La Brasserie

Um dos restaurantes que mais gosto de ir é o La Brasserie em São Paulo.

É bonito, tem ótima comida e ótimo atendimento, além de ser pertinho, lá na Rua Bahia. Bom, tudo isso tem seu preço…

Levei a Tatiana, minha excelente companhia intelectual e de sorriso grande, estavamos felizes e falantes.

Focamos nos frutos do mar, então ela escolheu um pinot noir francês, meia garrafa, não lembro o nome. Apesar de eu preferir os vinhos do novo mundo, esse estava ótimo, elegante e perfumado.

Para um jantar a dois, meia garrafa é totalmente suficiente. Se fosse mais, teríamos bebido, íamos sair grogues e bodeados. Mas isso não aconteceu.

Programa gostoso nesses momentos de doce vida.

McDonalds Vegetariano

Fazia anos que não colocava o pé no McDonalds, o templo da carne, a não ser para um sorvetinho. Mas com essa promoção do Shrek 3 que tem o tal do Veggie Crispy, fui arriscar.

O engraçado foi ouvir a moça do caixa dizer que apesar de a loja já estar quase fechando ela ainda tinha a “carne” desse sanduba. Hahaha. Quase virei e fui embora.

É lotado de maionese, no melhor estilo junk food, e o sabor é bem homogêneo e sem graça. Sem imaginação.

A opção vegetariana do Burger King (que só provei nos Estados Unidos) é mais bem temperada.

A TAM Não Gosta de Vegetarianos

A TAM é incorrigível, excludente e não se importa com diversidade.

logo TAMPor mais que eu me dê ao trabalho de escrever cartinhas para o presidente observando que eles nunca tem lanchinhos vegetarianos (ou lacto-vegetarianos) em seus vôos, eles continuam tendo só opções carnívoras.

As primeiras cartas eles se deram ao trabalho de responder, diplomaticamente, algo do tipo “estamos analisando”. Mas as últimas já desistiram de responder. E de tomar uma atitude pensando em seus clientes-passageiros-vegetarianos.

Uma vez fui tirar férias no Pará, voando de TAM. De São Paulo a Santarém tinhamos conexões em Brasília e Manaus. Foi uma viagem que durou quase o dia inteiro, e não havia tempo para comer algo nas paradas. As únicas opções eram os lanchinos carnívoros nos três trechos. Ou seja, um vegetariano chega em Santarém no fim da tarde sem ter almoçado e com fome de subir as paredes.

Vegetarianos não comem o que a maioria carnívora come, mas essa mesma maioria pode comer o que vegetarianos comem. Ajustar o cardápio (que hoje não tem nenhuma imaginação) só tende a agradar mais gente — os vegetarianos.

No começo dos vôos eles sempre declaram que sabem que é o passageiro quem escolhe a companhia. Talvez vegetarianos devam parar de escolher voar com a TAM.

Surpresa com Cabernet Sauvignon

Cabernet Sauvignon Casillero Del DiabloEm geral eu não gosto de tintos Cabernet Sauvignon. Acho eles meio fracos e prefiro as uvas mais fortes como Merlot e Shyraz.

Mas ontem no bar pedimos um Casillero Del Diablo Cabernet Sauvignon 2005 da Concha y Toro (impossível colocar um link porque o site da Conha y Toro é totalmente feito em Flash, e por isso é inútil). Foi bom. Bem bom. Bom demais.

Não vou dar descrições psicodélicas e alucinadas sobre ele. Mas vou aproveitar para falar sobre os melhores vinhos que tomei:

  • Chile, Tabalí Shyraz 2003. Realmente espetacular, mas não encontro mais em lugar nenhum. O 2004 e 2005 não é a mesma coisa.
  • Chile, Tabalí Pinot Noir. Provei num batizado e me deixou feliz, em todos os sentidos.
  • Argentina-França, Catena Zapata, não lembro a uva.
  • Argentina, Clos de Los Siete. Encontra-se em qualquer lugar, custa uns R$80 no supermercado e vale.
  • Henry Lagarde. Um vinho branco de sobremesa. Simplesmente espetacular. Renasci quando o provei.

Já provei sulafricanos e australianos que adorei. Os vinhos brancos não são muito a minha praia, mas os californianos são ótimos.

Em suma, prefiro os vinhos do novo mundo. A maioria da Europa que provei, não gostei. Achei eles bobos. Principalmente os da França, tão famosa em vinhos.

Mas, de Portugal um excelente foi um tinto chamado Terroso. Bem encorpado.

Receita de Sopa Fria de Pepino com Iogurte

Ingredientes

  • Pepinos compridos: 3
  • Copos de iogurtes: 2
  • Nozes picadas ou xerém de castanha de cajú: 150g
  • Dil (também conhecido por endro) picado: 2 colheres de sopa cheias
  • Alho amassado: 1 dente grande
  • Sal a gosto

Modo de Preparo

  1. Descasque e pique os pepinos em pedaços pequenos
  2. Junte os 2 copos de iogurte e mais 2 copos iguais de água
  3. Junte o alho amassado, a castanha de cajú ou nozes, e o dil
  4. Misture tudo e vá temperando com sal a gosto
  5. Deixe gelar na geladeira por meia hora

Serve 2 pessoas, em cumbuca e com colher de sopa. É leve, saudável e saboroso e as vezes só janto isso e fico satisfeito.

Algumas pessoas gostam de moer pimenta do reino sobre sua cumbuca, outras preferem regar um fio de azeite de oliva.

De qualquer forma, a impressão que se tem é que pepino, iogurte e alho nasceram para serem comidos juntos, de tanto que combinam.

Receita de Quiabo Atomatado

Quiabos

Ingredientes

  • ½ kilo de quiabo, de preferência os menores
  • 2 latas de tomates inteiros despelados
  • ½ cebola picada
  • Azeite extra virgem
  • 2 pitadas de páprica picante (opcional)
  • Adoçante ou açucar
  • Sal a gosto

Modo de Preparo

  1. Limpe os quiabos removendo com uma faca a parte externa escura da circunferência de sua cabeça, mas não remova a cabeça inteira. Lave e deixe escorrer.
  2. Pique um pouco os tomates mas deixe pedaços para contarem a história.
  3. Refogue a cebola em um pouco de azeite e acrescente o purê de tomate.
  4. Adicione o quiabo, cortando os maiores no meio já sobre a panela.
  5. Adicione sal a gosto, a páprica picante, e umas 10 gotas de adoçante ou o equivalente em açucar.
  6. Adicione 2 dedos de água e misture bem. Cozinhe em fogo baixo, com a panela tampada por 15 minutos.
  7. Destampe, continue mexendo com fogo baixo por mais uns 15 minutos, até o tomate reduzir (secar) ao ponto de não sobrar molho mas só pedaços molhados de tomate.

A páprica picante combina muito bem com o leve sabor adocicado fortalecido pelo tomate. E o quiabo…. ah, o quiabo….

Sirva frio ou quente.

Receita de “Apio”

Esta receita chama-se Apio porque é assim que os búlgaros — prováveis inventores do preparo — a chamam, e por falta de um nome melhor. É um prato delicioso, fácil de fazer, leve, refrescante, e quem prova quer a receita.

Apio é aipo em ladino, espanhol etc. Aipo é a raiz do salsão, também conhecido como celery. É preciso um pouco de insistência para achá-lo nas feiras do Brasil.

Há dois tipos de salsão: o branco americano, e o mais escuro (com raiz ainda branca). É deste último que se aproveita os melhores aromas, e cujas folhas e caule emprestam mais sabor a molhos etc. O salsão branco quase não tem gosto, e dele não se usa a raiz.

Ingredientes

  • 3 raizes de aipo
  • 4 ou 5 cenouras médias
  • suco de 1 limão
  • 2 colheres de sopa de azeite virgem
  • Adoçante ou açúcar
  • Sal a gosto
  • Água

Modo de Preparo

  1. Descasque as raizes de aipo. Se você encontrar lesmas no meio, por favor remova-as se você for me convidar para jantar.
  2. Lave as raizes descascadas, fatie com meio centímetro de grossura ou menos, e corte no meio as fatias grandes. Vá juntando num recipiente com água para ajudar a não escurecer.
  3. Descasque as cenouras, fatie e junte para cozinhar numa panela grande com o azeite já quente. Vá mexendo.
  4. Escorra e junte o aipo fatiado nas cenouras que já devem estar meio cozidas.
  5. Misture bem adicionando 2 copos de água.
  6. Deixe ferver por uns 15 minutos em fogo baixo.
  7. Adicione sal a gosto, adoçante (umas 20 gotas ou o equivalente em açúcar) e o suco de limão. É importante ficar levemente doce.
  8. Deixe cozinhar por mais uns 5 minutos, até diminuir bastante a água, mas não completamente.
  9. Teste a dureza do aipo e cenoura para ver se estão prontos. Se precisar de mais tempo, garanta que há sempre um dedo de água no fundo da panela.

A cenoura tem duas missões nesta receita: emprestar sua cor vibrante ao prato e tomar emprestado o aroma delicado e exótico da raiz de aipo.

Sirva frio, possivelmente como uma deliciosa entrada. Isto é uma rara iguaria.

Receita de Kiopolo

BeringelasIsto é uma engenharia reversa bem sucedida de uma entrada típica da culinária judaica-sefaradita ou búlgara. Pode ser encontrada em São Paulo no Shoshi Delishop, no Bom Retiro (R. Correia de Melo quase esquina com a Três Rios).

Ingredientes

  • Beringelas: 4
  • Pimentão vermelho: 1
  • Alho amassado: um pouco menos de 1/2 cabeça
  • Azeite extra virgem
  • Suco de limão: 1 se for fraco, 1/2 se for forte
  • Sementes de kümmel, opcional
  • Adoçante ou açucar a gosto
  • Sal a gosto

Modo de Preparo

  1. Coloque as beringelas e o pimentão diretamente sobre o fogo das bocas do fogão sem nenhuma proteção. Isso vai dar um sabor especial ao prato.
  2. Vire de vez em quando com um pegador longo de metal, pegando a beringela sempre pelas extremidades. Toda a pele deve ficar queimada e carbonizada, praticamente se descolando da polpa, e o fruto deve se abrir em alguns pontos revelando estar mole e molhado.
  3. Espere esfriar até uma temperatura que não queime as mãos.
  4. Segure a beringela pelo cabo e remova gentilmente a pele queimada, e por último o cabo.
  5. Faça a mesma coisa com o pimentão, removendo a pele e sementes. Mais detalhes na receita de matbukha.
  6. Coloque a beringela longitudinalmente numa tábua, uma de cada vez, e com uma faca grande massere-a na transversal quebrando suas fibras. Depois pique mais até o ponto de ficar uma massa. E vá juntando todas elas num recipiente final.
  7. Pique o pimentão em pedaços bem pequenos e finos e junte no recipiente final. Ele serve mais para dar um tom vermelho esporádico à salada.
  8. Junto o alho amassado.
  9. Regue com azeite extra virgem. Regue com o limão ou vinagre. Por incrível que pareça, o azedo do vinagre desaparece e ele potencializa o sabor assado da beringela.
  10. Adicione um pouco de kümmel. Atenção para ele não dominar a salada. Ele deve funcionar como uma surpresa em algumas poucas mordidas.
  11. Misture tudo e vá experimentando, regulando o sal, vinagre e adoçante/açucar. É importante ter um sabor levemente adocicado.

Sirva frio, com pão sírio ou outro tipo de pão, como entrada ou petisco.

Kiopolo é delicioso e quem experimenta quer a receita. Eu sempre preparo esta receita quando faço matbukha, porque o trabalho é o mesmo.

outras versões desta receita na Internet.

Receita de Matbukha

PimentõesProvei matbukha (ou matbucha ou matbuha) pela primeira vez em um restaurante libanês em Abu-Gosh, uma vila árabe perto de Jerusalém.

Fiquei impressionado, e depois comprei nos supermercados de Israel matbukha pronta várias vezes. Bem, aqui não há essas coisas para vender, então achei a receita na Internet, que minha mãe traduziu para mim. Fiz e ficou muito bom.

Ingredientes

  • 2 latas de tomates pelados
  • 4 pimentões vermelhos
  • 1 pimentão verde (para variar a cor)
  • 1/2 cabeça de alho amassado
  • 1 colher de sopa de páprica doce
  • Pimenta ardida a gosto
  • 1/2 xícara de café de azeite de oliva virgem
  • Sal e açucar ou adoçante a gosto

Modo de Preparo

  1. Coloque os pimentões diretamente sobre o fogo das bocas do fogão sem nenhuma proteção e vire de vez em quando até toda a pele ficar preta e carbonizada. O fogão vai ficar sujo, mas é essa assagem que vai dar um sabor especial ao prato.
  2. Deixe-os esfriar até uma temperatura que não queime as mãos.
  3. Limpe os pimentões removendo facilmente a pele carbonizada. Muitas pessoas evitam pimentões porque os consideram de dificil digestão. Bem, é esta pele carbonizada, de pura celulose indigesta, a vilã da estória. Depois de remove-la, o pimentão é só delícia.
  4. Abra-os e remova cirurgicamente o miolo com as sementes.
  5. Lave-os cuidadosamente removendo o resto de pele e semente que ficaram grudados.
  6. O resultado parece um bife fino e grande, que deve ser cortado em pedaços quadrados de 1 ou 2cm2.
  7. Triture muito pouco os tomates pelados. Devem sobrar pedaços relativamente grandes.
  8. Junte os tomates, pimentões, alho amassado e pimenta ardida numa panela.
  9. Ferva em fogo baixo por uns 20 minutos, mexendo sempre.
  10. Pitada de açucar ou adoçante (isso é muito importante) e sal.
  11. Misture a páprica ao azeite numa xícara e junte à panela.
  12. Cozinhe devagar, com panela destampada e fogo baixo até a água evaporar e engrossar.
  13. Esfrie e espere algumas horas antes de servir, para o sabor apurar.

Matbukha se come fria, como entrada com pão sírio ou outro pão, e é deliciosa.

Curtindo a Vida em São Paulo

Um colega que está se mudando para São Paulo me pediu umas dicas de lugares para levar sua namorada. Mandei esta lista para ele:

  1. Insalata (Al. Campinas, perto da Estados Unidos)
    É bonito, descoladinho e tem todos os tipos de comida, com destaque a ótimas saladas.
  2. Sargento (Al. Pamplona)
    Vai lá só para comer a saladona, que é ótima e sustenta. Peça a pequena.
    Ou então aproveite as massas que estão entre as melhores de SP.
  3. Nello’s (R. Antonio Bicudo entre R. Pinheiros e Artur de Azevedo)
    Barato, tradicional e ótimo. Peça a panzanella de entrada, e depois castigue uma massa. Eu adoro.
  4. Piratininga Bar (R. Wizard, na Vila Madalena)
    É aquele bar que te falei para marcar gol. É bonito, tem piano e sax ao vivo, e uns petiscos sem vergonha. Tem que chegar cedo pq é pequeno, e tenta ficar na parte superior, perto do piano. Tem o Pira Grill ao lado que é mais para comer, e é menos romântico.
  5. Acrópoles (fica em alguma rua do Bom Retiro)
    É um restaurente grego supertradicional e simples. É interessante pq nos finais de semana o Bom Retiro é um bairro morto, com todas as lojas fechadas mas as pessoas bombam na frente do restaurante (mas sempre tem lugar). Um bom programa é ir na Pinacoteca de manhã e depois almoçar lá, que é perto. Pode-se também ir comprar roupa feminina no bairro (vc vai ter que ter paciência) de sábado (até as 12:00, pq depois tudo morre) e depois castigar o grego.
  6. Restaurante do Museu da Casa Brasileira (Av. Faria Lima quase com a Av. Cidade Jardim)
    Este lugar é lindo. O negócio é ir lá domingo umas 10:00 da manhã, assistir o concerto de jazz de graça, dar uma volta no museu (que é pequeno) e ficar para o almoço. Tem um jardim bonito e o restaurente fica de frente para ele. Vale mais pelo programa do que pela comida.
  7. Jardim Aurélia (Rua Tabapuã, 838, no Itaim)
    É um restaurante grande que comprou todas as casas de uma vilinha, então as mesas ficam meio a céu aberto. Self-service de tudo, e a noite vira uma pizzaria razoável.
  8. Sorveteria Ofelê (Al. Lorena com Bela Cintra)
    Dá uma passeada nos Jardins, e toma um sorvete nessa melhor sorveteria de São Paulo.
  9. Senzala (Pça Pan Americana)
    Retaurante tem-de-tudo, com algumas mesas a céu aberto, e vista p/ a praça. Eu gosto do sanduiche de atum, que é bem servido e bom.
  10. Speranza (Av. 13 de Maio quase esquina com a Brigadeiro Luiz Antonio, embaixo do viaduto)
    A melhor pizzaria de São Paulo. Tem que pedir a pizza de marguerita que é inacreditável.
  11. Maha Mantra (Fradique Coutinho perto do Galinheiro)
    O melhor restaurante vegetariano do mundo. É muito barato e é boa opção também para os carnívoros.
  12. Deli Paris (R. Harmonia com Wizard, na Vila Madalena, perto do Piratininga)
    Boulangerie francesa com café da manhã self-service bom, barato e descolado. Dá para almoçar lá tb, tipo quiche com salada etc.

Para os vegetarianos, tenho esta lista de todos os restaurantes VGs de São Paulo.

Gaia Gourmet Vegetariano

Finalmente consegui almoçar no Gaia, marcando um almoço informal com o pessoal do trabalho.

A marioria dos restaurantes vegetarianos são self-service-coma-a-vontade com buffet de saladas e quentes, bem normal. O Gaia não. Lá as porções vem naqueles pratos bem montados e bonitos dos restaurantes mais elegantes.

E não é só visual. É tudo muito saboroso, muito bem temperado.

Eu por exemplo pedi um panqueca de ricota com risoto de quinua e abóbora, de sabores inusitados. Alguns pediram a outra opção: fusili al dente marinado com vegetais. Olhei a massa que não parecia prometer muito, mas que me disseram que estava ótima. Não resisti e provei também, e me surpreendi.

O Gaia Gourmet Vegetariano é um presente para São Paulo. Levaria lá até aqueles amigos gourmets mais carnívoros. E além de tudo, não é caro: R$15 por pessoa.

Entrou na lista dos meus restaurantes preferidos.

Filhote Pai D’égua

Cheguei ontem em Belém do Pará, para um evento, e jantei num ótimo restaurante chamado Lá em Casa.

Foto do Lá em Casa Queria traçar uma comida típica e o garçom foi excelente nas sugestões e descrições, e acabei indo no Filhote Pai D’égua. Filhote é um peixe da região, e o prato vinha acompanhado de arroz com jambú (que parece espinafre, mas é diferente), farinha molhada com leite de côco, e salada de feijão manteiguinha de Santarém (um feijão claro e muito pequeno). O peixe era grelhado, macio, suculento e muito saboroso.

Prato de Filhote Pai D'éguaO garçom — cujas explicações regionais não deixavam a desejar perto de qualquer documentário de Travel Channel — explicou que o nome “Filhote” caiu na boca do povo como o nome do tal peixe. Mas não é. Chamam-no assim até ele atingir 20kg. Pense num peixe de 20kg que é chamado de Filhote. Bem, depois disso o nome dele vira Piraíba, mas seus 100kg não são mais apreciados porque na fase adulta sua carne fica fibrosa. Imagine um peixe de 100kg!! Coisas da Amazônia….

Já estava satisfeito quando descobri que a carta de sobremesas incluia sorvete de Bacurí — a maior de todas as delícias da Amazônia, talvez do Brasil, que já conhecia de outra viagem que fiz aos Lençóis Maranhenses e ao Piauí. Para não desencarnar de êxtase, pedi só uma bola, acompanhada de outra de sorvete de tapioca. Dormi feliz, mesmo porque tinha passado o dia comendo só barras de cereais nos vôos.

Em São Paulo pode-se provar sorvete de Bacurí numa pequena cafeteria que fica no Itaim Bibi, na rua Jesuino Arruda entre ruas João Cachoeira e Manuel Guedes.

Belém do Pará

Belém é uma cidade plana, com casarões antigos muito bonitos, alguns infelizmente não muito preservados. O que mais impressiona na cidade são as mangueiras carregadas e outras arvores gigantescas que enfeitam as ruas. Um taxista me contou que as mangas dessas árvores eram uma arma letal da natureza contra os carros passantes, mas agora a prefeitura organizou um esquema em que elas são colhidas das árvores e transformadas em suco para escolas carentes.

Estação das Docas nas margens do Rio Amazonas.

Fui ao evento na sexta, na famosa Estação das Docas, que fica na beira do rio Amazonas. No almoço um garçom me informou que havia uma feira livre — que depois soube que era a Feira do Ver-o-Peso — a sudoeste (dava para ir a pé), onde uma senhora (e suas filhas) vendia polpa de frutas. Numa operação rápida atravessei a feira, comprei um isopor, e enchi com 4 litros de polpa de Bacurí e Graviola. A Tati ganhou uma sorveteira esses dias, que só faltava agora se juntar às polpas e me proporcionar a atmosfera ideal para desencarnar de vez com a êxtase do sorvete de Bacurí.

No fim do evento, aquele povo lindo de feições indígenas se juntou na parte externa das Docas, de frente para o rio, para ver um show que acontece toda sexta-feira, e sucedeu uma cena tocante: todos suspiraram sincronizadamente ao ver o último fio de sol sumir, laranja, quente, lindo, atrás da floresta, que ficava atrás daquele pequeno — mas já gigante — braço do rio Amazonas.

Dançarinas em BelémAcho que por respeito ao por-do-sol, a banda só começa a tocar logo depois. Músicas regionais que todos conheciam, menos eu. Lundus, etc. E depois entrou um grupo de dançarinas morenas e sorridentes, girando suas saias longas com os braços erguidos. Era uma cena da mais pura e singela alegria.

Mais uma vez, adorei o Pará.

Um Vegetariano no Mundo dos Negócios

Ontem fui a um evento do rico mercado de tecnologia. Por começar cedo, durar o dia todo e se estender até a noite, foram servidos diversos café da manhã, coffee-breaks, almoço e coquetel no final do evento.

Eu sou vegetariano.

Havia sanduiche de metro, de pastrami, salame e peito de peru. Perguntei se havia alguma opção mais vegetariana, menos carnívora, ou só com queijo, e os garçons mal entenderam do que estava falando. Tive que me contentar só com pão de queijo, muito sem-vergonha.

No almoço, era arroz com açafrão, batata gratinada com queijo brie e três opções de carne: tiras de frango com um molho, cubos de carne ao molho madeira com cogumelos, e rondeli recheado com ricota e frango. Atenção especial para este último, porque achei que ia conseguir separar a carne, mas não: o recheio do rondeli continha pedaços bem pequenos de frango. Resultado, tive que comer arroz e batata.

Minha dieta não foi nada nutritiva. Não havia outras opções para vegetarianos.

Fiquei imaginando como essa comida toda é contratada por quem faz o evento.

  • — Vocês do buffet, por favor coloquem tudo do bom e do melhor, porque quero impressionar meus convidados !
  • — Pois não, então tudo terá carne.

Um vegan (quem nem leite e ovos come) então, nem se fala. Ia ter que levar maçã de casa para não definhar de fome, por absoluta falta de opções para comer.

Durante o almoço o buffet passou um ficha de avaliação e não demorei a sugerir para pensarem nos vegetarianos, bem como lembrar de orientar seus clientes de que nem todos os convidados podem ter os mesmo hábitos alimentares de quem faz o evento.

Bem, não fiquei para o coquetel no final, mas achei aquilo tudo muita falta de senso de diversidade. E isso é bem comum nos inúmeros eventos em que vou.