Dias atrás tirei umas férias curtas e resolvi conhecer o legendário Ponto de Luz, pousada zen na Serra da Mantiqueira, quase divisa entre São Paulo e Minas.
A viagem foi fácil, pela Rodovia Fernão Dias. Depois, uma bela estrada até Joanópolis e depois uns 19km de estrada de terra até a pousada. Este último trecho tem belas paisagens rurais de colinas, pomares e criação de gado. Há bastente gente morando ao longo da estrada. Havia muitas bifurcações e encruzilhadas, sempre sinalizadas com o caminho a se tomar para chegar a pousada. Saí às 11:00 de São Paulo e cheguei umas 13:30, prontinho para almoçar.
A pousada é propositadamente rústica-chique, como tantas outras por alí, em São Francisco Xavier, Gonçalves, Monteiro Lobato, etc. Como a região é montanhosa, é também cheia de rios, e a propriedade era cortada pelo Ribeirão da Vergem Escura (afluente da bacia do Rio Piracicaba) cujas pedras formavam um grande poço que convidava para um banho. Nos dias em que estive lá, a água estava um pouco barrenta por causa das chuvas, mas em outras épocas o rio tem águas cristalinas. Há um belo caminho aberto até o rio, e perto da margem colocaram uns assentos que serviam para nada além da pura contemplação da natureza.
- Centro do Mapa
- no mapa
- Hotel Ponto de Luz
(interaja com o mapa)
A grande sacada do arquiteto foi construir a pousada na encosta do morro. Isso funcionava bem para dar vista alta, de qualquer ponto da pousada, para o outro lado do rio e para colinas verdejantes e arborizadas. Inclusive do refeitório e da varanda dos quartos com sua rede de balanço.
E falando nisso, a comida era bem simples mas muito gostosa, essencialmente vegetariana, às vezes com uma opção de frango ou peixe. Sempre havia sobremesas dietéticas. O serviço era ótimo, atencioso, e a inclinação exotérica da pousada parecia plantar uma consciência holística nos funcionários.
Só o preço foi na minha opinião um pouco além da conta. R$204 pela diária, incluindo as 3 refeições mais o lanche da tarde. Por pessoa. Estou acostumado a viajar pela região e sei que os preços não são bem esses. Mas calculei que no valor há uma boa lapa de moda de turismo exotérico. Aí fiquei surpreso que no final ainda me convidaram a pagar 10% de taxa de serviço opcional que é dividida entre os funcionários no final do mês. Argumentei que a pousada como um todo já era um serviço, e que não fazia sentido uma taxa de serviço sobre um serviço que por sinal já estava bem pago. Acabei sucumbindo porque continuar a discussão ia ser constrangedor para a situação. Terminou mal explicado.
Havia uma agenda de atividades diárias, com caminhada leve de manhã, algum tipo de hidroginástica antes do almoço e meditação no fim do dia, logo depois do lanche da tarde. Experimentei lá, pela primeira vez, a meditação dinâmica, especialmente desenhada para pessoas estressadas da cidade grande, como eu. Bem legal. Mas, como toda meditação, exige disciplina para se fazer todos os dias. No segundo dia meditamos num pequeno templo charmoso, construido a toque de caixa para a visita de um guru indiano.
Depois da meditação dava um pulo na piscina aquecida onde ficava de molho até a noite. O clima não estava convidativo para a piscina aberta e fria. O resto do tempo passava na rede da varanda do quarto, lendo, ouvindo música e observando as colinas tranqüilamente. Ou dava uma olhada na lojinha anexa, cheia de coisas no melhor estilo “além-da-lenda” (a coleção de CDs para vender era ótima, e levei alguns títulos). Ou ainda pode-se fazer uma das terapias e massagens disponíveis em seu cardápio de serviços, cobrados a parte, claro. Nos finais de semana parece que há palestras e atividades musicais, mas infelizmente não pude ficar para ver.
O pessoal da pousada conta que há hóspedes que reclamam que não há “nada” para fazer lá, nem telefone, nem TV, e acabam fugindo de volta para sua cidade agitada.
Bem, eu não sofro desse mal e ficaria lá pelo tempo que fosse, porque o Ponto de Luz é um lugar de paz contemplativa.