Em face dos atos terroristas de 7 de Outubro de 2023, eu já nem me arrisco a emitir opinião. Não quero entrar em discussões nem ser crucificado porque deixei de usar 1 vírgula em 1 frase qualquer. Tenho muitos parentes em Israel, país onde nasci, e também não posso ignorar minha veia humanista.
O que sentir e o que devo sentir numa hora dessas? O que vai acontecer com os inocentes sequestrados, com os palestinos oprimidos, com os israelenses, com a política da região, com as lideranças políticas, com a opinião global? Como espiritualista me pergunto também: o que vai acontecer com a alma dos inocentes assassinados a sangue frio e dos que puxaram o gatilho? Como o karma cósmico universal vai dissolver o desequilíbrio dessa equação?
Por hora fico preocupado com o ódio generalizado, revolta raivosa, e certo de que isso não vai levar a nada de bom.
Como não tem muito mais o que eu possa fazer, além de ler muito sobre a história da região, notícias do desenrolar, artigos de opiniões multilaterais, por hora quero organizar os pensamentos:
🌎 Povo palestino ≠ Hamas ≠ Árabes ≠ Islã
🌎 Povo israelense ≠ Governo do Estado de Israel ≠ Judeus de Israel ≠ Diáspora Judaica ≠ Judeus Laicos ≠ Judeus Ortodoxos ≠ Religião Judaica
Tenho pavor e asco ao ver ódio sendo fomentado quando astutamente misturam estes diferentes conceitos em narrativas que forçam criar causa e efeito onde não existe. Falo aqui de antissemitismo e islamofobia.
Dá desgosto também ver a exploração dessas múltiplas tragédias para se fazer política brasileira. Pior ainda quando se usa deliberadamente notícias falsas e/ou memes superficiais. É desumano para uma hora dessas, é fofoca imbecil e é injusto. As organizações acusadas tendem a ser melhores e mais complexas do que irresponsavelmente se pinta.
Que tenhamos misericórdia e compaixão uns dos outros.
Pedro Doria espetacular nO Globo:
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Toda política tornou-se identitária. O debate de ideias movido a reflexão foi substituído por um jogo de signos que exibimos nas redes. Esse jogo não tolera ambiguidades, sutilezas. É preciso ser preto ou branco. Tons de cinza ou outras cores são heresia que a política nas redes não é capaz de processar.
…
Ou pensa exatamente aquilo ou então não pertence ao grupo. Mais: é contra o grupo.
…
[…] a internet, portanto a política corrente, não tolera aquilo que complica. O ruído identitário quer calar a reflexão de que o mundo precisa como nunca.
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https://oglobo.globo.com/opiniao/pedro-doria/coluna/2023/10/quem-nos-representa.ghtml