Em 2007 participei de uma série de reuniões com clientes e discussões sobre a importância do Second Life na estratégia de qualquer pessoa ou empresa que se julgue “in”.
Veja, não estou dizendo que o Second Life é importante, mas que muitas pessoas e empresas chegaram a discutir isso seriamente.
Levante a mão quem já entrou no Second Life. Agora levante a mão quem entrou mais de uma vez e continua usando.
A Sociedade da Informação de hoje não esta pronta nem tecnológica nem psicologicamente para esses mundos virtuais. Mas eles nos ensinaram uma lição: muito relacionamento humano está acontecendo em forma de fluxo de bits, e as empresas querem estar onde as pessoas [seus clientes] estão.
O Second Life (e similares) é a manifestação máxima dessa malha digital de relacionamentos (também conhecida como Web 2.0), mas se é ainda inusável, que tal as empresas clarearem seus objetivos – estar perto das pessoas, lembra? – e usarem outras ferramentas da mesma família para atingí-los?
Que tal criarem blogs corporativos para se comunicarem de forma mais direta, descontraida e interativa com seus clientes, como a IBM, Sun, Intel, Google, Microsoft, Nokia tem feito ?
Que tal aumentarem sua participação em comunidades onde as pessoas estão, como Orkut, Facebook etc? Essas festas online, especificamente, são um prato cheio para fabricantes de produtos de uso final. E não estou falando de spam, mas de uma participação oficial que realmente agregue valor.
Que tal usarem conceitos de Wikinomics a fim de criar novos produtos baseado diretamente no desejo do consumidor ?
Agências de propaganda que tiverem afinidade com essas novas características da Sociedade da Informação poderão levar seus clientes a graus de competitividade mais confortáveis.
Profissões como Gerente de Redes Sociais, Blogueiro Corporativo, Evangelizador Digital estão surgindo no horizonte, são profissionais raros e que começam a ser procurados pelas empresas.
Esse profissional precisa de alguns ingredientes bem apimentados: capacidade de comunicação, bom conhecimento dos produtos da empresa, entender como redes sociais digitais funcionam, seus códigos de ética etc, alguns conhecimentos do linguajar dessa nova esfera (feeds, podcasts, trackbacks, avatars, OpenIDs etc) para fazer a tecnologia efetivamente trabalhar a seu favor, noções de user-friendlyness, etc. Meio técnico, meio comunicador, meio designer, meio webguy. Uma mistura bastante peculiar de características.
E como se trata de comunicação externa, há um certo risco e medo envolvido. “Será que meu blogueiro vai falar o que não deve, revelar segredos, etc?”.
Posso contar como isso aconteceu aqui na IBM. Há anos foram criados blogs, wikis e outras ferramentas típicas da Web 2.0 na Intranet. Todo funcionário pode ter seu blog interno, pode criar um wiki, etiquetar sites e pessoas, e automaticamente tem um perfil online tipo Orkut, que chamamos de Bluepages. Há também uma atmosfera e incentivo quase que formal para fomentar inovação, mas isso é outra história.
Alguns funcionários que começaram a blogar internamente passaram a fazer isso para a Internet. Houve uma espécie de seleção natural dos escritores.
O curioso é que essas ferramentas internas não foram criadas para fazer tal seleção. Mas seu uso é tão marcante no dia a dia dos funcionários que elas até viraram produtos para empresas que querem criar sua infraestrutura para a Web 2.0 sem o uso das ótimas opções em Software Livre que existem por aí.
Mas voltando às profissões, o mais interessante é que não há curso universitário que forme para tal missão. Pense nisso.