A Música Celestial de Bach

Depois de ler o artigo sobre a apresentação anônima de Joshua Bell no metrô, revisitei minha querida coleção de Bach para ouvir a Gavotte em Mí Maior da Partita n°3 para Violino Solo que Bell usou para abrir a sua experiência.

Que peça de extraordinária beleza !

Na mesma obra há também o Prelúdio que lembro muito bem a primeira vez que ouvi, em uma versão mais elétrica da Vanessa Mae que alguém me mandou pela Internet. Estava no trabalho, me fez fechar os olhos e quase chorar de emoção.

O gênio foi praticamente esquecido após a sua morte. Felix Mendelsson o redescobriu 1829 e desde então Bach não parou de influenciar músicos até os nossos tempos.

Há quem toque Bach em versões jazzísticas, como Jacques Loussier e outros. Há quem faça belíssimos arranjos vocais, como os Swingle Singers. E músicos brasileiros como Altamiro Carrilho, Villa-Lobos e Paulinho Nogueira vivem dizendo que Bach foi o primeiro compositor de choro do mundo. Comprovam isso com releituras em choro de suas composições, ou compondo novidades ao estilo Bach. Bach é inconfundivelmente brasileiro! Veja por exemplo as Bachianas de Villa-Lobos.

A técnica do contraponto vigoroso de Bach, sobrepondo diversas melodias similares em tempos defasados, exige um absoluto e matemático controle da harmonia, coisa que não é problema para o mestre. Um dos momentos mais vibrantes e perceptíveis dessa técnica é o último movimento do Concerto Brandenburgo n°3, onde uma avalanche de cordas e melodias cresce sem fim elevando nossa alma para justamente onde Bach queria nos trazer: perto de Deus.

Em momentos de graciosidade, Bach nos presenteia com clássicos como a Badinerie de sua Suite Orquestral n°2 ou o primeiro movimento do Brandenburgo n°5. E quando é hora de buscar nossa paz interior Bach nos deixa a sós com a famosa Ária da Suite Orquestral n°3.

Copiando Beethoven é o mais belo filme que fizeram sobre os grandes compositores eruditos. Apesar do pano de fundo do pequeno romance, as intrigas com o sobrinho etc, o foco do filme é a intensa relação emocional e espiritual do compositor com sua música, de onde vem a inspiração, e seu poder transformador na humanidade.

Mozart, Schumann e outra vez Beethoven também tiveram seus filmes populares. Bach ainda não. Uns dizem que é porque sua vida foi sem graça e não merece um filme. Mas a verdade é que o cinema ainda não é crescido o suficiente para comportar a paixão que é Bach.

Bach dizia que a função da música era elevar a alma para louvar Deus. Não um deus obsoleto das páginas da bíblia, do pecado, da igreja, das velhas tradições. Mas o Deus que é e está em tudo, no bem e no mal, e cuja multipolaridade inspirava em Bach seus belos contrapontos.

18 thoughts on “A Música Celestial de Bach”

  1. Parabéns Avi,

    Seu site é uma bela exaltação ao gênio de Bach.

    Novamente, parabéns.

    Josamar Andrade.

  2. Adorei,acho DIVINO Bach!!
    Atualmente estou fasendo um estudo da música barroca dele!!!
    Obrigado!!!!

  3. desejo obter músicas barrocas pra relaxamento e pra fundo musical para leitura. Como faço pra baixar.

  4. Ola, estejam bem todos!Sou violonista.
    Bach sem sombra de dúvidas é o maior mestre que ja existiu, e não sou do achismo, isto é verdade e uma verdade inefável.
    Quando numa das cartas que Bach sempre recebia de seu amigo Beethoven ficava para registro eterno, ma carta ele Beethoven dizia que ” seu nome não deveria ser “Bach”, mas sim oceano por suas hamonizações infinitas e pela sua profundidade”.
    Bach em alemão significa pequeno riacho, e este com certeza era realmente o mais profundo oceano que a humanidade já conheceu!
    Abraços
    Darjan Vilenoa

  5. Darjan, Bach morreu em 1750, Beethoven nasceu em 1770.
    Uma carta de Beethoven para “o seu amigo Bach” teria como endereço do destinatário, o céu. Toque a chacona da partita nº 2, para se iluminar.

  6. A página sem dúvida está muito boa com links que nos levam a melodias maravilhosas que nos tiram do chão. Faço apenas 2 ressalvas:
    1)a primeira música que Bell tocou no concerto foi “Chaconne” da Partita No. 2 in D Minor e não a Gavotte em Mí Maior da Partita n°3 para Violino Solo conforme foi mencionado…
    2)Dizer que o Deus das páginas da bíblia é um deus obsoleto e que o Deus de Bach é um deus holístico que está em todos, em tudo, no bem e no mal, em nós mesmos, etc é desconhecer completamente tanto o Deus da Bíblia quanto o Deus de Bach que assinava SDG (Sole Dio Gloria)
    Apesar disso, parabéns pela página…

  7. fantástico, parabéns por essa divulgação, bach até hoje, despertas nas pessoas sentimentos e emoções que talvez, elas nunca tinham experimentado em toda as suas vidas. com esse maravilhoso compositor.
    abraços

  8. Oi Avi,

    O piano-forte romantiza Bach. Muito melhor é ouvir Bach no Cravo que é um instrumento original que toca as notas cristalinamente leve e não tristemente pesadas como faz o piano-forte.

  9. Tb sou fâ incondicional de Bach, “O Pai da Harmonia”, segundo Mozart e Beethoven, e no meu entender de músico iniciante, o maior gênio que a música já teve em todos os tempos. A música de Bach é atemporal. Ouvem-se suas composições à base de flauta, órgão, clarineta, etc, e se pensa que foi feita ontem por um Hermeto Pascoal, Mauro Senise, Wagner Tiso da vida. Ouço bastante Mozart, Vivaldi, Beethoven, e outros tantos, mas é a música de Bach que me EMOCIONA. E a música prá ser realmente boa, de alto nível melódico, a meu ver tem que EMOCIONAR. Tem que entrar no ouvido e pousar no coração. E a música de Bach faz isso comigo. Já foram feitas magníficas composições pelos grandes mestres da música, mas Bach as fez numa quantidade altíssima. Essa é a diferença. Ouve-se, por exemplo, o “Concerto número 1, prá violino”, de Bruch, e se fica extasiado com a beleza melódica da música, um verdadeiro “coral” de violinos que emociona. Lindíssima música! Mas … Bruch fez muita coisa mais nesse nível? Não sei. Bach fez, às centenas, trabalhos do nível de uma “Ária em Sol maior, para cordas”, de um “O Evangelho Segundo São Mateus”, de uma “Cantata e Fuga em Ré menor”, de uma “Cantata 140” (em que o violoncelo parece a voz de Deus, tão bela é sua performance), de um “Brandemburgo número 4”, este último traduzindo-se como a mais perfeita e extraordinária combinação flauta-violino que já ouví. Nenhum Grande Mestre, a meu ver, fez tão belas e criativas músicas em tamanha quantidade como Bach. Não se ouve uma única música desse gênio que seja uma igual à outra. Conhece-se cerca de 1.000 obras de Bach. Todas absolutamente diferentes umas das outras. E essa é a marca dos grande gênios: a imensa capacidade criativa que possibilita que cada música seja absolutamente diferente da outra. Os Beatles eram assim, Chico Buarque é assim, Caetano Veloso é assim. Bach era assim: um imenso manancial criativo, com multi-facetas harmonicas e instrumentais.

  10. Não poderia deixar de, antes de mais nada, parabenizar pela matéria e pelo amor que é demonstrado qndo se fala dessa arte universal, a música (particularmente música clássica, mais particularmente ainda, música de Bach) e que na minha modesta e leiga opinião é algo maior que arte é algo sublime. E também o reconhecimento e valor que você dá a esse mestre. Parabéns !!!!
    Mas… me permita discordar da última parte onde vc sugere uma idéia sobre o Deus que Bach diz se aproximar com a música.
    Discordo quando diz “Deus está em tudo, no bem e no mal”, ora o mal é essêncialmente “mal” e não pode produzir nada de bom e você vai se surpreende qndo examinar nas páginas da Bíblia (um livro com mais de 2000 anos que nunca passou por uma revisão sequer e fala das nossas vidas, de hoje e de amanhã), porque conhecendo o verdadeiro Deus (que não é obsoleto) vc vai saber o motivo de toda essa inspiração, pq não existe ninguém que goste mais de música do que Deus.
    Por isso, amigo, sugiro que você leia, particularmente o livro de Salmos. No mínimo, você só vai ganhar com uma ótima leitura.
    Mais uma vez, Parabéns !!!

  11. Avy,desconfio que Bach ainda não teve seu grande valor reconhecido pelos mega-realizadores de filmes, pelos grandes produtores, por uma birra do mundo anglo-saxão, que viu na “MISSA EM SI MENOR” executada, em Paris, por Hitler, prá comemorar a tomada da França e de Paris, como uma afronta, um desafio, um deboche para com a França e o Mundo Ocidental. E essa má vontade durou, viu. Agora, sim, nas últimas décadas, o imenso talento de Johann Sebastian Bach começa a ser reconhecido, apesar da ainda má vontade de alguns setores do Mundo Ocidental, que privilegiam muito mais Mozart e Beethoven, principalmente o primeiro. Ademais, Bach era genuinamente alemão, ao contrário, por exemplo, de Beethoven, que tinha descendência holandesa. Sinto, aí, um ranço racista, que tem a ver com a questão da “raça pura” dos nazistas, e que o Ocidente tanto combateu e combate, até hoje. Se for essa a causa, meu Deus! Bach viveu nos Séculos XVII e XVIII, e nem imaginava esse tipo de coisa, além de fazer música “para glória de Deus”! Mas sinto um pouco dessa reação daqueles grandes estúdios que comandam o mundo cinematográfico. Posso estar enganado, mas é uma “pista”. Todavia, já foram feitos algumas películas dizendo sobre a vida do grande gêniop: “O Mestre da Música”, película alemã, e “Il était una fois, Jean Sebastien Bach”, produção francesa, só prá citar dois filmes sobre Ele. Acho que um grande filme sobre Bach, a partir de Hollyood, é questão de tempo, tendo em vista o enorme fascínio que Bach desperta, hoje, cada vez mais nas pessoas!

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