Se os palestinos precisam desassociar sua imagem do Hamas, os israelenses e até os judeus do mundo também precisam se desassociar das atuais lideranças políticas de Israel, nos nomes desses dementes Ben Gvir, Bezalel Smotrich, Giora Eiland, Nataniahu, Nissim Vaturi e outros.
- A petição ignorou o Hamas?
- Israel comete genocidio?
- O Brasil acertou em apoiar?
Eu particularmente fiquei chocado e horrorizado com coisas que li. O governo de Israel parece estar loteado entre dementes medievais. Eis algumas declarações nefastas dessas lideranças israelenses, que eu repudio veementemente, e que extraí da análise de Reinaldo Azevedo (que por sua vez extraiu da petição sul-africana):
- Mais de uma vez, Netanyahu, que não é religioso, recorreu à luta dos judeus contra Amalek para justificar as ações em Gaza. O documento sul-africano lembra uma passagem do profeta Samuel: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Resolvi castigar os amalekitas pelo mal que fizeram a Israel, atacando-os quando saia do Egito. Vai, pois, agora e investe contra Amalek, condena-o ao anátema, consagrando-o ao Senhor para destruição de tudo quanto houver na terra em que habitam; não tenhas piedade dele e de seu povo, mata homens e mulheres, crianças e recém-nascidos, bois e ovelhas, camelos e jumentos!’”
- Isaac Herzog, presidente de Israel, já deixou claro, em entrevista, que não faz distinção entre militantes do Hamas e não militantes: “É uma nação inteira lá fora que é responsável. Não é verdadeira essa retórica sobre os civis não saberem, não estarem envolvidos. Não é absolutamente verdade. Lutaremos até quebrarmos a sua espinha dorsal”
- Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, segundo quem o país impunha a Gaza um cerco completo: “sem eletricidade, sem comida, sem água e sem combustível”. E emendou: “Estamos lutando contra animais e estamos agindo em conformidade”
- Ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, afirmou na TV: “Quando dizemos que o Hamas deve ser destruído, isso também significa que aqueles que celebram, que apoiam e que distribuem doces são todos terroristas e também devem ser destruídos”
- Inacreditável fala do ministro da Energia e Infraestrutura, Israel Kutz: “[se] Toda a população civil em Gaza recebe ordens de sair imediatamente, nós ganharemos. Eles não receberão uma gota d’água ou uma única bateria até que deixem o mundo.” E ainda: “Ajuda humanitária a Gaza? Nenhum interruptor elétrico será ligado; nenhum hidrante será aberto, e nenhum caminhão de combustível entrará até que os sequestrados israelenses voltem para casa. Humanitarismo pelo humanitarismo. E ninguém nos dará lição de moral”
- Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, declarou em uma reunião do Gabinete: “Precisamos desferir um golpe que não era visto há 50 anos e destruir Gaza”. Lembro: tanto Smotrich como Gvir querem uma Gaza colonizada pelos judeus. Para o titular das Finanças, “é preciso incentivar a emigração”. E ainda: “Se houver 100 mil ou 200 mil árabes em Gaza e não 2 milhões de árabes, toda a discussão para o dia seguinte será completamente diferente”
- O ministro do Patrimônio de Israel, Amichai Eliyahu, escreveu no Facebook depois da destruição do Norte da Faixa de Gaza: “Está mais bonito do que nunca. Tudo explodido ou derrubado; simplesmente um prazer para os olhos? Precisamos conversar sobre o dia seguinte. Na minha mente, entregaremos lotes a todos aqueles que lutaram por Gaza ao longo dos anos (…)”. Na sequência, ele disse que não se deveria dar “ajuda humanitária a nazistas”, que “inexistem civis não envolvidos” [com o Hamas] e ainda especulou sobre um “possível ataque nuclear a Gaza”
- Avi Dichter, ministro da Agricultura, disse em entrevista, relembrando a Nakba de 1948 — expulsão dos palestinos de suas terras — a seguinte pérola: “Estamos agora, na verdade, lançando a Nakba de Gaza”
- Nissim Vaturi, vice-presidente do Knesset e membro da Comissão de Negócios Estrangeiros e Segurança, tuitou: “Todos temos um objetivo em comum: apagar a Faixa de Gaza da face da Terra”
- General Ghassan Alian, coordenador das Atividades Governamentais nos Territórios do Exército de Israel: “O Hamas tornou-se o ISIS, e os cidadãos de Gaza estão a celebrar em vez de ficarem horrorizados. (…) Vocês queriam o inferno, vocês vão conseguir o inferno”
- Giora Eiland, general reservista, ex-chefe de Segurança Nacional, influente nas Forças de Defesa de Israel e na própria imprensa, prega abertamente a emigração em massa dos palestinos: “As pessoas deveriam ser informadas que têm duas escolhas; ficar e morrer de fome ou ir embora. Se o Egito e outros países preferirem que estas pessoas morram em Gaza, isso é escolha deles.” Defendeu ainda que Israel ataque as máquinas de dessalinização da água. Resumiu: “Quando todo o mundo disser que nós enlouquecemos e que haverá um desastre humanitário, diremos que não se trata de um fim, mas de um meio”.
Hamas, liberte os sequestrados, liberte os palestinos de sua ideologia.
Israel, livre-se dessas lideranças nefastas e anacrônicas.
O processo para a paz precisa passar por essas duas coisas.