Andei postando sobre algumas coisas que tenho visto aqui nos EUA, mas não contei o que de fato vim fazer aqui.
A IBM tem um grupo chamado International Technical Support Organization que produz livros técnicos chamados Red Books. Trata-se de livros gratuitos que podem ser lidos ou baixados do site do ITSO. Pode-se também comprar cópias impressas que geralmente damos para clientes. Os autores são voluntários do mundo todo, geralmente funcionários da IBM, mas também clientes, parceiros ou qualquer pessoa que se qualificar na entrevista feita para a chamada do livro na lista do ITSO. O livro é geralmente escrito em Austin, Texas (há também outras localidades) durante algumas semanas de imersão. Todas as despesas de viagem são pagas pela IBM, tem se a oportunidade de trabalhar com pessoas de diversas partes do mundo, e fazer mais turismo que só o superficial.
Alguns livros interessantes que o ITSO produziu:
- Linux Client Migration Cookbook
- Messaging Solutions in a Linux Environment
- IBM System Storage N series Fibre Channel and iSCSI Configuration Guide
Bem, vim participar de um livro menos técnico que a média do ITSO. Conta como a IBM criou um programa interno de inovação onde qualquer funcionário pode criar, divulgar e hospedar na Intranet algum software que aumente a produtividade dos funcionários. Qualquer coisa. Desde simples plugins para o Firefox, Lotus Sametime, uma ferramenta de blog corporativo interno, ferramenta de criação de wikis internos, uma aplicação para sincronizar mídia interna com dispositivos móveis, etc.
Dentro da IBM chamamos essas coisas de inovações e são tratadas como beta, para beta testers ou early adopters.
Ao longo do tempo elas vão amadurecendo, viram um serviço padrão da Intranet, e as vezes acabam até virando produtos que a IBM vende. Foi exatamente o caso do Lotus Connections, um produto para ser usado numa Intranet e que tem serviços como diretório de funcionários, departamentos e suas linhas gerencias, blogs, tagging tipo del.icio.us, entre outras coisas. O Lotus Connections reune exatamente o que funcionários da IBM andaram usando e refinando ao longo dos últimos anos, e posso dizer que é o que temos de mais útil na nossa Intranet.
O modelo desse programa de inovação livre é muito parecido com o universo Open Source. As tais “inovações” podem ser comparadas a um software GPL que alguém fez e publicou no Freshmeant.net, este comparável ao portal na Intranet que indexa todas as inovações, mede sua vitalidade, fornece notícias e links para acesso ou download.
Conversei com muitas pessoas que estão em altos cargos globais, entre eles a CIO global da IBM, e é interessante ver como pensam e as informações que tem acesso. As vezes pensamos que eles estão longe do mundo real mas surpreendentemente tem muito mais noção das coisas do que um gerente de nível mais baixo.
As pessoas que criaram esse processo de aceitação e publicação de inovações dentro da IBM tem a sensação que inventaram a roda porque é de fato muito bem sucedido e todos conhecem. Mas na verdade funciona igualzinho a comunidade Open Source. Há um quê de liberdade, de esforço por um bem maior, de comunidade. Copiaram sem saber que copiaram.
A grande inovação está mesmo no fato de que trouxeram a dinâmica da comunidade Open Source na Internet para dentro de uma empresa, para gerar valor de produtividade interna.
O livro conta mais detalhes. Aguardem a publicação.
Muito interessante este seu post.
Não tinha conhecimento desta iniciativa da IBM!
É muito boa, tal como a Open School do MIT.