Insights globais sobre guerra Hezbollah-Israel

Nestes dias de guerra, qualquer reunião de família ou amigos onde alguém levanta este assunto, pronto: vira discussão para o resto da noite.

Opinião daqui, idéia pacifista dalí, justificativa da ofensiva de acolá, mas no fim todos chegam a alguns consensos: não se sabe o que fazer, não se tem certeza se a estratégia dos dois lados foi a melhor (em vista dos objetivos), e não se sabe exatamente o que move o Hezbollah.

São teias muito complexas de geopolítica, e O Estado de São Paulo (não tenho tempo para ler mais do que um jornal) tem publicado artigos globais de ambos os lados que acho ótimos, e vou posta-los aqui, na íntegra.

Convido todos a mostrar mais artigos e opiniões de todos os lados, e comentar.

46 thoughts on “Insights globais sobre guerra Hezbollah-Israel”

  1. Este foi o editorial do Estadão no dia 15 de julho, logo após o estouro da guerra, com algumas frases bem balanceadas e precisas.

    Fazendo o Líbano pagar

    Desde o seu estabelecimento, em 1948, o Estado de Israel, no seu interminável conflito com os vizinhos palestinos e os árabes em geral, não costuma se preocupar com a proporção entre as agressões que sofre e as represálias que aplica a seus inimigos. A reação israelense típica é quase sempre desproporcional às agressões dos seus inimigos que não aceitam a sua existência, mesmo depois da decantada e afinal esquecida “paz dos bravos”, celebrada pelos líderes Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, em 1993. É duvidoso, no mínimo, que a rotina das retaliações excessivas tenha contribuído para fortalecer a segurança de Israel. E é incompreensível que uma nação tão pronta a invocar a história demonstre tamanha dificuldade em assimilar as suas lições.

    Em 1982, Ariel Sharon invadiu o Líbano, chegando às cercanias de Beirute, para erradicar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). E, de fato, a direção do movimento fugiu para a Tunísia. Mas este sobreviveu e encarnou na Autoridade Palestina, criada também em 1993 pelos Acordos de Oslo. Em 1985, Israel recuou para o sul do Líbano, onde estabeleceu uma zona de segurança. Não logrou impedir, porém, os ataques do movimento Hezbollah, cuja resistência ao invasor, bancada pela Síria e o Irã, e a sua eficaz assistência à população pobre dele fizeram um Estado dentro do conflagrado Estado libanês. Em 2000, o premier Ehud Barak rendeu-se aos fatos e ordenou a retirada unilateral das tropas de Israel do país. O prestígio do Hezbollah subiu às nuvens em todo o mundo árabe-muçulmano.

    Agora, porque os seus militantes capturaram 2 soldados israelenses e mataram outros 8 na fronteira com o Líbano – 17 dias depois que a versão palestina do Hezbollah, o Hamas, seqüestrou um soldado israelense na Faixa de Gaza -, Israel tornou a invadir o sul do Líbano, para em seguida isolar o país do mundo, bombardeando o Aeroporto de Beirute e a estrada para Damasco, bloqueando os seus portos e decretando zona de exclusão todo o espaço aéreo libanês. Com esse ato de guerra, o primeiro-ministro, Ehud Olmert, promete acabar de vez com as agressões do Hezbollah. A julgar pelo retrospecto, conseguirá apenas levar a morte e a destruição ao Líbano, que já purgou entre 1975 e 1990 uma guerra civil arrasadora que fez 150 mil vítimas.

    “O Hezbollah decide quando entra em guerra e todos os libaneses acabam pagando por isso”, resumiu, em entrevista ao Estado, o líder do Bloco Nacional Libanês, Carlos Eddé, nascido no Brasil. Para o Hezbollah e os seus financiadores sírios e iranianos, a represália que atinge os libaneses é lucro. Mas culpar o impotente governo de Beirute pelo seqüestro dos soldados, como fez Olmert, querendo, quem sabe, ser mais sharonista do que o seu mentor Sharon, equivale a culpar o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pelo idêntico ultraje anterior do braço armado do Hamas (que parece não responder ao primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyia, do mesmo grupo). Nesse caso, o seqüestro – depois de 16 meses de trégua cumprida pelo movimento – foi inicialmente uma reação ao bombardeio israelense que matou 7 civis numa praia de Gaza.

    Depois, o Hamas propôs trocar o militar por palestinos presos em Israel. Afinal, em 2004, Sharon trocou – com o Hezbollah – cerca de 400 prisioneiros palestinos por um refém civil israelense e os corpos de 3 soldados mortos no Líbano. Eis algo que o fraco Olmert não ousará fazer. Fica no ar a questão de saber o que ele e os seus de fato imaginam alcançar com os ataques e o cerco ao Líbano. É tudo o que o mundo não precisa quando os Estados Unidos estão atolados no pântano iraquiano e quando o Irã desafia o Ocidente com o seu programa nuclear e o seu presidente compara Israel a um tumor.

    Argumenta-se que na raiz do novo ciclo de violência infernal no Oriente Médio está a vitória eleitoral do Hamas na Palestina. A Carta do movimento prega a destruição de Israel, mas não foi por isso que conseguiram fazer mais deputados do que o incompetente e corrupto partido Fatah de Abbas. E, entre a morte do seu antecessor Arafat, que Israel não considerava um “parceiro para a paz”, e a ascensão política do Hamas, não se tem notícia de um único gesto israelense que pudesse fortalecer diante dos seus rivais os moderados palestinos.

  2. Este, de direita, veio junto com outro de esquerda na mesma página (próximo post), dia 25/07, mostrando pontos de vista divergentes.

    Yossi Alpher explica a nova estratégia da defesa de Israel.

    A vingança da aranha israelense

    Yossi Alpher*

    Em um dos discursos mais memoráveis de Hassan Nasrallah, há dois anos, o carismático líder do Hezbollah comparou a sociedade israelense a uma teia de aranha: complexa, elegante, mas frágil e passível de ser destruída com uma passada de mão.

    A estratégia militar de Israel no combate ao Hezbollah pode parecer dura e pouco imaginativa, e suas chances de resultar num acordo político aceitável são certamente problemáticas.

    Mas, embora o governo de Ehud Olmert esteja basicamente seguindo o padrão de seus predecessores em termos de objetivos militares, ele adotou uma estratégia bastante inovadora e até agora bem-sucedida para provar a Nasrallah que o meio civil israelense é muito, muito mais resistente que uma teia de aranha.

    No que toca ao público israelense, Olmert está abatendo vacas sagradas com o objetivo de incorporar o escalão civil num perfil dissuasor israelense reforçado, que fará o Hezbollah e o Hamas pensarem duas vezes antes de atacar de novo.

    Primeiro, Olmert disse à retaguarda civil israelense que ela precisa se sacrificar para esta guerra dar certo. Aliás, ele anunciou que suas decisões estratégicas não serão influenciadas por baixas civis. Isso depois de sucessivos primeiros-ministros nos últimos seis anos terem evitado desafiar o arsenal de foguetes do Hezbollah e a operação de suprimento de foguetes do Irã ao Líbano precisamente por temer pela segurança da população israelense.

    Segundo, Olmert anunciou que quebrará o precedente e não pagará um resgate humano desproporcional (soltando centenas de prisioneiros árabes de prisões israelenses) pelos três soldados israelenses retidos pelo Hamas e pelo Hezbollah. Ele aspira a ficar imune às pressões das famílias aflitas desses soldados, do público em geral que simpatiza com eles, e mesmo do Exército, que se orgulha de jamais abandonar um soldado.

    Olmert, o ministro da Defesa, Amir Peretz, e o alto escalão militar também deixaram claro que os israelenses não ocuparão território palestino ou libanês – outro precedente em tempos de guerra. Note-se que cada unidade do Exército que entra na Faixa de Gaza se retira em poucos dias.

    Os estrategistas de guerra de Israel entendem que um dos objetivos dos radicais islâmicos é arrastar o Exército para uma ocupação em que seus soldados possam ser de novo atacados por guerrilheiros apoiados por uma população hostil a Israel, sem um plano de saída viável, até que o público israelense fique cheio da ocupação e peça a retirada a qualquer preço.

    O perfil dissuasor reforçado que Olmert pretende oferecer em termos de poder militar e de determinação civil visa não só a impedir futuros seqüestros e lançamentos de foguetes. Olmert espera também emergir desta crise com seu plano de convergência na Cisjordânia mais forte do que nunca.

    Daqeui para a frente, ele será respaldado pelo reconhecimento árabe de que a retirada de territórios ocupados, longe de indicar uma fraqueza israelense, reflete, na verdade, uma sociedade forte, capaz de infligir um castigo extremamente duro a seus atacantes e absorver o que de mais forte o Hezbollah e Hamas podem lhe infligir. Eles saberão que Israel pode agüentar uma guerra precisamente porque foi atacado dentro de limites internacionalmente reconhecidos.

    Por enquanto, a população correspondeu ao desafio de Olmert. Mais de 80% dos israelenses apóiam sua estratégia. Esse apoio quase certamente se enfraquecerá se os objetivos mais amplos de Israel com respeito ao Hamas e ao Hezbollah não forem atingidos em breve. Também não estão claras quais iniciativas quanto aos palestinos Olmert realmente será capaz de invocar quando isto acabar.

    Mas, ao menos por enquanto, é importante notar como a primeira equipe de liderança inteiramente civil de Israel em muitas décadas, sem experiência significativa na tomada de decisões sobre segurança nacional e com pouco mais de 100 dias no governo, entendeu bem os sentimentos da população e, de fato, a liderou.

    *Yossi Alpher foi diretor do Jaffee Center for Strategic Studies e consultor do ex-primeiro-ministro Ehud Barak. Atualmente, co-edita os sites bitterlemons.org e bitterlemons-international.org. Escreveu este artigo para o ‘International Herald Tribune’

  3. Este acompanhou o anterior, mas com ponto de vista diferente. Escrito de foram imatura na minha opinião, mas também acerta alguns bons pontos.

    A tola determinação de Israel

    Yossi Sarid*

    Começa outra história de envolvimento previsível e amaldiçoado. Com os olhos bem fechados, Israel mais uma vez cai na armadilha dos tolos no Líbano, iniciando uma “atividade em terra” na qual poderá ficar preso por um longo e sangrento período. O uso de chavões grandiloqüentes só deprecia o perigo certo. “O pântano do Líbano”, como dizem os tagarelas desocupados na TV. “A segunda guerra do Líbano”, afirmam eles. O caminho para o campo da morte é sempre pavimentado por clichês.

    O que mais se pode fazer para evitar a calamidade? Temo que os dados tenham sido lançados e o que foi feito seja difícil de desfazer. Estava claro desde o início – ou parecia estar – que uma invasão terrestre do território libanês seria estritamente proibida. Todos juravam que esta não era a intenção.

    Justamente por causa da clareza e do consenso, surgiu o temor de que a entrada no vale da sombra da morte fosse apenas questão de tempo. É isso que acontece, inevitavelmente, quando os líderes elevam aos céus as expectativas da guerra e então elas caem no chão. Quando os líderes se enchem de moralismo, ficam sem sabedoria.

    A altura das expectativas determina a altura das chamas. E assim que as expectativas são chamuscadas, fortalecem não só a determinação, mas também a estupidez. É um processo familiar, definido como a “síndrome do jogador” – mais um tipo de dano cerebral congênito provocado por transtorno cromossômico. O jogador aposta quantias cada vez maiores na imprudente esperança de recuperar o dinheiro perdido. Na guerra, o jogo não é por dinheiro, mas por vidas, e o que se perde não é dinheiro, mas a honra dos políticos, generais e almirantes.

    Se não havia intenção inicial de enviar tropas por terra e envolver-se numa rede lançada pelo Hezbollah, pela Síria e pelo Irã, por que estabelecer também metas políticas inatingíveis? Mas o apoio doméstico ou a indiferença internacional subiram à cabeça do governo. Ehud Olmert e Amir Peretz de repente acham que o mundo que estava contra nós repentinamente está conosco, e, com vivas em casa e no exterior, não podem perder a oportunidade de uma guerra.

    Mas este apoio é como areia movediça. Mais alguns dias de imagens de destruição e refugiados o farão evaporar como fumaça sobre Beirute. E os Estados Unidos, aqueles do Iraque e do Afeganistão, serão os únicos a manter o apoio. O presidente americano continuará a acariciar nossas costas sozinho, como acariciou as da chanceler (Tzipi Livni). Esta, por acaso, ficou constrangida e irritada.

    E qual a importância do apoio americano, de qualquer modo? Repletos de interesses próprios, os americanos apoiaram sua desesperada guerra no Iraque, que leva o desastre aos EUA e ao mundo. Com as próprias mãos, Washington sabotou a capacidade de dissuasão do mundo pós-comunista. Permitiu que o Irã, a Síria e a Coréia do Norte enlouquecessem. Os loucos do mundo se unem e perdem as estribeiras, e entre eles estão o Taleban, o Hezbollah e o Hamas.

    No início da primeira guerra no Líbano, em 1982, os EUA do presidente Ronald Reagan e do secretário de Estado Alexander Haig apoiaram as iniciativas de Ariel Sharon. Shimon Peres, como líder da oposição, zombou dos que contestavam a guerra, que ele próprio criticara antes de mudar de lado. “Os EUA haviam dado carta branca a Beguin e Sharon”, explicou ele na época.

    E então? O apoio americano há 24 anos tornou aquela guerra no Líbano mais razoável? Tornará a expansão terrestre desta guerra menos idiota? E quem pagará o preço de suas vítimas desnecessárias – EUA ou Israel? E se as duas guerras não são iguais, por que tantos esforços para destacar a similaridade entre elas? A tragédia é israelense, mas poderia ser grega. Tudo é predestinado e não parece haver livre arbítrio nem freios para a corrida precipitada rumo ao desastre.

    Imploro aos estadistas e generais de Israel: não tentem curar o velho trauma libanês com um novo. Não mexam em feridas que ainda não cicatrizaram; não enviem os soldados para o vale da sombra da morte. Seria melhor vocês baixarem suas expectativas, e nós também, para que não tenhamos de baixar nossas bandeiras a meio pau.

    *Yossi Sarid foi líder do partido esquerdista Meretz, ministro do Meio-Ambiente e da Educação e membro do Parlamento de Israel. Escreveu este artigo para o ‘Haaretz’

  4. Esta pequena nota contextualiza o Hezbollah, Líbano e alguns de seus dirigentes no tempo e no espaço. Saiu dia 26/07.

    Poder é dividido entre xiitas, sunitas e cristãos

    A população do Líbano é composta por três grandes grupos religiosos: muçulmanos xiitas, muçulmanos sunitas e cristãos. Dos 3,8 milhões de libaneses, 60% são muçulmanos. Entre estes, os xiitas são maioria, estimada entre 35% e 40% da população. Esse porcentual pode ser mais alto porque os xiitas tem índice de natalidade maior e quase não emigram. Estão concentrados principalmente no sul do Líbano, no sul de Beirute, em Baalbek e no Vale do Bekaa.

    Os sunitas são 25% da população. Estão dispersos pelo país. Um grupo à parte são os drusos, que formam 5% da população. São dissidentes dos muçulmanos xiitas e vivem predominantemente no sul de Beirute.

    Os cristão são cerca de um terço da população, na maioria maronitas. Nas últimas décadas, houve redução desse grupo por causa da emigração e baixa natalidade.

    Há 15 milhões de libaneses e descendentes espalhados pelo mundo. O Brasil tem a maior comunidade libanesa no exterior.

    Para obter um equilíbrio entre as comunidades, decidiu-se na fundação do Líbano que o poder se dividiria, com um presidente cristão, um primeiro-ministro sunita e um presidente do Parlamento xiita. O atual presidente é o cristão Émile Lahoud. O primeiro-ministro é o sunita Fuad Siniora e o presidente do Parlamento, o xiita Nabih Berri.

    EFE

  5. Este dá um insight de respaldo sobre quem é o Hezbollah, derruba alguns mitos sobre o apoio do Irã e Síria, mas se contradiz em diversos pontos. Saiu dia 26/07.

    Grupo libanês não é joguete da Síria e do Irã

    Reza Aslan*

    Ao longo das avenidas arborizadas nos subúrbios ao sul de Beirute, cartazes mostram o impetuoso líder espiritual do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ao lado dos presidentes da Síria, Bashar Assad, e do Irã, Mahmud Ahmadinejad, tendo ao fundo o cintilante Domo da Rocha. Essas imagens podem dar a impressão de que esses três avatares do poder islâmico formam uma espécie de “eixo”, cuja finalidade última é arrebatar a Terra Santa de Israel.

    Não surpreende, portanto, que as potências ocidentais considerem automaticamente que Damasco e Teerã são responsáveis pelas maquinações do Hezbollah. Afinal, Síria e Irã exercem uma enorme influência sobre a milícia libanesa e não apenas porque fornecem a ela centenas de milhões de dólares em ajuda econômica e militar. No entanto, é um grave exagero afirmar, como vem repetindo a Casa Branca, que o Hezbollah é um mero joguete da Síria e do Irã. E não se pode dizer que o atual conflito entre Israel e Líbano necessariamente tenha as impressões digitais de Assad e Ahmadinejad.

    Nos últimos anos o Hezbollah alcançou enorme sucesso político ao se transformar de agente de regimes estrangeiros em agente da reforma interna. Conseguiu seu mandato popular no Líbano por meio de uma plataforma política centralizada unicamente na política nacional. Seus candidatos argumentam que as obrigações cívicas e um governo responsável estão acima da teologia ou da imposição da lei islâmica.

    Isso se deveu em parte a uma campanha inteligente, uma vez que os libaneses formam uma das populações mais secularizadas no mundo árabe.

    A verdade é que o Hezbollah nunca defendeu uma ideologia pan-nacionalista. Embora criado pelo Irã xiita e sustentado pela Síria árabe, o movimento cuidadosamente evitou quaisquer associações pan-arábicas, pan-islâmicas ou mesmo pan-xiitas. (Vale a pena observar que o Hezbollah não deu nenhuma assistência significativa, financeira, militar e mesmo espiritual para seus irmãos xiitas no Iraque).

    Quando a Síria foi obrigada a sair do Líbano, depois do assassinato do primeiro-ministro Rafic Hariri, o Hezbollah mobilizou-se em apoio ao antigo aliado e patrão. Mas o mais notável na mobilização não foram os sentimentos pró-Síria do grupo e sim sua descarada exibição de nacionalismo libanês. Os 500 mil partidários do Hezbollah que inundaram Beirute em março de 2005 ostentaram as cores da bandeira do Líbano e não da Síria. E desde a saída da Síria o Hezbollah continua a defender uma plataforma dedicada a proteger o território libanês, preservar a identidade libanesa e trabalhar com todas as linhas sectárias e religiosas para promover a unidade libanesa, formando até uma parceria com o líder cristão do Movimento Patriótico Livre, Michel Aun.

    A questão é que, apesar de suas táticas terroristas, o Hezbollah conseguiu se reformular como partido político legitimamente sancionado. Seria improvável que se arriscasse a perder apoio popular aparentando favorecer seus benfeitores estrangeiros, em detrimento de seus componentes domésticos.

    Por isso são equivocadas as afirmações do governo Bush de que as investidas do Hezbollah no norte de Israel foram feitas por ordem da Síria, que pretende semear a discórdia na região, ou do Irã, que quer desviar a atenção internacional do seu contestado programa nuclear.

    Qualquer política, mesmo a islâmica, é local: não é preciso observar mais além da dinâmica interna do Líbano para entender por que o Hezbollah cruzou de forma tão irrefletida a fronteira e atacou as tropas israelenses. A libertação do Líbano da ocupação israelense e da intromissão síria tornou obsoleta a razão de ser do Hezbollah como milícia armada responsável pela proteção das fronteiras.

    Com os apelos cada vez mais intensos, dentro do Líbano e entre a comunidade internacional, para o desarmamento do grupo, determinado pela Resolução 1.559 das Nações Unidas, a ala militar do Hezbollah sentiu-se obrigada a mostrar sua importância permanente como baluarte contra a agressão israelense. As novas investidas de Israel contra Gaza deram ao grupo a oportunidade perfeita para provar isso.

    Pode-se argumentar que essa missão tola do Hezbollah foi um erro tático e só prejudicará o apoio público que o grupo tem no Líbano e no mundo árabe. Na verdade, as críticas ao Hezbollah que partem de capitais árabes indicam que o movimento exagerou grosseiramente.

    Contudo, o grupo provavelmente sairá deste conflito mais forte do que antes. Se existe uma constante nesta região instável, é a de que se deve geralmente esperar que Israel responda com força exagerada às ameaças a sua soberania. O bombardeio de aeroportos, pontes, casas, portos, torres de TV, usinas elétricas e até uma fábrica de laticínios no Líbano varreu da memória coletiva do povo libanês quem começou esta confusão e mais uma vez a raiva concentrou-se no Israel agressivo. Nasrallah não podia ter criado um roteiro melhor.

    Isso tudo não quer dizer que Síria e Irã não tenham um papel importante no conflito. Tanto Assad como Ahmadinejad ganham muito com a escalada da violência na região. Mas é muita negligência do Ocidente afirmar que Síria e Irã começaram esta guerra e, portanto, seria sua responsabilidade acabar com o banho de sangue. Nesse ínterim, muitas vidas inocentes foram perdidas, dos dois lados, e a infra-estrutura civil do Líbano mais uma vez ficou reduzida a frangalhos.

    Esta não é uma guerra em nome de terceiros, pelo menos ainda não. Mas sem uma intervenção internacional e a imposição de um cessar-fogo imediato, o que começou como um conflito regional entre Israel e Líbano pode rapidamente transformar-se numa guerra incontrolável e sangrenta, com conseqüências devastadoras. E que beneficiará os extremistas bem além da Síria e do Irã.

    * Reza Aslan, americano-iraniano, é autor do livro ‘No God but God: The Origins, Evolution and Future of Islam’. Escreveu este artigo para ‘Global Viewpoint’

  6. Este é um dos que mais gosto. Abordagem que denota muita sebedoria e conhecimento de causa do autor. Saiu dia 21/07.

    A nova desordem multipolar

    Timothy Garton Ash*

    Bem-vindos à nova desordem multipolar mundial. O Estado de Israel está em guerra com o Hezbollah, que é tanto um movimento político no Líbano como uma organização terrorista fora de suas fronteiras. O Estado libanês não controla seu próprio território. O Irã influencia fortemente, mas não controla o Hezbollah. Saindo de seu triunfo na cúpula do G-8 em São Petersburgo, a Rússia tem provavelmente as relações mais estreitas, de todas as potências do G-8, com a Síria (à qual fornece armas) e o Irã. A China também está lá, assim como as principais potências européias – de novo não conseguindo agir como uma união européia. Os EUA possuem o maior poderio militar que o mundo já conheceu e como eles o estão usando? Para retirar seus cidadãos do Líbano. Se a secretária de Estado Condoleezza Rice busca o fim dos combates, ela só o conseguirá por meio de uma complexa diplomacia multilateral.

    Portanto, bem-vindos à nova desordem multipolar – e adeus ao momento unipolar da aparentemente indisputável supremacia americana. A hiperpotência! A mega-Roma! Lembram? “Momento” se revela a palavra certa: um breve episódio entre o fim do velho mundo bipolar da Guerra Fria e o início do novo mundo multipolar do século 21. Esta nova multipolaridade é o resultado de pelo menos três tendências. A primeira, e mais familiar, é a ascensão ou revigoramento de outros Estados – China, India, Brasil, Rússia como filho pródigo -. cujos recursos energéticos competem com os das potências estabelecidas do Ocidente. A segunda é o poder crescente de atores não-estatais. Estes têm características radicalmente diferentes: variam de movimentos como Hamas, Hezbollah e Al-Qaeda a organizações não-governamentais (ONGs) como Greenpeace, de grandes corporações de energia e empresas farmacêuticas a regiões e religiões.

    Uma terceira tendência envolve as mudanças na própria moeda de poder. Os avanços nas tecnologias com potencial violento permitem que grupos muito pequenos de pessoas consigam desafiar Estados poderosos estabelecidos, seja pilotando um avião contra o World Trade Center em Nova York, disparando um míssil contra Haifa, atacando soldados americanos no Iraque, explodindo bombas no metrô de Londres ou espalhando gás sarin no metrô de Tóquio. Os avanços na tecnologia da informação e a mídia globalizada significam que as forças militares mais poderosas da história podem perder uma guerra, não no campo de batalha de poeira e sangue, mas no campo de batalha da opinião pública mundial. Se observarmos a queda vertiginosa da popularidade dos Estados Unidos desde 2002, mapeada pelas pesquisas da Pew Global Attitudes mesmo em países tradicionalmente simpáticos aos americanos, podemos argumentar que é isso que vem acontecendo aos EUA.

    O efeito resultante dessas tendências muito disparatadas é reduzir o poder relativo de Estados ocidentais estabelecidos, e, sobretudo, dos EUA. Essa realidade é pouco notada por boa parte do mundo, e obscurecida pela retórica belicosa constante sobre a qual escrevi há duas semanas. O governo Bush tem, de fato, se ajustado a tal realidade no segundo mandato do presidente. Desde 2005, numa abordagem arquitetada por Condoleezza Rice, o governo tem lidado não só com o Irã e a Coréia do Norte (os dois outros membros do “eixo do mal”, além do Iraque), como também com a maior parte dos outros desafios com uma diplomacia multilateral – ainda que insistindo sempre que a opção de usar a força continuava na mesa.

    Essa abordagem tem sido dificultada pela concentração maciça de tempo e recursos no Iraque e pela relutância em se envolver em negociações diretas, bilaterais, com regimes perigosos como o Irã, mas a política externa americana de 2006 é certamente muito diferente daquela de 2003, quando a guerra do Iraque foi iniciada. A Coréia do Norte testa mísseis capazes de carregar as ogivas nucleares que já teria fabricado. Washington diz: vamos levá-la à ONU! O Hezbollah lança mísseis sobre Israel. Washington diz: chegou a hora da diplomacia! Quando Jacques Chirac falou afetuosamente de multipolaridade, em 2003, ele combinou duas afirmações: 1) O mundo é multipolar; 2) Isto é uma coisa boa. A primeira está se mostrando acertada. A segunda ainda precisa ser confirmada. Para começar, importa muito se esta é uma ordem multipolar ou uma desordem multipolar. A ordem é um alto valor em relações internacionais. Ela impede que muitas pessoas sejam mortas.

    Por enquanto, o que temos é uma desordem multipolar, e não está claro que forma poderia ter uma nova ordem multipolar. Historicamente, o surgimento de novas potências disputando posição aumentou as possibilidades de violência. O mesmo aconteceu com a autoridade contestada dentro das fronteiras de Estados.

    Nós, internacionalistas liberais, sonhamos com um mundo de Estados democráticos, amantes da paz, respeitadores dos direitos humanos, trabalhando por meio de alianças e organizações internacionais dentro da lei internacional.

    Pense muitas vezes no Canadá. Algumas potências emergentes se encaixam nessa visão: Canadá e Austrália, por exemplo, cujos recursos naturais os tornarão mais importantes no futuro, mas também, em grande medida,

  7. Segue uma entrevista com um deputado libanes xiita, membro do Hezbollah, publicado 27/07. Na minha opinião, seus instintos violentos, sua posição extrema em manter a guerra a todo custo, não é digna da segurança do povo que votou nele.

    ‘Vamos manter armas e lutar até o fim’

    Hussein al-Hajj Hassan, deputado do Hezbollah

    Representante do grupo xiita não se arrepende da captura de soldados e diz que a reação de Israel é injustificada

    Eduardo Salgado, ENVIADO ESPECIAL BEIRUTE

    Doutor em física e química pela Universidade de Orleans, na França, Hussein al-Hajj Hassan é um dos 14 representantes do Hezbollah no Parlamento libanês. Eleito pela primeira vez em 1996 pela região do Vale do Bekaa, Hassan não saiu mais da política. No fim da manhã de ontem, era um dos poucos deputados presentes no prédio do Parlamento, localizado na Solidere, a região reconstruída na área central de Beirute. Esta é a íntegra da entrevista ao Estado:

    Quem apóia politicamente o Hezbollah dentro do Líbano?

    O Hezbollah tem um grande bloco parlamentar. Elegemos 14 parlamentares e temos 2 ministros. Formamos uma aliança com o Amal (um grande partido xiita). Juntos, temos 90% dos votos xiitas, 35 deputados e 5 ministros. Temos alianças com vários outros grupos, como o de Aun (Michel Aun, líder cristão) e outros mais. Contamos com o apoio de Irã, Síria, do Hamas e muitos outros países e partidos.

    O sr. está tendo o apoio que esperava dos outros grupos que fazem parte do Ministério?

    Esses outros grupos têm algumas críticas a algumas de nossas políticas. Mas, em função desta crise, existe uma espécie de união nacional para defender o Líbano contra a agressão. É assim em outras partes do mundo.

    Que tipo de críticas o sr. tem ouvido?

    Eles falam da operação de captura dos dois soldados israelenses. Aceitamos que eles têm o direito de criticar essa operação. Mas depois da agressão israelense, da destruição do país, todos buscam a união nacional.

    Antes do início da guerra, havia muitos grupos libaneses pedindo o desarmamento do Hezbollah…

    Tínhamos iniciado um diálogo nacional para debater a estratégia de defesa do Líbano.

    O sr. acha que uma organização deve ter o poder de decidir quando um país entra numa guerra? Essa organização não deveria consultar o governo sobre se deveria iniciar um ataque a outro país? Ainda mais quando faz parte do mesmo gabinete?

    Ouvi essa pergunta muitas vezes. Está certo um país ocupar o território de uma outra nação? Algum país tem o direito de manter vários prisioneiros libaneses? Está certo um país não entregar o mapa de onde estão as minas no sul do Líbano? Foi certo um país seqüestrar e matar um libanês no mês passado? Por último: você acha que o Exército libanês tem condições de defender o Líbano sem poder ter armas? Essas são as questões.

    O sr. pode argumentar que, do seu ponto de vista, existem muitas razões para atacar Israel…

    Nunca atacamos Israel. Sempre nos defendemos.

    O sr. acha que desta vez foi esse o caso? Israel não atacou o Hezbollah.

    Não? E quando seqüestraram um dos nossos? Quando mataram um membro do Hezbollah há pouco tempo? Nós não atacamos Israel. Por que Israel mantém nossos prisioneiros?

    Como eu dizia, o sr. pode ter, do seu ponto de vista, razões para atacar Israel…

    Nós não atacamos Israel, nós nos defendemos.

    Certo. Então o sr. pode ter boas razões para se defender de Israel, mas o Hezbollah, ainda assim, não deveria ter consultado o governo?

    Se tivéssemos falado, o governo seria responsabilizado, e Israel destruiria o Líbano.

    Mas Israel não está destruindo o Líbano?

    Ok. Por isso a pergunta não é por que o Hezbollah capturou os soldados israelenses, mas por que Israel está destruindo o Líbano. E se eu admitisse que o Hezbollah cometeu um erro ao capturar os dois soldados israelenses, também não se justificaria a reação de Israel. A realidade é que isso não tem nada a ver com o seqüestro dos dois soldados. A resposta é: Israel e os Estados Unidos fizeram um plano para destruir o Líbano e o Hezbollah.

    Sabendo o que o sr. sabe hoje, se o sr. pudesse voltar no tempo três semanas, o sr. acharia uma boa idéia seqüestrar os dois soldados?

    Certamente.

    Mesmo com toda essa destruição?

    Por que você insiste em colocar a responsabilidade pela destruição em mim? É Israel quem está destruindo.

    O sr. me desculpe. Meu papel é sempre fazer o advogado do diabo…

    Eu sei e estou respondendo ao diabo. Por que todo mundo fala da nossa pequena operação e não dessa grande destruição?

    Porque a pequena operação levou à grande destruição.

    Mesmo se levarmos em conta as leis internacionais a reação não é justa.

    O que seria uma vitória para o Hezbollah?

    Se nós continuarmos unidos. O objetivo de Israel é nos destruir e o nosso é nos mantermos.

    O que o sr. quer dizer com se manter? Ter armas?

    Sim. Armas, comando e capacidade de lutar, de resistir.

    Pelo jeito o sr. está considerando a possibilidade de que isso talvez não aconteça?

    Isso não é uma possibilidade. Lutaremos até o final. Devo explicar o que é a nossa educação. É sobre a morte, vitória e mártires. Esta vida é temporária e a outra vida é eterna. Podemos agüentar o sofrimento. Nunca, nunca nos entregaremos.

    O sr. considera a possibilidade de, no futuro, ver os lutadores do Hezbollah entrando no Exército e o grupo sendo apenas uma organização política?

    É uma questão de oportunidade. É uma das opções. Não é a única. É uma possibilidade.

    Há alguém dentro do Hezbollah que defenda o desarmamento e a entrada dos lutadores no Exército?

    Ninguém.

    E antes da guerra? Havia alguém defendendo o desarmamento?

    Somos um partido democrático e tomamos decisões democráticas. A grande maioria dos membros do Hezbollah decidiu pela captura dos dois soldados israelenses.

  8. Outra entrevista com uma deputada libanesa bem mais moderada, publicado dia 28/07, lamentando a ação isolada – mas de conseqüências nacionais – do Hezbollah.

    ‘É o Exército que deve defender o país, não o Hezbollah’

    Deputada diz que grupo xiita não tinha o direito de iniciar a guerra com Israel e acredita que decisão foi
    tomada no Irã e na Síria

    Eduardo Salgado

    Nayla Moawad é uma política conhecida no Líbano. A deputada cristã da coalizão 14 de Março, o grupo liderado pela família sunita Hariri, é a ministra dos Assuntos Sociais e a viúva de René Moawad, o ex-presidente assassinado pelos sírios no final dos anos 80. Nayla é também uma das vozes mais críticas ao Hezbollah desde que a guerra começou. A ministra, uma senhora de gestos e roupas finos, recebeu o Estado no seu gabinete no ministério na quarta-feira à tarde e só perdeu um pouco a calma na hora de tirar uma foto. Notou que a imagem do presidente Émile Lahoud seria enquadrada atrás de sua mesa, levantou, pegou a moldura, jogou no chão e disse: “Escreva aí. Lahoud é um espião sírio.” Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

    Dentro do Líbano, quem dá apoio político ao Hezbollah?

    O Hezbollah é muito apoiado por Síria e Irã. O governo iraniano envia uma quantidade enorme de dinheiro. O regime sírio dá todo o apoio logístico, assim como os aliados da Síria dentro do Líbano. O general Michel Aun (um líder histórico cristão que agora está aliado com os xiitas) fez recentemente um acordo com o Hezbollah que acabou criando um problema de soberania com o nosso grupo, o que é muito pior do que um problema político.

    Por quê?

    Pelo acordo, Aun concordou que o Hezbollah tinha o direito de defender o território libanês. Temos lutado para não dar ao Hezbollah o direito de defender o território porque estamos convencidos de que esse é um papel do Exército. Aceitamos que a resistência libanesa, que agora se resume ao Hezbollah, teria o direito de fazer frente a qualquer ocupação em qualquer lugar do território, mas não concordamos que o grupo seja o responsável pela defesa. Esse deve ser o papel apenas do Exército libanês e das instituições do Estado.

    Antes do começo desta guerra, havia muitos políticos no Líbano pedindo o desarmamento do Hezbollah…

    É preciso mais uma vez colocar isso num contexto histórico. Em 2000, o Hezbollah liberou o sul do país da ocupação israelense. Naquela época, estávamos todos dando apoio ao grupo. Não aceitávamos que chamassem o grupo de milícia, mas sim de resistência à ocupação. Após essa libertação, continuamos sob dominação síria. Depois da saída das tropas sírias, em abril, voltamos a defender a aplicação de um acordo.

    Qual acordo?

    Esse acordo, apresentado no final dos anos 80, prevê que o Exército e as forças de segurança devem ter poder sobre cada centímetro do país. Diz que somente o governo pode decidir entre a paz e a guerra.

    Deixa claro que Israel é nosso inimigo, mas que temos um armistício com eles. O Líbano precisa defender seus próprios interesses. Não pode ser o defensor de todas as causas árabes.

    O que a sra. quer dizer exatamente?

    Outro dia, Hassan Nasrallah (o líder do Hezbollah) disse que estava lutando não apenas pelo Líbano, mas por toda a causa árabe, a causa islâmica. Nós somos contra isso. Nossas raízes são árabes, temos orgulho disso, mas não devemos ser os defensores de todos os árabes. As Colinas do Golan estão ocupadas por Israel e você não encontra nem uma faca síria lá.

    Por que o Hezbollah foi convidado para fazer parte do governo?

    Tivemos uma eleição parlamentar e formamos o primeiro gabinete que busca conquistar a soberania plena. Convidamos representantes do Hezbollah para fazer parte do Ministério. Fizemos isso porque imaginamos que, com o grupo no Executivo, depois de anos de forte presença do Hezbollah no Parlamento, daríamos segurança a eles de que estávamos unidos. Queríamos passar a mensagem de que são um grupo importante dentro do Líbano, que apoiamos a resistência, mas que era o momento de todos juntos reconstruirmos a nação e o Estado. É a única maneira de garantir o futuro. Durante muito tempo, nos anos 60 e 70, acreditamos que a melhor maneira de garantir a segurança do país era cada vilarejo e cada comunidade ter o seu próprio exército. Vimos que era impossível. Estávamos com esperança de aplicar a resolução da ONU convencendo o Hezbollah de que era melhor eles entregarem as armas para o Exército libanês.

    O Hezbollah tinha o direito de começar uma guerra contra Israel?

    O governo teve uma posição bem clara. Dissemos que não sabíamos, não aprovamos e não a adotamos. Depois que os deputados do Hezbollah foram convidados para formar o governo e os melhores ministérios foram dados a representantes dos xiitas, o presidente do Parlamento teve uma grande idéia. Começou uma discussão muito franca sobre os valores democráticos e as instituições…

    O Hezbollah errou ao começar esta guerra?

    Totalmente. E nisso sou muito clara. Estamos convencidos de que a decisão não foi tomada no Líbano. Foi em Damasco e Teerã.

    A sra. acha que o desarmamento será possível depois da guerra, contando que o Hezbollah ainda detenha um grande arsenal quando ela acabar?

    É preciso dizer que a reação israelense à ação (do Hezbollah de matar e capturar soldados israelenses) foi terrivelmente desproporcional. Hoje vemos um desastre humano, vemos o nosso país ser destruído, nosso povo sendo ferido e morto. Queremos corredores humanitários de forma urgente. Está claro que, quando tivermos um cessar-fogo, teremos de falar ainda mais abertamente sobre o que aconteceu. As forças do 14 de Março (o grupo liderado pela família Hariri) se recusam a voltar ao status quo anterior à guerra. Não podemos ficar reféns de uma organização que decide sozinha fazer uma operação como essa. Tínhamos o exemplo da Faixa de Gaza. Quando, antes da ação do Hezbollah, grupos palestinos capturaram um soldado israelense, a reação também foi totalmente desproporcional. Achamos que a ação em Gaza foi um ensaio para o que viria a acontecer no Líbano mais tarde.

    Seu marido foi morto pelos sírios logo após assumir a presidência nos anos 80. A sra. acha que os políticos têm medo de falar contra o Hezbollah por temerem alguma retaliação?

    Há muito tempo, recebemos ameaças de ações terroristas por parte dos sírios. Tivemos nossos mártires, nossas vítimas, nossos mortos.Tenho plena consciência de que estamos sendo ameaçados. Mas queremos defender nosso país, falar dos assuntos cruciais para a formação do nosso Estado soberano e estamos prontos para sacrificar qualquer coisa, até nossas vidas. Não vamos desistir disso. Todos precisam pensar primeiro no Líbano.

  9. As pessoas com quem converso ficam revoltadas com a retalhação violenta de Israel. A mim também isso cheira a crime contra a humanidade.

    Mas por outro lado, o que se pode fazer? Como uma nação – Israel – pode reagir a bombas lançadas por um grupo extremista (que não quer conversa), cuja milícia é mais forte que o exercito do país que o hospeda?

    É muito fácil ficar revoltado, dizer que está tudo errado. Difícil é neutralizar misseis lançados de quintais civis, mesquitas civis e parques civis, sem ter baixas civis. Mais dificil ainda, infelizmente, quando não se tem relações diplomáticas, para poder neutralizar tudo com a arma mais poderosa que existe: a palavras.

  10. Aqui fala-se de caminhos indiretos para um acordo de paz.

    Melhor opção dos EUA é pacto com a Síria

    Simon Tisdall*

    Um dia sombrio no Oriente Médio produziu uma faísca de esperança: a insistência de Kofi Annan, apoiado pela anfitriã Itália e outros participantes da conferência de Roma, na quarta-feira, de que a paz duradoura no Líbano exigiria o “envolvimento construtivo” de todos os países da região, incluindo a Síria e o Irã. “Observando o quadro mais amplo, fica claro que precisamos de um novo impulso para uma paz abrangente”, disse o secretário-geral da ONU. “Sem isso, estaremos apenas ganhando tempo até a próxima explosão.”

    As palavras de Annan soam como declaração do óbvio. E a Síria e o Irã têm dito repetidamente que nenhum acordo no Líbano pode vingar sem eles. Mas, por suas próprias razões geoestratégicas, os EUA continuam a ignorar os dois países que o governo americano culpa por armar e ajudar a milícia xiita libanesa. Têm ocorrido contatos tímidos com a Síria por meio da Embaixada dos EUA em Damasco. Já com Teerã, membro fundador do “eixo do mal” definido por Bush, não há nada.

    Mas a cada dia surgem mais motivos para a busca do envolvimento direto iraniano e sírio, à medida que os EUA e Israel afundam num problema cada vez maior. O circo romano de quarta-feira sublinhou mais uma vez as divergências internacionais sobre como pôr fim aos combates e policiar a fronteira entre Israel e o Líbano. Nenhum dos participantes tem qualquer vontade de desarmar o Hezbollah à força.

    O contexto mais amplo – advertências sauditas sobre conflagração regional, um possível levante xiita contra as forças anglo-americanas no Iraque, a violência crescente em Gaza, um grande impulso de recrutamento da Al-Qaeda, mais ataques terroristas suicidas em cidades ocidentais e novos choques de petróleo globais – reforça ainda mais o argumento em favor de uma mudança de curso.

    Além disso tudo, regimes árabes pró-ocidentais com graus variados de ilegitimidade perguntam por quanto tempo poderão evitar que a indignação popular com a destruição do Líbano assuma um caráter de insurreição. O Egito e a Arábia Saudita têm pressionado discretamente por uma abertura à Síria, dizem diplomatas.

    Reconhecendo o perigo, comentaristas americanos conservadores conclamam Bush a fazer uma oferta irrecusável ao presidente sírio, Bashar Assad: uma grande barganha que concederia à Síria o cobiçado status de potência regional e anularia sua aliança com o Irã.

    Em troca da suspensão do fornecimento de armas e do apoio político e financeiro ao Hezbollah, dizem eles, os EUA ofereceriam à Síria a normalização das relações e o fim das sanções bilaterais. Outros incentivos incluiriam a desaceleração do inquérito sobre o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, no ano passado, e o diálogo renovado sobre as Colinas do Golan, tomadas por Israel em 1967.

    “A grande jogada estratégica é tentar afastar a Síria do Irã e trazê-la de volta ao âmbito árabe sunita. É isso que vai virar o jogo”, disse o colunista Thomas Friedman. “Qual seria o preço sírio? Valeria a pena descobrir. Afinal, a Síria abriga os líderes do Hamas. É a ponte territorial entre o Hezbollah e o Irã. E é o refúgio seguro dos insurgentes baathistas do Iraque.”

    Nadim Shehadi, especialista em Oriente Médio do centro de estudos Chatham House, disse ser possível que Bush recorra à Síria como saída para a crise, mas só porque todas as outras opções dos EUA e Israel são ainda piores. “Seria uma capitulação. Poderíamos chamá-la de capitulação leve, mas seria a mesma coisa. Seria o fim da agenda regional americana”, afirmou. E a Síria nunca abandonaria totalmente o Hezbollah. Nem romperia com o Irã. “É ingenuidade acreditar que o país faria isso. O único motivo de a Síria não estar sob ataque agora é sua aliança com o Irã.”

    Forjar um acordo com Damasco para superar o impasse poderia ser mais atraente para Washington do que aceitar um cessar-fogo que seria retratado como uma vitória do Hezbollah, disse Shehadi. E é melhor que a outra alternativa, um “confronto direto com o Irã e a Síria que poderia levar a uma guerra mundial”. O maior perigo, afirmou ele, é que Bush poderia sofrer um “momento Édipo” e, decidido a evitar a repetição do suposto erro do pai ao deixar Saddam Hussein no poder depois da Guerra do Golfo, em 1991, atacar o Irã antes que o país obtivesse a bomba atômica.

    Nesse contexto, envolver o Irã, como pediu Annan, parece uma idéia ainda mais difícil de vender. O preço do Irã pela colaboração incluiria um entendimento sobre seu programa nuclear suspeito – o que provavelmente seria inaceitável para os EUA. Mesmo assim, o Irã não abandonaria o Hezbollah. O ex-presidente Mohammad Khatami elogiou o grupo recentemente como “um sol brilhante que ilumina e aquece os corações de todos os muçulmanos e defensores da liberdade do mundo”. E ele é um moderado.

    *Simon Tisdall é colunista do jornal britânico ‘The Guardian’

  11. Uma contextualização geral provida pelo jornalista Paulo Salgado com a ajuda de Boutros Labaki.

    ‘É a vez de os xiitas perderem’

    O analista Boutros Labaki ressalta: nenhum grupo pode dominar Líbano e solução para crise depende de grande acordo

    Eduardo Salgado, ENVIADO ESPECIAL, BEIRUTE

    O economista Boutros Labaki, de 64 anos, tem forte ligações com o Brasil. Além de ter parentes que emigraram e vivem em São Paulo, Labaki conviveu com muitos brasileiros quando era estudante em Paris, nos anos 60. Foi até aluno de Fernando Henrique Cardoso na Sorbonne. Depois de mais de duas décadas como professor de desenvolvimento econômico na Universidade Libanesa, hoje ensina na St. Joseph University de Beirute. Por dez anos foi o vice-presidente do Conselho Libanês para o Desenvolvimento e a Reconstrução, o órgão responsável pela recuperação do país após o fim da guerra civil.

    Casado e com duas filhas, vive em Baaddat, nas montanhas próximas a Beirute. A seguir, os principais trechos de sua entrevista ao Estado.

    HEZBOLLAH

    O Hezbollah é uma filial libanesa de uma organização internacional com sede em Teerã. De certa forma, se parece com a organização da Internacional Comunista, a Comintern. Foi fundado pela revolução islâmica iraniana e tem várias filiais espalhadas pelo mundo, como a União Soviética tinha os partidos comunistas. É um movimento xiita fundamentalista. Tem um partido político, uma milícia, ou seja, um braço armado, e uma extensa rede de serviços sociais, como escolas, hospitais, programas de microcrédito, editora, canal de televisão, jornal, rádio e instituto de pesquisa. Essa rede fez com que ganhasse apoio. Recebe a ideologia, a ajuda financeira e militar dos iranianos e, ao mesmo tempo, tem raízes fortes entre a comunidade xiita do Líbano. Possui uma bancada no Parlamento e ministros no governo. A sua principal função militar é contra Israel. É usado pelo Irã como parte de sua estratégia contra o Ocidente.

    FUNDAMENTALISMO XIITA

    O fundamentalismo é uma ideologia de protesto contra a dominação ocidental no Terceiro Mundo. Durante boa parte do século 20, as principais ideologias de protesto eram o marxismo e o nacionalismo. Naquela época, o fundamentalismo era usado pelas potências ocidentais contra a expansão comunista e contra o nacionalismo. Com o final da Guerra Fria, o fundamentalismo se voltou contra o Ocidente. Foi o efeito bumerangue. No caso específico do fundamentalismo xiita, ele está centrado no Irã após a chegada ao poder do aiatolá Khomeini em 1979.

    XIITAS LIBANESES

    Os xiitas são mais de 1 milhão de pessoas no Líbano (as estimativas variam de 25% a cerca de 40% da população). Têm laços fortes com os xiitas do Iraque e do Irã. O centro religioso dos xiitas está no Iraque, mas isso mudou com a guerra entre Saddam Hussein e o Irã (nos anos 80). Houve um deslocamento para o Irã. Os iranianos foram convertidos à vertente xiita por clérigos xiitas libaneses no século 17. Portanto, há antigas ligações entre as duas comunidades.

    Após a Revolução Islâmica iraniana, o governo começou a enviar para o Líbano membros dos Guardiães da Revolução. Com o apoio da Síria, entraram na região do Vale do Bekaa no começo dos anos 80 e iniciaram a sua organização militar e social. Naquela época, o sul estava ocupado pelos israelenses.

    RESISTÊNCIA

    Os comunistas, os xiitas do Amal, um grupo mais moderado, e o partido nacional e social sírio começaram a resistir à ocupação israelense.

    Especialmente após os sírios terem tomado o controle do Líbano em 1990, o Hezbollah passou a dominar a resistência no sul. Quem não foi atraído acabou esmagado. Assim, o movimento contra a ocupação começou como algo nacional e se transformou numa resistência xiita. O Hezbollah foi para a região sul no começo dos anos 90, onde o Amal já era forte, com o apoio velado de Israel.

    O objetivo israelense era exacerbar o conflito entre os xiitas do Amal e os do Hezbollah, o que de fato aconteceu. A luta do Hezbollah contra a ocupação acabou sendo o único exemplo de grupo árabe que conseguiu vencer as tropas israelenses. Os últimos soldados israelenses voltaram para casa em 2000. Isso teve um efeito muito forte no mundo árabe, especialmente na Palestina (os territórios ocupados).

    DESARMAMENTO

    Com o fim da guerra civil libanesa, que consumiu o país entre 1975 e 1990, todas as milícias (cristãs, drusas, sunitas, palestinas e xiitas) aceitaram entregar as armas. Todas menos o Hezbollah, que tinha o apoio da Síria, os controladores do governo libanês.

    Até 2000, ano da retirada israelense, todos apoiavam o Hezbollah. Depois começaram os problemas. A única região que continuava ocupada era a das Fazendas de Sheeba, uma minúscula área que o Líbano tinha cedido à Síria e que se mantinha, junto com a Colinas de Golan, sob controle israelense. Pois essa região montanhosa, pequena, que serve apenas para pastores levarem suas cabras no verão, acabou servindo de desculpa para o Hezbollah manter suas armas e impedir a entrada do Exército libanês no sul do país. O Exército não tinha condições de impor o desarmamento à força e ainda corria o perigo de se desintegrar, já que parte das tropas é xiita.

    RESPONSABILIDADE DE ISRAEL

    Se Israel tivesse aceitado sair das Fazendas de Sheeba, teria acabado com a desculpa do Hezbollah para não se desarmar. Há também a questão dos prisioneiros libaneses em Israel e a das minas no sul do Líbano. Israel nunca entregou o mapa com a localização delas. Volta e meia, há gente ferida e morta por essas minas. Isso tudo é parte do contencioso que precisa ser examinado. Não dá para colocar toda a responsabilidade em apenas um lado. Essa é a essência do que o governo libanês disse na conferência de Roma na semana passada.

    AS CAUSAS DA GUERRA

    Não é preciso fazer essa guerra para resolver todo o contencioso (a ocupação das Fazendas de Sheeba por parte de Israel, o silêncio sobre a localização das minas no sul do Líbano e os prisioneiros libaneses nas prisões israelenses). Para mim, trata-se claramente de uma guerra entre o Irã e os Estados Unidos que está sendo travada no Líbano entre os guerrilheiros do Hezbollah e as tropas israelenses. O Irã abriu essa frente para desviar a atenção dos Estados Unidos da questão nuclear (nos últimos meses, o Conselho de Segurança da ONU intensificou a pressão sobre o Irã para que o país aceite parar de enriquecer urânio por temer que o governo iraniano esteja interessado na fabricação de bombas).

    Há outro fator: Israel foi humilhado pelo Hezbollah em 2000. Um dos mais bem equipados Exércitos do mundo, “os invencíveis israelenses” correram dos guerrilheiros do Hezbollah. Os militares nunca engoliram isso e queriam vingança. O Hezbollah também é, na visão israelense, um mau exemplo para os palestinos. Fora isso, Ehud Olmert, o primeiro-ministro israelense, e Amir Peretz, o ministro da Defesa, tinham de provar que são durões.

    REAÇÃO ISRAELENSE ERA ESPERADA

    Francamente, não sei dizer se os membros do Hezbollah no Líbano esperavam essa resposta israelense (ao seqüestro de dois soldados, o estopim da guerra).

    Quanto aos iranianos, duvido que não soubessem. Todo mundo que tem acesso à internet e aos jornais de todo mundo sabia do clima em Israel nos últimos meses. Pouco tempo antes, grupos palestinos tinham seqüestrado um soldado. E a reação dos israelenses na Faixa de Gaza já tinha sido desproporcional.

    SOCIEDADE LIBANESA

    Como quase todas as sociedades árabes do Oriente Médio, a libanesa é multirreligiosa (muçulmanos sunitas e xiitas, cristãos e drusos). Cada grupo tem a sua crença e as suas práticas religiosas. Isso se dá obviamente no plano pessoal e das famílias. Acima disso, cada grupo tem a sua rede de escolas, de organizações voltadas ao bem-estar social, jornais, televisões e partidos políticos. Dividem o governo num sistema de cotas, assim como na Suíça. No Líbano, esta divisão de poder é explícita e consta na lei. Em outras partes do Oriente Médio, não é oficial, mas também existe. Isso já vem do tempo do Império Otomano.

    Antes do início da guerra civil no Líbano, as várias comunidades eram mais misturadas. Havia a predominância de um ou outro grupo, mas também a presença de pessoas de diferentes crenças. Com o conflito, houve várias tentativas de limpeza étnica e comunidades foram deslocadas. Assim, os bairros e os vilarejos passaram a ser mais homogêneos.

    Entre os cristãos, há mais de 15 subdivisões. Apesar disso, é uma comunidade mais integrada e se vê casamentos entre cristãos de diferentes orientações.

    Já a comunidade muçulmana é mais segregada. São raros os casamentos entre xiitas e sunitas. As duas comunidades brigam pelo poder no Líbano e também refletem os conflitos entre xiitas e sunitas na região, como no Iraque, por exemplo.

    NÃO É UMA GUERRA DE CLASSES

    Antes da guerra civil, na década de 70, os xiitas já vinham conquistando grandes progressos. Os anos de estudos aumentaram, assim como a presença no funcionalismo público. Parentes que emigraram mandavam dinheiro e houve o crescimento de uma classe burguesa xiita. Com o apoio dos sírios e iranianos, essa mudança continuou e, com o fim da guerra civil em 1990, eles passaram a dividir o poder com os sunitas. Por isso, tinham todas as benesses do poder à sua disposição. Não dá mais para descrever a situação como uma guerra de classes. Na região oeste de Beirute, onde há vários prédios novos, os inquilinos são árabes do Golfo e xiitas.

    QUEM GANHA NO L

  12. No dia em que as notícias explodem com o ataque a Qana:

    Conseqüências do ataque a Qana

    Por que o ataque é significativo? A morte de tantos civis e crianças no ataque mais sangrento da guerra concentrou a crescente oposição internacional à ofensiva israelense. O ataque foi um tropeço particular para Israel e EUA, seus aliados, no momento em que a secretária de Estado Condoleezza Rice tentava costurar um acordo sobre uma força de paz e um cessar-fogo. O ataque provocou o cancelamento da planejada ida da diplomata a Beirute. Qana foi cenário de um ataque similar em 1996, quando projéteis israelenses atingiram um campo de refugiados da ONU, matando mais de 100 civis – o que fez Israel encerrar sua ofensiva “Vinhas da Ira”.

    O que Israel fará desta vez?

    Israel lamentou as mortes em Qana e investigará o que aconteceu. Logo após o ataque a Qana, o governo israelense prometeu continuar a ofensiva, mas, horas depois, sob pressão internacional, concordou em suspender por 48 horas seus ataques aéreos no sul do Líbano para permitir a investigação e a saída dos residentes da região que quiserem partir.

    O que pretende o Hezbollah?

    O Hezbollah prometeu retaliar por Qana. O que o Hezbollah pode passar a fazer é usar foguetes de maior alcance do que tem usado até agora, para atingir cidades mais no coração do território israelense. Isso certamente provocará uma resposta israelense mais dura e, possivelmente, um aumento da ofensiva terrestre. Esse desfecho poderia servir aos interesses do Hezbollah no sentido de que arrastaria Israel para uma guerra de guerrilha. Algumas facções de militantes palestinos também prometeram vingança, e isso poderia comprometer mais forças israelenses na tentativa de impedir novos atentados suicidas. O ataque a Qana serve politicamente ao Hezbollah no sentido de que ele revigora a ira contra Israel tanto em casa como no exterior, aumentando a pressão por um cessar-fogo. Se isso acontecer, o Hezbollah seguramente considerará a trégua uma vitória sua.

    Como fica a diplomacia?

    Fica mal parada. O cancelamento da viagem de Condoleezza a Beirute golpeou as esperanças de que fosse questão de dias um acordo sobre uma força internacional para o sul do Líbano e um cessar-fogo. Na ONU, o objetivo é seguir o trabalho nesse sentido, mas a escalada da violência torna difícil alcançar essas metas. Tanto EUA como Israel querem garantir que qualquer solução leve à retirada do Hezbollah da fronteira e ao desarmamento do grupo. REUTERS

  13. Começam as 48 horas de cessar fogo aéreo de Israel.

    A opinião pública grita que foi erro groceiro de Israel o ataque a Qana, mas foi veiculado também que Israel atacou um lançador de mísseis, que estava estacionado exatamente no edifício atacado.

  14. Dia 1 de agosto saiu este artigo ótimo acusando o erro de Israel, mas novamente, ninguém oferece uma alternativa viável.

    ‘Choque e pavor’ não ajudam Israel

    Paul Krugman*

    Para os americanos que se importam profundamente com Israel, um dos verdadeiros pesadelos da guerra no Líbano tem sido ver o Estado judeu repetir os mesmos erros que os Estados Unidos cometeram no Iraque. É como se o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, estivesse possuído pelo espírito enlouquecido de (secretário americano de Defesa)Donald Rumsfeld. Sim, eu sei que há grandes diferenças nas origens das duas guerras.

    Está fora de questão a hipótese de esta guerra ter sido vendida sob falsos pretextos. Diferentemente dos EUA no Iraque, Israel age claramente em defesa própria. Mas tanto (Carl von) Clausewitz quanto (William) Sherman estavam certos: a guerra é, ao mesmo tempo, uma continuação da política por outros meios e um inferno total. É um engano terrível lançar uma grande operação militar, independentemente da justificativa moral, a menos que haja bons motivos para acreditar que a ação vá melhorar a situação.

    O argumento mais convincente contra a invasão do Iraque não foi a suspeita que muitos de nós cultivávamos – e que se mostrou correta – de que a justificativa do governo para a guerra era fraudulenta. Foi o fato de que o verdadeiro motivo pelo qual funcionários do governo e muitos analistas queriam uma guerra – sua crença de que, se os EUA usassem seu poder militar para “atingir alguém” no mundo árabe, não importando exatamente quem, chocariam e aterrorizariam os radicais islâmicos, levando-os a abandonar o terrorismo – era, obviamente, uma fantasia pueril.

    E os resultados da guerra com base nessa fantasia foram, previsivelmente, desastrosos: o fiasco no Iraque acabou por evidenciar os limites do poder dos EUA, fortalecendo o Islã radical – especialmente os xiitas radicais aliados do Irã, grupo que inclui o Hezbollah – e tirando a superioridade moral dos americanos.

    Mas nunca esperei que Israel – uma nação que, infelizmente, tem experiência de sobra com a guerra e a insurgência – fosse suscetível a fantasias similares. No entanto, é o que parece ter ocorrido.

    É justificável uma ofensiva terrestre israelense em grande escala contra o Hezbollah. Isso ainda poderá ocorrer se Israel não encontrar outra maneira de se proteger. Também é justificável o comedimento – contra-ataques limitados combinados com diplomacia, num esforço para fazer com que outros atores controlem o Hezbollah, com a opção daquela ofensiva total sempre em pauta.

    Mas o rumo que Israel escolheu – uma campanha de bombardeios que claramente não incapacita o Hezbollah, mas destrói a infra-estrutura do Líbano e mata grande número de civis – resulta no pior dos dois mundos. Presumivelmente, algumas pessoas no governo israelense garantiram aos líderes políticos que uma chuva de bombas inteligentes esmagaria e/ou intimidaria o Hezbollah, subjugando-o. Essas pessoas deveriam ser demitidas.

    Como a decisão dos EUA de ordenar a saída dos inspetores da ONU e invadir o Iraque sem tropas suficientes nem um plano para estabilizar o país, a decisão de Israel de apostar no choque e no pavor em vez da diplomacia ou de soldados em terra está tendo o efeito contrário ao pretendido.

    O Hezbollah adquire status heróico, enquanto Israel danifica sua reputação como potência regional e torna-se um vilão aos olhos do mundo.

    Reclamar que isso é injusto é inútil, assim como repetir que “Saddam era malvado” não melhora a situação no Iraque. Israel precisa agora de uma saída do pântano. E como o país não parece pronto para reocupar o sul do Líbano, isso significa fazer o que deveria ter sido feito desde o início: tentar o comedimento e a diplomacia. E Israel negociará numa posição muito mais fraca do que parecia possível há apenas três semanas.

    E quanto ao papel dos EUA, que deveriam estar tentando conter a crise? Nossa resposta tem sido ao mesmo tempo infeliz e maligna. No momento, a política dos EUA parece ser a de paralisar e desviar pelo maior tempo possível os esforços para a negociação de um cessar-fogo, a fim de dar a Israel a chance de cavar ainda mais seu buraco.

    Além disso, não estamos conversando com a Síria, que poderia ter a chave para a solução da crise, porque Bush não acredita no diálogo com gente malvada e, de qualquer modo, esse é o tipo de coisa que Bill Clinton fazia. Já mencionei que essas pessoas são infantis? Repito que Israel tem o direito de se proteger. Se uma guerra total com o Hezbollah for impossível de evitar, que assim seja. Mas o bombardeiro do Líbano não está tornando Israel mais seguro.

    Enquanto esta coluna ia para a impressão, Israel – respondendo ao horror em Qana, onde mísseis mataram dezenas de civis, muitos deles crianças – anunciava uma suspensão de 48 horas do bombardeio aéreo. Mas por que retomar esse bombardeio depois das 48 horas? A dura verdade é que Israel precisa, para o próprio bem, deter uma campanha de bombardeio que está tornando seus inimigos mais fortes, não mais fracos.

    *Paul Krugman é colunista do jornal ‘The New York Times’

  15. Na manhã deste domingo, 30 de julho, a Força Aérea de Israel atacou lançadores de mísseis em e nos arredores de Kfar Qana, de onde dezenas de mísseis têm sido lançados contra a cidade israelense de Naharia e outras comunidades no oeste da Galiléia.

    Israel fez todo o possível para que os civis deixassem Kfar Qana, mas o Hezbollah estava mais interessado em que lá eles permanecessem. Residentes de Qana e dos arredores foram informados repetidamente e com vários dias de antecedência – por rádio e folhetos – para que deixassem a área, por conta do ataque das Forças de Defesa de Israel (IDF) que estava por vir. Essa preocupação com a vida dos civis libaneses, que estão sendo cruelmente explorados pelo Hezbollah em sua agressão contra Israel, é parte integral da doutrina de combate de Israel, que requer extremo cuidado para minimizar o ferimento da população civil – muitas vezes às custas de vantagens operacionais. Por exemplo, folhetos encorajando residentes a deixar Kfar Qana deram ao Hezbollah um aviso prévio, o que reduziu o elemento surpresa de Israel e colocou em perigo suas próprias tropas.

    O Hezbollah deliberadamente coloca civis libaneses em perigo para matar mais civis israelenses.

    O posicionamento deliberado de bases de lançamento de mísseis do Hezbollah entre seus próprios civis significa que a organização os usa como escudos humanos – uma prática proibida pela lei internacional. Quando Israel é forçado a agir para defender seus cidadãos, alguns dos escudos humanos do Hezbollah inevitavelmente ficam feridos; mas a responsabilidade por essa trágica situação é somente do Hezbollah.

    Uma porção de civis israelenses tem sido mortos e feridos pelos presentes ataques de mísseis do Hezbollah e mais de um milhão de israelenses moradores do norte de Israel estão vivendo em abrigos anti-bomba. O Hezbollah não pode se esquivar da responsabilidade moral do dano que causa a seus próprios civis ao usá-los como escudos humanos quando lança mísses de seu meio, sabendo que Israel reagirá em auto-defesa.

    Departamento de Comunicação e Relações Públicas
    Embaixada de Israel no Brasil

  16. ‘Força internacional precisa ter 15 mil soldados de verdade’

    Ehud Olmert, primeiro-ministro de Israel

    Em entrevista ao site do ‘Times’, líder detalha suas exigências para o fim da ofensiva no Líbano

    O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, concedeu ontem entrevista à versão online do jornal The Times. A seguir, trechos da entrevista.

    Há no mundo uma sensação de falta de “proporcionalidade”. Como o seqüestro de dois soldados israelenses e a morte de outros oito pelo Hezbollah justificam uma resposta tão grande de Israel, que já causou centenas de mortes?

    A guerra começou não apenas com a morte de oito soldados e a captura de outros dois, mas pelos disparos de Katiushas e outros foguetes contra as cidades do norte de Israel na mesma manhã. Indiscriminadamente.

    Qual o poderio militar que Israel espera de uma força multinacional (para o sul do Líbano) e qual será seu mandato?

    Primeiro, ela deverá ser parte do capítulo 7º da Carta das Nações Unidas, então o mandato permitirá a essa força internacional adotar uma ação real para aplicar a Resolução 1.559 se quiser ser efetiva. Segundo, ela deverá ser formada por exércitos, por soldados de verdade – não soldados da reserva que virão passar alguns meses de lazer no sul do Líbano, mas um exército com unidades de combate preparadas para aplicar a resolução das Nações Unidas. Acho que a força deveria ter cerca de 15 mil soldados.

    Israel se reservará o direito de responder a eventuais ataques no futuro ou deixará a missão para a força internacional?

    Israel nunca permitirá que mais ninguém ataque Israel sem uma resposta.

    Esta é uma crítica implícita a seus predecessores pelo fracasso em conter os vizinhos hostis com uma resposta suficientemente dura – como em Gaza, por exemplo?

    Em Gaza, não acredito que eles tenham gostado da resposta de Israel, mas é melhor perguntar a eles. Nós enfrentamos na primeira Guerra do Golfo um ataque dos iraquianos. Na ocasião, Israel não respondeu. Eu era membro do gabinete de defesa e tomei parte da decisão de não responder, pois os americanos e as forças aliadas estavam lutando no Iraque e causando danos suficientes sem nós, por isso não interviemos. Na época, nossos interesses eram defendidos e representados de forma eficiente pelo governo americano, o Exército dos Estados Unidos e os outros Exércitos… Há quem diga que Israel deveria ter atacado o Líbano antes, durante os últimos cinco anos desde que partimos por causa do que foi criado (lá) – uma grande infra-estrutura criada pelo Hezbollah. Você poderia imaginar (Ariel) Sharon lançando um ataque ao Líbano, em algum momento desses cinco anos, que pudesse obter algum apoio de alguém? Agora todos dizem “por que Sharon não fez isso ou aquilo?” Se ele tivesse feito algo na ocasião, particularmente sem a provocação que enfrentei agora, qual seria a reação do mundo?

    Quanto tempo mais durarão os bombardeios? Semanas?

    Não acredito que levarão semanas. Acho que uma resolução será adotada na próxima semana pelo Conselho de Segurança da ONU e então dependerá da rapidez do envio da força internacional ao sul do Líbano. Obviamente, não vamos parar com os bombardeios até que haja uma força internacional que irá efetivamente controlar a área.

    Está sendo difícil esmagar o Hezbollah?

    Eu nunca falei nesses termos. Não sou um Nasrallah (o líder do Hezbollah). Não estou falando desse modo arrogante. Dissemos que vamos ameaçar o Hezbollah de acordo com seu comportamento.

    Como o sr. julgará que infligiu danos suficientes ao Hezbollah?

    Acredito que muitos danos já foram infligidos e acho que eles sentiram isso. A propósito, se Nasrallah é tão corajoso por que não reaparece? Ninguém sabe onde ele está. Eu estou em meu gabinete e tenho ido a partes do norte de Israel várias vezes nas últimas semanas e não estou me escondendo. Onde exatamente está Nasrallah, esse falastrão? Isso mostra quão covarde ele é e como está com medo de aparecer e compartilhar as coisas que a população libanesa e a população xiita enfrentaram neste período.

    Qual a importância da participação de exércitos muçulmanos e árabes na força internacional?

    Acho que é muito importante. Ficarei feliz em ver soldados turcos. Temos muito respeito pelo Exército turco e pelo governo turco.

  17. Acordo libanês é chave para solução

    Rami G. Khouri*

    A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, modificou seu penteado pouco antes de sua mais recente viagem ao Oriente Médio, na semana passada, e ele lhe caiu muito bem, enfatizando sua já graciosa presença pessoal. Infelizmente, ela não mudou com o mesmo sucesso a política externa de seu país no Oriente Médio e, em particular, sobre o atual conflito. Esta política continua visivelmente alinhada aos objetivos e perspectivas de Israel, e é por isso que os ataques e combates dos dois lados persistirão por algum tempo.

    A boa notícia, porém, é que Condoleezza e os EUA, apesar de seu poder e sua atitude arrogante, não poderão ditar por muito tempo o curso dos acontecimentos no campo de batalha ou na diplomacia na ONU, que agora tenta estancar a luta. Condoleezza veio ao Oriente Médio duas vezes na semana passada sentindo-se algo como um todo-poderoso sultão. No fim, revelou-se mais como o eunuco do reino – porque os EUA, com seu alinhamento absoluto com Israel, acabaram se castrando diplomaticamente. Como os eunucos de antigamente, por enquanto e pelo menos neste conflito, eles têm poder, mas não muito impacto, e têm presença, mas não muita conseqüência.

    Os EUA se relegaram à posição incômoda de dizer que desejam um rápido cessar-fogo e, ao mesmo tempo, dar cobertura diplomática, tempo e espaço para Israel prosseguir seu ataque ao Hezbollah e ao Líbano. Falar de paz enquanto se faz a guerra não é uma política sustentável. É por isso que a sólida aliança de EUA, Israel e Micronésia – e Tony Blair em seus dias mais incoerentes – agora se vê em extremo isolamento diplomático. Num ponto, porém, os EUA estão corretos: o de enfatizar que um cessar-fogo sozinho poderia trazer calma temporária, mas permitiria que os protagonistas retomassem os combates algum dia. E aí temos as novas palavras cifradas do dia: é preciso ancorar um cessar-fogo num contexto político e alcançar um cessar-fogo sustentável que assegure a calma no longo prazo, resolvendo as disputas pendentes e, talvez, até, questões árabes-israelenses mais amplas.

    Sinais importantes surgiram nos últimos dias indicando perspectivas melhores para um acordo diplomático em breve. Primeiro, Israel parece ter captado a futilidade ou dificuldade de tentar destruir militarmente o Hezbollah, ou de causar tanto sofrimento aos libaneses em geral para que eles próprios se voltem contra o Hezbollah. As forças de Israel podem causar grandes transtornos no Líbano e já o fizeram; podem destruir lança-foguetes do Hezbollah e matar alguns de seus combatentes. Mas não podem alcançar a paz com o Líbano fazendo a guerra. Israel só pode atingir seus objetivos de uma fronteira tranqüila enfrentando primeiro as questões políticas subjacentes das últimas décadas que o fizeram atacar repetidamente o Líbano e dar origem ao Hezbollah.

    Os israelenses podem estar fazendo mudanças sutis em seus objetivos declarados – de desejar destruir o Hezbollah a enfraquecê-lo significativamente, a empurrá-lo para além do Rio Litani, a simplesmente impedir ataques contra Israel. Os israelenses têm uma pretensão legítima de querer impedir ataques contra seu território, embora continuem cegos para o fato que os ataques vindos do Líbano são uma resposta a suas próprias agressões.

    É igualmente importante o acordo entre o Hezbollah e o governo libanês sobre o plano de sete pontos para implementar um cessar-fogo e dar continuidade a isso com medidas para enfrentar questões pendentes com Israel. O plano pede a troca de prisioneiros, a retirada de tropas israelenses para a fronteira demarcada, a volta dos civis desalojados no Líbano a suas casas, a retirada de Israel das Fazendas de Shebaa/Montes Kfar Shuba ocupados e a colocação destes sob controle temporário da ONU, a extensão da autoridade do governo libanês para todo o sul do Líbano, e a ampliação da força da ONU existente na região, revigorando o acordo de armistício de 1949 e reconstruindo o sul. Este importante acordo merece muito mais consideração do que tem recebido.

    Um terceiro sinal importante é a insistência americana sobre a abordagem de questões subjacentes. Os EUA pretendem fazê-lo principalmente em seus próprios termos e nos de Israel, o que não funcionará. Mas, na medida em que o cerne da ação se deslocar do campo de batalha para o Conselho de Segurança da ONU nesta semana, a aliança EUA-Israel-Micronésia se verá cada vez mais pressionada a costurar um acordo de cessar-fogo político que responda às questões subjacentes que interessam a todas as partes.

    Um quarto desdobramento significativo tem sido a participação ativa de diplomatas franceses na tentativa de propor um caminho diplomático equilibrado que poderia dar certo. É justo supor que nem as propostas americanas nem as iranianas produzirão consenso diplomático. É mais provável que os diplomatas franceses e outros mais imparciais, incluindo a hábil equipe de enviados da ONU que discreta e consistentemente produz idéias construtivas, consigam fazer avançar esse processo.

    Para isso, ajudaria muito se a aliança entre EUA, Israel e Micronésia tivesse um plano que espelhasse os sete pontos do Hezbollah e do governo libanês, visando a identificar genuinamente as questões subjacentes a ser enfrentadas, para não termos de fazer todo esse processo de novo dentro de alguns anos.

    *Rami G. Khouri é editor-chefe do ‘Daily Star’ em Beirute, publicado em todo o Oriente Médio juntamente com o ‘International Herald Tribune’

  18. No momento atual eu gostaria que todos lessem este artigo pois a grande maioria está sendo manipulada e não estão percebendo.

    Os acusadores previsíveis

    Alan M. Dershowitz, escritor e professor de Direito em Harvard

    As provocações do Hezbollah e do Hamas contra Israel demonstraram, mais uma vez, como os terroristas exploram os direitos humanos e a mídia em seus ataques a democracias. Ao se esconderem atrás de seus próprios civis, os radicais islâmicos estabelecem um desafio para as democracias: ou violar sua própria moralidade, vindo atrás de nós e inevitavelmente matando alguns civis inocentes, ou manter sua moralidade e deixar-nos com a mão livre para alvejar os seus civis inocentes. Este desafio apresenta a democracias como Israel uma opção de “perder ou perder” e aos terroristas uma opção de “vencer ou vencer”.
    Existe uma variável que poderia alterar esta dinâmica e apresentar às democracias uma opção viável, que poderia tornar o terrorismo menos atrativo como tática: a comunidade internacional, o segmento anti-Israel da mídia e as assim chamadas “organizações de direitos humanos” poderiam parar de cair nesta jogada de xadrez terrorista e reconhecer que estão sendo usados para promover a agenda terrorista.
    Sempre que uma democracia é confrontada com uma opção “perder ou perder” e escolhe defender seus cidadãos, indo atrás dos terroristas, que estão se escondendo entre civis, os terroristas podem contar com o trio de acusadores previsíveis para acusar a democracia de “reação exagerada”, “desproporcionalidade” e “violação dos direitos humanos”. Fazendo isto, eles agem exatamente da forma que dará vantagens aos terroristas, causando mais terrorismo e mais vítimas civis em ambos os lados. Se, em vez disto, este trio pudesse, apenas uma vez, culpar os terroristas pelas mortes de civis em ambos os lados, esta tática não seria mais uma situação de “ganhar ou ganhar” para os terroristas.

    “O Hezbollah e o Hamas querem que o exército israelense mate o máximo de civis libaneses e palestinos. É por este motivo que eles armazenam seus foguetes debaixo das camas dos civis, lançam seus mísseis a partir de bairros repletos de civis e se escondem entre os civis. Eles sabem que cada civil que eles induzirem Israel a matar, atinge Israel na mídia e nas comunidades internacionais e de direitos humanos”

    Deveria ser óbvio, agora, que o Hezbollah e o Hamas querem de fato que o exército israelense mate o máximo de civis libaneses e palestinos.Eles vêem estes escudos humanos como shahids – mártires – mesmo que eles não tenham se oferecido como voluntários para este serviço letal. De acordo com a lei, criminosos que usam escudos humanos são responsáveis pela morte dos escudos, mesmo que a bala que mata venha da arma de um policial. Israel tem todo interesse pessoal em minimizar as vítimas civis, enquanto que os terroristas têm todo interesse pessoal em maximizá-los – em ambos os lados. Israel não deveria ser condenada por fazer o que todas as democracias fariam e deveriam fazer: tomar todas as medidas militares razoáveis para impedir os terroristas de matar seus civis inocentes.
    Agora que alguns dos que estão lançando foguetes em cidades israelenses anunciaram que eles têm novas surpresas em estoque para Israel, que pode incluir armas químicas e biológicas, as apostas ficaram ainda maiores. O que os críticos de Israel vêem como “proporcional” a um ataque químico ou biológico? O que eles diriam se Israel tentasse se antecipar a este ataque e, neste processo, matasse alguns civis? Uma democracia deve absorver um primeiro ataque de uma arma de destruição em massa antes de revidar? O que se esperaria que qualquer outra democracia fizesse?

    “O mundo deve vir a reconhecer a maneira
    cínica com que os terroristas exploram as vítimas civis”

    Eles lançam foguetes especiais para matar pessoas ou causar ferimentos, projetados para maximizar as vítimas civis do inimigo, e então eles gritam “direitos humanos” quando seus próprios civis – atrás de quem eles estão deliberadamente se escondendo – são mortos pelas democracias, no processo de tentar evitar mais atos de terrorismo.
    A própria idéia de que terroristas, que usam mulheres e crianças como suicidas se explodindo com bombas, contra outras mulheres e crianças, derramam lágrimas de crocodilo sobre a morte de civis que eles deliberadamente colocam em situação de perigo, dá um novo significado à palavra “hipocrisia”. Todos nós sabemos que hipocrisia é a tática dos terroristas, mas é chocante que outros caiam nisso e se tornem cúmplices dos terroristas.
    É preciso que a culpa caia em quem deve: nos terroristas que buscam deliberadamente matar os civis inimigos e que dão às democracias inimigas pouca escolha a não ser matar alguns civis, atrás dos quais os terroristas estão se escondendo.
    Aqueles que condenam Israel por matar civis – que são usados como escudos humanos e espadas para os terroristas – causam de fato mais mortes de civis e tornam mais difícil para Israel se retirar de Judéia e Samária. A forma como o mundo vai reagir aos esforços militares atuais de Israel para proteger seus cidadãos terá um impacto considerável sobre os futuros passos de Israel na direção da paz. Antes dos recentes seqüestros e ataques a foguetes, o governo israelense anunciou sua intenção de se engajar em mais retiradas de grandes partes de Judéia e Samária. Mas, como se pode esperar que Israel avance em relação a qualquer plano para retiradas se tudo que pode esperar em troca é mais terrorismo – o que os terroristas vêem como “terra para lançamento de foguetes” – e mais condenação quando o país busca proteger seus civis?

    Publicado no JPost. Tradução: Irene Walda Heynemann

  19. guerras como essas sao inuteis pois nao resolvem nada apenas trazem mortes atras de mortes, pois quem produz a guerra na minha opniao e desumano e sem limites.

  20. Acompanho os acontecimentos no Oriente Médio ,apenas pelo jornal “Estado de São Paulo”, por curiosidade.E o que vejo na minha modéstia opinião , é que mesmo anos antes do atentado de 11 de setembro, curiosamente os ditos “TERRORISTAS” atendem “sem querer”, aos interesses de alguns paises do ocidente (leia-se EUA)e de Israel.O que quero dizer , é que toda vez que a manipulação dos meios de comunicação para afastar a atenção de atos destes dois paises na região,ou algum acordo desfavoravel a estes está sendo impelido pela ONU, ocorre algum atentado ou mesmo até , apenas ameaça de atentado dos ditos “Grupos terroristas”- ocasionando ,curiosamente, um retrocesso nas negociações que seriam favoraveis ao Pais que estes grupos defendem.No caso atual, Israel e Libano, 70% das notícias, manipulam as informações , omitindo palavras que no lugar certo, nos dariam uma visão mais nítida de quem é o mocinho e de quem é o bandido, ou seja , de quem está atacando e quem está se defedendo.Claro que , minha opinião é apenas de leigo leitor, mas assíduo.Como exemplo , cito o fato de que , desde o começo deste atual conflito, a ordem de quem fez o quê primeiro, foram estratégicamente omitidos-O ataque na praia por Israel semanas antes do rápito dos saldados, e o bombardeio de Israel no libano antes do primeiro ataque dos mísseis dos “TERRORISTAS VINGATIVOS”.CLARO, É MINHA MODESTA OPINIÃO.

  21. Eu acho que essa guerra deve acabar.
    Inocentes estão morrendo, por causa da guerra.

  22. Eu acho que essa guerra não está acabando só com Israel e com o Líbano, mas com o mundo todo.
    Sinceramente essa guerra é uma porcaria.

  23. Israel tem o mesmo Deus da biblia do catoliscismo e dos evangelicos.
    Voce deve se perguntar, e dai?
    Leia a biblia, e voce entendera a historia….

    Israel e uma terra querida por esse Deus e quem ousar colocar um fio de cabelo contra este povo, naum sabe com quem esta mechendo, é pior do que guerra, pior do que inferno, este povo tem por Defensor, por Senhor, por General o mesmo Deus que tento servir….
    Uma coisa é certa por mais que israel seja um povo pertencente a um Deus todo poderoso, que estiver errado quanto à esta presene guerra tomará conta com Deus em breve.

  24. pq vc ñ faz um resumo de, mais ou menos, da guerra no líbano, pq algumas escolas ou empresas estão precisando aí vc pode vender seus comentários depois q ficar famoso na net.
    Boa sorte e adorei seu blog.

  25. Israel tem todo o direito de se defender pode observar daqui um tempo essa guerra vai acabar alias esses ataques mas vc podem observar que israel nao sera o primeiro atacar mas sim vai defender-se eles sao potencia se quisesem eles dominariam o oriente medio com aval dos norte americanos inglaterra e outras potencia quem dira entao da palestina libano eles nao tem poderio militar mas nem por isso tomam aqueles paises o oriente medio e contra israel ele esta cercado por inimigos entao ele tem todo direito de se defender pode observar israel vai parar vai fazer acordo e depois de um tempo outro ataque contra a nação de israel.
    obs: nao sou judeu mas leio bastante e tenho conhecimento da historia do oriente

  26. A questão – Oriente Médio X Israel – ë mais simples do que a explicação de uma conspiração dos países que o rodeiam.Desde o término da ocupação do Império Otomano pelos Europeus -Império este com o território compreendido entre o Egito, Irã e Arábia Saudita (Rateado entre a França e Inglaterra)- e logo em seguida a guerra para a instauração de Israel, que o Oriente médio vive uma querra de guerrilha com os ocupantes, que no caso atual, como a França e Inglaterra entregaram os territórios acupados (mas garantindo sua força política na região com as novas demarcações propositalmente conflituosas, que são os países que hoje conhecemos, além do uso destes na guerra fria), apenas Israel continua como ocupante.E a verdade seja dita ,invasão de território alheio para ataques, prisões e assassinatos é um ato comum na região ,de ambos os lados – ocupados X ocupantes.Talvez se desde o começo , Estado de Israel e Estado da Palestina, tivessem sido fundados conjuntamente ( no mesmo periodo), e a ávidez de Israel para aumentar seu território fosse político e não territorial, a História hoje seria outra.Claro esta é só minha opinião.

  27. O Estado de Israel é um braço armado do imperialismo norte – americano. Ele expulsou os palestinos de sua terra e agora quer massacrar o povo líbanês. Total apoio ao Hezbollah, ao povo líbanês e palestino. Uma vitória contra o Estado de Israel, é uma vitória contra o imperialismo norte – americano.

  28. Já que tocaram no assunto, nos comentários acima, quanto ao imperialismo Norte Americano.Na minha modesta opinião, talvez seria mais justo dizer Imperialismo do emisfério norte do planeta – USA , toda a Europa e mais recentemente Asia – e porque não dizer , qualquer pais capitalista que tiver oportunidade.Então conclui-se que o que está em jogo é o Capitalismo , pois o Islamismo já representa + ou – 50% do planeta ( e crescendo).E sabe-se que mesmo uma nação moderna com maioria Islamica , o capitalismo (leia-se consumismo) é estremamente frágil no tocante a dominação pisicológica das pessoas na escravisação atravéz da contração de dívidas durante a vida, mantendo o circulo vicioso que a impulciona.Claro é minha modesta opinião.

  29. hezbollah sao terroristas!é preciso eliminar o terrorismo no mundo.sou a favor de israel,deve eliminar esse grupo e afinal de contas quem provocou a guerra foi o Libano!

  30. eu gostaria d saber u fundu religiosu da gerra du libanu contra israel e prum trabalho dah pra algm mi fala!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  31. O fundo religioso já quase se perdeu no tempo.
    Tem a ver com a estória bíblica de que Deus falou p/ Abraão ter um filho com a escrava, mas que seu legado iria para o filho que teria com Sara. A lenda continua com o filho da escrava sendo o patriarca dos árabes, e o de Sara o patriarca dos hebreus.

    Hoje, o conflito meio que se esconde por trás desses motivos, mas os fatos da história recente levam a crer mais numa diferença de força, poder e desenvolvimento econômico na região. A 100 anos havia só deserto e desolação na região que é hoje o estado de Israel. Enquanto que séculos de passaram com os árabes tomando conta dos paises que hoje lhes pertence, sem desenvolvimento semelhante.

    O povo árabe é muito emotivo, e leva certos conflitos ao coração. Isso explica como diferenças econômicas podem acabar recebendo uma máscara de fervor religioso.

  32. naum ta pra mi fala naum pq sinuam vo t q sai daqi i i pra outro blog gnt eu to falandu serim mi falai to desesprada u donu dessi blog tm q mi ajuda naum vm fala q c tah durminidu naum em mi ajuda eh prum trabalho muxu important q eu priciso mas naum to axandu em ninhum luga por favor gnt mi respond pq minha mae tbm jah tah mi inxendu u sacu pra sai da net mas naum possu ate axa u trecu da religiuam kd u donu dessi flog dexa um comentariu ai falanduuuuuu eu imploru suplicooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo mi ajuda mas tm q c ants das 10:00

  33. Os comentários são muito bons. NOTA : Sobre a pesquisa acima, “retalhação” é cortar em retalhos, mas “retaliação” é uma reação adversa e proposital, diante de uma ofensa ou mal cometido, com o intuito de prejudicar quem ofendeu. Dê sua opinião, mas não ‘assassine’ o Português. Ok? Um abraço.

  34. ISRAEL, ESTADO GENOCIDA
    O genocídio do povo palestino, e agora também do libanês, continua. O comportamento do estado sionista, proxy do regime bushista, é mais atroz do que o da Alemanha hitleriana. Isto está a ser cuidadosamente mascarado pelos media ‘de referência’ quando apresentam tais massacres como se fossem uma luta entre iguais. Não são. Trata-se de dizimar populações civis indefesas, homens, mulheres e crianças, e destruir infra-estruturas civis como centrais eléctricas, pontes e edifícios governamentais.
    O estado racista judeu usa ainda a arma da fome contra o milhão e meio de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, agora às escuras, sem electricidade, sem água e isolados do mundo.
    A entidade sionista esmera-se em ultrapassar em barbárie todos os seus feitos anteriores. Revela-se agora a utilização de novas armas não convencionais na Faixa de Gaza. O Dr. Al Saqqa, do hospital central, revelou que “estas munições penetram no corpo e fragmentam, provocando combustão interna que conduz a queimaduras de quarto grau, expondo o osso e afectando o tecido e a pele”. E acrescentou: “Estes tecidos morrem, não sobrevivem, o que obriga a executar amputações de braços ou pernas, e há fragmentos que penetram o corpo e não aparecem no raio X. Ao entrar no corpo eles chispam como uma combustão de arma de fogo, mas não quimicamente. Eles parecem radioactivos”. Ver em http://www.uruknet.info/?p=m24651&hd=0&size=1&l=e .
    Até mesmo intelectuais de direita como Vargas Llosa protestaram contra tais actos de selvajaria. O silêncio do governo português em relação a estes crimes não o dignifica.
    ——————————————josefelixrj@click21.com.br

  35. A internet é um instrumento poderosíssimo , onde cada “internauta” reveste-se com as mesmas obrigações dos que detêm as várias formas de mídia.Portanto entendo que as manifestações devem ser contidas a um fim, ou seja , uma mensagem que represente uma opinião embasada em algo sólido , mesmo que de cunho pessoal , desta forma alcançando o propósito de transferência de maneiras de “ver” um problema , mas buscando a verdadeiro entendimento.Pensando desta forma , entendo que o verdadeiro responsável pelas crises que ainda percistem pelo mundo é do Chamado Mundo Ocidental, que pelos interesses próprios (econômicos)fecha os olhos onde poderia intervir a tempo, ou mesmo , indiretamente, propicia meios para as crises se agravarem para algum proveito.Mas creio que no caso específico da crise do Oriente, deveriamos nos perguntar , se ainda é legitimo a influência do movimento Sionista (iniciada em mil oitocentos e pouco)no Mundo Ocidental.Claro, esta é minha modesta opinião.

  36. Denunciar a opressão a que está sujeito o povo palestino, cativo e expulso na sua própria pátria

    Convite para visitar o blog “Origens do conflito entre Israel e a Palestina”em

    Notamos que é manifesta a escassez de meios de informação de base, resumos acessíveis a respeito deste tema com o necessário sentido de justiça e de cultura humanista.
    Depois de termos publicado um primeiro resumo das origens do conflito que tem desabado de forma tão bárbara sobre os povos da Palestina
    (ver: 25 Julho, 2006 Resumo do conflito entre Israel e a Palestina, http://altybonsomws.blogspot.com/)
    prometemos desde logo a publicação de um mais extenso trabalho que procurámos, por causa das dúvidas, junto de fontes informativas que pudessem encontrar-se acima de qualquer suspeita.
    A enorme abundância de fontes de informação, postas em evidência perante os desenvolvimentos recentes do conflito, encontra-se enriquecida com inequívocos e muito bem documentados testemunhos, inclusive, de fontes israelitas e norte americanas.
    O aparecimento duma linhagem de “novos historiadores” israelitas e de grupos pacifistas fortemente organizados e com elevada formação cultural quer em Israel, quer nos EUA, têm sabido de forma particularmente expressiva desmontar e desmascarar os processos do sionismo belicista e racista, que presidiu à constituição artificial do estado de Israel, no fim da 2ª Guerra Mundial, com os mais inconfessáveis propósitos de limpeza étnica e recurso deliberado a comportamentos de agressividade radical.

    O documento traduzido, abaixo devidamente identificado,
    não é, pois, da autoria de qualquer membro desse povo ultrajado, ofendido e massacrado que é o povo Palestino, nem se desenvolve na linguagem que um tal testemunho poderia trazer-nos.
    Achamos contudo, pela forma clara e metódica como se apresenta, que merece uma leitura cuidada e completa.
    Tem por outro lado o imenso interesse de ser “uma obra colectiva”, construída essencialmente à base de citações duma grande variedade de autores, judeus norte-americanos ou israelitas.
    Porque não conhecíamos uma tradução em língua portuguesa do documento em causa resolvemos lançar mãos à obra e oferecer aos nossos visitantes uma versão que procurámos fosse o mais honesta e rigorosa quanto ao espírito e à letra do original respectivo.
    Trata-se do livro:
    The Origin of the Palestine-Israel Conflict,
    colhido junto da organização de judeus Norte Americanos
    “If Americans Knew”
    Publicado pela organização :
    Jews for Justice in the Middle East

  37. acho que vocês podiam fazer uma matéria mais completa sobres as guerras pois vão nos ajudar muito grata estudante Mariane

  38. Ah, eu não faço esse tipo de pesquisa.
    Só fiquei observando o que acontecia nas notícias, e adicionei aqui algumas matérias.

  39. Um dia,Israel será a nação mais importante da terra, porque o próprio Deus se encarregará disso,e aí todo o sofrimento que Israel tem passado, ficará no esquecimento.ISRAEL É TERRA SANTA , NAÇÃO DE DEUS,AI DAQUELES QUE SE LEVANTAM CONTRA ISRAEL. LEIAM A B

  40. Eu acho q gerras sao burice coisa de gente sem noçao q nao
    tem o q fazer pq nada se resolve com gerra pelo contrari so piora
    entao os politicos de todo o mundo diviam parar e pensar o q estao ganhando com isso para q essas gerras estao servindo sem ser para matar inocentes e destrruir.o q isso estra trazendo de bom pr o mundo?”nada x nada so estao prejudicando pessoas inocentes pq os politicos continuam intaqetos sorindo e pedindo votos.
    Entao todo o mundo tem q se consientisar q gera so causa destruiçao
    q a unica maneira do mundo andar e darmos as maos esqecer todas as diferenças e lutarmos juntos por um mundo melhor.Nos preucupar com o futuro pois se nao logo nao havera mais futuro pensar nos jovens q ainda tem uma vida inteira pela frente.pq se continuar do grito q esta nos joven q vamos pagar os erros dos adultos.
    ESSE e o meu apelo para todas as pessoas do mundo pensen no futuro nos filhos q vcs tem ou ainda vao ter pensen em nos os jovens antes de destruir o futuro pois vcs ja aproveitaram ja viveram e estao destruindo nos tirando o direito de viver e contruir coisas boas pr o mundo pq as geraçoe q dominan o mundo estao acabando com as poucas q restaram.
    Obrigado! q DEUS ilumine vcs q leram essas palavras
    e nao mse esqesam pensem sempre no futuro…..

    Bianca Brandino de Castro Assis.

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