Imigrante

O Brasil é um país de Imigrantes.

Gente que veio para cá cheio de esperanças em começar uma vida nova, de nações destruidas por preconceito, guerra, ou pela mão escravagista. Trouxeram sua cultura, sabores e música, muita música, para fazer do Brasil a colcha de retalhos colorida que é.

O Memorial do Imigrante em São Paulo revive tudo isso de forma muito emocionante. Na anual Festa do Imigrante, que acontece neste e no próximo final de semana, enche a casa conosco, seus descendentes.

Memorial ontem e hoje

Chorei emocionado, quando ví uma das fotos antigas que mostrava toda aquela população humilde esperando sua vez para oficialmente entrar num país “onde haja muito sol e que se possa correr livremente”, segundo o depoimento de uma romena.

Era como se toda a esperança daqueles imigrantes tivesse saltado da foto, atravessado os tempos e me invadido por inteiro. Foi incontrolável e tocante. Senti a mesma coisa na entrada do pavilhão do Brasil na Expo 98 de Lisboa, onde havia uma foto enorme de um capoeirista.

São Paulo de toda genteDepois desse pranto a exposição teve um tom especial. Eu já era todo emoção e outro momento forte foram os bonecos de pano de tamanho real, vestidos tipicamente e segurando suas bandeiras.

A quantidade enorme de gente que veio prestigiar a festa tratou de liqüidar com a comida da maioria das barracas de comidas típicas das nações. Menos da Itália, que tinha estoques sem fim de canelone, nhoque e pastiere. E a Tati observou que isso era a prova que os italianos sempre cozinham para um batalhão. Coisas de sabedoria irreverente dessa descendente de imigrantes italianos e poloneses.

Haviam também apresentações de danças típicas de diversos países. Tudo muito colorido, marcando cada retalho da colcha. Você descendente ou nativo, não deixe de visitar.

Eu sou brasileiro. Por ironia do destino não nasci no Brasil. Sou imigrante de corpo, porque minha alma sempre foi daqui.

O Sabor da Música do Trio 202

Tinha um amigo mestre cervejeiro profissional que era capaz de provar qualquer cerveja de olhos fechados e cantar a marca, qualidade da água e até a fábrica de origem. Os apreciadores avançados de vinho também encontram ameixas, pneu, madeira e pêssego em suas degustações, que na verdade não estão lá.

Mas o que é realmente verdade neste mundo ?

Trio 202Ontem fui ao show do aclamado Trio 202, formado por Nelson Ayres no piano, Toninho Ferragutti no acordeon e ninguém menos que Ulisses Rocha no violão. No Tom Jazz em São Paulo.

A combinação inusitada de instrumentos ficou em segundo plano perante a magnitude dos músicos. Não me admira ver críticos internacionais babando quando ouvem a música brasileira instrumental. Ela é a melhor do mundo.

Abriram o show com uma canção inédita chamada Seu Sorriso, mas como bom degustador de música, identifiquei imediatamente a fábrica: Ulisses Rocha.

Vamos às metáforas:

As composições de Toninho Ferragutti soam como São Paulo. Expressa, incansável, irreverente, enorme mas cheia de pequenos cantos e lugares interessantes para visitar. Deixou sua marca para o resto do show com Helicóptero, e parecia ser o portador de toda história paulistana em seu acordeon que migrou com os italianos mas fincou raizes fortes no Brasil.

Nelson Ayres tinha uma sonoridade verdejante. Seu Caminho de Casa traz a imagem de uma estrada de terra do interior com árvores por todos os lados que leva ao seio caloroso da família, onde nos esperam para o almoço, uma tarde ensolarada, desocupada, e crianças brincando.

E tinha o Ulisses. Ah Ulisses, cuja música não está em uma geografia. Mora na estratosfera universal e lança suas harmonias para suavizar as arestas do mundo. Ouça Moleque para entender. É extremamente interessante vivenciar um capítulo da história onde algo novo é criado: Charlie Parker e seu Bebop, Bach e sua música sublime de contrapontos, Ulisses e seu violão solar.

Tocaram também Moacir Santos, Tom Jobim, Edu Lobo entre outros. E quando tocam em uníssono é que todo potencial do trio pode ser percebido.

Saimos com gosto de quero mais. Mais shows, mais interpretações, mais composições originais.

A Little Bit of Jazz

Capa do CD VoodoobopQuando vou aos EUA faço questão de ouvir rádio.

Já não ouço muito Rock e Pop, e a Cultura FM de São Paulo é dez vezes melhor que qualquer rádio de música classica de qualquer cidade que já visitei ali. Já até ouvi maestros internacionais dizerem que em matéria de erudito, a Cultura FM é a melhor rádio do mundo. E pelas minhas andanças eu preciso concordar.

Então, ao contrário do Brasil que mal se encontra rádios de Jazz nas maiores cosmópoles, ali, qualquer cidade de interior tem ótimas radios que tocam do Bebop ao Jazz contemporâneo. E é nelas que sintonizo nessas viagens.

Já algumas vezes mudei minha rota imediatamente para uma loja de CDs após ter ouvido lindos temas de Jazz no rádio.

Foi o que aconteceu quando ouvi VooDooBop do Astral Project, que soa como um Bebop mas tem uma pegada surpreendentemente funky, groovy. Nunca ouvi coisa do gênero. Depois fiquei sabendo que eles são um dos melhores grupos de Jazz da atualidade, lá de New Orleans. Do mesmo album Voodoobop, The Queen Is Slave To No Man tem alucinações típicas das últimas canções de um album, mas é um tema dos mais belos.

E numa outra viagem aconteceu de novo com a Mother Nature’s Son de Lennon e McCartney (editado pela primeira vez no White Album dos Beatles), numa versão suave, instrumental e linda, no sopro e piano de Joel Frahm e Brad Mehldau respectivamente.

Para baixar os MP3 em alta qualidade, clique com o botão direito do mouse sobre o nome das músicas e selecione a opção correta.

Nostalgia Titânica

Sabe, as vezes bate uma saudade dos velhos amigos. De épocas bem vividas. Não que os dias de hoje não sejam, mas em outros carnavais nossa mente estava em outra sintonia, que nos fazia levar a vida por caminhos diferentes.

Fico muito feliz quando conheço artistas e suas músicas que tocam minha alma diferente da média que a gente vai ouvindo por aí. Isso acontece poucas vezes por ano. E certos anos simplesmente não acontece.

Titane é uma cantora praticamente desconhecida que me levou para esse mundo da nostalgia. A saudade dos amigos que a gente pouco vê bate mais forte, ao mesmo tempo que rola uma esperança de estarmos mais próximos muito em breve.

Descobri suas músicas por aí, fui conhecendo mais e me encantei. Ela tem trabalhos que são deslumbrantes do começo ao fim. E que voz !

Zensider, de Edvaldo Santana e Ademir Assunção, era tocada às vezes na Rádio USP aqui em São Paulo, mas a Moda do Fim do Mundo, de Alice Ruiz e Chico César, do mesmo album mas jamais ouvida, é prá lá de mais interessante e melódica.

Curtam seus amigos. Agora, antes do fim do mundo.

Viola and Rabeca

The brazilian Viola Caipira has nothing to do with the orchestral Viola, used mostly in classical performances. It was brought to Brazil by the first portuguese people, and modified and evolved, making it almost a genuine, Brazilian-only instrument now.

It is used mostly on country-side small cities or farm regions of Brazil. And songs played with Viola Caipira sound like these places: home-made food, green landscapes, country life.

Almir Sater is a well known violeiro that used to be more active with the viola, and as an example, one of its beautiful compositions, Luzeiro, was used to open an old TV show focused on farming.

ViolaThere are other excellent violeiros, as Paulo Freire [blog], Roberto Correa, Ivan Vilela, Braz da Viola and many others. Levi Ramiro is one of my favorites, with its Estiva Grande.

Songs played with Viola use to be accompanied by a Rabeca, a sort of simplified violin. Luis Eduardo Gramani was one of our masters in Rabeca compositions, writing beautiful songs as Deodora.

Do not forget to right click on each song link to download the hi-fi MP3 file.

My Podcasts

A podcast is a blog that, in addition to text, also publishes media files. So you need a special “reader” to listen them, so people use softwares like iTunes, Amarok, iPodder to subscribe and automatically get the media.

I’m officially releasing my podcasts here, posting songs in high quality MP3 format. These are the channels, subscribe using the orange buttons below:

Enjoy.

Parafuso

Parafuso is an instrumental masterpiece by brazilian Ronen Altman, played by the Orquestra Popular de Câmara.

OPC sort of brought a globalization conscience to brazilian instrumental music, mixing together a great number of instruments and musical styles. They are in evidence in the innovative tradition of brazilian jazz from São Paulo.

If this song was a building, it would look like modern architecture: functional, beautiful, strong and light.

Enjoy.

Sobre Podcast

Uma vez perguntei a um amigo o que é um podcast, e ele disse que é um MP3. Bem, isso é tão minimalista quanto dizer que um Gaudí é um amontoado de tijolos, ou que a Internet é uma porção de bits dançantes.

Um podcast é um blog não-textual. Seu conteúdo pode ser audio e/ou vídeo, rodeado por metainformações do tipo “autor”, “entrevistado”, “banda”, “estilo”, “sumário” etc.

Como todo blog, ele tem regularidade: “episódios” no lugar de posts e assim por diante.

Você “assina” um podcast como assina uma revista, da mesma forma como assina um blog (via RSS ou ATOM). Mas como um browser é um leitor essencialmente textual, é mais comum e prático assinar podcasts usando softwares de mídia: iTunes, Yahoo! Music Engine, Amarok, etc.

Na convergência das coisas, um podcast pode ser comparado a um programa de rádio onde o próprio ouvinte decide quando e como vai ouvi-lo.

Num mundo onde tivermos banda larga no ar tão abundante e livre quanto ondas de rádio, além da memória para freqüências de estações, os rádios de nossos carros terão também a assinatura de nossos podcasts preferidos. Com ainda não chegamos a isso, temos que usar MP3 players modernos como o iPod – que tratam podcasts de forma especial – para termos essa funcionalidade.

E nesse mundo, os podcasters seremos você e eu, pessoas comuns falando diretamente para o mundo. Publicar um podcast é tão simples quanto publicar posts num blog. É inclusive algo que se pode integrar com plataformas de blogs comuns, com plugins para WordPress, etc.

Se você tem um fluxo de coisas para dizer, crie um podcast. Se você tem um fluxo de coisas para serem assistidas, crie um podcast. Se você tem um fluxo de coisas que quer que as pessoas ouçam, crie um podcast. Este último é o meu caso, sobre Jazz Brasileiro, e por isso estou juntando os pedaços e os módulos para criar um.

Andei estudando isso ultimamente, e achei importante compartilhar…

Mais Sons Inspiradores

Como fiz com o Buddha-Bar, agora foi a vez de compactar toda coleção Café del Mar em 2 CDs de MP3 para ouvir no carro.

Café del MarQuer saber? Gosto mais do Café del Mar do que do Buddha-Bar. Enquanto o último se preocupa em sobrevoar sons étnicos de todo o mundo, o Café del Mar é independente, e bem mais zen. É simplesmente delicioso adormecer com a delicadeza etérea desses sons nos ouvidos.

Há muitíssimas coisas ótimas, que remetem a imagens de jardins verdejantes e folhas de palmeiras balançando ao vento, respiração profunda, um êxtase sereno, e sempre a lembrança de que o mundo é maior do que a nossa percepção abafada pelo dia-a-dia é capaz de sentir.

Selecionei (com muita dificuldade) a Northern Lights do Lux, 8:00 AM de Lazybatusu e Adios Ayer de José Padilla, o organizador da coleção. Selecione com o botão direito para baixar e ouvir.

Ah! Tem também algumas rádios de Internet que ainda não estão 100% exploradas, mas vale a dica: Drone Zone, Space Station Soma e Groove Salad, todas no site da Soma.fm.

Internet Music Download

It is very controversial if it is illegal or not to download music from the Internet. The law and license to use a phonogram (a CD track) is not clear for the masses, or nobody never explained it precisely.

Understand the Context

I met a professional musician once that was studying musical production in the university, and he outlined some aspects very clearly:

  1. The great recording companies provide a service for the society in this ways: finding talents, funding the production and recording of the phonogram, producing a nice CD booklet, advertising the product on TV, radio, magazines, outdoors and operating the physical distribution logistics of the CD, all of this for you to listen high technical quality music, and easy to find in a store near your home. So nothing is more fare for the recording companies to get their financial share.
  2. Because of this a recording company is, in general, the owner of the phonogram (a CD track), and not the musician or composer. That means that the company decides when, how much and how they will publish these songs (publish means to create CDs and put them in stores). The musician can’t take a phonogram on which he participated on the recording, put it on a media (CD, tape, DAT, long play, etc) and start selling it, unless he buys the rights over the phonogram, that are, in general, very expansive.
  3. The recording industry and companies are not defending the artists rights, but their own interests. In fact, many artists do not like that the recording companies say they are defending their rights.
  4. In all this commercial process, musicians share come from their authorship rights (which is small, according to some musicians I know), that comes from an independent institution, which in its turn comes from the recording company and other sources. This rule is not the same for big stars that have enough power (and agents) to negotiate better contracts with a recording company.
  5. The musician wants his art to be known and listened in the broadest way possible.
  6. Professional musicians earn more money making shows and live performances, and less in the process of selling recording company’s CDs that carry his creations.
  7. People will only pay for show tickets if the artist’s creation is good and well known.
  8. Many good artists don’t have market penetration, money or disposition to record CDs in a way that they will own the phonograms (the so called independent way). These are usually referenced as “alternatives”.
  9. Excellent musicians and beautiful phonograms can be unknown to the point it is considered not viable to give them space in a CD store shelf. Because of that it is difficult to find old recordings or the so called “alternatives” in stores: or people already changed their taste, or the number of people will buy is very small.
  10. I estimate the cost to mass produce one single CD — including the plastic, media, booklet and its artwork, authorship rights, some advertisement etc — in about US$2.
  11. I heard that the law prohibits the redistribution of phonograms (CD tracks) in a physical media (to burn a CD or tape and start selling or buying it).
  12. The Internet is not considered a physical media. So in this rationale, by law terms, it is not prohibited to use the Internet as a way to distribute music, at least for phonograms produced/recorded before the Internet era, which includes everything before around 1997. After that, phonograms started to be produced with a revised license (the law terms of what is permitted or not to do with it) that considered the Internet.

Whatever they say, to download music from the Internet takes time, comes without the booklet — which contains a lot of art and valueable information — and is controversial if it is illegal or not. On the other hand, artists and their full high-fidelity discographies have been seen in such a way that seems not rational not to download.

You should decide if you follow what the media says defending their rights — and not the artists’s —, or if you are going to give prestige to a musician and feel all its creative potential can make with your emotions.

How to Download

I opened this space for a friend to explain how to do it. This method uses the Bit Torrent technology and these are the steps to successfully use it:

  1. Download and install some Bit Torrent software as BitComet (only for Windows) or Azureus (Mac, Linux, Java, Windows). These software are free, safe, will not install spyware, virus, malware etc, and their use is completely legal.
  2. Use the www.isohunt.com website to find music by name, artist, etc. It can be used to find also other types of files. You can also search the Internet for other sites that provides “torrents”.
  3. Search, for example, for “Mozart” or “Bach“, etc. Click on these links to see a search result example.
  4. You will find complete collections and very large files, that takes sometimes days to download. The first results isohunt will show are the most active downloads, and because of that faster to download.
  5. Select the item you want, it will expand, and then click the link called “Download Torrent” to start the download.
  6. This will trigger the Bit Torrent software (BitComet of Azureus you downloaded above), that will ask you where you want to download. Choose a directory that you will remember later.
  7. Before selecting OK, you will see a list (huge if it is a complete collection) with the files included in the torrent, and you can select only the files you want, or everything.
  8. Monitor the download activity and guarantee you are downloading in a good speed. If it is constantly slow for a long time, it is usually better to cancel and search for another download.
  9. Even very fast downloads can take days to be fully retrieved if it is big.
  10. After the download finishes, if you use Linux, use Musicman to organize your retrieved files.

Be responsible and good luck.

Cantá

Cantá seja lá cumu fô
Si a dô fô mais grandi qui o peito
Cantá bem mais forte qui a dô

Cantá pru mor da aligria
Tomém pru mor da triteza,
Cantano é qui a natureza
Insina os ome a cantá

Cantá sintino sodade
Qui dexa as marca di verga
Di arguém qui os óio num vê
I o coração inda inxerga

Cantá coieno as coieta
Ou qui nem bigorna no maio
Qui canto bão de iscuitá
É o som na minhã di trabaio

Cantá cumu quem dinuncia
A pió injustiça da vida:
A fomi i as panela vazia
Nus lá qui num tem mais cumida

Cantá nossa vida i a roça
Nas quar germina as semente,
As qui dão fruto na terra
I as qui dão fruto na gente

Cantá as caboca cum jeito,
Cum viola i catiguria
Si elas cantá nu seu peito
Num tem cantá qui alivia

Cantá pru mor dispertá
U amor qui bati i consola
Pontiano dentro da gente
Um coração di viola

Cantá cum muitos amigos
Qui a vida canta mio
É im bando qui os passarim
Cantano disperta o só

Cantá, cantá sempri mais:
Di tardi, di noiti i di dia
Cantá, cantá qui a paiz
Carece de mais cantoria

Cantá seja lá cumu fô
Si a dô fô mais grandi qui o peito,
Cantá bem mais forti qui a dô

Autoria de Gildes Bezerra.

Escrito como uma resposta a um cartão de fim-de-ano de Rolando Boldrin. Mais detalhes pelo próprio autor.

Os Novos Sons do Mundo

CDs Buddha-BarCaí na estrada com todos os 16 CDs dos 8 albuns Buddha-Bar compactados em práticos 2 CDs de MP3. Para quem não sabe (eu não sabia até uns 3 meses atrás) os Buddha-Bar são belíssimas compilações de DJs do bar-restaurante-lounge Buddha-Bar de Paris, e trazem sons do mundo todo, parte no estilo lounge/chill out/ambient, parte em ritmos mais animados.

Alguns anos atrás eu diria que isso é música alienante e me manteria fiel a MPB, ou ao Instrumental Brasileiro; como a mais uns anos antes diria que qualquer coisa fora do hard rock seria “fagot-music”. Incrível como os gostos mudam quando agente mantém a mente aberta…

Hoje tenho me sintonizado mais com essas pulsações globais. São sons que me fazem sentir parte de uma coisa maior, que amplificam a visão, a respiração, sei lá. Fazem os nossos problemas precerem menores ainda porque insistem em nos lembrar que o mundo não termina na nossa cultura.

No meio de um monte de coisas interessantes, há canções realmente lindas, e separei algumas degustações para vocês: a etérea Tibet (a passage to…) de uns tais de Tibet Project, e a maravilhosa Onón Mweng de Oliver Shanti.

Essas canções fizeram as paisagens de Ilhabela ficarem ainda mais paradisíacas nesse final de semana.

Baixando Música da Internet

É muito controverso se é ilegal ou não baixar música da Internet. A lei e licença de uso do fonograma (faixa de um CD) ou não é clara ou ninguém nunca explicou isso direito.

Permalink desta parte Entenda o Contexto Primeiro

Outro dia conversei com um músico profissional que fazia faculdade de produção musical, e ficaram claros alguns aspectos:

  1. As grandes gravadoras prestam um serviço para a sociedade desta forma: encontrando talentos, patrocinando a produção e gravação do fonograma, produzindo um encarte bonito, divulgando o produto na TV, rádio, revistas, outdoors e novelas, e depois operando a logística de distribuição física do CD, além de em paralelo investir na própria evolução da tecnologia do CD, tudo isso para você poder ouvir música de alta qualidade técnica, e fácil de encontrar na loja perto da sua casa. Então nada mais justo que as gravadoras serem remuneradas por todo esse trabalho.
  2. Por isso, em geral a gravadora é dona do fonograma, e não o músico ou compositor. Isso significa que é ela quem decide quando, quanto e como vai publicar as canções (publicar significa prensar CDs e por nas lojas). O músico não pode pegar o fonograma, gravar um CD e sair vendendo, a não ser que ele compre os direitos sobre o fonograma, que são em geral muito caros.
  3. As gravadoras não estão defendendo os direitos dos artistas, mas seus próprios interesses. De fato, muitos artistas não gostam que as gravadoras digam que estão defendendo os direitos deles.
  4. Nesse processo todo, os músicos ganham os direitos autorais (que segundo alguns músicos que conheço, é pouco), que recebem de uma instituição independente, que por sua vez vem da gravadora e de outras fontes. Essa regra não vale para estrelas que tem poder (e agentes) para negociar contratos melhores com uma gravadora.
  5. O músico quer que sua arte seja conhecida e ouvida o máximo possivel.
  6. Músicos profissionais ganham mais dinheiro em shows e performances ao vivo, e menos em venda de CDs das gravadoras, que levam a sua obra.
  7. Pessoas só vão prestigiar os músicos num show (e pagar ingresso) se sua obra for boa e conhecida.
  8. Muitos bons artistas não tem penetração no mercado, dinheiro ou disposição para gravar um CD independente. Esses são os chamados “alternativos”.
  9. Excelentes músicos e lindos fonogramas podem ser pouco conhecidos ao ponto de ser comercialmente inviável dar-lhes espaço numa concorrida prateleira de loja de discos. Por isso é dificil encontrar gravações antigas ou as chamadas “alternativas” nas lojas: ou as pessoas já mudaram de gosto, ou há pouquíssimos compradores. A situação é pior para as gravações que são ao mesmo tempo antigas e alternativas.
  10. Eu estimo o custo de 1 CD — incluindo o plástico, encarte, trabalho artístico, pagamento do direito autoral, veiculação etc — em menos de R$5.
  11. Ouvi dizer que a lei proibe a redistribuição de fonogramas em meio físico (gravar um CD ou fita e sair vendendo ou comprando).
  12. A Internet não é considerada um meio físico. Por isso, nesse raciocínio, não é proibido usar a Internet como meio de distribuição de música, pelo menos para fonogramas produzidos/gravados/publicados antes da era Internet, o que inclui tudo antes de mais ou menos 1997. Depois disso, fonogramas começaram a ser produzidos com uma licença (os termos legais que definem o que é permitido ou não fazer com o fonograma) revisada que incluia a Internet — junto com CDs piratas, fitas caseiras, etc — como um meio ilícito de distribuir música direta e livremente.

Seja como for, baixar música da Internet leva tempo, vem sem o encarte — que conté muita arte gráfica e informações valiosas e é controverso se é ilegal ou não. Por outro lado, já foram vistos artistas e suas discografias completas disponíveis ao ponto de parecer irracional não baixar.

Você decide se vai seguir o que a mídia diz defendendo seus interesses — e não a dos artistas —, ou se vai prestigiar um músico e sentir tudo o que seu potencial criativo pode fazer com suas emoções.

Permalink desta parte Como Baixar: Método Fácil

Há diversos blogs em que amantes da música publicam albuns completos para serem facilmente baixados através de serviços como RapidShare, 4Shared, Badongo, etc. São geralmente albuns antigos, raros, que não se acha em lojas. Coisa de colecionador.

Os albuns vem geralmente comprimidos no formato RAR, que é um tipo de ZIP, e é necessário o software da Rar Labs para descompacta-los.

Segue uma lista de alguns blogs:

Na barra lateral desses blogs há sempre uma lista de links para outros blogs similares, então este método é de difícil procura, mas de fácil download. O método de BitTorrent abaixo é de procura mais fácil, mas de download mais complexo.

Permalink desta parte Como Baixar: Método Mais Eficiente, com BitTorrent

Abri espaço neste blog para um conhecido relatar como se faz. Este método usa a tecnologia Bit Torrent e estes são passos para usa-la com sucesso:

  1. Baixe e instale algum cliente Bit Torrent como o BitComet (só para Windows) ou o Azureus (Mac, Linux, Java, Windows). Estes softwares são seguros, não instalam spyware nem virus, e seu uso é totalmente legal.
  2. Use o site www.isohunt.com para procurar músicas por nome, artista, etc. Ele pode ser usado também para procurar outros tipos de arquivos. Você pode também procurar na Internet por outros sites the provem “torrents”.
  3. Procure por, por exemplo, “Mozart” ou “Bach“, etc (clique nesses links para ver um resultado de busca do exemplo).
  4. Você vai encontrar coleções completas de artistas, etc e arquivos muito muito grandes, que as vezes demoram dias para baixar. Os primeiros resultados que ele mostrar são os downloads mais ativos, e por isso mais rápidos para baixar.
  5. Selecione o ítem que você quiser, ele vai se expandir, e então clique no link chamado “Download Torrent” para começar a baixar.
  6. Isso vai disparar o programa de Bit Torrent (BitComet ou Azureus acima), que vai te perguntar onde você quer gravar o download. Escolha um diretório que você vai lembrar depois.
  7. Antes de dar OK, você pode ver a lista (enorme, se for coleção completa) de arquivos que serão trazidos, e pode selecionar para baixar só os arquivos que te interessam, ou tudo.
  8. Monitore a atividade do download e garanta que você está baixando em boa velocidade. Se estiver constantemente muito lento (pode haver períodos de maior lentidão), é melhor cancelar e procurar outro download.
  9. Mesmo baixando muito rápido, um download grande pode demorar dias para se completar.
  10. Depois de terminar o download, se você usa Linux, use o Musicman para organizar seus MP3.

Seja responsável e boa sorte !

O Violão Solar de Ulisses Rocha

Esses dias peguei estrada e coloquei aquele CD chamado Brasil Musical onde ouvi pela primeira vez o Ulisses Rocha. Desde aquele primeiro choque, anos atrás, quantas coisas maravilhosas conheci desse violonista e compositor !

Ulisses RochaSim, hoje sei que Ulisses Rocha superou os monumentais do violão brasileiro: Sebastião Tapajos, Raphael Rabello, Paulinho Nogueira, e até Paulo Bellinati. Ele é completo e faz tudo de forma singular. Quando compõe, ampla e magnificamente, com uma inspiração solar, revela um canal aberto com planos transcendentais, espirituais. Mas é quando ele executa suas composições que suas harmonias alcançam nosso coração. Fico imaginando qual outro violonista poderia tocar Ulisses Rocha….

Não, não há sambas, maxixes, choros e bossas no repertório de Ulisses. Devemos recorrer aos outros monumentais para essas pulsações: Paulinho Nogueira, Rabelo, Canhoto, etc. Não que isso lhe falte, pois sua linguagem e sintonia são universais.

Sua técnica é intrigante. Por mais que escuto não consigo entender o que ele faz diferente. Só sei que é. Num perfeito balanço entre graves e agudos, que preenche cuidadosamente todo o ar. Quando digo técnica não me refiro a velocidade da pegada, tocar com os dentes, ou com o violão nas costas, mas a quantidade de beleza produzida quando 10 dedos encontram 6 cordas.

Mas onde está Ulisses Rocha no conhecimento das pessoas? Poucos ouviram falar, poucos o escutam. Isso me lembra a história de Bach, Mozart, etc, que eram praticamente desconhecidos à sua época, mas que suas obras se perpetuaram na universalidade décadas, séculos depois. Como eles, Ulisses nos traz o futuro hoje.

Não saia daqui antes de ouvir algumas de suas músicas (clique com o botão direito sobre o link para baixar o MP3 de alta qualidade antes de ouvir):

E conheça também outros violonistas brasileiros:

Paco de Lucia’s Monasterio de Sal

If there is one single song in the world that deserves its own home page, it is Paco’s Monasterio de Sal [click with right button to download +192kbps high-quality MP3Paco de Lucía & Carles Benavent ▸ 1975 • Entre dos aguas ▸ Monasterio de Sal] colombianas-type flamenco song. It is soberb.

From Solo Quiero Caminar, and Entre Dos Aguas albums, it is a duet with flamenco bass player Carles Benavent. I tend to see the hand of God in simple compositions or arrangements, but this song sounds to me extremely complex for both musicians, and they still can play together, being in the same time single extraordinary solits, and completing each other as one inseparable masterpiece.

If you tune your stereo left-right balance you’ll have a surprise. I have to admit that sometimes I prefer to listen only the left side. Yes, the left side.

Carles Benavent, as a co-star, excels in the entire song, but specially around this playing times: 0:45, 0:58-1:25, 2:01, 2:11, 2:38, 3:05, 3:30, 3:45, 4:00-4:06.

Paco de Lucia of course excels too specially in the inspired and soft introduction, and: 1:17-1:24, 1:30-1:46, 2:00-2:04, 2:10-2:14, ah…. nevermind…. it is all extremely beautiful. Tune your left-right balance and you’ll understand.