Uma Droga de Noite em São Paulo

É incrível como os serviços em São Paulo estão piorando. Vivi a péssima noite relatada aqui, em novembro de 2002. No final fiquei injuriado com o mal atendimento dos bares, e como é difícil sair na cidade gastando pouco. Tudo isso acompanhado de muito trânsito, ruas esburacadas e dificuldade para estacionar.

Queriamos, minha namorada e eu, numa quarta a noite, tomar um açaí na tigela e pegar um cineminha. O programa só podia começar depois das 8:00 da noite porque era nosso dia de rodízio. Então para não ficar muito tarde, decidimos ficar só com o açaí mesmo. Não devíamos ter saido de casa….

B&B Açaí

Endereço: Av. Dr. Arnaldo, esquina com Cardoso de Almeida

Fomos para o B&B porque era o único lugar longe da muvuca que fazia açaí, e era perto de casa. O estacionamento em frente estava ocupado com árvores de natal que estavam a venda, e tivemos que dar a maior volta para estacionar numa ruazinha perto. Sentamos e esperamos bastante para sermos atendidos. O garçom nada simpático disse que estavam batendo açaí com morango e banana, e já saimos pedindo um de morango, grande para dividir. Depois de uma boa demora assoviei pro garçom, e ele:

  • — É… demora um pouco mesmo….

O sangue começou a subir. Demorou mais um pouco e lá veio descendo o açaí. Só que de banana. Reclamamos, e o garçom:

  • — Quer que troque?
  • — Só se for rápido, se não demorar como esse aí.

Prá variar, foi demorando, e o sangue subindo mais ainda. O lugar não estava cheio nem vazio, mas os 2 garçons não davam conta. Era amplo e gastavam tempo se locomovendo.

Ouvi a sineta da cozinha, olhei e parecia nosso novo açaí no balcão. Os garçons, nada. Sineta de novo. Garçons nada.

Não tem coisa mais horrível que açaí derretido na tigela. Eu gosto dele consistente, quase como sorvete. Nada de cara de milk-shake.

Sineta de novo, e nada. Meia hora depois que chegamos no bar eu levantei, puxei a Lu e apitei pro garçom:

  • — Aí, cumpanheiro, desistimos. Tchau.

Confraria Queijo e Vinho

Endereço: Av. Dr. Arnaldo, quase sobre a ponte da Sumaré

  • — Lu, vamos a pé mesmo atravessar a rua e ver aquele barzinho que sempre tive vontade de conhecer – disse prá Lu, saindo do B&B.

Chegamos na Confraria, que de dia é uma loja de queijos, vinhos e coisas gostosamente finas. Subimos a escada. Alguns casais mais velhos, e um voz-e-violão na parte interna. O garçom nos levou até uma mesa boa, e antes de sentar perguntei:

  • — Tem couver artístico?
  • — Tem.
  • — Quanto?
  • — R$15 por pessoa.
  • — Pô cumpanheiro, muito caro, pô!
  • — Caro nada. Cê pode ficar 10 horas ouvindo música!

Nem sentamos, e sumimos dalí. Brinquei com a Lu que nenhum músico ia ficar 10 horas tocando, mesmo com intervalos, e nem a gente ia conseguir ficar alí para tirar a prova. Arrematei lembrando que no Bom Motivo ouve-se o melhor voz-e-violão do mundo na faixa no meio da semana. Só que o Bom Motivo era muita badalação praquela noite.

TETA Jazz Bar

Endereço: Uma das esquinas da Cardeal Arcoverde em frente ao cemitério

Descemos a Cardeal e avistamos o TETA. Gostei do nome: vanguardista e transgressor. E mais ainda do sobrenome: “Jazz”. Entramos sendo os primeiros clientes da noite (lá pelas 10:00).

  • — Toca Jazz?
  • — Tem. Tem som ao vivo.
  • — Mas é Jazz?
  • — É – respondeu sem firmeza.
  • — Quanto é o couver?
  • — R$5

Estava promissor. Fomos falar com os músicos, que estavam afinando.

  • — É Jazz ou não é?
  • — É Jazz, MPB, e tal. Ela aí canta.
  • — Mas toca com técnica? – perguntei só para me enturmar, porque pela pinta, os caras sabiam o que estavam falando. Pareciam firmeza.

Antes de sentar, vimos o cardápio: só traçados engordurados e caríssimos. Embrulhou nosso estômago faminto por um saudável açaí. Além de que a noite ia ter que terminar cedo, e eles ainda não estavam começando o som. Nesse aí eu venho noutra ocasião.

CPI Burger

Endereço: Aspicuelta com Harmonia

A Lu insistiu em irmos para a Vila Madalena. OK Lu, você venceu. Depois de pastar muito para estacionar, o faro do açaí nos levou ao CPI, que exibia uma enorme faixa: AÇAÍ NA TIGELA.

  • — Tem açaí, cumpanheiro? – perguntei sentando.
  • — Ixi! Não tem não. Pedimos desde as 5 da tarde e o cara ainda não mandou.

Que saco! Cansados ficamos alí mesmo e pronto. Como estávamos no coração da Vila, qualquer barzinho que se preze tinha que ser no mínimo bom. O CPI não se prezava, mas ainda não sabiamos disso.

  • — Tem Xingú? Tem Pepsi Twist? Que queijo vai no sanduba natural?
  • — Peraí queu vou ver. – respondia o garçom, uma vez para cada pergunta nossa, com cara de “estou começando hoje”, saindo para averiguar com o chefe.

Depois de algumas horas de confecção do pedido, com direito a muito vai-e-vem do garçom, chegam as bebidas:

  • — Xi…. Eu queria gelo e limão prá minha coca – eu disse.

O garçom sumiu com o copo, demorou, demorou, demorou, até eu assobiar. Fez cara de “opa! já vou”, e não veio. Chamei de novo e perguntei:

  • — E aí, meu? O cara foi catar o limão no pé?
  • — Não… é que ele foi buscar.
  • — Buscar? E você nem prá me avisar que ia demorar, pô! Tráz só o gelo mesmo.

Veio o copo com gelo na mesma viagem da batata frita, que estava completamente mole.

Conselho para donos de barzinho: batata frita tem que ser sequinha e crocante, e um creme por dentro. E mandióca tem que ser sequinha e macia. Nada de mandióca congelada pré-semi-frita. Do contrário, freguês não volta mais.

Reclamamos da batata, e o garçom saiu saindo, como se não tivesse ouvido.

  • — Lu, quer trocar essa batata?

A Lu respondeu positivamente, fazendo careta, e sem emitir nenhum som. Assobiei.

  • — Mas e aí? Vai fazer alguma coisa sobre essa batata? – disse já impaciente.
  • — Por que? Não tá boa?
  • — Tá horrivelmente mole, pô!

O garçom levou-a e trouxe outra menos mole, e mais queimada. Saco!

Aí desceram o X-Salada da Lu e o meu sanduba natural com queijo mineiro, que repetidas vezes o garçom insistiu em dizer – sem eu perguntar – que era feito com pão integral. Era nada. O pão era daqueles que se você testa a maciez ainda na embalagem, não leva. A Lu testou-o com as mãos, e fez outra careta. Mais um detalhe: estava velho.

Fui temperando-o com catchup e mostarda, que eram da pior qualidade. O X da Lu estava gostosinho, segundo ela.

Depois de tragado o quase-intragável o garçom apareceu:

  • — Tá tudo certo?
  • — O pão não era integral?
  • — Mas é integral, light.
  • — Num é não! – dissemos Lu e eu em coro.

O garçom insistiu por muito tempo nisso, mas não parecia estar mentindo. Acho que era por ingenuidade mesmo. Aí arrematei já com o sangue fervendo:

  • — E ó: tava tudo ruim. O pão, a batata, limão e tal.
  • — Bom, desculpaí. Peço desculpas. É queu sou só funcionário, não posso fazer nada. – respondeu, com a máxima da noite.

Conselho para garçom de barzinho: nunca diga que a culpa não é sua, pois para o freguês você é o estabelecimento, além de que tirar o corpo fora é uma atitude de cão.

Pagamos a conta de R$14.50, que veio escrita a mão, sem incluir o serviço, num papel engordurado. Pelo menos numa coisa acertaram: não iamos pagar o serviço mesmo.

E falando em serviço, São Paulo parece já não ser mais a mesma. Voltando para casa e rindo sobre as desgraças da noite, falamos que para sermos bem atendidos temos que pagar caro, muito caro. Mas pô, será que estou pedindo muito? Ou será que demos muito azar mesmo?

Aposto que você também, caro leitor, tem alguma história parecida com essa….

3 thoughts on “Uma Droga de Noite em São Paulo”

  1. Meu amigo o que mais me admira nisto tudo, é a convivência que vc tem com a lu a união que vcs temé o que mais me admirou.
    Mas levando em conta os bares não é so ai na capital que esta ruim não em todo lugar tem serviço de má qualidade.
    O cara que montar um lugar bem localizadi com atendimento de primeira e preço legal, fica milionário.
    Valeu!

  2. Gostaria de sabe onde fica umas casas de instrumental em são paulo e região, pois estou trabalhando um novo CD Instrumental do Paulinho Oliveira, baixista do Fundo de Quintal, ele esta com seu novo trabalho Instrumental e queremos trabalhar em sp, viajammos aos E.U.A (seatle,New Jersey, New York, Los Angeles) tocando nosso som, e agora gostariamos de atuar na nossa cidade. sp… contamos com a colaboração de todos maiores informações… (011) 8385-6444 / 9390-2792.

    OBS: para ouvir nosso som http://www.myspace.com/paulinhooliveira

    Fiquem com DEUS…

    Um Abraço… Leonardo Carvalho.

  3. Realmente, os serviços na maioria dos estabelecimentos estão mto precarios…e a qualificação desses garçons estão cada vez piores e cada vez mais mal educados. Nós estamos pagando (e geralmente nada barato) o minimo que pedimos é um pouco de boa vontade e um bom atendimento!
    Concordo plenamente com vc, q odio q eu tenho qndo o garçom se faz d coitadinho e pula fora, ridiculo!
    Uma coisa eu afirmo, já rodei mto os bares, restaurantese tal daqui da cidade…posso contar nas mãos as vezes q eu fiquei satisfeito com o atendimento e isso pq eu nem exigo mto!
    Boa sorte nas suas futuras saidas!

    abços de mais um paulistano indignado…

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