Hoje eu recebi minha cidadania portuguesa! Minha irmã foi na minha cola e também se deu bem, como todos que seguem minhas dicas 😎
Eu não tenho nenhum ancestral próximo português, mas, no século XV, Portugal e Espanha expulsaram seus judeus — uns 180 mil indivíduos — que tiveram que se virar com seus trapinhos na Holanda, Bulgária e outros países. Meus ancestrais foram para a Bulgária e lá ficaram até o final da 2ª Guerra, até a geração de meus pais. É de lá a minha referência mais remota. Por volta de 2010 — já na era da democracia, mais de 500 anos depois —, Portugal e Espanha decidiram reparar esse erro histórico e conceder cidadania aos descendentes daqueles judeus. E cá estou eu.
O processo tem 2 passos. A primeira etapa é obter um documento da comunidade judaica de Portugal certificando que sou judeu de ascendência ibérica. Isso sai rápido, em poucas semanas. Com isso em mãos, e se entrar com o pedido, por lei o governo português deve conceder a cidadania. É uma mera questão de tempo e o meu processo demorou uns 2 anos, incluindo diversas procrastinações minhas ao longo do caminho. O processo espanhol, me contaram, era parecido mas já foi extinto. Como já sou cidadão português, o próximo passo é obter Cartão de Cidadão (RG português) e passaporte.
Eu não tinha nenhum déficit de sentimento de cidadão do mundo, mas uma cidadania alternativa pode ser útil em situações imprevisíveis. Então a gente vai tirando. Portugal é minha 3ª cidadania, depois de Israel (onde nasci) e Brasil (onde me naturalizei). Até a tal coisa imprevisível acontecer, eu pretendo usar minha nova cidadania portuguesa/européia para obviamente exibir em festas. Mas também para outras coisas banais, como facilitar acesso ao mercado de trabalho europeu e finanças daqueles países. Porque trânsito no Fado, um trago de ginjinha e a perplexidade que me causaram as vielas de Alfama, eu já tinha há muito tempo.