Tem gente achando que a PL das Fake News (péssimo apelido para projeto que debate liberdade, responsabilidade e transparência na Internet) vai restringir liberdades, como se hoje posts e opiniões circulassem livremente.
Deixa eu só explicar uma coisinha:
Não tem livre circulação nenhuma aqui, quem decide qual conteúdo você vai ver são algoritmos controlados por umas 3 empresas privadas. E tais algoritmos não selecionam conteúdo que é bom/saudável para você ou com base em qualidade, importância, relevância histórica, como faz o curador de um museu. Para os donos desses algoritmos, “conteúdo relevante” é o que atiça os neurônios dos usuários, faz você ficar ligadão e voltar e interagir, porque assim você consome mais publicidade dos clientes deles. Dessa forma, para os algoritmos, conteúdos sobre terra plana ou fascismo ou outro sensacionalismo qualquer ganham mais relevância e alcance justamente porque são mais polêmicos e geram interação.
Todo o resto da internet — sites de notícias, de museus, ou qualquer conteúdo excelente — são concorrentes dessas 3 empresas. Não é à toa que o Instagram não permite postar links externos, o que obriga as pessoas a terem que ficar falando o famigerado “link na bio”. Não é à toa que o Facebook bloqueia acesso ao conteúdo de seus usuários, mesmo ao totalmente público, se você não está logado na plataforma, pois acesso anônimo não tem dados a oferecer aos seus algoritmos de otimização.
Regular a Indústria da Atenção (o nome oficial dessa indústria das redes sociais) é tão importante e legítimo quanto termos regras de trânsito, normas comerciais, política de uso de terra, ética médica etc. O mundo inteiro está discutindo isso porque percebeu quão nocivo é não termos regras.
Texto crítico e enérgico de Malu Aires sobre o mesmo tema:
https://www.facebook.com/1110331097/posts/10229077017245996/