot e de patês de fígado de pato e de ganso. Fique à vontade…
  21. Vá a boulangers (padarias) porque os pães são ótimos, principalmente os com sementes. Tem em todo canto. Nos boulangers há o famoso pain au chocolat, uma espécie de croissant recheado de chocolate. E também o com amêndoas.
  22. Nas patisseries (tipo de docerias) há o famoso macaron de vários sabores, que é uma espécie de sanduichinho colorido com massa de farinha de amendoa. Delícia total. Dizem que o melhor macaron de Paris é o Ladurée Royale, mas é super metido a besta; fica perto do metrô Madeleine. Sugiro não trazer pro Brèsille pq é super frágil. Coma em Paris mesmo.
  23. Vá ao Le Calbar, um bar minúsculo numa rua minúscula cujo dono e barman é mundialmente premiado e faz uns coquetéis diferentes e decliciosos. Um amigo parisiense me levou lá e adoramos. É coisa de local, turista não conheçe.
  24. Verão na Europa produz melões rosados sensacionais, pêssegos, ameixas e nectarinas suculentos. Dificil encontrar assim no Brèsille. Prove as frutas da estação.
  25. Fique atento a postes baixos de metal com uma placa em formato de brasão. São pontos históricos. Nesses lugares há casas medievais curiosas e entortadas pelo tempo, ou outros monumentos históricos.
  26. Repare na arquitetura art nouveau das estações de metrô. Adoro.
  27. Jantamos numa sexta ou sábado num restaurante chamado La Terrasse Saint Catherine, apinhado de gente. Nem lembro da comida, mas fica numa praça charmosíssima de mesmo nome onde músicos de rua se apresentavam e crianças brincavam. Super idílico. Paris é cheia dessas micro-praças ultra-lindas. Ligue antes para reservar. Há outros restaurantes nessa praça.
  28. Outro jantar maneiro foi no judaico Chez Marianne, no Marais. Nada de especial, mas cito porque só tenho boas lembranças. As mesas geralmente são na calçada em todos os restaurantes… as pessoas adoram ver outras pessoas passando na rua.
  29. Aproveite a diferença de fuso prá fazer noites estendidas. Vale a pena.

Tem os landmarks famosos aqui, mas não é o roteiro que eu focaria: https://en.wikipedia.org/wiki/Landmarks_in_Paris

US bank account for non-US citizens

I’ve searched for a long time and finally found a US regular bank that will let me open a free checking account. It is BBVA Compass bank.

All these services are free: ATM withdraw and deposit (BBVA’s and AllPoint ATMs), full featured Internet banking, full featured mobile banking, Visa debit card, Apple Pay and more. The non-free services are listed here and exact rates depend on the US state where the account was opened.

bbva-logo

To open a checking account, you must personally visit a physical branch in US and spend 40 minutes on an interview. You will leave the branch with an open account and routing numbers containing a $26 balance plus valid user and password that can be used on BBVA’s app and Internet banking. Free Visa debit card will arrive to some US address in a week or two, so no ATM until then.

They have 2 free checking account types. You should chose the one that includes free or charge AllPoint ATM usage which are very popular throughout US, and can be found in almost every 7 Eleven store. Use the AllPoint app to find one near you. Read More

Argentina não é para vegetarianos

A Argentina tá prá ser eleita o país menos amigável para vegetarianos. Não consegui fazer nenhuma refeição decente e balanceada aqui. É até mais chateante que os países da Ásia Central (Uzbequistão, Quirguistão etc) porque a Argentina é mais cosmopolita e esperava que estivesse mais sintonizada com essa diversidade. Mas não: aqui ou é parrilla ou não presta. Não é a primeira viagem que constato isso.

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YouTube na Turquia

Meu pai está a viajar pela Turquia e Bulgária e contou o seguinte:

Haaa. esqueci de dizer uma coisa: na Turquia não dá para acessar o youtube,  os e-mail que tentava abrir com links para youtube retornava com mensagem oficial do governo turco avisando que esta ligação é inapropriada pelo seu conteudo. Agora na Bulgaria consegui acessar os mesmos e- mail.

E mais uma coisa, estou-me deliciando da comida bulgara.

Eu, Felipão e o Uzbequistão

Um amigo me ligou contando que comentaristas da Band News não acreditavam que o Felipão seria o técnico de um time de um tal país chamado Uzbequistão. Perguntaram no programa quem conhecia o Uzbequistão. Perguntaram também quem conhecia alguém que conhecia o Uzbequistão.

Pois bem, Band News, aqui estou eu em carne e osso como prova de que o Uzbequistão existe sim e é legal. Fomos prá lá em 2007 e pode-se ver um monte de fotos (como a do lado) ao longo do diário da viagem.

Confesso que quando minha namorada me propos essa viagem tive a mesma reação do pessoal da Band News. No roteiro adicionamos o Quirguiztão e Kashgar também.

Então vamos ajudar o pessoal da Band News a encontrar o Uzbequistão no planeta: aos olhos do pessoal da Band News (e para mim também, até antes de 2007), Uzbequistão está para a Russia assim como o Piauí está para o Brasil visto pelos olhos dos uzbeques. Mas diferente do Piauí que é um estado brasileiro, o Uzbequistão é um país que outrora fazia parte da União Soviética. O que eu quero dizer é que o Uzbequistão é tão fim do mundo para os brasileiros (ainda) quanto o Piauí é fim de mundo para os uzbeques.

Nada contra o Piauí. Lá é bem legal também, devidamente visitado e apreciado.

E se ainda tiverem dúvidas sobre o pequeno tamanho desse mundo, deixo vocês com a genial poesia do Gilberto Gil:

Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
Parabolicamará

Coral Russo Sretensky no Mosteiro de São Bento

Conforme havia twittado ontem, assisti ao Coral Russo do Monastério Sretensky ontem no Mosteiro de São Bento.

Filas gigantescas e mosteiro lotadíssimo garantiram que assistiríamos de pé. Mas valeu a pena. Um coral de uns 30 homens soltaram a voz que ecoou forte no teto alto da catedral.

Quando fui a Russia, no ano passado, descobri os corais sacros de lá e fiquei exaltado. Esperava aquele tipo de música inspiradora mas a apresentação de ontem foi mais folclórica, popular e de ritmos mais rápidos. Bom também.

Devo parte da diversão de ontem à visão dos litúrgicos da Igreja Ortodoxa Russa, com suas longas barbas e que se vestem de forma peculiar aos nossos olhos brasileiros.

Sobre o Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, nunca havia entrado antes. Muito bem decorado e preservado, com diversas inscrições em latim, imagens de santos, anjos etc. Vale a visita.

Êita !

Quero imbicar na reca abafanética e viver meio amostrado, afuleimado nessa coisa arretada que é o passo. Se avexe na bacafusada se derreinhando encangado na alegria influído na massa, com munganga em vuco-vuco e rugi-rugi vou sentindo o furdunço, frege da multidão. Assim, arapuá, acochado, destabocado, meio cabreiro digo: eita! é o Frevo.

Glossário Pernambuquês

  • abafanética: ofegante
  • acochado: destemido
  • afuleimado: em estado de excitação
  • amostrado: exibido
  • arapuá: cabelo assanhado
  • arretada: coisa boa
  • avexe: se apresse
  • bacafusada: confusão
  • cabreiro: desconfiado
  • derreinhado: apaixonado
  • destabocado: exaltado
  • eita: surpresa
  • encangado: inseparável
  • frege: reboliço
  • furdunço: agitação
  • imbicar: mergulhar
  • influído: animado
  • munganga: jeito
  • rugi-rugi: esfrega-esfrega
  • reca: grupo de pessoas que segue uma direção
  • vuco-vuco: empurra-empurra

Extraido de um artigo sobre Frevo na revista Raiz de cultura popular, encontrado nas Montanhas do Japi.

Escher’s Print Gallery Explained

I was oweing this for the lovers of M. C. Escher works.

Last July I visited the wonderful Escher Museum in Den Haag, Holland. One of my preferred works is the Print Gallery where a painting gets mixed with the surrounding real world in a precise geometrical way, as you can see bellow (borrowed from aixa.ugr.es/escher/table.html).

Escher Print Gallery

It is intrigating what happens in the center of the picture, where the distortion would be very chaotic.

In the museum there was a screen that played the following video with a computer simulation recreating the chaotic center. I recorded it with my own camera. Quality is not perfect, but watchabel.

It was calculated and produced by some university I can’t remember the name. If you know who made it, please let me know to put the credits here.

Check it out.

Pelas Estradas Paulistas Afora

Desde que fui morar em Rio Claro para estudar na UNESP, o interior paulista virou meu amigo do peito, irmão camarada. Adoro as paisagens, os sotaques e as estradas.

Eis que fui convidado para dar uma aula na UNIFEB em Barretos, e lá fui eu cair na estrada. É longe pacas, mais de 900km, ida e volta. Veja o mapa.

centro do mapa
intinerário

Para garantir a imersão, fiz questão de ouvir só as rádios locais das cidades do caminho. A programação é 30% música e 70% propaganda local. Tocam todos os estilos do sabor romântico, e quanto mais longe da capital, mais só sertanejo moderno se escuta. As modas de viola que falam do amor pela terra, contam causos de boiada ou que são inspiradas pelo amor de uma mulher são coisas do passado que deixou saudade. Agora é só melodrama de ciúmes, sofrimento de amor e tal, cantado com muito vibrato.

Notável exceção é a Rádio da Universidade Federal de São Carlos. Num mesmo bloco conseguem tocar Rock alternativo, a MPB Maldita de Jorge Mautner e música eletrônica, tudo com explicações detalhadas do quando, do onde e do porquê. Uma rádio crua e espetacular.

As amplas paisagens se revezam entre laranja e canaviais sem fim. Treminhões triplos são constantemente vistos carregados de cana e lançam caules na beira da estrada.

Estrada e Canavial

As estradas são da mais alta qualidade, praticamente todas duplicadas, limpas, grama aparada e bem cuidadas. Um tapete, e não tenho dúvida de que são as melhores do país.

Só os pedágios dóem de mais. Viajar por essas estradas custa aproximadamente R$1 por cada 9km rodados. Um absurdo de caro, visto que já ouvi especialistas dizerem que esse valor deveria cobrir dez vezes mais, uns 100km.

Comparado com o combustível necessário para esta viagem, são aproximadamente R$140 de gasolina para R$100 em pedágios. Com um carro mais econômico, o combustível para a viagem sairia mais barato que os pedágios. Algo que não parece ter nenhum cabimento.

R$52 em 9 pedágios para 458km rodados.
Ou 8.83km para cada R$1.
VOLTA

Pedágios das estradas paulistas
IDA

R$48 em 9 pedágios para 467km rodados.
Ou 9.74km para cada R$1.
Como Tirar Passaporte Urgente

Como Tirar Passaporte Urgente

Seu passaporte vai vencer em menos de 6 meses? Pintou uma viagem ao exterior que é urgente e inadiável? Não consegue uma data decente para agendar a passaportagem na Polícia Federal?

Se você seguir as dicas abaixo, terá um novo passaporte definitivo nas mãos em 2 dias. Lembre-se: por uma questão de segurança, ninguém pode fazer esse procedimento por você. Um despachante pode até te auxiliar a levantar a documentação necessária, mas somente a sua presença na Polícia Federal te garantem passaporte.

Tudo começa no site da Polícia Federal, mas eu forneço links mais diretos abaixo.

Vai precisar do seguinte:

  1. Junte os documentos originais exigidos pela Polícia Federal que são RG, passaporte anterior (se tiver), título de eleitor ou comprovante de votação nas últimas eleições (emita um online no site do TSE), certificado de naturalização para os naturalizados, certificado de dispensa da incorporação (Exército) (para os homens entre 19 e 45 anos). Recentemente, o DPF começou a requisitar também que você leve 1 foto 5×7 do rosto ou busto em fundo branco, para o caso de emergência. Você provavelmente levará essa foto de volta para casa pois eles tirarão sua foto novamente lá.
  2. Para bebês ou menores de 18 anos, é necessário certidão de nascimento (no caso de não ter RG ainda). O menor deve estar presente no requerimento junto com os pais. Se um dos pais não puder comparecer, esta carta deve ser levada com firma reconhecida em cartório. A carta pode ser preenchida em computador mesmo, só lembre-se de assinar após imprimir. Bebês devem levar 1 foto 5×7 do rosto ou busto, em fundo branco. Mais detalhes nesta página do DPF.
  3. Preencha online o formulário de emissão de passaporte. Preencha com muito cuidado, pois o site costuma se embaralhar e decidir que você mora em Adamantina.
  4. Um dos últimos campos lhe perguntará a unidade de emissão do passaporte. Selecione sua cidade e clique em Buscar Posto de Emissão. Se você for de São Paulo, não selecione nenhum shopping. Vá direto à última opção chamada Núcleo de Passaportes na rua Hugo D’Ântola. Essa é a central do DPF e só lá poderão emitir passaporte rapidamente.
  5. Com o formulário aceito, o site vai emitir o que ele chama de GRU. Imprima-a, confira seus dados e pague a taxa de uns R$160. Você pode pagar diretamente no site do seu banco, com o número comprido do boleto que fica perto e representa o código de barras. Imprima o comprovante de pagamento da GRU do banco, emitido logo após a transação online e junte tudo isso aos documentos que você vai levar ao DPF.

O que descrevi acima é praticamente o procedimento padrão resumido. O próximo passo seria agendar um atendimento mas você já viu que só há disponibilidade para daqui a 2 ou 3 meses, muito tarde para a sua vida cheia de viagens-surpresa (Informação atualizada em 27 de Novembro de 2012: consegui agendar para ser atendido no dia seguinte em São Paulo. Aparentemente não é mais necessário seguir o procedimento de passaporte urgente a seguir.).

Então não agende.

Você deve ter uma justificativa para precisar de um passaporte com tanta urgência, então seu chefe ou superior deve escrever isso numa carta com o logotipo da empresa, escola, ONG etc.

Exemplo de texto para a carta (adapte as partes em vermelho para o seu caso):

7 de Janeiro de 2008

Ao Departamente de Polícia Federal

Assunto: Emissão urgente de passaporte para funcionário

O funcionário/aluno Avi Alkalay precisa bla bla bla bla que acontecerá em Paris, em Janeiro de 2008. Esta decisão foi feita na semana passada.

O funcionário/aluno já fez um passaporte provisório (validade de 6 meses) para sua última viagem a trabalho e precisa fazer um definitivo a fim de reduzir custos e trabalho à empresa e aos serviços públicos. Viagens decididas na última hora são frequentes em nosso ambiente de trabalho.

Agradecemos a compreensão do DPF da necessidade de emitir um passaporte ao funcionário/aluno o mais rápido possível, visto que não há data disponível em tempo hábil para agendamento do atendimento.

Obrigado novamente.

Chefe Pereira da Silva do Avi
Gerente de Assuntos Randômicos
ACME do Brasil

O Chefe Pereira da Silva do Avi deve assinar, junte-a aos outros documentos e dirija-se em horário comercial ao DPF que em São Paulo fica na tal rua Hugo D’Ântola 95.

Como Tirar Passaporte Urgente

Primeira visita ao DPF

Tente ir de ônibus pois os estacionamentos ao redor cobram R$8 a primeira ½ hora e R$3 por hora seguinte. Eu fui de carro algumas vezes e sempre consegui estacionar na rua a poucos quarteirões de distância.

Na Polícia Federal de São Paulo, suba ao primeiro andar e procure por algum coordenador do DPF que atende casos urgentes.

Eu esperei na fila uns 40 minutos. Depois me encaminharam para um atendente que tirou foto, tomou as digitais de todos os dedos sem sujar as mãos, revisou os documentos etc. No total fiquei no DPF pouco menos de 2 horas. E disseram que o prazo de emissão é de 6 dias úteis.

Segunda visita ao DPF

Mas eles deram uma agilizada e no final do dia seguinte recebi um e-mail informando que meu passaporte já estava pronto.

Se a primeira visita foi numa quarta-feira, a segunda foi já na sexta para pegar o passaporte. Apresentei o papel que me deram na primeira visita, esperei 20 minutos e saí com o novo passaporte nas mãos.

Conheço pessoas que não receberam o e-mail acima mas foram mesmo assim ao DPF dois dias depois e o passaporte já estava pronto.

Conclusão

O processo para emitir passaporte é demorado devido ao grande número de pessoas e o agendamento para todas elas, mas se você tem uma justificativa para a urgência, a Polícia Federal é compreensiva e dá uma forcinha.

Exemplo de passaporte

Cerveja Que Late Não Morde

Ainda da série traduções espetaculares, tem também esta foto de um cardápio onde o proprietário do estabelecimento se preocupou em traduzir algumas palavras para que turistas não se percam. Não sei se funcionou.

Cerveja que late

Juro que não coleciono essas coisas. Simplesmente aparecem na minha frente.

Esta, um amigo que acabou de voltar do Nordeste me mandou. Segundo ele, é do cardápio do restaurante Canion, na praia de Coqueirinhos, localizada ao sul de João Pessoa, Paraíba. Devem ter usado essas ferramentas de tradução online.

Coloque-se no lugar de um turista que não fala português e vai ler este cardápio. Acho que eu sairia correndo.

Tourism in Croatia

Some relatives just came back from a trip in Portugal and Croatia.

About Croatia, they said was impressive and unexpected. Cities are wonderful, beaches are great and people are beautiful. Everybody speaks Italian and English as second languages.

Croatia in the map.

The say the best trip is to rent a car in Italy and drive south-east through the shore into Croatia.

Sorveteria Frutos do Cerrado em Goiânia

Depois você me diz se isso é uma dica quente ou bem gelada.

Passando por Goiânia, não deixe de visitar a Sorveteria Frutos do Cerrado. Começaram fazendo picolés caseiros de frutas da região e acabou virando uma cadeia de lojas.

O sorvete é excelente, feito com muita polpa da fruta. O de graviola foi o mais lotado de graviola que já provei. Há também o de gabiroba, pequi, buriti, jaca, cajá com sal e outras frutas que nunca ouvi falar. Provei também um Romeu e Julieta feito com queijo mesmo. Bem interessante.

Ainda bem que vi a sorveteria em um dia e fui conhecer só no outro, preparando-me com um jejum de almoço a fim de traçar uns 8 picolés. A sorveteria é mesmo um ponto turístico.

Além do mais, Goiânia está muito bonita. Flamboyants frondosos e floridos disputam espaço com centenas de mangueiras carregadíssimas. O povo é aberto e simpático e as mulheres são lindas e de tirar o fôlego.

Vale uma visita, principalmente se você for solteiro.

Um Dia de Caos Aéreo

Acordei pouco antes das 6 da manhã, engoli o café e desci para encontrar com o taxista marcado às 6:50.Pegamos um trânsito caprichado e chegamos 7:35 em Congonhas.

O vôo da Varig sairia às 8:35 para pousar 9:20 em Santos Dumont. Vôo curto e rotineiro. Mas Santos Dumont estava fechado por mau tempo no Rio e o avião que nos levaria estava preso lá.

Colocaram-nos no primeiro avião possível e finalmente decolamos umas 9:45 para pousar no Galeão.

Minha agenda era uma reunião preparatória de manhã na IBM para deslanchar um projeto na reunião da tarde em outro lugar. Atrasar a primeira não era o fim do mundo. A segunda era a importante.

No Rio só chuva, não daquelas de cair o mundo, mas das que chove constantemente por horas sem fim. Alagou tudo, fechou o túnel Rebouças e a cidade parou. Por telefone, alguns cariocas me disseram que aconselhavam não sair de casa.

A Varig anunciou que um ônibus nos levaria do Galeão p/ Santos Dumont, mas não vi nenhum sinal. As companhias de táxi de guichê exibiam uma placa escrita à mão: ESTAMOS SEM CARROS. A fila do táxi de rua no desembarque estava cheia de gente e desolada de carros. Eu que sou manjado de aeroportos subi até o embarque e esperei 1 minuto até um dos táxis amarelinhos descarregar alguém.

Às 11h estava saindo do Galeão rumo ao Botafogo.

Combinei o almoço por telefone mas gastei 1h no carregado trajeto entre a Ilha do Governador e a Praça da Apoteose, perto do centro do Rio. Das vias elevadas via-se várias ruas alagadas e carros parados. O rádio, de tempos em tempos, dava informações desesperadoras sobre o trânsito.

Perto do centro me avisaram que a reunião foi cancelada por causa do caos. Ter acordado de madrugada, tomado vôo, gastar mais de hora no trânsito, ficar sem almoço, de repente ficou sem propósito.

Pedi ao taxista dar meia volta e me levar de volta ao Galeão. Ainda bem que não havia trânsito para voltar.

Cheguei no aeroporto umas 13h, pedi para me colocarem no próximo para Congonhas e 13:40 estava com o bilhete das 14h na mão.

Almocei um Cheetos enquanto passava pela fila da segurança extremamente ineficiente da Infraero do Galeão. Formavam fila única a metros de distância e seguravam as pessoas enquanto cada passageiro era atendido. Durante os metros de caminhada da boca da fila à boca do raio-X, o segurança, seu auxiliar e a máquina ficavam ociosos. Some esses segundos ao final de um dia e terá horas de diversos desperdícios.

No gate, o vôo já tinha saído e começou um pequeno tumulto porque diversas pessoas não ouviram o chamado. Íamos pegar o próximo que pousaria às 14:30 mas que só pousou umas 15 e pouco.

Enquanto isso, fui traçar o pior sanduíche natural de atum de todo o universo conhecido. Era só maionese e pão velho por R$5,50.

Acabamos embarcando só umas 15:40. Seguraram mais um pouco o avião para pegar os passageiros de uma conexão de Caracas o que aumentou ainda mais o nervosismo de algumas pessoas cujo vôo original era às 7:10 da manhã.

Quando todos estavam embarcados e acomodados, o comandante anunciou que Congonhas — nosso destino — havia fechado por mau tempo. Então alguns cariocas desistiram e saíram do avião. Sorte deles que ainda não tinham saído de sua cidade.

Pessoas gritavam sugerindo descer em Cumbica, mas minutos depois o vôo foi liberado para Congonhas. Vai entender. Decolamos 16:40.

Pousamos 18:05 porque ficamos uns 40 minutos dando voltas no ar esperando liberação de Congonhas. Pessoas que tentavam vir para São Paulo desde cedo puxaram palmas aliviadas ao encostarmos na pista molhada do aeroporto.

Em casa mesmo só cheguei às 19h, 13 horas inúteis depois de ter acordado.

O saldo é de quase R$600 de passagem, uns R$160 de taxis, muito saco cheio e doses consideráveis de junk food. Tudo isso para nada.

É fácil botar a culpa no mau clima. Mas se existisse metrô nos aeroportos a reunião não teria sido cancelada e nem eu nem as outras 5 pessoas que vinham de outras partes do país teriam perdido viagem. Não teríamos sido vítimas do trânsito.

O saldo positivo foi ter encontrado diversos conhecidos em todos os aeroportos, inclusive uma velha amiga querida, que estaria no mesmo vôo ao Rio se não tivesse atrasado tanto a ponto de ela perder sua reunião, e nem embarcar. E as infindáveis horas em táxis valeram a pena quando botei em dia a conversa com amigos. A outra coisa que compensou é que entre uma espera e outra, provei o milkshake do Bob’s que um amigo tomava, de maçã com canela, melhor que o clássico — e único que conhecia — Ovomaltine.

De resto, o meu dia foi pro brejo.

Viagem ao Umbigo do Mundo

Viagem ao Umbigo do Mundo

Tatiana e eu fizemos uma viagem absolutamente incrível para o outro lado planeta — a Ásia Central — região que muitas pessoas mal sabem que existe.

Fizemos anotações detalhadas, dia após dia, sobre todos os lugares que passamos, pessoas que encontramos e impressões que tivemos. Os links abaixo vão te levar às mesquitas do Uzbequistão, montanhas do Kyrgyzstão, ao caldeirão social da China, e a exuberância de Moscow.

Foi uma viagem de conhecimento, então os relatos estão recheados de mapas, referências na Wikipédia, fotos e videos. Além de impressões gerais, e observações sobre etnias, línguas, religião e coisas que não existem na Ásia Central logo abaixo.

Viaje conosco !

Uzbequistão

Viagem ao Umbigo do Mundo

Kyrgyzstão

China

Moscow e Paris

Impressões Gerais

Eu recomendo fortemente qualquer pessoa fazer viagens desafiantes. Dificilmente nossa cultura e pontos de vista vão crescer se passarmos 7 dias coçando num resort.

Pode ser qualquer lugar: Amazônia para urbanóides, Islã para ateus, Las Vegas para saudosos marxistas.

Além do gostinho de poder contar que fomos para lugares que muitas pessoas não sabem nem pronunciar o nome, o desafio nos fez pensar muito sobre a história do mundo, o fluxo das etnias humanas, sociedade, economia, comida, fé, religião, e principalmente sobre nós mesmos e o que de fato somos.

Viajar pela Ásia Central não foi nada difícil. As pessoas são amigáveis e bonitas, os hotéis são confortáveis, cidades bem equipadas. E se você não for se meter no Afeganistão ou no Kashmir, a paz reina.

Etnias

O Uzbequistão faz fronteira com o Irã, antiga Pérsia, que definiu o tipo étnico da região há milênios. Mas a região foi também berço de incursões militares gregas de Alexandre o Grande e Genghis Khan. Isso conferiu uma mistura incrível de traços, cores de olhos e línguas.

É comum ver persas claros, loiras de olhos puxados, ou mongois de olhos verdes. E vimos mulheres realmente lindas.

O noroeste da China não é chinês. Pelo menos não no esteriótipo de chinês que as pessoas costumam ter na cabeça. O noroeste da China é tão persa quanto o Uzbequistão.

Já o Kyrgyzstão tem olhos mais puxados do que o noroeste da China. Se te teletransportarem para lá de olhos fechados, vai dizer que está no interior da China.

Línguas

Toda aquela região, inclusive o noroeste da China fala dialetos muito parecidos, todos derivados de língua turca. Uzbeque, Kyrgyz e Uyghur são línguas 95% similares e todos se entendem pela lingua falada.

O problema é ler e escrever. As línguas escritas no Uzbequistão são o russo (alfabeto cirílico) e o uzbeque a décadas escrito em cirílico. Mas recentemente o governo decidiu dar um passo no sentido da modernidade e maior integração com o ocidente adotando alfabeto latino como o oficial para escrever uzbeque.

No Kyrgyzstão eles não ligam muito para relações internacionais, então continuam escrevendo kyrgyz em cirílico mesmo. E na China, o povo Uyghur se orgulha em manter as tradições usando o alfabeto árabe (diferente da língua árabe) para ler e escrever.

Mas isso não tem muito problema porque o Uzbequistão é o maior produtor de videoclipes da região e todo mundo acaba ouvindo música Uzbeque que obtém de DVDs pirateados.

Há ainda inúmeros outros povos na região, que falam dialetos parecidos: os Khorezm, os Kazakhs, Tajiks, etc.

Fé e Religião

Esse foi um dos aspectos mais interessantes da viagem. A região é predominantemente islãmica. É incorreto dizer que são árabes porque estes são os que vivem na Península Arábica, milhares de quilómetros a oeste da Ásia Central.

Mas é um islã leve. Se não visitássemos os lugares históricos talvez nem percebêssemos. No Kyrgyzstão é mais leve ainda. Não há uma conexão muito grande com isso por lá.

Só a China nos surpreendeu. Sim, a China. Foi somente alí que vimos mulheres de rostos cobertos e fanatismo um pouco mais evidente. Isso acontece porque há um preconceito mútuo entre os chineses Uyghurs (predominantes no noroeste do país) e os chineses Han (os de olhos puxados). A conseqüência é que a minoria Uyghur acaba se voltando mais para sí, fomentando tradições e costumes em torno da religião. Ao longo dos séculos, costumes temporais, tradições sociais e leis religiosas se confundem e tudo vira sagrado sem se saber exatamente o motivo.

Coisas que não existem na Ásia Central

  • Preço estampado em qualquer mercadoria. O preço é feito sempre na hora, conforme a cara do freguês e o humor do vendedor. E sempre há margem para pechincha.
  • Adoçante dietético. Nenhum restaurante tem, mesmo se pedir.
  • Coca-Cola Light ou qualquer outro refrigerante dietético.
  • Folhas tipo alface, rúcula ou agrião. Nem na feira. Quando pedíamos a “Salada Verde” do cardápio de alguns restaurantes, era de coentro, cheiro-verde e dil. Uma salada de temperos verdes.
  • Saladas sem coentro.
  • Comida quente sem carne ou sem qualquer gordura animal. “Tem carne nisso aí?”. “Não, só bacon pra dar um sabor”.
  • Comida sem óleo.
  • Facas que efetivamente cortam. Todas eram cegas.
  • Guardanapo limpo sobre a mesa assim que se senta. Sempre tínhamos que pedir.
  • Guardanapo usado que fica na mesa mais de 3 minutos. Os garçons tinham algum tipo de obsessão em recolhê-los assim que fossem usados ainda que pouco.
  • Hoteis com cama de casal. Mais raro que mosca branca.
  • Área ou quarto de hotel para não-fumantes. Em qualquer sala de espera, restaurante, quarto de hotel etc, fumavam sem parar de todos os lados.

Moscow, Paris, São Paulo

Este relato é parte de uma viagem à Ásia Central que começa aqui.

Parque Izmaylovsky

  • Levantamos às 8h, fizemos o grosso da mala e saímos com planos de conhecer o Измайловский парк (Izmaylovsky park), atravessando a rua do hotel
  • Para um sábado de manhã estava completamente vazio. Esperávamos ver pedestres, esportistas, bicicletas, etc. Mas nada. No máximo havia um ou outro par de amigos tirando fotos ou sentados comendo e bebendo. Em uma das entradas do parque, um carro estava parado com o som bem alto e algumas pessoas dançavam e bebiam em volta. A balada da noite anterior ainda não tinha acabado.
  • Vimos um lago no mapa, mas não o encontramos. Nem sabemos se fomos exatamente em sua direção. Muitos cachorros viviam no parque, provavelmente abandonados pelos seus donos, e as vezes eles latiam em coro.
  • Nos perdemos e tivemos que voltar correndo para fechar as malas e nos encontrar com o taxista na hora marcada.
  • Nem tínhamos tomado café e paramos em um dos terríveis supermercadinhos do outro dia mas dessa vez só levamos iogurte de beber e bolo pronto, para comer enquanto andávamos até o hotel. O bolo ostentava amêndoas na parte de cima, mas na primeira mordida ele nos enganou: era de amendoim.

Passaportsky Problema

  • Tomamos banho correndo, fechamos as malas, descemos para o check out, e o Victor estava a nos esperar com outro motorista. Pediu desculpas por não estar no aeroporto na chegada, mas não foi culpa dele. E nos deu um envelope com os 1700 rub que tínhamos gasto com o taxi da chegada. Muito nobre da parte dele. Então nos deixou com seu motorista e nos despedimos.
  • Pedi ao motorista (com muita mímica) que parasse em algum lugar para trocarmos os Rublos que sobraram para dolar e ele deu uma volta considerável para passar no centro. Conseguimos boas taxas, mas talvez não compensou a volta.
  • Apesar de ser sábado, pegamos muito trânsito inclusive nas highways. Ele se encheu e pegou algumas vias alternativas que andavam melhor. E chegamos no aeroporto sãos, salvos e na hora certa.
  • As russas que trabalhavam no check in da Air France/Aeroflot não eram de muitas palavras. Aliás eram de bem poucas palavras. Eram mesmo bastante secas. Mas fizeram seu papel e pronto. Despachamos as duas mochilonas diretamente para São Paulo porque a Tati havia deixado uma bolsa com roupas limpas em Paris na escala do começo da viagem, na casa de conhecidos.
  • Depois do check in você não pode ficar zanzando no aeroporto. Tem que passaportar e entrar direto nas salas de espera. Nesse processo, uma militar com cara de durona liberou a Tati e segurou meu passaporte e cartão de embarque. Não havia muita comunicação. Pediu para eu esperar logo ali, e eu perguntei “what is the problem?” e ela respondeu “problema, problema”. Ai meu Deus.
  • Depois de esperar alguns bons minutos de pé apontei para o relógio indicando que tinha um vôo para pegar. Veio um oficial fardado com um inglês razoável e disse que meu passaporte teria que passar por uma vistoria dupla. Não entendi se era problema específico com o meu passaporte ou se tinha sido escolhido aleatoriamente.
  • O oficial também disse que o vôo não pode decolar sem a autorização “deles” e que eu podia ficar tranqüilo. Aquilo não me tranqüilizou muito porque demonstrava muito poder: se eles podiam segurar um avião, podiam muito bem segurar um zé mané como eu também. Então ele sumiu.
  • Vários outros minutos depois e sem ninguém para falar reclamei com a durona novamente. Ela não estava muito aí e mandou continuar quietinho. A Tati foi comprar vodka de presente no free shop.
  • Já chamavam o nosso vôo para o embarque e comecei a surtar. “Ô durona, como é que eu fico aqui?” é o que eu queria falar, mas me limitei as mímicas.
  • O oficial baixinho e loiro e que gostava de dizer que tinham o poder nas mãos reapareceu. Informei-o que já chamavam para embarcar e ele novamente disse que não decolariam sem a ordem deles, mas era para eles não decolarem sem mim. Disse que meu passaporte tinha um problema de rasura no ano de validade. O “8” do “2008” era meio diferente dos outros algarismos. Eu custei a perceber isso. Ele pegou meu passaporte de dentro do guichê da durona para me mostrar. Achei que tinham levado-o para outro lugar para ser analisado, mas não: ele ficou com a durona que não fez checagem dupla nenhuma, pois carimbava outros passaportes da fila.
  • Eles me devolveram o passaporte e saí com a impressão de que aquilo foi puro terrorismo psicológico sem nenhuma base, e que a data de validade do passaporte podia até estar escrita a mão. Além do mais, havia entrado e saído de uns 4 países sem problemas, inclusive na Rússia, e não era ali, na saída do país, que tinham que encrencar.

Paris, Cidade das Luzes

  • Pegamos o vôo da Air France a tempo e o nível de simpatia já mudou quando um comissário francês percebeu que éramos do Brasil, disse que gostava muito de nosso país e nos deu um tratamento especial.
  • Entramos tranqüilamente na França e encontramos o Larbi, amigo da Tati, que veio nos pegar de carro. A Tati ia ficar alguns dias em Paris e o meu vôo era dali a umas 7 horas, o que nos dava tempo para passear mais em Paris.
  • Chegando na cidade, o trânsito de sábado estava péssimo. Estacionamos e fomos a pé até um bar na beira de uma represa no meio da cidade. Parecia que o Rio Sena começava ali. Mas estava lotado e fomos embora.
  • De metrô, fomos até Montmartre e de lá a pé até a Basílica de Sacré Cœur (mapa). As ruas sempre cheias de turistas. Perto da basílica, muitos jovens se amontoavam na escadaria para se assistirem e também a showzinhos de voz e violão amplificados que aconteciam esporadicamente lá. Um pouco mais afastado, um homem tocava violão mais seriamente e soltou um samba sem que pedíssemos. Seu CD, que estava à venda, tinha outros temas brasileiros e também Street Beat do David Hewitt, uma música lindíssima e pouco conhecida.

  • Quando dizem que Paris é a Cidade das Luzes, saibam que é com bastante propriedade. Ela emana beleza, humanidade, diversidade, cultura e bem estar.
  • Ao caminhar pelas estreitas e belas ruas de Montmartre sentimos isso. Casas aconchegantes se mesclavam com pequenos parques e chafarizes, onde crianças construíam seus castelos de areia e adultos jogavam bocha. E também placas de sítios históricos, herdades e bustos de cantoras que deixaram saudade. Mais cafés charmosos com mesinhas na calçada.
  • Paramos num desses para encontrar com outro amigo da Tati, o François, e comer algo. Era um lugar descolado e moderninho com direito a garçom que fazia gracinhas. A certa altura o cozinheiro azulão trouxe um balde para uma das mesas e fez saltar nossos olhos enquanto enchia de chocolate líquido do balde as travessinhas de petit gâteau que seriam assadas em seguida. Ao terminar o importante trabalho, traçou tranqüilamente, sentado no mesmo lugar, um sanduíche de baguete, enquanto conversava com alguns garçons e outras pessoas de pé. Uma cena tão parisiense.
  • Começou a anoitecer e esfriar e tínhamos que voltar ao carro do Larbi de metrô. Fomos ao apartamento dele, tomou banho enquanto a Tati embrulhava uns presentes e fomos de metrô à festa de aniversário da Clarie, outra amiga da Tati.
  • Se no metrô de Moscow há só loiros, o de Paris é uma salada étnica. Havia 3 mulheres negras vestidas com turbantes e tecidos coloridos, falavam uma língua bonitinha, rara de se escutar no Brasil, de sílabas simples com vogais que se repetiam. Larbi disse que provavelmente eram da África Subsariana. De qualquer forma, era uma delícia ouví-las conversar, mesmo sem entender uma palavra sequer. O mais engraçado era a combinação turbante e brinco LV da Louis Vuitton.

Hoje Terra é Pequena

  • Clarie mora num apartamento de uns 50m² (o m² é muito caro em Paris e é comum as pessoas morarem com pouco espaço), com sala, cozinha, quarto, banheiro e um terraço exclusivo que é o forte do apartamento. É um pouco maior que o apê do Larbi. Umas 10 pessoas alegres estavam de pé e se dividiam entre o social e assistindo um jogo importante de Rugby que passava ao vivo na TV. Foi divertido mas pena que já tinha que pegar o RER (trem intermunicipal) e tomar o vôo para o Brasil.
  • Tati me levou a estação correndo e me pôs no trem. Poderia ter feito isso sozinho, mas como estava atrasado, uma francesinha esclarecida foi importante para me colocar no trilho certo sem perder tempo. A despedida foi encurtada pela chegada do trem. Ela voltou para a festa da Clarie, e eu estava a cominho do Brasil.
  • O trem quase vazio parou em todas as estações e ninguém entrou nem saiu. O caminho era longo e fiquei apreensivo em chegar tarde. Mas cheguei bem na hora do embarque.
  • No vôo fechei os olhos tranqüilo, alimentando a saudade que em breve estaria morta. Saudade da família, sobrinhas, de casa, dos amigos, do bairro conhecido. Da língua que domino as gírias, o sotaque, a cultura local.
  • Compilei um pouco as memórias das últimas semanas e cheguei a conclusão que além do muito que descobri sobre muitas coisas, aprendi também sobre mim mesmo, sobre a Tati, sobre o que é viajar. E que viajar é, em parte, voltar para casa crescido e com vontade de abraçar o mundo.
  • Gilberto Gil já dizia: Antes mundo era pequeno porque Terra era grande / Hoje mundo é muito grande porque Terra é pequena / Do tamanho da antena parabolicamará.

Moscow do Kremlin

Este relato é parte de uma viagem à Ásia Central que começa aqui.

  • Fomos tratar do desjejum o mais longe possível do barzinho do dia anterior. O Izmaylovo Alfa-Beta era um edifício similar ao nosso, mas mais orientado a serviços, ou seja, tinha pequenos restaurantes, cafeterias e lojas de todos os tipos lá dentro. Um restaurante árabe exibia doces típicos e folhados salgados com ótima aparência. Escolhemos um de queijo e outro de queijo com alho. Estavam excelentes. Mas não aceitavam nem dolar nem cartão, e tive que ficar novamente como garantia enquanto a Tati trocava no guichê ao lado.
  • Gastamos o resto da manhã inteira mandando e-mails para os amigos que encontraríamos em Paris no dia seguinte e fazendo ligações. Só conseguimos sair do hotel às 13h.
  • Tomamos o metro até o Kremlin e compramos o ingresso por 300 rub.
  • Segundo o guia, as melhor atrações são fechadas ao público, visto que ali é ainda a sede do governo central. Dentro de seus muros, o Kremlin parecia um bairro bonito de largas ruas arborizadas e poucos carros. Além dos inúmeros prédios históricos que ainda serviam ao goveno russo, havia também um teatro ativo, muitos dos canhões que Napoleão perdeu na guerra, monumentos, um sino gigantesco (o maior sino do mundo, que nunca tocou pois se quebrou antes de ser implantado) e uma praça dominada por igrejas que foi o principal alvo de nossa visita. Todas as igrejas tinham a mesma decoração medieval soturna. Já havia me acostumado.
  • Em uma delas, alguns distintos homens e mulheres vendiam juntos CDs de coral religioso russo por €15 ou $20. Perguntei se dava para ouvir e um deles disse que cantavam a cada 10 minutos na igreja, para minha alegria. Montei em cima e fui contar para a Tati que havia encomendado uma surpresa para ela. Claro, ficou curiosa.
  • Sentamos e esperamos. Poucos minutos depois eles tomaram posição e soltaram lindamente a voz. Não durou 5 minutos. Bem, era só uma demonstração. No fim não comprei o CD de preço salgado.
  • Visitamos outras igrejas na mesma praça. Algumas eram usadas pelos reis e tinham seus tronos. Outras tinham túmulos de nobres famosos. Mas todas com a mesma imagem de um Jesus magro, triste e de cabelo estranho, e outra da Maria com seu filho pródigo com cara de adulto que parecia um mini ET.
  • Batemos perna de baixo de chuva mais um pouco pelo Kremlin e saímos.

A Catedral Colorida

  • Demos a volta por fora do Kremlin para chegar na famosa Catedral de São Basílio que é o ícone mais famoso de Moscow. É de fato muito colorida e pelo ângulo que vinhamos parecia totalmente assimétrica, o que conferia uma beleza irreverente.
  • Tínhamos poucos Rublos e tivemos que dizer que um de nós era estudante para conseguir meia entrada. A inteira custava 100 rub. Lá dentro não impressionava muito. Uma igreja ortodoxa comum. Não fosse por outro ótimo coral, desta vez inteiramente masculino, dando uma canja para vender CDs diria que nem precisávamos ter entrado.

Ovos Fabergè

Fabergè Egg

  • De lá corremos de volta para o museu Kremlin Armoury, que tínhamos comprado ingresso junto com o do Kremlin, por 350 rub cada. Tínhamos hora marcada para às 16:30, provavelmente para espalhar com previsibilidade os visitantes.
  • O Armoury é um museu exuberante de roupas, carruagens, armas e armaduras, jóias, tronos, louças, prataria e arte da monarquia pré-soviética. Suas peças encarnavam o melhor estilo rococó como uma carruagem toda dourada com relevos barrocos. Uma beleuza.
  • Entramos de bico num grupo cujo guia era simpático e cativante. Aprendemos um monte.
  • Um dos pontos altos era a pequena vitrine que exibia os famosos ovos Fabergè entre outras jóias dessa antológica joalheria de São Petersburgo. Era de fato impressionante a outra categoria a que pertenciam essas peças de lindos detalhes e mistura inusitada de materiais.

Caça ou Vegetariano ?

  • Não tínhamos almoçado e estávamos famintos. Decidimos ir jantar de metro no único vegetariano que aparecia no guia: Mantram. Era um restaurante-loja natural-boutique de roupas zen com ar de descolado. Tinha uma variedade grande de comidas expostas e com boa aparência. Mas o esquema não era muito familiar: escolhia-se algo individual, uma salada de brócolis por exemplo, que então colocavam numa cumbuca e custava ± 50 rub cada. O preço individual para cada coisa inibia montar um prato com diversidade. Fomos embora chateados comentando que o Brasil precisava exportar a idéia de restaurante por quilo para a Rússia, talvez para o resto do mundo.
  • O guia falava de um restaurante chamado Bege, perto dali. De fato todo bege, bonito, moderninho mas pequeno. Tanto que a recepcionista disse que toda as mesas estavam reservadas. Pena.
  • Decidimos sair andando, passamos em frente ao Mantram novamente, e mais abaixo topamos com um restaurante em que muita gente se amontoava na porta. A Tati ficou na fila enquanto entrei para ver. No bar tentei me comunicar com mímica, a mulher do caixa não entendeu nada, a garçonete idem, mas o barman tinha mais vontade e nos entendemos.
  • Tinham uma mesa bem bonita de saladas e algumas coisas quentes. Resolvemos ficar e a garçonete nos levou para uma mesa no andar de baixo. O teto era baixo, meio abobadado e de tijolos e a decoração era de temas rurais e de caça. Tudo isso conferia um ar de taberna ao lugar. Havia outras mesas vazias nesse andar e não entendemos porque as pessoas esperavam na fila.
  • Demorou para sermos atendidos, o garçom precisava trazer pratos para a nossa mesa para podermos nos servir. Mas ai rolou e mandamos ver o self-service por 270 rub por pessoa.
  • Uma menina muito loira da mesa ao lado, de uns 6 anos, ficou brincando com a Tati tirando fotos dela. E a Tati entrou na brincadeira.
  • Era sexta-feira e depois do jantar resolvemos dar uma volta nas ruas lá perto, pois estávamos perto de um dos bairro elegante e boêmios de Moscow. Vimos novamente a loja de departamentos Цум (Tsum), hotéis novos, etc.
  • Voltamos ao hotel e fomos dormir.

Moscow com Estilo

Este relato é parte de uma viagem à Ásia Central que começa aqui.

Péssimo Café

  • Não jantamos e acordamos com fome. Perto do hotel haviam diversos estabelecimentos que eram uma mistura de microsupermercado e padaria. Numa delas dois rapazes comiam de pé salgados e tomavam café e isso nos inspirou a ficar lá.
  • Erro crasso. Dividimos algo como um pastel frito de 25cm de comprimento recheado de repolho. Só uns 10% de sua área continha recheio, e mesmo assim era pouquíssimo e mal temperado. Tinha sido frito horas atrás, esquentaram no microondas o que garantiu textura de borracha, e a massa nem sequer era boa. Tínhamos também pedido um outro de maçã, assado, igualmente péssimo. Ao pedir o chocolate quente, perguntei se era feito com leite, e de fato era, mas só com o suficiente para poder dizer que levava leite, ou seja, umas duas gotas. O café da Tati estava igualmente aguado.
  • Aquilo foi tão péssimo e de mal gosto que nos perguntamos se faziam de propósito, ou se lhes faríamos bem em avisar que serviam coisas intragáveis. Deixamos pra lá.
  • Pegamos o eficiente metro e saímos por acaso na frente de uma loja-conceito da Nokia onde gastei meia hora enquanto a Tati estudava o guia.

Gorki Art Nouveau

  • Descemos uma alameda arborizada mas lá embaixo nos demos conta que era o sentido errado. Não perdemos a viagem porque encontramos por acaso o restaurante Кафе Пушкинъ (Cafe Pushkin), restaurante elegante que vimos no guia e fizemos reserva para o jantar.
  • Voltando pela avenida chegamos na bela casa-museu do escritor Maxim Gorki. Por fora a casa não tinha nada de mais, um jardim comum e tal. Mas dentro, do chão ao teto, tudo era arquitetado e decorado no melhor estilo Art Nouveau. Destaques: a madeira do piso tinha linhas arredondadas que se encaixavam e desenhavam formas da natureza. As portas e batentes eram grandes e bem feitos sempre com relevos de formas arredondadas e fluentes. Mas nada se igualava a lateral/corrimão da escada. Toda de pedra polida, começava em baixo com uma luminária com braços de polvo e subia em arranjos fluidos, ao longo da escada em meio-caracol, até o próximo andar. O peso e grossura da pedra cinza eram contrabalançeados pelas leves linhas naturais e se equilibravam na função de segurança de um corrimão. O belo ou o funcional? A boa arquitetura nunca vai deixar você escolher somente um. Os dois devem estar sempre juntos.

Almoço Moderninho

  • Ao leste da casa de Gorki, caminhamos por Tverskoy até a Kamergersky Per que é uma calçadão só para pedestres, moderninha, com gente bonita e restaurantes fancy. Aproveitamos para almoçar numa lanchonete meio natural que vendia baguetes, saladas e sopas em vitrines chamada Праим Стар (Prime Star) parecida com a Prêt-à-Porter de Londres. Comemos uma baguete com atum e salada e um roll de frango satay, mais bebidas e salada de frutas por 290 rub. Não queríamos comer muito pois estávamos reservando apetite para o jantar.
  • Ainda assim, fomos para outra lanchonete fancy e mandamos ver uma torta de frutas vermelhas. Ainda ficamos lá muito tempo observando as pessoas que entravam frenéticas em busca de um almoço rápido.

Шоколад (Chocolad)

  • Depois fomos para Teatralnaya, uma região com muitos teatros, inclusive o Bolshoi, e lojas de marcas famosas. Começou a chover e nos refugiamos em algumas delas, dando uma de excêntricos conhecedores de moda. Os artigos eram muito caros e de alta qualidade.
  • Em uma loja italiana de sapatos masculinos, a música ambiente era erudita e os sapatos tinham uma qualidade e mistura de materiais que eu nunca vi na vida. Os modelos não iam muito com o meu gosto, mas mesmo assim fiquei impressionado. Os preço estavam na casa dos 43000 rub ou algo em torno de R$4100 por um par de sapatos.
  • Numa cafeteria da rede Кофе Хауз (Coffee House, que estava em todo lugar) chamaram uma garçonete que arranhava o inglês um pouco melhor. Queríamos um chocolate (шоколад) quente e ela sugeriu um que era diferente do que imaginávamos. Muito grosso, muito forte, praticamente para se comer de colher. Bem bom, por 129 rub cada. O WiFi da cafeteria não era gratuito.

Metropol e Coral Russo

  • Então fomos atrás de conhecer o famoso Metropol Hotel seguindo o guia. Chegamos em uma avenida larga e movimentada e do outro lado havia o restaurante Metropol, a boutique Metropol, o night-club Metropol e outros estabelecimentos Metropol bem elegantes. Nada de hotel. Ele ficava no mesmo bloco, mas se entrava por uma travessa pequena que custamos a encontrar.
  • Era chique, decorado em estilo entre art nouveau e algo anterior, mais romântico. Ostentava riqueza e elegância. O que impressionava era seu restaurante. Um salão enorme mas aconchegante com um teto ligeiramente abobadado todo feito de vitrais com temas floridos. Algo impressionante. Nos grandes hotéis de Las Vegas pode-se encontrar réplicas deste estilo mas só ali respirava-se a autêntica vibração de uma Rússia exuberante, monárquica e pré-revolução. Não dá para imitar isso e poucos lugares do mundo ainda sustentam esse espírito além da decoração.
  • Voltamos para a rua e nos demos conta que estávamos muito próximos da Praça Vermelha, que estava nos planos só para o dia seguinte, mas fomos espiar mesmo assim caminhando por ruas apertadas.
  • Chegamos na Praça Vermelha umas 17h por um canto onde havia uma igreja cujo sino estava tocando a chamar para o horário da reza. Só nos demos conta disso quando o sino parou e a voz do padre e de um coral saíram pelos alto-falantes da rua. Estávamos do lado, resolvemos ver a reza.
  • Tinha acabado de descobrir algo novo na vida: corais religiosos russos são uma jóia da música erudita e bastante populares. Três homens e duas mulheres cobertas por véus mal eram vistos atrás de uma divisória, mas cantavam tão lindamente! Eram afinados, harmonizados e imprimiam todo seu coração e fé no cantar.
  • Enquanto isso o padre circulava a igreja balançando um incenso em pêndulo. As pessoas chegavam e saíam, geralmente fazendo o sinal da cruz e demonstrando devoção.
  • A igreja era decorada com aquelas pinturas medievais tristes e magras carregadas de ouro. A certa altura o padre entrou numa saleta separada por uma portinhola e conduziu a liturgia de lá, revezando o que se ouvia com o coral, que era o que mais me interessava, e um outro auxiliar que lia ou rezava coisas em diversos pontos fixos da igreja. Este último era um tanto veloz e procedural e, portanto, frio. Mas graças ao coral e algumas vibrações do padre, foi uma cerimonia tocante e emocionada no geral.
  • Ficamos lá um bom tempo, mais para ouvir as incursões do coral. Muitas pessoas ascendiam velas em estações dedicadas a isso e resolvi fazer o mesmo. Comprei a mais barata por 5 rub, acendi, agradeci a oportunidade de ter conhecido a jóia cantada e voltamos ao circuito turístico.

Jantar Chique

  • Já anoitecia e a Praça Vermelha ficaria para o dia seguinte. Mas precisávamos enrolar até as 20h para o jantar que havíamos marcado. E nada melhor que um shopping center para passar o tempo.
  • Uma das laterais da Praça Vermelha é o enorme Shopping Gum (Гуm) com seu edifício gigantesco e de linhas aristocráticas. Não conseguia imaginar o que um edifício daquele tamanho era nos tempos Soviéticos.
  • Dentro havia lojas das marcas mais sofisticadas da Europa e do mundo. E preços altíssimos também. Eram três corredores a perder de vista de tão compridos, ligados por pontes em seus andares superiores. Haviam também chafarizes inteligentes e decoração neo-clássica.
  • Paramos para descansar e matar o tempo em um restaurante cujas mesas ficavam sobre uma dessas pontes. Na mesa ao lado, dois rapazes de uns 13 anos treinavam suas aulas de perspectiva, desenhando as compridas linhas do edifício enquanto conversavam e riam. Aquele era um bom lugar para isso, devido à altura e visão panorâmica do shopping.
  • Fomos, debaixo de chuva, até o metrô, pegamos o trem e descemos na estação Mayakovskaya porque o guia dizia ser a mais bonita da cidade. No teto da estação, havia mosaicos cujos temas se intercalavam entre a aviação e algum esporte, sempre com detalhes soviéticos como a estrela e a Foice e o Martelo. Não saímos para a rua e pegamos outro trem para chegar no Кафе Пушкинъ (Cafe Pushkin) que reserváramos de manhã.
  • Às 20h o restaurante estava cheio, mesmo com chuva. Ainda bem que fizemos reserva, a recepcionista lembrou de nós assim que entramos e imediatamente nos levou para uma boa mesa. A iluminação era bem baixa e aconchegante. Mantinha a decoração de uma aristocracia do século XIX e junto com a iluminação dava a sensação de realmente estarmos jantando naquela época.
  • Enviaram um garçom com um inglês razoável que nos entregou o cardápio inglês-francês. Era divertido notar que as descrições dos pratos em inglês eram bastante diferentes dos mesmos em francês, então lemos os dois e interpolamos para entender melhor o que iríamos comer.
  • A Tati pediu duas entradas: cogumelos gratinados em bastante creme em uma cumbuquinha de barro, e pelmeni (um tipo de ravioli russo) recheado de salmão temperado com ervas por cima e creme de leite a parte. O primeiro estava ótimo e bem consistente e o segundo foi bom. Eu achei que as ervas dominaram de mais o sabor e fizeram o salmão sumir.
  • Eu pedi uma salada individual de folhas, tomate, pepino, aspargos e outras coisas, que por si só já era uma refeição de tão bem servida. E um peixe que não reconheci o nome acompanhado de espeto de legumes, batatinhas assadas com molho de creme, e não-lembro-mais-o-que. Veio um peixe com cabeça e tudo (que eu dispensaria) e o prato no geral estava ótimo. Era bastante comida.
  • Demos uma olhada na carta de vinhos. Reconhecemos o argentino Alta Vista, vinho barato, de razoável a simples, cujo preço no restaurante era tão alto e incompatível que apaguei da memória. Com base nisso comparamos os outros vinhos da carta e resolvemos que seus preços eram altos de mais para o alto risco de levar coisa ruim. Não pedimos vinho.
  • A conta saiu 2480 rub que pagamos com cartão. Não dava para incluir o serviço e tivemos que deixar cédulas a parte para o garçom. Foi uma ótima noitada e valeu a pena.
  • O restaurante foi elegante e caro, mas voltamos de metrô mesmo para o hotel, debaixo de uma chuva intensa. Às 23:15 estávamos na cama.

Moscow Circense

Este relato é parte de uma viagem à Ásia Central que começa aqui.

Metrô de Moscow

  • Acordamos antes do despertador, umas 7h, comemos frutas e milho em lata no quarto e preparamos uma mochila com tralhas para passar o dia caminhando em Moscow.
  • Descemos umas 10h e trocamos só uns $20 rublos porque o cambio do hotel não parecia ser dos melhores.
  • Caminhamos até o metro praticamente seguindo o fluxo das pessoas. A estação Partizanskaya tem estátuas bem soviéticas de partidários, homens e mulheres armados.
  • Tudo no metro é pesadão e feito para durar para sempre. Não necessariamente bonito. Todas as paredes são de mármore branco, cinza ou cor de carne, os trens são muito compridos, de metal grosso, robustos, rápidos e barulhentos. Tanto que não dá para conversar sem gritar durante a viagem e é comum ver pessoas com fones de ouvido engraçados e enormes que anulam ruídos externos. A viagem é longa e veloz de uma estação a outra, o que mostra que a cidade é grande, mas vê-se estações em toda parte, o que prova que a malha do metro é densa e eficiente.
  • Uma coisa que chama muito a atenção são as escadas rolantes. Tinham aparência industrial pesadona, bem soviética, antigas mas que transmitiam confiabilidade eterna. Feitas para durar para sempre. Nunca vimos uma quebrada e nem havia opção de escada tradicional ao lado. Nem pudera, pois transportavam pessoas por uns impressionantes 70m diagonais. Nunca vi escada tão comprida.
  • Elas não eram uma conveniência. Se quebrassem as pessoas provavelmente não teriam forças para subir a pé e esperariam serem consertadas. A viagem até em cima era veloz, íngreme e longa o suficiente. A Tati teve uma leve tontura pela mudança de referência de equilíbrio.
  • Eu bati uma foto lá de cima e saímos na rua. Uma mulher decidida me puxou pela mochila e reclamou algo em russo sem parar de andar. Fiz cara de “não entendi nada” com um sonoro “what ?” e ela fez sinal de fotografia com gesto negativo. Ou estava comunicando que era proibido tirar foto na estação — o que achamos improvável — ou avisava que não permitia tirarmos foto dela, usar sua imagem, etc. Ah, faça-me o favor. Coisa de ocidental ultracivilizado. Sem parar de andar, desistiu de reclamar pela ausência de meio de entendimento.

Spa, Consulados e Catedrais

  • Descemos na estação Arbatskaya e caminhamos pelas ruas de Arbat e Kropotkinskaya. Conseguimos trocar dólares num banco a 24.7 rublos por dólar. Uma boa taxa.
  • Para um brasileiro médio, Moscow é uma cidade cara. Em media, as coisas têm valores um pouco mais elevados que a parte cara de São Paulo. Apesar disso, pode-se encontrar coisas baratas também.
  • Bateu uma fominha e numa barraca no calçadão de Arbat e comemos umas burekas gostosinhas por uns 16 rublos cada. 600ml de Coca Light custavam 32 rublos nessa mesma barraca.
  • No fim do calçadão havia um supermercado elegantérrimo que vendia importados e outras delicadezas. Caríssimo também.
  • Entramos num bairro de ruas apertadas onde estavam todos os consulados: México, Canada, Áustria, Camboja e outros. Alguns ficavam em casas históricas ou de arquitetura art-nouveau.
  • Numa venda compramos um picolé Mega de cassis e frutas vermelhas, uma variedade que nunca vi no Brasil. Num dos congeladores havia caixas de produtos Sadia. Fiz questão de conferir que era feito no Brasil. E em outro dia vimos produtos da Perdigão mas que só reconhecemos pelo logo. Na Rússia chama-se Фазенда (Fazenda).
  • Um spa zen bem bonito, pequeno e escondido tinha serviços de massagem de 1.5h de duração por 2600 rub.
  • Entramos numa igreja ortodoxa pela primeira vez e vimos um estilo completamente diferente da católica: não há onde sentar, é perfumada de incenso e cheiro de velas queimadas, menos profunda, menor e decorada com pinturas de Jesus, santos e santas por toda parte. O estilo das pinturas é seco, simples, triste e plano, como as pinturas medievais pré-renascentistas, no pior estilo século XI. Incrível como 10 séculos depois o estilo não muda.
  • De lá fomos à Catedral Cristo Salvador que foi reconstruída em 1997. Seu estilo e magnitude não combinam mais com esta era e gerou muita revolta quando foi construída.
  • Almoçamos no restaurante Artist’s Gallery por 335 rub por pessoa num self-service que chamam de business lunch. Foi a gloria poder escolher entre tantas saladas frescas de folhas e com menos óleo. O restaurante era bonito também, uma casa antiga e bem conservada. Um dos salões tinha pé direito altíssimo e vitrais coloridos. Dava quase a sensação de estarmos a céu aberto.
  • Siando do restaurante vimos um prédio de arquitetura muito moderna, com vidro, estruturas expostas e formas inquietantes.

Circo

  • Atravessamos o rio Moscow que tem uma respeitável largura com o dobro do Tietê em São Paulo. Tentamos ir ao parque descansar um pouco, mas instalaram uma roda gigante dentro e outras diversões e cobravam entrada de 50 rub.
  • Desistimos e atravessamos a avenida para o parque anexo a exposição de arte e cochilamos num banco. O fuso horário da China ainda fazia efeito sobre nós.
  • Fomos pegar o metrô para nos levar ao Grande Circo de Moscow, perto da universidade.
  • Era uma construção redonda e relativamente moderna. Cabiam milhares de pessoas lá circundando o palco inteiro no centro abaixo. Parecido em forma mas menor que o MGM Grand em Las Vegas.
  • Compramos ingressos pelo preço: 300 rub. Haviam mais baratos e mais caros até uns 1700 rub que ficavam na beira do palco. Na sala de entrada vendiam tranqueiras e haviam bichos incomuns para as crianças segurarem e tirarem fotos.
  • A apresentação começou às 19h e tinha mais de duas horas de duração, um pouco comprida de mais apesar do intervalo. Palhaços modernos e talentosos, multinstrumentistas e que dançavam sapateado, cavalos e cavaleiros dando saltos perigosos, camelos, malabaristas e trapezistas aéreos, focas espertas enormes, leões e dançarinos e efeitos de raio laser dividiam o palco versátil que virava ringue de patinação no gelo e piscina profunda.
  • É um espetáculo bonito e que vale a pena, mas é bem tradicional e coisas como Cirque du Soleil já estão um passo a frente.
  • A mudança do fuso horário nos derrubou e fez a volta para o hotel parecer mais longa do que realmente era. E chegando lá ainda fizemos algumas ligações VoIP antes de chapar umas 23:30.

O caminho para Moscow

Este relato é parte de uma viagem à Ásia Central que começa aqui.

Voando na Sibéria

  • Vamos hoje fazer Kashgar-Urumqi-Novosibirsk-Moscow. Uma longa viagem com muita troca de aeronaves e re-check-ins.
  • Às 7:30 fomos fazer check out e encontrar com Anwar. A moça da recepção se ausentou e voltou minutos depois com uma camiseta que deixei no quarto para o santo, o que significa que ela mesma foi fazer a verificação de saída. Quando digo que esse hotel é meio miserável vocês precisam acreditar em mim.
  • No aeroporto, Anwar nos pôs na fila, deu o xerox do fax do bilhete dos vôos dizendo que isso era suficiente, se despediu e nos deixou. Não foi muito calorosa a despedida.
  • Varias pessoas tentavam furar a fila do check in no aeroporto. Impressionante como uma sociedade cheia de regras não consegue respeitar as mais óbvias.
  • Depois de respirar muita fumaça de cigarro na sala de espera, tomamos o vôo Kashgar-Urumqi da Hainan Airlines num Boeing moderno.
  • Já em Urumqi, um chinês de dentes completamente marrons nos pegou, deu o bilhete até Moscow, e nos levou ao outro terminal — o internacional —, concorrendo com os carros pois não havia calçada. Nos colocou numa fila qualquer que não andava e se despediu. Depois descobrimos que a fila era a do vôo para Baku no Azerbaijan. Mudamos para outra que só tinha loiros e que ia para a Rússia.
  • No check in a minha mala estava 3kg acima dos 20 permitidos. O funcionário colocou minha mochila de mão no lugar para passar no peso, mas despachou minha mala mesmo. Que trambique !
  • Queríamos gastar os yuan que sobraram, mas depois do check in não tem mais volta nem lojas. Os oficiais que carimbam passaporte só chegaram umas 14h. O Duty Free estava fechado. Só um bar/loja vendia de whisky a plantas e castanha de caju. As garçonetes andavam com um bolo de dinheiro na mão, vendiam agressivamente, e tinham olhar de “mani mani mani”. Falavam inglês precário, com muito sotaque e orientado a valores. Os preços obviamente variavam de acordo com a cara do cliente, e sempre perguntavam quanto ele pagaria depois que fizesse expressão de “está caro”. Uma bonita caixa de chá de jasmim muito perfumado começou por 150 yuan mas o levamos por 100 yuan. Uma barrinha de chocolate começou em 15 yuan e saiu por 10 yuan.
  • O vôo da Siberian Airlines estava vazio. Era um A319 novo decorado com cores fortes, modernas e bonitas. Tinha o mesmo espírito jovem da Gol. Voamos esticados, confortavelmente, conversando sobre a impressionante história da URSS/Rússia que líamos no Lonely Planet e o que iríamos ver nos próximos dias.

Tajiks na Sibéria

  • O pouso em Novosibirsk foi perfeito. Fica bem no meio do enorme pais, na Sibéria. A paisagem é completamente plana, sem nenhuma montanha para nenhum horizonte que se olhasse. E as cores eram de outono em todos os terrenos loteados, plantados e já colhidos para o inverno. Pena que não conhecemos mais da Sibéria.
  • No aeroporto entramos na fila do passaporte. Havia ao lado um bloco de rapazes chegando do Tajikistan. Uns 80, todos com os mesmos traços e cara de perdidos e inseguros, e só 2 mulheres. Estávamos em outra fila, não sei porque. Tinham dificuldade de manter fila e se amontoavam para serem atendidos. Quando chegava a vez do próximo, uns 4 davam passo para frente ao mesmo tempo mas só um vencia. Não os culpo pois não havia sinalização alguma de fila. Um funcionário gritava em russo de tempos em tempos algo como “ai, quero ver fila aqui, formem uma fila, aqui, bem aqui, por favor, uma fila gente, desamontoem”. Então davam uns passinhos para trás em bloco, nada que parecesse uma fila, e passava 1 minuto e reamontoavam de novo. Cena cômica.
  • De repente uma tal de Julia apareceu chamando pelos nossos nomes. Disse que iria nos ajudar na transferência para Moscow. Orientou na passaportagem, apresentou a Anastacia que iria ajudar com malas e tal. Esta nos levou para outro terminal, nos colocou para esperar numa sala elegante com WiFi de graça que não funcionava, levou nossos passaportes e voltou minutos depois com o cartão de embarque. Fomos superbem atendidos, também não sei porque (será que as mãos do Alê chegaram até Novosibirsk?). Até parecíamos VIPs.

O Poente Eterno

  • A entrada no avião russo foi sem finger, sem guarda-chuva, molhada e fria.
  • Decolamos em Novosibirsk às 19:50 GMT+7 e pousamos às 20:30 GMT+4 em Moscow. Demos 1/8 de volta ao mundo em 4 horas de viagem, quase tão rápido quanto a rotação da própria Terra.
  • Decolamos já a noite e voamos direto para o oeste, atrás do sol já posto. Com tanta vontade que ele chegou a nascer novamente para nós. De fato, durante as 4 horas da viagem o sol se manteve praticamente estático no horizonte e só desapareceu quando pousamos. Um fenômeno natural que só pode ser observado na nossa era de jatos.

Mapa: de Novosibirsk para Moscow

Universo Paralelo

  • O aeroporto de Moscow é enorme e iluminado. Havia um grande número de veículos de serviço circulando e muitos aviões. Mas onde estavam os nomes familiares? KLM, Air France, American Airlines, British Airways, Alitalia são substituídos por nomes que nunca vimos: Domodedovo, Kras Air, Berlin Airlines, Continental Airlines, S7 etc. Os aviões também eram diferentes, grande parte russos, com 3 turbinas na cauda, nenhuma nas asas e bico de outro formato. Era tudo muito igual e muito diferente, como pousar na capital de um universo paralelo.
  • Como nossos vôos foram todos mudados, chegamos em horário diferente do previsto pelo pacote e ninguém esperava por nós segurando plaquinha com nosso nome. Desesperamos. O aeroporto de Moscow, apesar de moderno, não eh exatamente amigável a quem não fala russo.
  • Muitos homens nos abordavam em russo oferecendo taxi de $80 a $50, mas dava medo. Eu só pego taxi assim no Brasil, onde sei julgar bem a intenção por trás do tom da voz. A única vez que tentei isso, em Buenos Aires, não foi uma viagem muito confortável e o cara tentou me enrolar. Então compramos esse serviço com cartão de crédito em um guichê por 1700 rublos, ± $70, e fomos acompanhados por um segurança até o carro. Dor de cabeça para que?
  • A saída do aeroporto foi intransitável e demorada. Vimos um novo terminal moderno, lindíssimo e enorme sendo construído.
  • Por volta das 22h, a viagem até o hotel durou uma meia hora sem nenhum trânsito. Começamos por algo que parecia a Rodovia Ayrton Sena, depois highways urbanas e um pouco de ruas de bairro até chegar no hotel. Moscow tem uma dimensão completamente maior que as outras cidades desta viagem. Muitos carros modernos, asfalto de primeira, placas claras, enormes e bem iluminadas, muitos outdoors, postos de gasolina e canteiros bem cuidados. Aroma de primeiro mundo. Moscow é uma velha Europa que contém a magnitude das highways americanas, uma mistura que me agrada.

Olá Internet

  • O hotel Izmaylovo é um complexo de edifícios enormes construídos para as olimpíadas. Tem 8000 camas e dizem ser o maior da Europa. Põe inveja também nos monumentais hotéis de Las Vegas. Ficamos no edifício Vega (Вега) de 3 estrelas.
  • Enquanto Tati fazia o check in, achei uma rede WiFi aberta e rápida disponibilizada pelo hotel. Liguei meu celular bacana, conectei-o por VoIP ao serviço do Gizmo e fizemos ótimas ligações para o Brasil. Checamos e-mail também, fiz backup deste diário e a Internet é linda.
  • O quarto parecia ter sido entregue ontem pelo reformador. Carpete novo, moveis modernos, banheiro limpíssimo de louça nova. Ganhamos inclusive um upgrade para um quarto com cama de casal.
  • Tomamos um banho maravilhoso sem molhar o chão do banheiro e fomos dormir quase meia noite.