Este relato é parte de uma viagem à Ásia Central que começa aqui.
Museu à Meia Luz
- Férias é bom e a gente gosta. Gosta muito. Acordamos meio cedo, tomamos banho, café reforçado e… dormimos até às 11h.
- Saímos andando até o museu de história que ficava em frente ao Registan Square. Ia começar a ICT Expo 2007 ali no dia seguinte e montavam os stands. IT no Uzbekistan de hoje se reduz a 15 stands de empresas de telefonia celular e nada mais. Havia stands que mostravam em letras grandes “CDMA”, coisa que o Brasil quer se livrar rapidamente, por ser proprietário, e trocar pelo padrão aberto GSM que tem mais fornecedores de equipamentos e por isso os preços são melhores.
- Por 2500 sum por pessoa ingressamos no museu. Englobava história de Samarqand e do Uzbekistan em geral desde a era do bronze até o século XX. Tinha cerâmica, metais, murais, azulejos, esculturas, afrescos, mosaicos, roupas, e referências a povos e costumes. Apesar das hilárias legendas em inglês, o museu estava bem montado e agradável.
- Estava surpreendentemente vazio, tipo ninguém mesmo, nem mesmo os franceses que encontrávamos o tempo todo.
- Uma parte do museu estava completamente no escuro. Talvez porque o yurt exposto ali não tenha pago a conta de luz. E havia mulheres tomando conta que dividiam seu tempo entre comer, rezar atrás de umas cortininhas e vender artesanato dentro do museu !
Bozori !
- Do museu pegamos a rua que dava no Bazar. Estava meio vazio porque segunda o bazar não funciona completamente. Os feirantes faziam marcação homem-homem para oferecer suas nozes, frutas secas, haleua, doces fabricados, belos blocos de cristal de açúcar de uva, marshmellow. Na área de pães vendia-se pães e nada mais. Na de verduras e legumes havia cebolas, pimentões, tomate, pepino, repolho, beterraba, cenoura, coentro, dil, mas nem sinal de folhas verdes como alface ou rúcula.
- Uma mulher vendia algo amarelo e molhado numa bacia. Olhei intrigado e entendi ela dizer que era figo enquanto já oferecia um para provar. Era de fato um figo bom de um tipo amarelo que nunca tinha visto. Agradecemos e fomos saindo quando fez com os dedos o sinal universal do dinheiro apontando para o figo que tinha dado. Aquilo não parecia correto mas perguntei quanto. Tirou um bloco de dinheiro do bolso e mostrou uma nota de 500 sum. Viramos e fomos embora nervosos. Que mania de querer se aproveitar dos turistas! É o tipo de coisa que estraga o resto do dia, igual ao sorvete do dia anterior.
- A Tati comeu um somsa bem bom por 300 sum e eu um picolé de mesmo valor, que no dia anterior nos cobraram 1500 sum !
- Passamos pela parte de packaged consumer goods da feira e entramos em lojas que vendiam tecidos sintéticos de baixa qualidade.
- Voltamos ao Registan Square pelo mesmo caminho e paramos numa casa de chá em frente para um chá verde por 300 sum.
- As mulheres na rua freqüentemente vestem a mesma roupa. As vezes é porque os uniformes (hotel, lojas, padarias) parecem, para nossos olhos destreinados, uma roupa como outra qualquer, mas usada por todos igualmente. Mas desconfio (Tati) que eles têm uma quedinha por uniformes ou pelo uniforme, porque várias meninas vestiam-se também de maneira idêntica e todas as crianças da escola são uniformizadas. Até as árvores são uniformizadas: elas usam aquelas meias branquinhas de cal, para afastar os insetos…
Cidade Nova
- Então decidimos ir para a parte nova da cidade por caminhos alternativos. Entramos por um bairrinho que logo se transformou numa favela a beira de um rio. Miséria é miséria em qualquer canto. Não havia uma alma viva nas ruas.
- Saímos atrás de uns edifícios que pareciam públicos, e bem perto do nosso hotel. Era a parte soviética (nova) da cidade. Subimos a bela avenida da universidade, entramos por suas arborizadas e amplas travessas. Gente andando nas ruas ou vendo a vida passar, crianças saindo da escola, teatro infantil, confeitarias e atmosfera agradável. Entramos num parque e acabamos saindo numa região comercial com boutiques do interior, pedestres, avenidas movimentadas.
Jantar de Turista
- Umas 17h nos enchemos e pegamos um taxi que por 1000 sum nos levou ao hotel.
- Assistimos um pouco de TV, só havia uns 3 canais. Arrumamos as malas e tomamos banho.
- Na recepção conhecemos o Umid que havia morado 3 anos em Portugal e falava um ótimo purtuguéish. Ele nos ajudou com detalhes do hotel. Havia também uma loja de roupas e coisas típicas que vendia por $500 a mesma roupa que vimos na loja da amiga da Nina por $100, no dia anterior.
- Jantamos no hotel mesmo. O refeitório estava cheio de turistas. Por $12 por pessoa (caríssimo para o Uzbekistan), num esquema self-service, tivemos um dos melhores jantares da viagem, com várias opções vegetarianas provavelmente devido a demanda dos turistas europeus. Sopas, saladas, panquecas, arroz, tudo bem temperado.
- 22:30 estávamos dormindo.
One thought on “Dia Livre em Samarqand”