Café com Experiência

Me fizeram ir a um lugar famoso que vende “experiência” de café.

Muita frescura, muito caro, muito plástico.

O frappuccino de mais de R$20, artificialmente saborizado, vem num suntuoso copão de plástico, com tampa esférica enorme de plástico, mas com um canudo de papelão. Não entendi o sentido disso, talvez prá ver se cola pagarem uma de sustentáveis.

Enquanto houver gente pagando caro por porcarias industrializadas entregues em plástico para ser ágil, enquanto a base econômica da nossa sociedade forem máquinas de fazer lucro chamadas de “empresas”, podemos esquecer qualquer iniciativa séria e perene de sustentabilidade ou mera preocupação com o meio ambiente. É tudo prá inglês ver.

O pingado do bar, de R$3 em copo NF, continua fazendo mais sentido. Mas fica faltando a experiheeeeeeeeeiiiiincia……..

Chatbots de auto-atendimento 🥱

O dilema dos chatbots que empresas disponibilizam em seus canais de atendimento é que eles são só mais uma UI (user interface). Como é o app. Como é o site da empresa.

Se o usuário não encontrou a função que precisa no site ou no app, também não vai encontrar no chatbot 100% das vezes que procurar.

O desafio dos chatbots continua sendo integração dos sistemas por trás, que é o maior desafio de qualquer empresa que quer se informatizar, desde quando o computador entrou no mundo corporativo.

Então se sua última tentativa para resolver um problema é entrar no chat ou ligar no call center da empresa, pode já ir direto pedindo prá falar com ser humano. Pois estes nunca falham.

LinkedIn e Facebook.

Estação de Rádio a partir de uma Música

Todas as plataformas de música têm uma função incrível que cria uma estação de rádio a partir de uma música. Aí comecei com «The Captain of Her Heart», da banda suíça Double, e o que se seguiu foi um pé na jaca das coisas mais melecadas e saudosas dos anos 80. Já salvei a playlist como “Cheesy 80s”.

Não preciso nem dizer que é prá você experimentar também a função com a música que mais estiver a fim de ouvir no momento.

A alegria do menino da favela

Este texto de Pedro Doria é a análise mais bacana que vi sobre a polêmica dos portais estrangeiros que burlam imposto sobre importação, fazendo a alegria da classe média baixa e o desgosto da indústria nacional.

“[…] revelam ao brasileiro médio algo que ele em geral não percebe. O Brasil é um país muito caro. O brasileiro paga mais que o europeu ou o americano por seu celular, por seu computador, por seu tênis, por sua camiseta… É mais pobre e, no entanto, paga mais.”

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Melhorias para o Pix do BaCen

O Banco Central do Brasil acertou em cheio com o Pix, inovação bancária digna de ser copiada por qualquer BC do mundo. Mas ainda acho o Pix bem burocrático de ser usado. Vejo que ele é um sucesso porque era algo muitíssimo desejado, não por ter boa usabilidade nem por promover boas práticas. Minha veia de designer de aplicações não pode deixar de sugerir algumas melhorias que poderiam ser feitas numa próxima revisão, especialmente em relação a usabilidade.

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Arquitetura hostil no Centro de São Paulo

Depois não reclame que Buenos Aires é tão mais bonita que São Paulo, e Nova York muito mais dinâmica. Em ambas cidades as pessoas, mídia e políticos se importam com arquitetura e urbanismo, e cuidam do resultado final

Juste Lores

Eu já acho que as pessoas em geral ainda não despertaram para o fato de que Arquitetura e Urbanismo é o fator №1 que influencia nossa qualidade de vida.

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Libertários na crise do SVB

Beeeem interessante ver os clientes libertários anti-governo do Silicon Valley Bank implorarem justamente para o governo vir salvá-los.

A conclusão é que, conforme aprendi com o Robert Reich, não existe cenário viável sem o governo. No começo você precisa da posição holística do governo prá regular como as coisas devem funcionar numa sociedade civilizada e empática, ou, se abrir mão disso para ser uma espécie de predador, vai precisar do governo depois prá te salvar quando estiver sofrendo as consequências do abuso de sua liberdade.

Restaurantes querem continuar lucrando com água potável

A lei municipal que restaurantes tentam combater os obriga a fornecer água potável de graça desde setembro de 2021.

Mas eu queria saber se você, ao levar a família para jantar ontem, onde a conta saiu mais de R$300, pediu “água da casa” de mais, a ponto de dar prejuízo ao estabelecimento. Ah, seu malvadão!

A lei do vereador Xexéu Tripoli visa consumo consciente e redução de resíduos plásticos. Se restaurantes acham que dá trabalho de mais anotar pedido e trazer 1 copo de água à mesa de cada vez, que já tragam jarra inteira sem pedir — economiza um tempão do garçom —, como é feito em inúmeros países desenvolvidos. Os outros argumentos da contestação são incabíveis ou até risíveis. Dá uma canseira ver lei progressista e boa como essa ser combatida com argumentos de “livre iniciativa”, quando sabemos que é simplesmente para mascarar desejo por mais lucro.

Quanto ao seu bolso, saiba que água na garrafa de plástico ou vidro do restaurante é em torno de 3500 vezes mais cara que a água da Sabesp. E a água produtificada na garrafa não tem qualidade melhor, como tenta vender o marketing dos fabricantes.

Fornecer água potável de graça é lei municipal nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasilia. Deveria ser lei nacional.

Sustentabilidade não é uma tendência. É a única forma de seguir adiante.

https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2023/03/restaurantes-de-sao-paulo-tentam-tornar-inconstitucional-a-lei-que-garante-fornecimento-gratuito-de-agua-da-casa.ghtml

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Triste Morumbi

Bairrinho chato esse Morumbi.

Nenhuma pessoa andando na rua, nenhum comércio para pedestres, só carros em alta velocidade.

Foi concebido, projetado, construído e habitado por carros e muros. Depois reclamam que “as ruas são perigosas”.

As árvores e fachadas verdes e suntuosas não escondem a tristeza deste bairro.

Planejamento urbano nulo forjado por pura especulação imobiliária.

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14% Açaí

Abriram um lugar lindinho de açaí ao lado de casa. E hoje na inauguração ofereciam amostras em copinhos para os transeuntes.

— Puxa, tá meio claro esse açaí… — eu disse

— É que os outros lugares usam corante.

— O que importa é o número escrito na embalagem. Qual é a concentração do seu açaí?

Entrou para levantar informação tão pouco relevante, e voltou em seguida com a resposta.

— 14%

— 14%? Tudo isso? — eu ironizei. — E o que seriam os outros 86%?

— … — brisou, olhando para o céu

Eu especulei, sem ela ter refutado:

— Deve ser água, açúcar, muito açúcar, mais água, saborizante (pois sabor de açaí não agrada os paladares infantis), glucose de milho, e, e, chuchu. Deve ser.


Eu fui a um Festival do Açaí na floresta perto de Alter do Chão, no Pará, anos atrás. Eu vi colherem o cacho de frutos do açaizeiro e todo o preparo até o creme sair do outro lado 100% puro, morno, sem açúcar nenhum e com higiene questionável (porque estava sendo preparado a céu aberto de forma artesanal).

Para as nossas bandas do Sul, não dá para mandar açaí puro assim porque ele fermenta. Por isso enchem de açúcar. Mas mesmo assim pergunto: até qual nível vai cair a qualidade das coisas?

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Bacio di Latte já era

A Bacio di Latte fazia um dos melhores sorvetes de São Paulo.

Mas acho que alguma coisa aconteceu. Ou eles perderam a pessoa que criava os sabores mais sofisticados, ou o paladar dos clientes se infantilizou, ou entraram na famigerada onda de redução de custos.

Antes tinham sabores com plantas e flores incomuns, combinações exuberantes mas muito bem acabadas. Hoje são todos variações sobre avelã, doce de leite e chocolate, no máximo um pistache.

A massa ainda é boa (e bem cara), mas quando venho aqui o pedido é só para as crianças.

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Maracujá é a fruta da Flor da Paixão

Eu passei a vida toda achando que o nome internacional do maracujá — passion fruit, fruta da paixão — era devido a sua cor e aroma exóticos e afrodisíacos.

Me enganaram! Ou, mais provável, eu me enganei a si próprio.

O maracujá é típico da Amazônia e o nome latim/inglês/francês — passiflora — foi dado pelos jesuítas, no século 18, porque usavam a flor para ensinar sobre a Paixão de Cristo aos nativos do novo mundo. Pois a flor tem pétalas que lembram uma coroa de espinhos, e estames que lembram uma cruz.

O nome original em tupi — mara kuya — significa alimento na cuia. Porque afinal fazemos da casca do fruto o recipiente para se comer a polpa.

Mais uma coisa bem aprendida numa bela viagem.

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Chamamé Latino-americano

O Chamamé latino-americano está para a bacia do Rio da Prata (Pantanal brasileiro, Misiones na Argentina, Pampas paraguaio, Uruguay) assim como o Blues americano está para a bacia do Rio Mississippi.

— Almir Sater, violeiro pantaneiro

Lembre-se disso sempre que for ouvir um Blues americano sem nunca ter ouvido um Chamamé latino-americano.

O violeiro gaúcho Valdir Verona faz essa ponte com seu Chamamé Blues #2.

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CoViD-19 acabou?

Aeroportos cheios e quase ninguém mais usa máscara, inclusive dentro do avião, durante o voo. Nenhum oficial nem pede também comprovante de vacinação nem teste negativo.

Fila de pessoas em aeroporto e poucos usam máscara

Seria porque ⓐ não se importam mais, ⓑ usar máscara é muito chato, ⓒ estamos simplesmente agindo como pessoas vacinadas?

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Se eu fosse nutricionista

Se eu fosse nutricionista, me associaria a um restaurante de região comercial super movimentada — Paulista, Itaim etc — e ofereceria almoços e jantares para redução e controle de peso. Cardápio e quantidades viriam prontos, sem eu ter que pensar, escolher e nem me servir. Adicionalmente, o cliente sairia de lá com cardápio sugerido e escrito para seu café da manhã do dia seguinte, ítens e quantidades.

Se algo assim existisse perto de onde trabalho, eu almoçaria lá todos os dias. Todos os dias.

https://www.facebook.com/543888243/posts/pfbid022XevZN8wQ4T46GEAcwuFE2dsL8u58p1CLP9tbgFDWs5gt8sJAdpg9wgs2XbucSNsl/?mibextid=cr9u03

Abacaxi vem da Amazônia

O abacaxi é uma bromélia amazônica.

A gente chama de “fruta”, mas aquilo é na verdade um conglomerado de frutos, sendo cada fruto um dos gomos que se vê na casca. Da bromélia brota uma estrutura cheia de florzinhas, parecida com a foto. E aí cada 1 florzinha se transforma em 1 fruto. Eles vão engordando e grudando um no outro até formar o abacaxi inteiro.

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Vitória-Régia da Amazônia

A Vitória-Régia, além de linda e exótica, é também uma planta alimentícia não-convencional (P.A.N.C.).

Típica da Amazônia, ancora sua raiz no fundo de lagos ou águas doces estáveis, e de lá estende grossos caules até a superfície para cada flor, cada fruto, cada folha enorme em forma de prato de 1 a 2 metros de diâmetro.

A raiz é um tubérculo, que pode ser cozido e consumido como batata. Os caules podem ser descascados e preparados como palmito ou aspargos ou espaguete. As folhas, após removidos os espinhos, podem ser consumidas cruas ou cozidas como couve.

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