Custo e benefício de Ovos

Preço dos ovos está subindo devido a gripe aviária nos EUA. Exportações de ovos do Brasil para os EUA aumentam e isso causa inflação no preço do ovo por aqui também.

Nos dias de hoje, preço justo de ovos em São Paulo é 1 ovo ≈ R$1. Produto que custa mais do que R$1 por ovo, está cobrando por características de pouco valor real para o consumidor, como marketing ou green washing ou simplesmente grife.

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14% Açaí

14% Açaí

Abriram um lugar lindinho de açaí ao lado de casa. E hoje na inauguração ofereciam amostras em copinhos para os transeuntes.

— Puxa, tá meio claro esse açaí… — eu disse

— É que os outros lugares usam corante.

— O que importa é o número escrito na embalagem. Qual é a concentração do seu açaí?

Entrou para levantar informação tão pouco relevante, e voltou em seguida com a resposta.

— 14%

— 14%? Tudo isso? — eu ironizei. — E o que seriam os outros 86%?

— … — brisou, olhando para o céu

Eu especulei, sem ela ter refutado:

— Deve ser água, açúcar, muito açúcar, mais água, saborizante (pois sabor de açaí não agrada os paladares infantis), glucose de milho, e, e, chuchu. Deve ser.


Eu fui a um Festival do Açaí na floresta perto de Alter do Chão, no Pará, anos atrás. Eu vi colherem o cacho de frutos do açaizeiro e todo o preparo até o creme sair do outro lado 100% puro, morno, sem açúcar nenhum e com higiene questionável (porque estava sendo preparado a céu aberto de forma artesanal).

Para as nossas bandas do Sul, não dá para mandar açaí puro assim porque ele fermenta. Por isso enchem de açúcar. Mas mesmo assim pergunto: até qual nível vai cair a qualidade das coisas?

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Bacio di Latte já era

Bacio di Latte já era

A Bacio di Latte fazia um dos melhores sorvetes de São Paulo.

Mas acho que alguma coisa aconteceu. Ou eles perderam a pessoa que criava os sabores mais sofisticados, ou o paladar dos clientes se infantilizou, ou entraram na famigerada onda de redução de custos.

Antes tinham sabores com plantas e flores incomuns, combinações exuberantes mas muito bem acabadas. Hoje são todos variações sobre avelã, doce de leite e chocolate, no máximo um pistache.

A massa ainda é boa (e bem cara), mas quando venho aqui o pedido é só para as crianças.

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Maracujá é a fruta da Flor da Paixão

Maracujá é a fruta da Flor da Paixão

Eu passei a vida toda achando que o nome internacional do maracujá — passion fruit, fruta da paixão — era devido a sua cor e aroma exóticos e afrodisíacos.

Me enganaram! Ou, mais provável, eu me enganei a si próprio.

O maracujá é típico da Amazônia e o nome latim/inglês/francês — passiflora — foi dado pelos jesuítas, no século 18, porque usavam a flor para ensinar sobre a Paixão de Cristo aos nativos do novo mundo. Pois a flor tem pétalas que lembram uma coroa de espinhos, e estames que lembram uma cruz.

O nome original em tupi — mara kuya — significa alimento na cuia. Porque afinal fazemos da casca do fruto o recipiente para se comer a polpa.

Mais uma coisa bem aprendida numa bela viagem.

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Se eu fosse nutricionista

Se eu fosse nutricionista, me associaria a um restaurante de região comercial super movimentada — Paulista, Itaim etc — e ofereceria almoços e jantares para redução e controle de peso. Cardápio e quantidades viriam prontos, sem eu ter que pensar, escolher e nem me servir. Adicionalmente, o cliente sairia de lá com cardápio sugerido e escrito para seu café da manhã do dia seguinte, ítens e quantidades.

Se algo assim existisse perto de onde trabalho, eu almoçaria lá todos os dias. Todos os dias.

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Abacaxi vem da Amazônia

Abacaxi vem da Amazônia

O abacaxi é uma bromélia amazônica.

A gente chama de “fruta”, mas aquilo é na verdade um conglomerado de frutos, sendo cada fruto um dos gomos que se vê na casca. Da bromélia brota uma estrutura cheia de florzinhas, parecida com a foto. E aí cada 1 florzinha se transforma em 1 fruto. Eles vão engordando e grudando um no outro até formar o abacaxi inteiro.

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Vitória-Régia da Amazônia

Vitória-Régia da Amazônia

A Vitória-Régia, além de linda e exótica, é também uma planta alimentícia não-convencional (P.A.N.C.).

Típica da Amazônia, ancora sua raiz no fundo de lagos ou águas doces estáveis, e de lá estende grossos caules até a superfície para cada flor, cada fruto, cada folha enorme em forma de prato de 1 a 2 metros de diâmetro.

A raiz é um tubérculo, que pode ser cozido e consumido como batata. Os caules podem ser descascados e preparados como palmito ou aspargos ou espaguete. As folhas, após removidos os espinhos, podem ser consumidas cruas ou cozidas como couve.

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Panettone ou Chocottone

Panettone ou Chocottone

— Avi, você gosta mais de panettone ou chocottone?

— Eu gosto igual dos dois.

— Ah, eu já prefiro panettone mesmo. Se eu tivesse que escolher eu sempre escolheria panettone.

— Então, se eu tivesse que escolher eu deixaria prá outra pessoa escolher, prá não ter que lidar com a perda da outra opção.

Isso não é sorvete

Isso não é sorvete

No supermercado todas as opções de sorvete são “oleína de palma”, “gordura vegetal” e “pó saborizante sabor iogurte”, até nas marcas premium que demonstram forte associação com leite. A única excessão é 1 marca, importada, de nome que remete aos Alpes, com preço 11 (onze) vezes superior. Eu sai sem levar nada.

Esse abismo de opções intermediárias não é escassez de bons ingredientes. É falta de regulação sobre o que é “sorvete”. E sem regulação, fabricantes fazem escolhas estratégicas e uso intenso de método e ciência — tecnologia de alimentos, análise de dados, marketing e merchandising — novamente, não para melhorar produtos, mas para aumentar lucro dos fabricantes.

Eu não tenho nada contra lucro. Mas a que custo?

Algumas palavras na lista de ingredientes não são conhecidas pelo meu corretor ortográfico. Vai ver que é aí que reside a inovação desses produtores: inovam em formas de enganar o consumidor.

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Os melhores sorvetes que tomei (até hoje)

Os sabores de sorvete que mais me marcaram são:

  • Bacuri, da sorveteria Cairú no Pará
  • De Milho Natural (natural, na-tu-ral, sem essências) do Rei da Pamonha, nas estradas paulistas
  • Fantasia de Laranja da Sotto Zero, quando eles eram bons
  • Coco 🥥 espumante na Bahia, que não é bem sorvete, mas funciona igual. Água de coco gelada batida com carne de coco verde congelada. Só, sem açúcar nem nada. Fiquei chocado como demorei décadas para descobrir essa simples iguaria.
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Receita de Coleslaw

Receita de Coleslaw

Receita de Coleslaw

O sacana do Lôs me torturou a tarde toda mandando fotos do seu coleslaw. Ai me revoltei e resolvi fazer. Ainda bem que ele se redimiu e mandou detalhes da receita e ficou na videoconf comigo ajudando na quantidade certa de vinagre e limão.

  • ½ repolho pequeno cortado fininho
  • 1 cenoura ralada
  • 1 ramo de salsão picado

O molho é a alma do negócio:

  • maionese
  • leite
  • açúcar ou adoçante
  • sal
  • kümmel
  • ½ limão espremido
  • vinagre branco de fruta

As quantidades você faz meio a olho; o total de molho para esse ½ repolho é tipo quase 1 copo de 200ml.

A receita do Lôs leva uva passa, que eu troquei por kümmel prá tentar me aproximar do melhor coleslaw do mundo, que se come no Delishop da Shoshana e do Nir, no Bom Retiro (o Delishop já fechou e ali virou o restaurante Shoshana, que é muito bom, mas não tem mais o coleslaw).

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Restaurantes bem brasileiros de São Paulo

Restaurantes bem brasileiros de São Paulo

No circuito dos restaurantes bem-brasileiros de São Paulo, lanço aqui 3 que são notáveis: o Capim Santo, o Jiquitaia e o Tordesilhas. Valorizam tudo da nossa cultura, culinária, música, decoração e sobremesas e por isso são também ótimas opções para turistas que visitam a cidade.

A foto é do maravilhoso curry de camarão com leite de coco do Capim Santo, onde há também um delicioso caldinho de milho entre outras entradas muito elaboradas. Do Tordesilhas, lembro da maravilhosa seleção de cachaças, loucas para se misturarem aos cajus e maracujás, e também os bobós, moquecas, farofas, xinxins e pimentas. O Jiquitaia também tem batidas inusitadas, ingredientes brasileiríssimos e uma mão no fusion.

Toda baianidade também se experimenta no Rota do Acarajé, lá na Santa Cecília, onde além dos pratos impecáveis, oferecem um extenso cardápio de cachaças e batidas de frutas. O Mestiço também tem alma brazuca mas criou uma ponte de sabores com a Ásia remota.

E não se pode esquecer os milhares de restaurantes de esquina paulistanos que tipicamente e religiosamente servem toda 2ª virado à paulista e feijoada na 4ª. Mas não se comparam a busca da perfeição em todos os sentidos dos que citei no começo.

E você, teria mais dicas ?

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A falácia do Ovo de Páscoa

A falácia do Ovo de Páscoa

Ovo de páscoa é 3 a 6 vezes mais caro que a mesma quantidade de chocolate em barra. Seres humanos não comem papel celofane. Nem peixes, nem tartarugas do mar, que é onde vai parar, em forma de poluição, boa parte dessas embalagens vistosas. Faça um favor à inteligência de seus filhos e à sua, e ao planeta evitando esses produtos caros e oportunistas. A páscoa e seus ovos é uma excelente oportunidade para uma aula de educação financeira no supermercado aos seus filhos, já que escolas em geral não ensinam isso. Consumo consciente.

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Sorveteria SnowFall

Sorveteria SnowFall

Tem a sorveteria SnowFall na rua Prates e na Oscar Freire. As taças são enormes e alguns sabores muito diferentes, como o de chá verde (foto) e o de pó de soja.

A base de todas as taças é a tal neve, feita na hora do pedido por uma máquina coreana exclusiva. A neve é feita de leite, leite condensado e açúcar, e a máquina a congela e transforma num tipo de raspadinha na hora.

Os sorvetes são menos doces e são acompanhados de feijão azuki e outras coisas desconhecidas para nós, mas que são muito populares na Coreia.

Como as taças são grandes, recomendo almoçar sorvete. Se você já vier “almoçado”, talvez a taça seja de mais. Aí eles têm opções de picolés muito bons ou de macarrons com sorvete (também meio grandes).

Definitivamente um lugar prá voltar !

Receita de Pimentões Assados

Receita de Pimentões Assados

pimentoes-assadosIngredientes

  • Pimentões vermelhos e verdes
  • Sal, vinagre, açúcar (ou adoçante)
  • Azeite de oliva

Preparo

  1. Asse os pimentões diretamente no fogo da boca do fogão até queimarem em todos os lugares.
  2. Insira-os em sacos plásticos fechados até esfriarem. Continuarão cozinhando dentro do saco com seu próprio calor.
  3. Remova a fina pele dos pimentões debaixo de água corrente da torneira e sobre uma peneira grande, até ficarem limpos. Remova também as sementes.
  4. Corte ao meio de forma que se tire 2 “bifes” de cada pimentão.
  5. Tempere a gosto e misture com sal, vinagre, azeite de oliva e um pouco de açúcar ou adoçante.

Números de uma Pizzada

  • Número de pessoas presentes: 19
  • Quantidade de pizzas: 7
  • Cobertura mais pedida: margheritta
  • Preço aproximado de cada pizza em Reais: 60
  • A conta total em Reais, incluindo serviço: 790
  • A parte da conta em pizzas, em Reais incluindo serviço: 420
  • A parte da conta em caipirinhas, cervejas, bebidas e algumas sobremeses: 370
  • Peso da conta para a pizza (centro do programa): 53%
  • Peso da conta para bebidas e sobremesas (acessórios, apetrechos): 47%

Esses números foram coletados (e as pizzas comidas e o evento celebrado) na pizzaria Veridiana de Higienópolis. Pizza excelente, companhia excelente.

Conclusões:

  1. Pizza era um programa barato
  2. Beba antes de sair de casa
  3. Trace a sobremesa só quando voltar para casa

Por que Castanha de Cajú é tão cara ?

Veja que preços estranhos:

Preço do kg Origem
Castanha de Cajú graúda R$39,90 Norte e Nordeste brasileiros
Macadâmia R$38,90 Australia, Hawaii, África do Sul
Amendoa R$29,90 Oriente Médio

Alguém pode me explicar por que a castanha de cajú é mais cara que essas outras castanhas importadas visto que o cajueiro nasce e cresce espontaneamente, quase como praga, em vastas regiões quentes do Brasil ?

Me parece que deve haver um monopólio na distribuição da castanha, falta de concorrência etc, que define o preço que quiser.

Lamentável.

A Melhor Sobremesa de São Paulo

Você pode ir lá e nem se maravilhar com as entradas inusitadas. Passar reto pelos pratos multiétnicos bem bons. E nem se preocupar com o hype descolado dos frequentadores. Deixe todo esse glamour para outro dia, outro jantar.

Vá ao Carlota, atravesse o cardápio em passo reto para as sobremesas e escolha o Carlota Pernambucana. Só eu aqui vou te contar que trata-se de um tipo de petit gateau de banana ainda na forma, acompanhado de sorvete de canela (o melhor sabor de sorvete, depois do de bacuri). Quando se parte o bolo, o creme de banana escorre quente e perfumado. A canela gelada faz um contraponto perfeito e equilibrado, tanto na temperatura quanto no balanço das especiarias. Mmmmmmm…

Pronto, contei. Estava devendo isso há tempos para meu blog e para meus leitores.

A Volta do Maha Mantra

Depois de muito tempo voltei ao Maha Mantra (também conhecido com o melhor restaurante vegetariano do mundo) para almoçar ontem. Descobri que mudou de dono e agora Fernando e Mariana tocam simpaticamente o lugar.

A comida continua espetacular, com ênfase no sabor indiano e temperos marcantes. Fernando me atualizou que os vegetais agora são orgânicos e vêm muito frescos de uma fazenda de Morungaba. É verdade, fresquíssimos.

O pudim de yougurt na sobremesa continua sensacional. E os chutneys, ah os chutneys…

A partir de 15/08/2008 o Maha Mantra abrirá nas noites de sexta e sábado servindo um buffet se sopas e saladas e opções no cardápio. Especificamente no dia 15/08, a partir das 18:30, haverá uma cerimônia do fogo para inaugurar essa nova atividade, com boca livre do buffet. Não vou perder.

Tratando de Tordesilhas

Esta semana levei uns parentes do exterior para jantar no Tordesilhas, restaurante brasileiro especializado em Bobós, Farofas, Muquecas, Maracujás, Mandiocas, Dendês, Côcos, Pimentas, Cachaças, Goiabas, Açaís etc da nossa Terra Brasilis.

Eu fiquei nada menos que impressionado em como tudo estava saboroso e o atendimento impecável.

Esse restaurante é parada obrigatória para qualquer estrangeiro que der um tempo em São Paulo, afinal nossa culinária e sua diversidade é a rota mais deliciosa para se conhecer o Brasil.

Você, brasileiro, também não deixe de experimentar. R. Bela Cintra 465, perto da Av. Paulista.

Chocalán Carménère Reserva 2005

Num jantarzinho em casa ontem abrimos um Chocalán Carmenère Reserva 2005 que eu trouxe do Chile semana retrasada.

Comprei esse vinho porque pude degustar na loja, era bem barato (acho que uns R$25 depois de converter de Pesos Chilenos) e a princípio não tinha gostado do cheiro, mas o sabor era bem melhor.

A surpresa ontem: depois que ele ficou bastante tempo respirando, ficou melhor ainda. Definitivamente uma ótima relação custo-benefício.

Diga-se de passagem, meu amigo enófilo me disse que 2005 foi um super ano para os vinhos chilenos, apesar de ainda ser cedo para abrí-los.

Sorveteria Frutos do Cerrado em Goiânia

Depois você me diz se isso é uma dica quente ou bem gelada.

Passando por Goiânia, não deixe de visitar a Sorveteria Frutos do Cerrado. Começaram fazendo picolés caseiros de frutas da região e acabou virando uma cadeia de lojas.

O sorvete é excelente, feito com muita polpa da fruta. O de graviola foi o mais lotado de graviola que já provei. Há também o de gabiroba, pequi, buriti, jaca, cajá com sal e outras frutas que nunca ouvi falar. Provei também um Romeu e Julieta feito com queijo mesmo. Bem interessante.

Ainda bem que vi a sorveteria em um dia e fui conhecer só no outro, preparando-me com um jejum de almoço a fim de traçar uns 8 picolés. A sorveteria é mesmo um ponto turístico.

Além do mais, Goiânia está muito bonita. Flamboyants frondosos e floridos disputam espaço com centenas de mangueiras carregadíssimas. O povo é aberto e simpático e as mulheres são lindas e de tirar o fôlego.

Vale uma visita, principalmente se você for solteiro.

Petit Comité com Pintia Tempranillo 2001

Pintia Tempranillo 2001Ao entrarmos em sua adega pessoal, mais de 800 garrafas gritavam “pick me, pick me”. Nossa ansiosidade era tanta que o termômetro mostrou aumento de temperatura de 17 para 18°C. Sacamos um Pintia Tempranillo 2001, da região do Toro na Espanha. Um supervinho com aromas que nunca havia experimentado antes.

É muito chique ter uma adega particular. Mais chique ainda saber quais vinhos servir e tal. Muito chiques esses meus amigos.

Foi um petit comité que desafia o paladar, como todos os que eles nos convidam. Uma outra vez naquela mesma sala renasci (já meio bêbado, confesso) quando ele serviu algo que nem sabia que existia: pequenas garrafas de vinhos de sobremesa com uvas de colheita tardia. Ele gostava mais do deslumbrante sul-africano, mas eu me apaixonei mesmo pelo Henry Cosecha Tardia 2003, argentino da Lagarde.

Naquele dia, as outras pessoas continuavam falando de estátuas, o Crescente Fértil, chicle de bola, sei lá. Mas eu me deslumbrava na viagem dos vinhos. A quantidade de perfumes e complexidades que pode uma garrafa conter desafia qualquer lei da física.

Petit comité no LosPara a sobremesa de ontem, abrimos um Alvear Pedro Ximénez Solera 1927 (sim, você leu o ano corretamente), extremamente doce, licoroso, de textura espessa, com aroma de calda de figos, para acompanhar um revezamento entre sorvete Häagen-Dazs Praline e queijo tipo roquefort, este último bastante salgado, como de costume, para balancear a doçura do vinho.

Aguardamos ansiosamente a próxima oportunidade, e acho que vai ser regado a Zinfandels que eu trouxe da Califórnia.

Sottozero já era, se vira

Eu lembro quando a sorveteria Sottozero abriu sua primeira loja na Rua Augusta em São Paulo.

Quilômetros de paulistanos se empacotavam na rua para mandar ver aquele sorvete novo e diferente. Eu demorei mais de ano para provar por que não sou muito chegado em lotação.

Inesquecível também quando finalmente fui agraciado pelo seu sorvete ultra-sofisticado. Tinha um sabor temporário chamado Fantasia de Laranja que era nada menos que apoteótico. Só uma vez na vida.

Isso foi há muitos anos. Ontem levei uma prima americana para se sorvetar na Sottozero da Sumaré. Fiquei meio chateado. Eles ainda têm uma lista comprida de sabores pitorescos mas a qualidade enveredou para bem regular. Antigamente seu sorvete ineditamente cremoso escorregava da pá, hoje é tão duro quanto as massas de supermercado. E alguns sabores têm um final nítido de artificial, a começar pelo de graviola que provei ontem.

Uma pena tanto talento de confeiteiro se curvar à necessidade de aumentar os lucros.

De sorvete bom em São Paulo há a Offelê na Lorena. Prove o de castanhas portuguesas (marrom glacê), zuppa inglese, e o de milho se tiverem. E na Parmalat pode-se elevar a alma com os espetaculares Canela e Cookies ao Porto, por caros R$7 o copinho. De supermercado tem o de Abóbora com Côco da La Basque que é absurdamente bom e caro ao mesmo tempo. A Ofner também sempre fez um sorvete responsa daqueles que preenchem até o vazio da alma.

Agora, o melhor sabor de sorvete do universo é o de Bacurí, uma fruta do norte. Em Sampa, de tanto que martelo, começou a ser servido em alguns lugares. Tente num bar chamado Feira Moderna (rua Fradique Coutinho perto da rua Wizard) ou uma pequena cafeteria que fica no Itaim Bibi, na rua Jesuino Arruda entre ruas João Cachoeira e Manuel Guedes.

Destaque para uma sorveteria de Paraty chamada Sorveterapia, na avenida da entrada da cidade. O dono é um cara simples e que faz os sorvetes com as próprias mãos observando altíssima qualidade dos ingredientes sempre naturais. Ele gosta de fazer experiências e o que vende hoje é resultado de anos de alquimia refinada.

Deveriam erguer uma estátua em homenagem ao cidadão que inventou o sorvete. Sua importância histórica é maior que a de figuras como Stalin, e o bem que fez à humanidade é comparável ao de Einstein.

Banana Verde

Esta semana fui atualizar a maior lista do mundo de restaurantes vegetarianos em São Paulo, para adicionar também um mapa interativo e as últimas novidades, e esbarrei no Mude o Mundo que availou o Banana Verde.

Fiquei com água na boca e fui almoçar .

Restaurante bem bonito, bem localizado na Vila Madalena. Não é self-service como a maioria dos vegetarianos. O esquema é o mesmo do Gaia, com duas opções de entradas, pratos principais e sobremesas.

Fui num tabule de quinua para começar, depois num pene ao sugo com bastante brócolis e queijo, e no creme de papaya com morangos. Feel Good para acompanhar.

Estava excelente e muito bem servido. Mas quem tiver estômago grande pode repetir, eles trazem mais pelo mesmo preço.

Entre as opções sempre há uma ovo-lacto-vegetariana, e outra 100% vegetariana (vegan) para agradar os salvadores dos bichos.

Dentro do restaurante há uma lojinha de coisas naturais e livros de bem estar, incenso, velas e outros apetrechos zen. Me divirto com essas coisas.

Meu celular captou uma rede WiFi que o gerente gentilmente me deu a senha, e usei a Internet entre um prato e outro.

Funciona de terça a domingo só no almoço, R$20 e R$22 finais de semana e feriados, e inclui tudo menos a bebida.

Pode ir. Eu recomendo.

Feel Good


Feel GoodConheci a uns meses atrás o chá verde Feel Good.

Hoje acho que é a melhor bebida gelada que se vende por ai. É levíssimo, sem açúcar e tem um sabor inusitado.

Na Ásia Central toma-se isso — mas em versão quente — o tempo todo e em todas as refeições. Quando adicionavam lima (que no resto do mundo é conhecido como lemon) o sabor ficava igual ao Feel Good. Bem bom.

Agora que voltei ao Brasil, vi que lançaram mais um sabor, o de laranja com gengibre. Não demorei para provar e é bom também, mas prefiro o tradicional com seu sabor, assim, tipo, pitoresco.

Tem também o de soja, mas não sou muito chegado e nunca provei.

Não é em todo restaurante que se acha o Feel Good. Mas se tiver a oportunidade, eu recomendo provar.