Filhote Pai D’égua

Cheguei ontem em Belém do Pará, para um evento, e jantei num ótimo restaurante chamado Lá em Casa.

Foto do Lá em Casa Queria traçar uma comida típica e o garçom foi excelente nas sugestões e descrições, e acabei indo no Filhote Pai D’égua. Filhote é um peixe da região, e o prato vinha acompanhado de arroz com jambú (que parece espinafre, mas é diferente), farinha molhada com leite de côco, e salada de feijão manteiguinha de Santarém (um feijão claro e muito pequeno). O peixe era grelhado, macio, suculento e muito saboroso.

Prato de Filhote Pai D'éguaO garçom — cujas explicações regionais não deixavam a desejar perto de qualquer documentário de Travel Channel — explicou que o nome “Filhote” caiu na boca do povo como o nome do tal peixe. Mas não é. Chamam-no assim até ele atingir 20kg. Pense num peixe de 20kg que é chamado de Filhote. Bem, depois disso o nome dele vira Piraíba, mas seus 100kg não são mais apreciados porque na fase adulta sua carne fica fibrosa. Imagine um peixe de 100kg!! Coisas da Amazônia….

Já estava satisfeito quando descobri que a carta de sobremesas incluia sorvete de Bacurí — a maior de todas as delícias da Amazônia, talvez do Brasil, que já conhecia de outra viagem que fiz aos Lençóis Maranhenses e ao Piauí. Para não desencarnar de êxtase, pedi só uma bola, acompanhada de outra de sorvete de tapioca. Dormi feliz, mesmo porque tinha passado o dia comendo só barras de cereais nos vôos.

Em São Paulo pode-se provar sorvete de Bacurí numa pequena cafeteria que fica no Itaim Bibi, na rua Jesuino Arruda entre ruas João Cachoeira e Manuel Guedes.

Belém do Pará

Belém é uma cidade plana, com casarões antigos muito bonitos, alguns infelizmente não muito preservados. O que mais impressiona na cidade são as mangueiras carregadas e outras arvores gigantescas que enfeitam as ruas. Um taxista me contou que as mangas dessas árvores eram uma arma letal da natureza contra os carros passantes, mas agora a prefeitura organizou um esquema em que elas são colhidas das árvores e transformadas em suco para escolas carentes.

Estação das Docas nas margens do Rio Amazonas.

Fui ao evento na sexta, na famosa Estação das Docas, que fica na beira do rio Amazonas. No almoço um garçom me informou que havia uma feira livre — que depois soube que era a Feira do Ver-o-Peso — a sudoeste (dava para ir a pé), onde uma senhora (e suas filhas) vendia polpa de frutas. Numa operação rápida atravessei a feira, comprei um isopor, e enchi com 4 litros de polpa de Bacurí e Graviola. A Tati ganhou uma sorveteira esses dias, que só faltava agora se juntar às polpas e me proporcionar a atmosfera ideal para desencarnar de vez com a êxtase do sorvete de Bacurí.

No fim do evento, aquele povo lindo de feições indígenas se juntou na parte externa das Docas, de frente para o rio, para ver um show que acontece toda sexta-feira, e sucedeu uma cena tocante: todos suspiraram sincronizadamente ao ver o último fio de sol sumir, laranja, quente, lindo, atrás da floresta, que ficava atrás daquele pequeno — mas já gigante — braço do rio Amazonas.

Dançarinas em BelémAcho que por respeito ao por-do-sol, a banda só começa a tocar logo depois. Músicas regionais que todos conheciam, menos eu. Lundus, etc. E depois entrou um grupo de dançarinas morenas e sorridentes, girando suas saias longas com os braços erguidos. Era uma cena da mais pura e singela alegria.

Mais uma vez, adorei o Pará.

Migro meu Blog para o WordPress ?

Hoje sou um relativamente feliz usuário do Blogger, do Google. Mas me faltam coisas como categorizar posts, mais controle sobre os posts e comentários, etc.

Muita gente usa o WordPress, e queria saber: migro p/ o WordPress ou não ?

Vocês usam o WordPress no WordPress.com mesmo (com configurações limitadas), ou baixaram o software de WordPress.org e insatlaram no site de vcs ?

Não vi forma alguma de usar o serviço do WordPress.com e ter o blog no meu domínio. É isso mesmo ?

Tentei fazer testes de importação dos posts e comentários do Blogger, e não consegui: deu pau com mensagens estranhas. Confere ?

Onde há um diretório de templates PHP supimpas para escolher ?

Obrigado pelas dicas !

Desenvolvedores versus Programadores

Achei ótimo este ensaio comparando programadores e desenvolvedores. Está dividido nas seguintes partes:

  • Desenvolvedores são de Marte, Programadores são de Venus
  • Desenvolvedores tem algum conhecimento do escopo e do negócio
  • Desenvolvedores se preocupam com manutenções de mais
  • Desenvolvedores sabem que métodos de trabalho são mais importantes que cortadas técnicas
  • Programadores acham que a solução para todos os problemas é programar
  • Desenvolvedores procuram repetição, programadores gostam de heroísmos singulares
  • Programadores gostam de complexidade, desenvolvedores favorecem simplicidade
  • Desenvolvedores se preocupam com os usuários
  • Desenvolvedores gostam de satisfazer uma necessidade, programadores gostam de terminar
  • Desenvolvedores trabalham, programadores brincam

Quando eu faço pelestras, insisto em enaltecer a importância dos desenvolve/programadores, e como o autor, vou trocando de termo para não soar repetitivo. Vou prestar mais atenção de agora em diante.

Você, leitor, é um programador ou um desenvolvedor ?

Diga-se de passagem, vou começar a acompanhar esse blog Hacknot. Quase anônimo, ele tem uma aura de mistério atraente, e é muito bem escrito.

Censo Populacional de Linux na br-linux.org

Acabei de votar no censo de Linux do br-linux.org

Meus votos:

  • Ferramenta de Administração do sistema: rpm
  • Ferramenta de Segurança : ssh e iptables
  • Servidor de Banco de Dados: DB2
  • Visualizador de Vídeo: mplayer
  • Programa de Audio (MP3 e similares): amarok
  • Editor de textos: kate
  • Navegador web: Firefox
  • Programa de mensagens instantâneas: kopete
  • Cliente de e-mail: GMail
  • Agregador RSS: Google Reader
  • Aplicação P2P: Azureus (BitTorrent)
  • Ambiente Gráfico: KDE
  • Ferramenta de Desenvolvimento: KDeveloper e Eclipse
  • Linguagem de programação: C, C++, Java e Shell
  • Editor de imagens: Kuickshow e Gimp
  • Suíte Office: OpenOffice.org
  • Distribuição Live CD: Knoppix
  • Distribuição nacional:
  • Distribuição para desktop: CentOS ou SLED
  • Distribuição para servidor: Red Hat Enterprise Linux
  • Site nacional, excetuando o BR-Linux: vivaolinux.com.br
  • Site internacional: ibm.com/developerworks
  • Personalidade da comunidade livre nacional: EU !
  • Personalidade da comunidade livre internacional: Bob Sutor
  • Ponto alto do software livre em 2006: A Iniciativa Elektra
  • Ponto baixo do software livre em 2006: Iceweasel – o ridículo nome que a comunidade Debian decidiu dar ao Firefox, só no Debian
  • Fórum web ou lista de e-mail:
  • Livro sobre software livre: O do Cezar Taurion sobre Software Livre
  • Grupo de usuários ou organização livre nacional:
  • Evento da comunidade:
  • Empresa atuante na comunidade livre nacional: 4Linux
  • Revista que acompanha a comunidade livre: Linux Magazine

Aspirina para a Febre Ubuntu

Nunca usei o Ubuntu, mas todo mundo diz que ele é facinho facinho de usar.

Legal. Fico feliz por ele.

Mas encontrei com um cara recentemente, bem famoso na comunidade Linux, que tem uma visão bem madura das coisas e bem antenado na história do Debian e Ubuntu. Contou que a empresa Ubuntu é do fundador da Thawte — que foi vendida a preço de ouro para a Verisign. Ai ele pegou esse monte de dinheiro e foi se divertir montando a Canonical (empresa que desenvolve o Ubuntu).

Ele apontou enormes pontos de interrogação na estratégia do Ubuntu. Tipo, como eles mandam CDs de graça pra todo mundo ao redor do mundo? Como eles dão suporte de graça bastando ligar para eles? Afinal, como eles ganham dinheiro? Etc.

Resumo da ópera, o modelo de negócio do Ubuntu como empresa é muito duvidoso, se é que tem lá um modelo de negócios.

Então para se divertir, em casa, etc, usar o Ubuntu é legal, e eu incentivo muito. Mas para usa-lo numa empresa, de uma forma responsável, de jeito nenhum por enquanto.

Eu ainda sou da linha que técnicos devem usar em casa, para aprender, uma das 2 grandes distribuições: Red Hat ou SUSE. Não quer comprar a subscrição? Não precisa. Use gratuitamente o Fedora ou CentOS para usar o sabor Red Hat, ou OpenSUSE para saborear SUSE.

PVFS, GFS e IBM GPFS

Descobri hoje o PVFS (parallel virtual filesystem). Parece ser a única coisa arquitetonicamente semelhante ao GPFS da IBM.

A característica que acho a mais atraente nesses filesystems é que pode-se monta-los com um cluster de computadores simples, desta forma:

  • Cada um deles doa parte de seu storage interno para a célula do filesystem, por exemplo, uma partição
  • Os servidores (que podem ser clientes também) são membros da célula
  • Um servidor (ou serviço) de metadata define políticas para distribuir os arquivos fisicamente pelos computadores
  • Um nó que precisa acessar com mais freqüência um certo arquivo, terá ele (ou um cache dele) em seu storage local

Isso garante paralelismo, porque todos os membros acessam um único filesystem lógico que na verdade é uma núvem espalhada por todos os nós. E garante performance, porque coloca o dado (ou arquivo, ou parte dele, ou um cache) mais perto de quem mais precisa dele no momento.

Em contrapartida, o GFS da Red Hat é centrado no storage físico (geralmente externo), ou seja, não implementa esse conceito de nuvem espalhada pelos membros do cluster. Ele está mais preocupado em administrar o acesso físico simultâneo ao storage.

Dando uma rápida olhada, o PVFS me pareceu precisar ainda de uma polida. Seus comandos são feios, e configuração não muito intuitiva e não bem integrada ao sistema operacional, mas é Open Source. O GPFS por outro lado é um produto maduro, já usado nos maiores clusters computacionais do mundo mas é pago.

Acompanho esse mundo de filesystems desde a época do AFS (bela arquitetura mas muito complexo), passando pelo DFS (mais complexo ainda), Coda (vapourware), Inter-mezzo (vapourware), até os de hoje. Eles tem potenciais muito interessantes em aplicações de grandes escritórios distribuidos e de clusters de alta performance. Aqui na IBM, internamente temos algumas células AFS, mas gradativamente estamos migrando para uma nova arquitetura batizada de GSA (Global Storage Architecture), baseada em GPFS, mas acessível por Samba, NFS, etc.

Feriado em Caldas da Imperatriz

Eu que nunca ganho nada, ganhei um final de semana no Resort Plaza Caldas da Imperatriz, na serra de Santa Catarina, uns 40 km de Florianópolis. Como eu tinha que estar em Floripa na segunda-feira, 16 de outubro, resolvi passar o feriado inteiro lá, numa espécia de mini-férias, chegando na quarta anterior, a noite.

A princípio, Tati e eu achamos que talvez seria tempo de mais ficar 4 dias enfurnado num “resort” — palavra que me dava calafrios só de imaginar. Estavamos enganados e foi mais-do-que-ótimo.

Ofuros ExternosEra um hotel grande e legal montado sobre umas fontes históricas de águas termais — que já brotam da terra a agradáveis 39° C —, em Santo Amaro da Imperatriz, SC. Então, por causa disso, o hotel dava foco a banhos, hidromassagens e piscinas com cascatas quentes. Contei umas 2 piscinas fechadas, 1 gigante externa, 5 ofuros externos e mais uns 2 internos, fora as saunas e duchas. O resort estava cheio de gente de todos os tipos, principalmente famílias e era comum ver os hóspedes circulando de roupão pelo hotel.

Além disso, havia um SPA que oferecia massagens e tratamentos especiais, e pacotes de alimentação acompanhada de nutricionista. Tudo isso, claro, cobrado a parte.

Fazíamos todas as refeições lá mesmo, com muitas opções quentes, de saladas, e de sobremesas. Tudo muito bom, mas acho que na cozinha eles podiam pensar um pouco mais nos vegetarianos: até um frugal arroz-a-grega levava uns pedaços de presunto que não precisavam estar lá.

Piscina ExternaTodos os dias eles publicavam uma programação diferente para adultos e crianças, que incluia hidroginástica, aulas de dança, caminhadas, trilhas, filmes, música ao vivo, mágico, aulas de Tai Chi Chuan e Lian Gong (um tipo de auto-massagem que parece Tai Chi). Quando não queríamos fazer uma das atividades, saíamos para passear pelos belos jardins de bromélias, palmeiras imperiais, flores, rios, lagos e pássaros. Ou caíamos na água morna de um dos ofuros. Ou ainda nos refugiávamos no quarto para assistir TV a cabo até o sono da tarde chegar tranqüilo.

Fiz algumas massagens, esforcei-me para me alimentar sem exageros e corretamente, fiz questão de manter a mente longe de coisas que a deixavam muito agitada, e o resultado foi uma bela limpeza perceptível de corpo e alma.

A-do-rei.

Poema de Mulher

Do livro Tapa de Humor Não Dói do grupo carioca O Grelo Falante.

Que mulher nunca teve:
Um sutiã meio furado.
Um primo meio tarado.
Ou um amigo meio viado?

Que mulher nunca tomou:
Um fora de querer sumir.
Um porre de cair.
Ou um lexotan para dormir?

Que mulher nunca sonhou:
Com a sogra morta, estendida.
Em ser muito feliz na vida.
Ou com uma lipo na barriga?

Que mulher nunca pensou:
Em dar fim numa panela.
Jogar os filhos pela janela.
Ou que a culpa era toda dela?

Que mulher nunca penou:
Para ter a perna depilada.
Para aturar uma empregada.
Ou para trabalhar menstruada?

Que mulher nunca comeu:
Uma caixa de Bis, por ansiedade.
Uma alface, no almoço, por vaidade.
Ou, um canalha por saudade?

Que mulher nunca apertou:
O pé no sapato para caber.
A barriga para emagrecer.
Ou um ursinho para não enlouquecer?

Que mulher nunca jurou:
Que não estava ao telefone.
Que não pensa em silicone.
Ou que “dele” não lembra nem o nome?

Acabou Tudo

Fábio Gandour toca o time de Novas Tecnologias na IBM Brasil e publicou um artigo interessantíssimo na Intranet, que reproduzo aqui, para depois comentar. Não se engane com a linguagem que ele usou. O público alvo do artigo é uma população enorme de gente de todos os tipos e idades, e por isso forçou uma linguagem simples.

Acabou tudo. Ou então… estamos começando de novo

Por Fábio Gandour

Há 260 semanas, em todas elas, estamos aqui falando de ciência, tecnologia, pesquisa, idéias, inovação, vanguarda e coisas de igual sabor. Uma delícia! No entanto, sabendo vocês ou não, a acomodação não ajuda a evolução cultural do homem. Por mais delicioso que seja, contentar-se com o mesmo banquete, ainda que com pratos variados, não promove o avanço do saber universal. Nem em extensão e nem em profundidade. E é esta desacomodação, este desarranjo, este distúrbio, subversão até, que a gente quer criar hoje. E criar bem aí, na cabeça de vocês.

Pra começar, imagine uma situação em que tudo o que se disse e se fez a respeito de ciência, de repente estivesse inválido. Mas… não inválido porque estivesse errado e sim porque simplesmente perdeu o valor. Assim… num instante, percebemos que acabou tudo! Sim, tudo que foi feito na ciência continua aí, mas perdeu o valor, a utilidade. O conhecimento, de repente não é mais capaz de resolver os problemas. Meio maluco, né não?!? Pois é, apesar de meio [ou muito, concordo :-)] maluco, talvez a gente esteja mais perto desta conclusão do que você [e eu também, confesso :-)] podemos imaginar. E a razão desta súbita perda de utilidade de tudo que se sabe não vai ser por conta da perda de valor intrínseco do conhecimento. O que pode acontecer é que a complexidade do mundo tende a aumentar tanto que o pensamento científico atual não tenha mais instrumentos teóricos e práticos para resolver os problemas. Viu como isto pode estar mais perto do que vocês imaginam!?!

Bem… peraí, não vai sair correndo desesperado que você pode assustar os vizinhos :-). O mundo não vai acabar por causa disso!!! Até porque tem gente que já percebeu a existência desta possibilidade e vem tentando evitar que o pior aconteça. O principal destes caras chama-se Stephen Wolfram [biografia, publicações, cores prediletas e número do sapato, tá tudo aqui – querendo mais, o site do cara é bem este].

O cara é fera. Publicou o primeiro trabalho científico aos 15 anos e concluiu o PhD aos 20 [sentiu?]. Durante 10 anos, dedicou-se a escrever um livro. Só um. O livro se chama “A New Kind of Science”. Não tem em Português. E também acho que não vai ter porque… o livro é imenso [tem mais de 1200 páginas] e duro de ser lido [depois de 2 meses, estou na página 115, onde começa o capítulo “Sistemas Baseados em Números”]. E como sabemos que é pouco provável que alguém vá ler o livro do Wolfram, contamos o fim do filme: no fim, o livro indica que estamos muito perto do problema falado aí em cima.

Dito de maneira assim bem simplezinha, o cara afirma que a ciência universal, baseada na álgebra árabe e na lógica que nasceu na filosofia e foi importada pela matemática, não vai dar conta do recado. E se isto não vai funcionar, todo o resto, da física à literatura, vai servir pra muito pouco. Grave, não?!? Tem mais: o Wolfram só aponta a existência do problema, mas não dá uma solução completa. Portanto, acabou tudo. Ou então, é hora de começar de novo. Começar lá no fundo, lá atrás. Criar uma nova abstração, uma nova noção de quantidade e de medida, um outro sentido para a percepção das coisas.

É, eu sei, tá meio confuso, mas… eu falei que ia gerar desacomodação, desarranjo, distúrbio, E claro que este assunto não termina aqui. O artigo sim, termina. Mas o assunto vai longe, muito longe… É bem provável que você nem veja o desdobramento disso tudo, mas seu neto [ou filho, vá lá :-)] vai ver. E poderá até dizer que o vovô tinha razão. Paro aqui. Qualquer hora eu volto nisso.

P.S.: Conheci o Stephen Wolfram. Foi demais!

Achei interessante o problema que Wolfram está estudando.

Sou um espiritualista e acredito que a mente humana tem limitações de alcance. Não é tudo que se pode explicar com matemática, ou as leis da física, ou da ciência. Seria muito prático se fosse assim, mas talvez o mundo seria um pouco sem sabor. E olha que eu me considero um cientista.

A ciência está chegando nos limites do macro e do micro, e os cientistas quebram o escopo das leis do mundo em duas partes: as do mundo atômico e as do grande universo. A busca por uma única lei que explica tudo, elegante e universal, como desejava Einstein, está mais longe de terminar do que nunca.

Apesar disso, acho que a ciência pode e vai um dia abranger tudo, mas até lá o conceito de ciência terá que mudar, e terá que ser menos mental e mais intuitiva (algo que está além da mente). É vasto o número de relatos de ioguis que vão para um “além-mundo” em suas meditações, e quando voltam sempre contam as mesmas coisas sobre suas experiências:

  1. Tem-se a nítida sensação de que o mundo físico que julgamos ser real, é completamente irreal.
  2. É um “lugar” de incomensurável paz e de infinita inteligência, onde tem-se uma conciência universal maior e infinita (sempre usam as palavras paz e inteligência).
  3. A mente é incapaz de entender esse “lugar”.

E é engraçado que eles tem essas percepções justamente quando dizem estar com a “mente vazia ou anulada”.

A resposta para tudo está dentro de nós.

Os Novos Sons do Mundo

CDs Buddha-BarCaí na estrada com todos os 16 CDs dos 8 albuns Buddha-Bar compactados em práticos 2 CDs de MP3. Para quem não sabe (eu não sabia até uns 3 meses atrás) os Buddha-Bar são belíssimas compilações de DJs do bar-restaurante-lounge Buddha-Bar de Paris, e trazem sons do mundo todo, parte no estilo lounge/chill out/ambient, parte em ritmos mais animados.

Alguns anos atrás eu diria que isso é música alienante e me manteria fiel a MPB, ou ao Instrumental Brasileiro; como a mais uns anos antes diria que qualquer coisa fora do hard rock seria “fagot-music”. Incrível como os gostos mudam quando agente mantém a mente aberta…

Hoje tenho me sintonizado mais com essas pulsações globais. São sons que me fazem sentir parte de uma coisa maior, que amplificam a visão, a respiração, sei lá. Fazem os nossos problemas precerem menores ainda porque insistem em nos lembrar que o mundo não termina na nossa cultura.

No meio de um monte de coisas interessantes, há canções realmente lindas, e separei algumas degustações para vocês: a etérea Tibet (a passage to…) de uns tais de Tibet Project, e a maravilhosa Onón Mweng de Oliver Shanti.

Essas canções fizeram as paisagens de Ilhabela ficarem ainda mais paradisíacas nesse final de semana.

Levitação

Voltei a sonhar que podia voar.

Saltava de um lugar alto descendo devagar até chegar em baixo. Ou simplesmente decolava e ia para onde queria. Ou ainda saia do topo de um edifício e chegava em outro.

Não tem nada a ver com o que a gente vê nos filmes de super-herói. Era um vôo de paz, lento, com movimentos harmônicos e dançantes no ar, sem pressa.

É tão real que a gente acorda com a sensação de poder abrir a porta de casa e sair levitando. Lembro que quando era criança cheguei a tentar isso.

Não tem sonho melhor.

Um Vegetariano no Mundo dos Negócios

Ontem fui a um evento do rico mercado de tecnologia. Por começar cedo, durar o dia todo e se estender até a noite, foram servidos diversos café da manhã, coffee-breaks, almoço e coquetel no final do evento.

Eu sou vegetariano.

Havia sanduiche de metro, de pastrami, salame e peito de peru. Perguntei se havia alguma opção mais vegetariana, menos carnívora, ou só com queijo, e os garçons mal entenderam do que estava falando. Tive que me contentar só com pão de queijo, muito sem-vergonha.

No almoço, era arroz com açafrão, batata gratinada com queijo brie e três opções de carne: tiras de frango com um molho, cubos de carne ao molho madeira com cogumelos, e rondeli recheado com ricota e frango. Atenção especial para este último, porque achei que ia conseguir separar a carne, mas não: o recheio do rondeli continha pedaços bem pequenos de frango. Resultado, tive que comer arroz e batata.

Minha dieta não foi nada nutritiva. Não havia outras opções para vegetarianos.

Fiquei imaginando como essa comida toda é contratada por quem faz o evento.

  • — Vocês do buffet, por favor coloquem tudo do bom e do melhor, porque quero impressionar meus convidados !
  • — Pois não, então tudo terá carne.

Um vegan (quem nem leite e ovos come) então, nem se fala. Ia ter que levar maçã de casa para não definhar de fome, por absoluta falta de opções para comer.

Durante o almoço o buffet passou um ficha de avaliação e não demorei a sugerir para pensarem nos vegetarianos, bem como lembrar de orientar seus clientes de que nem todos os convidados podem ter os mesmo hábitos alimentares de quem faz o evento.

Bem, não fiquei para o coquetel no final, mas achei aquilo tudo muita falta de senso de diversidade. E isso é bem comum nos inúmeros eventos em que vou.

Antes de votar…

…consulte perfil.transparencia.org.br onde é possivel fazer consultas sobre todos os candidatos, como bens declarados, atuação parlamentar, emendas de sua autoria, gastos de gabinete, quem financia campanhas, etc.

O site ainda permite fazer uma pesquisa de quando e como o candidato apareceu no jornal.

Superútil. Só falta eu poder registrar em quem votei nas últimas eleições para poder acompanhar, porque sinceramente não lembro mais….

Não Subestime as Pessoas

Alguns anos atrás, quando era mais idealista e ingênuo, recebia projetos para executar que tinham sido arquitetados por outras pessoas.

Eu era também muito sabichão e achava que havia a forma correta para fazer as coisas. Com toda essa pompa, certamente achava vários defeitos nesses desenhos. Na verdade achava eles uma droga. Era inaceitável que alguém pudesse fabricar um trabalho de tão baixa qualidade, e ficava nervosíssimo porque era eu quem tinha que executar.

Claro que achava que se estivesse no lugar do projetista, teria desenhado muito melhor, mais bonito, e mais barato.

Bem, cuidado com o que você deseja porque um dia pode te-lo.

Aconteceu que mudei de lado, e virei “desenhista”. E dos piores, porque fui com aquele sentimento de “agora eles vão ver coméqueé”. Mas, também descobri coisas incríveis.

O lado de lá da moeda — também conhecido como área de vendas — era cheio de incertezas. Lidar com clientes — coisa que não fazia do lado de cá — é um processo sujeito a diversas forças, tanto técnicas (as mais fáceis de mitigar), políticas, estratégicas, e de escassez de recursos que nunca me ocorriam, chamados tempo e dinheiro. Só o fato de ter-se produzido um desenho de projeto, por mais tosco que seja, já era uma vitória, tamanha as dificuldades no meio do caminho.

Quantas vezes subestimei as pessoas e suas inteligências quando via algo que rapidamente julgava como erro grosseiro, mas logo depois era informado de situações que forçavam ser aquela a única saida. Não estou falando de conseqüências futuras, mas do que as pessoas são capazes de fazer com os recursos que elas tem hoje, somados a suas experiências anteriores. De qualquer forma, futurologia é uma ciência que não existe.

É muito fácil julgar e criticar ações alheias. É bem mais dificil colocar-se na posição e situação da outra pessoa. Hoje prefiro pensar que alguma idéia simples e óbvia que acabei de ter para resolver uma guerra alheia, um projeto difícil, ou um impasse em que não estou metido, provavelmente já foi concebida por quem vive aquilo todo dia, e só não foi adotada porque havia um conjunto de forças desfavoráveis para tal.

Não que as pessoas tenham que parar de ter idéias sobre os problemas alheios. Só precisam fazê-lo quando não estiverem arrotando sabedoria, e com um certo senso de humildade.

Vôo Espiritual

A religião é como o avião que reboca você — o planador — para as alturas até que você se solta dela. A partir dai você está por sua conta, sem religião, livre, no silêncio do céu. Você deve achar as correntes do ar quente que sobem para subir bem mais alto, inebriando-se do sol e desfrutando a tua liberdade.

Zari Alkalay, meu pai (e ele nem se lembra de ter dito isso….)

Grupo Corpo

O Grupo Corpo esteve em São Paulo com duas coreografias.

A Missa do Orfanato dançava uma missa de Mozart (que não era o Requiem) como pano de fundo. Dançarinos mostraram muita emoção nesse opus n° 1 (primeira obra) da companhia.

Ai teve um intervalo, e depois entraram com o Onqotô.

Pegue uma caixa, coloque o Onqotô, goiabada cascão, caipirinha de maracujá com boa cachaça, biscoito de polvilho, sorvete de bacurí, e doce de abóbora com côco, e você terá um perfeito Kit Brazil Export. Vontade de comer tudo. Talvez o Onqotô sozinho já dê conta do recado, de tão brasileiro que ele é. A voz zen de Caetano Veloso somava à perfeição a dinâmica vigorosa da coreografia. Adorei.

O intervalo era um espetáculo a parte. Muita gente bonita, com ar de descolada e que parecia emanar glamour e cultura. Todos alí prestigiando essa que está entre as mais importantes companhias de dança moderna do mundo. De logo aqui, Minas Gerais.

Nesses espetáculos minha namorada sempre sempre encontra todos seus sócios, e eu nunca nunca vejo pessoas da minha empresa.

♫ É só isso… ♫

Software como indicador de desenvolvimento socioeconômico

Jorge Sukarie Neto, presidente da ABES, nos enviou um estudo encomendado ao IDC, sobre o mercado brasileiro de software.

Cruzei alguns dados do estudo com a população dos respectivos paises, e deu isso:

Brasil
Australia
Canada
Italia
França
População
186.405.000
20.155.000
32.268.000
58.093.000
60.496.000
Volume de SW (US$ bi)
7,23
16,2
17,9
16,9
36,8
Volume per capita (mi)
38,78
803,77
554,73
290,91 608,3

Ou seja, mesmo com uma população quase dez vezes maior que a desses países (que não são tão expressívos assim), o Brasil consome e produz software dezenas de vezes menos que eles.

Parece-me que software é um tipo de indicador de desenvolvimento social.

Das duas uma: ou o Brasil está realmente bem atrás, ou pirateia-se muito por aqui. Ou das duas, as duas são afirmações corretas.

ODF e OpenXML: ecossistema, sorte e poder

A sorte está lançada entre ODF e OpenXML.

O que vale mais?

Um padrão universal e em franco crescimento de aceitação, mas ainda pouco usado, resultado do melhor capital intelectual aberto que a Internet é capaz de fabricar, ou um formato fechado de documentos, com política de royalties, e amarrado ao produto mais usado desse segmento?

Por outro lado, se meus CDs tocam em qualquer CD player, porque MEUS documentos vão funcionar somente em UMA suite de escritório? CD (e sua independêndia do CD player) está para música, assim como ODF (e sua independência de suite de escritório) está para documentos.

Quando tivermos o resultado dessa interessantíssima briga, os mais emotivos dirão que foi sorte de um e azar do outro. Mas não tem nada a ver com isso, e sim com poder de construir ecossistemas de cada um desses polos.

Ecossistema é tudo.

Mas paixão e vontade de realizar vem em segundo lugar. E essas forças movem montanhas. E ecossistemas.

Recife e o Mar

Estou em Recife.

Hoje de manhã (ok, já era umas 11:30) olhei pela janela do quarto do hotel e vi uma cena linda: a maré baixa e os recifes cheios de piscinas naturais convidando a criançada a brincar na água calma e morna.

Baixando Música da Internet

É muito controverso se é ilegal ou não baixar música da Internet. A lei e licença de uso do fonograma (faixa de um CD) ou não é clara ou ninguém nunca explicou isso direito.

Permalink desta parte Entenda o Contexto Primeiro

Outro dia conversei com um músico profissional que fazia faculdade de produção musical, e ficaram claros alguns aspectos:

  1. As grandes gravadoras prestam um serviço para a sociedade desta forma: encontrando talentos, patrocinando a produção e gravação do fonograma, produzindo um encarte bonito, divulgando o produto na TV, rádio, revistas, outdoors e novelas, e depois operando a logística de distribuição física do CD, além de em paralelo investir na própria evolução da tecnologia do CD, tudo isso para você poder ouvir música de alta qualidade técnica, e fácil de encontrar na loja perto da sua casa. Então nada mais justo que as gravadoras serem remuneradas por todo esse trabalho.
  2. Por isso, em geral a gravadora é dona do fonograma, e não o músico ou compositor. Isso significa que é ela quem decide quando, quanto e como vai publicar as canções (publicar significa prensar CDs e por nas lojas). O músico não pode pegar o fonograma, gravar um CD e sair vendendo, a não ser que ele compre os direitos sobre o fonograma, que são em geral muito caros.
  3. As gravadoras não estão defendendo os direitos dos artistas, mas seus próprios interesses. De fato, muitos artistas não gostam que as gravadoras digam que estão defendendo os direitos deles.
  4. Nesse processo todo, os músicos ganham os direitos autorais (que segundo alguns músicos que conheço, é pouco), que recebem de uma instituição independente, que por sua vez vem da gravadora e de outras fontes. Essa regra não vale para estrelas que tem poder (e agentes) para negociar contratos melhores com uma gravadora.
  5. O músico quer que sua arte seja conhecida e ouvida o máximo possivel.
  6. Músicos profissionais ganham mais dinheiro em shows e performances ao vivo, e menos em venda de CDs das gravadoras, que levam a sua obra.
  7. Pessoas só vão prestigiar os músicos num show (e pagar ingresso) se sua obra for boa e conhecida.
  8. Muitos bons artistas não tem penetração no mercado, dinheiro ou disposição para gravar um CD independente. Esses são os chamados “alternativos”.
  9. Excelentes músicos e lindos fonogramas podem ser pouco conhecidos ao ponto de ser comercialmente inviável dar-lhes espaço numa concorrida prateleira de loja de discos. Por isso é dificil encontrar gravações antigas ou as chamadas “alternativas” nas lojas: ou as pessoas já mudaram de gosto, ou há pouquíssimos compradores. A situação é pior para as gravações que são ao mesmo tempo antigas e alternativas.
  10. Eu estimo o custo de 1 CD — incluindo o plástico, encarte, trabalho artístico, pagamento do direito autoral, veiculação etc — em menos de R$5.
  11. Ouvi dizer que a lei proibe a redistribuição de fonogramas em meio físico (gravar um CD ou fita e sair vendendo ou comprando).
  12. A Internet não é considerada um meio físico. Por isso, nesse raciocínio, não é proibido usar a Internet como meio de distribuição de música, pelo menos para fonogramas produzidos/gravados/publicados antes da era Internet, o que inclui tudo antes de mais ou menos 1997. Depois disso, fonogramas começaram a ser produzidos com uma licença (os termos legais que definem o que é permitido ou não fazer com o fonograma) revisada que incluia a Internet — junto com CDs piratas, fitas caseiras, etc — como um meio ilícito de distribuir música direta e livremente.

Seja como for, baixar música da Internet leva tempo, vem sem o encarte — que conté muita arte gráfica e informações valiosas e é controverso se é ilegal ou não. Por outro lado, já foram vistos artistas e suas discografias completas disponíveis ao ponto de parecer irracional não baixar.

Você decide se vai seguir o que a mídia diz defendendo seus interesses — e não a dos artistas —, ou se vai prestigiar um músico e sentir tudo o que seu potencial criativo pode fazer com suas emoções.

Permalink desta parte Como Baixar: Método Fácil

Há diversos blogs em que amantes da música publicam albuns completos para serem facilmente baixados através de serviços como RapidShare, 4Shared, Badongo, etc. São geralmente albuns antigos, raros, que não se acha em lojas. Coisa de colecionador.

Os albuns vem geralmente comprimidos no formato RAR, que é um tipo de ZIP, e é necessário o software da Rar Labs para descompacta-los.

Segue uma lista de alguns blogs:

Na barra lateral desses blogs há sempre uma lista de links para outros blogs similares, então este método é de difícil procura, mas de fácil download. O método de BitTorrent abaixo é de procura mais fácil, mas de download mais complexo.

Permalink desta parte Como Baixar: Método Mais Eficiente, com BitTorrent

Abri espaço neste blog para um conhecido relatar como se faz. Este método usa a tecnologia Bit Torrent e estes são passos para usa-la com sucesso:

  1. Baixe e instale algum cliente Bit Torrent como o BitComet (só para Windows) ou o Azureus (Mac, Linux, Java, Windows). Estes softwares são seguros, não instalam spyware nem virus, e seu uso é totalmente legal.
  2. Use o site www.isohunt.com para procurar músicas por nome, artista, etc. Ele pode ser usado também para procurar outros tipos de arquivos. Você pode também procurar na Internet por outros sites the provem “torrents”.
  3. Procure por, por exemplo, “Mozart” ou “Bach“, etc (clique nesses links para ver um resultado de busca do exemplo).
  4. Você vai encontrar coleções completas de artistas, etc e arquivos muito muito grandes, que as vezes demoram dias para baixar. Os primeiros resultados que ele mostrar são os downloads mais ativos, e por isso mais rápidos para baixar.
  5. Selecione o ítem que você quiser, ele vai se expandir, e então clique no link chamado “Download Torrent” para começar a baixar.
  6. Isso vai disparar o programa de Bit Torrent (BitComet ou Azureus acima), que vai te perguntar onde você quer gravar o download. Escolha um diretório que você vai lembrar depois.
  7. Antes de dar OK, você pode ver a lista (enorme, se for coleção completa) de arquivos que serão trazidos, e pode selecionar para baixar só os arquivos que te interessam, ou tudo.
  8. Monitore a atividade do download e garanta que você está baixando em boa velocidade. Se estiver constantemente muito lento (pode haver períodos de maior lentidão), é melhor cancelar e procurar outro download.
  9. Mesmo baixando muito rápido, um download grande pode demorar dias para se completar.
  10. Depois de terminar o download, se você usa Linux, use o Musicman para organizar seus MP3.

Seja responsável e boa sorte !

O Violão Solar de Ulisses Rocha

Esses dias peguei estrada e coloquei aquele CD chamado Brasil Musical onde ouvi pela primeira vez o Ulisses Rocha. Desde aquele primeiro choque, anos atrás, quantas coisas maravilhosas conheci desse violonista e compositor !

Ulisses RochaSim, hoje sei que Ulisses Rocha superou os monumentais do violão brasileiro: Sebastião Tapajos, Raphael Rabello, Paulinho Nogueira, e até Paulo Bellinati. Ele é completo e faz tudo de forma singular. Quando compõe, ampla e magnificamente, com uma inspiração solar, revela um canal aberto com planos transcendentais, espirituais. Mas é quando ele executa suas composições que suas harmonias alcançam nosso coração. Fico imaginando qual outro violonista poderia tocar Ulisses Rocha….

Não, não há sambas, maxixes, choros e bossas no repertório de Ulisses. Devemos recorrer aos outros monumentais para essas pulsações: Paulinho Nogueira, Rabelo, Canhoto, etc. Não que isso lhe falte, pois sua linguagem e sintonia são universais.

Sua técnica é intrigante. Por mais que escuto não consigo entender o que ele faz diferente. Só sei que é. Num perfeito balanço entre graves e agudos, que preenche cuidadosamente todo o ar. Quando digo técnica não me refiro a velocidade da pegada, tocar com os dentes, ou com o violão nas costas, mas a quantidade de beleza produzida quando 10 dedos encontram 6 cordas.

Mas onde está Ulisses Rocha no conhecimento das pessoas? Poucos ouviram falar, poucos o escutam. Isso me lembra a história de Bach, Mozart, etc, que eram praticamente desconhecidos à sua época, mas que suas obras se perpetuaram na universalidade décadas, séculos depois. Como eles, Ulisses nos traz o futuro hoje.

Não saia daqui antes de ouvir algumas de suas músicas (clique com o botão direito sobre o link para baixar o MP3 de alta qualidade antes de ouvir):

E conheça também outros violonistas brasileiros:

O PCC me ligou !

Semana passada recebi uma ligação a cobrar em casa, cuja conversa foi esta:

  • — Chamada a cobrar. Para aceitar, continue….
  • — Sim, pois não !?
  • — Oi. Desculpe ligar a cobrar, mas aconteceu um acidente e não achei os documentos de um ferido. Ela tinha este celular e estou ligando para o primeiro número da agenda. Há alguém fora de casa que possa estar envolvido neste acidente ?
  • — Como assim ?
  • — Poizé…. Mas qual é o carro do parente que está fora de casa ?

Achei estranhíssimo, mas fui dando corda:

  • — É um Astra.
  • — Confere. E qual é a cor ?
  • — Você não está ai no acidente? Me diga você qual é a cor !
  • — É prata.
  • — Não. Não é essa cor.
  • — Espere! Tem vários outros! Tem um Corolla bordô, uma Pajero, etc. Algum desses pode ser ?
  • — Olha companheiro, isso tá me cheirando a trote. Tchau.

Desliguei achando que era alguém querendo vender coisas por caminhos ilícitos.

Mais tarde, contei isso para algumas pessoas e me disseram se tratar de presidiários ligando, tentando assustar as pessoas e assim obter informações sobre elas, que depois seriam usadas para chantagear com falsos seqüestros. Descobri também que esses trotes são bem comuns.

Dias depois, a secretária eletrônica registrou este trote (contém palavrões), que eliminou qualquer dúvida.

Anima Mundi

Ontem fui à abertura do 14° Anima Mundi edição São Paulo, no Memorial da América Latina. É um evento de animação direcionado para os profissionais deste setor e para o puro prazer do público em geral.

Depois dos comentários da diretoria do evento e de alguns patrocinadores, começou uma sessão de curtas de animação de vários paises, e é isso o que mais quero comentar:

Se cinema é a 7ª arte e história em quadrinhos é a 8ª, então animação é a 9ª. O cinema clássico se responsabiliza em registrar a atuação por ângulos que nos fazem chorar. Os quadrinhos criam o cenário, os atores, e deixam os movimentos e dinamismo a cargo da imaginação do leitor. Os animadores invadem nossas emoções criando livremente absolutamente tudo: dos argumentos aos atores, expressões, luz, cores, ângulos, técnicas, computadores, som ambiente, e principalmente movimentos, mas em geral sem usar uma palavra sequer.

Foram rodados 8 curtas ontem. Cada um espetacular em seu domínio. É incrível ver como a cultura humana atingiu esse nível sofisticado de criatividade e poder de criação. Impressionante mesmo. Saimos felizes e inspirados, prontos para ver o resto do festival.

Depois teve um coquetel onde haviam pessoas de todas as tribos, artistas, animadores, patrocinadores etc. A minha empresa era patrocinadora (foi assim que consegui convite) então o pessoal de Relações Comunitárias estava lá em peso, mas além deles só contei 3 pessoas da empresa (eu incluido) que prestigiram o fantástico evento. Fiquei me perguntando como pessoas que receberam o convite podiam te-lo perdido.

Confira os filmes que assistimos:

  • Guide Dog, de Bill Plympton, Estados Unidos. Engraçadíssimo, muito expressivo e um pouco trágico.
  • Mr. Schwartz, Mr. Hazen & Mr. Horlocker, de Stefan Mueller, Alemanha. Linda mistura de computação gráfica na medida certa e lápis de cor, para contar uma estória engraçadíssima de exctasy e farra de vizinhos barulhentos. Foi o que mais gostei.
  • História Trágica com Final Feliz, de Regina Pessoa, Portugal. Sensível, poético e de uma beleza simples.
  • Minuscule, de Thomas Szabo, França. Despretenciosa, engraçada e irreverente animação 3D com efeitos que parecem fotocolagem.
  • Tyger, de Guilherme Marcondes, Brasil. Mistura original de técnicas onde o ambiente criado pela música fez a trama ficar muito interessante.
  • Cafard, de Thomas Léonard, França. 100% computação gráfica em preto e branco que conta uma viagem fantástica pelo metrô, com a companhia de baratas.
  • Apple on a Tree, de Astrid Rieger e Zeljko Vidovic, Alemanha. Menos animação e mais fotocolagem que conta como uma maçã quer experimentar ser humana. Muito pirado e engraçado.
  • Dreams and Desires – Family Ties, de Joanna Quinn, Reino Unido. Usa uma bela técnica de movimentação com lápis de cor que lembra o Dogma 95, mostrando como desenhos podem ser tridimensionais, através da estória de uma senhora que usa uma câmera digital para registrar o casamento desastrado da filha.

Não deixe de ir a uma das sessões que serão rodadas nas salas de cinema da cidade. Um dos que quero assistir é o longa Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll, do Otto Guerra, com os famosos personagens do Angeli.

Perdi meu laptop !

Peguei um vôo da Gol p/ Salvador ontem, para fazer uma apresentação num evento da Novell e Officer que iam fazer lá. Salvador era a escala – o vôo seguia para Maceió depois.

Poizé…. sequei a bateria do meu laptop durante o vôo, trabalhando no Elektra, que é um de meus projetos open source. Ai fechei-o e ele encaixou direitinho e por inteiro naquela parte que serve para guardar revistas, na poltrona da frente.

Pousei, peguei minha mochila, entrei no taxi, e viajei até o hotel por uma 1/2 hora. Fiz check-in, decidi onde ia jantar depois, e subi no quarto para largar o laptop carregando.

Quando abri a mochila, cadê meu laptop !?

Eu que sou mór neurótico com essas coisas de não esquecer nada, larguei o bixo na poltrona do vôo que ia seguir pra Maceió, que a essas alturas, já devia estar chegando lá.

Xinguei injustamente Deus e o mundo, contei até 10 e liguei pro aeroporto. Depois de umas transferências de ramal, alguém da Gol me atendeu:

  • — Me ajuda! Esqueci uma coisa muito importante no avião que acabou de chegar de São Paulo
  • — Vixi Maria! E foi o que, minino!?
  • — Foi um laptop !
  • — Ôxe, tá aqui, já acharam.
  • — Jura!? Não foi pra Maceió ?
  • — Foi não. Ma tu tem que vir aqui pégá-lo, viste !?
  • — É pra já !

Gastei mais 1 hora e R$60 de taxi ida e volta viajando até o aeroporto para pega-lo, e me devolveram-no embrulhado em plástico bolha e tal.

Ufa… Voltei morrendo de fome, e fui direto a um japonês traçar um sushi.

Parabéns ao pessoal da Gol e do aeroporto de Salvador. Salvou minha apresentação no evento, que foi um sucesso.

Sabedoria

Sabedoria é uma das melhores qualidades que uma pessoa pode ter.

A gente sabe que encontrou uma pessoa sábia quando se sente iluminado numa rápida conversa com ela.

Meu pai é assim. Qualquer assuntinho, e lá vai ele esbanjando sabedoria. E digo isso sem invocar a porção filho-coruja em mim. Não é a toa que um monte de gente se pendura nele pedindo conselho, chamando de mestre, etc.

Sabedoria não é inteligência. Sei lá… inteligente é o cara que resolve uma equação diferencial, ganha no xadrez. Sábio é quem solta duas frases e muda a sua semana, seu mês, as suas opiniões sobre a vida.

É uma mistura fina de intuição aguçada, senso prático, liberdade de pensamento, pitadas de boa cultura, irreverência, visão holística, e principalmente um sereno bloqueio a idéias pré-concebidas. O sábio parece que medita sobre aquilo que fala, sem deixar sua personalidade ou experiências pessoais interferirem no mergulho — mas ainda sendo sensível —, e por isso chega a conclusões que cheiram a superóbvias, mas tem um sabor completamente refrescante.

Eu conheço alguns sábios, cada um com seu temperamento: meu pai, como já disse, o Alexandre Santos, Cezar Taurion, Nick Donofrio, e tem também a Melina Castro que está a passos largos rumo a uma sapiência zen. Alguns trabalham comigo e é um prazer ouvir suas opiniões.

Quando crescer, quero ser sábio. Menos para impressionar os outros, e mais para ser feliz, fruto de experiências de vida de sábias decisões pessoais.

Segurança em Software de Código Aberto

  • — Quem acha que software de código fechado é mais seguro? – perguntou o palestrante.

Uns poucos gatos pingados levantaram a mão.

  • — E quem acha que software de código aberto é mais seguro?

Outros poucos ouvintes acreditavam que essa última era a afirmação verdadeira.

Mas a esmagadora maioria ficou passiva, sem saber o que responder.

Senhoras e senhores, estamos diante de um dos maiores dilemas da TI pós-Internet. É assunto para horas de discussão na mesa do bar, que tem grande chance de dar em nada, se for tratado de forma religiosa. Mas vamos tentar ser frios, relembrar algumas histórias e não nos perder em crenças infundadas.

 

Tudo gira em torno de segurança por ser (código) público versus segurança por ser fechado. A comunidade de programadores de código aberto tem a cultura do mérito e respeito, então é natural que seus membros tomem mais cuidado ao programar. Além disso, é comum o trabalho de um ser revisado e auditado pelo outro. Outra vantagem é a velocidade com que correções são escritas. Foi o caso de um problema descoberto na implementação TCP/IP de qualquer sistemas operacional, em 1996. A correção para Linux foi publicada em 20 minutos, enquanto que para outros sistemas demorou 2 dias úteis. Há dezenas de casos semelhantes.

Mas aqui vale um ponto de atenção: o sistema operacional Linux é um caso muito especial de software de código aberto, simplesmente porque ele é muito usado e tem um ecossistema enorme de programadores e empresas interessadas em sua estabilidade e progresso. Em outras palavras, ele tem uma infinidade de observadores, e isso não é verdade para qualquer software livre. Ou seja, só quando um software aberto usufrui de muitos usuários e desenvolvedores é que terá pessoas cavando e corrigindo problemas rapidamente em seus fontes.

O modelo de código fonte aberto de desenvolvimento de software não é uma garantia de segurança. Contudo, softwares livres populares como o Linux, Apache, Samba e muitos outros tem tido seus códigos examinados por vários especialistas de segurança.

Por outro lado, software de código fechado tem a garantia de que ninguém pode vasculhar falhas em suas entranhas. Ironicamente também garante que se o fabricante decidir implanatar um backdoor, ninguém poderá encontra-lo. E foi exatamente o que aconteceu quando a Borland liberou o código do Interbase: eles esqueceram de remover um trecho do código que abria um backdoor de administração. Foi descoberto e removido assim que outros começaram a olhar seu código fonte, e motivo de vergonha para a Borland.

Outro aspecto é que certas coisas são muito difíceis de desenvolver corretamente quando somente poucas pessoas tem acesso ao código fonte. É o caso de boa criptografia e de protocolos de comunicação seguros. Só uma densa auditoria multicultural e independente pode analisar a fundo cada detalhe do código.

No âmbito de ferramentas de segurança, o mundo livre dispõe de uma lista sem fim de coisas como OpenSSL, OpenSSH, PAM, PKI, OpenLDAP, Tripwire, Kerberos, SELinux, etc, todos possuidores de um forte ecossistema de usuários e desenvolvedores.

 

O pensamento saudável para essa questão é que software aberto e fechado tem vantagens e desvantagens que muitas vezes se completam. Nenhum modelo é garantia de segurança, mas ter o código aberto dá pelo menos a chance de um certo software poder ser auditado. Além de que uma falha detectada pode ser corrigida por qualquer pessoa a qualquer hora, e não ser tratada como “característica do software” que o fabricante não acha que deve corrigir.

A fórmula do sucesso, para balancear custos e benefícios, tende a usar software livre nos elementos mais infraestruturais do data center, enquanto que software fechado vai melhor nas camadas relacionadas a lógica de negócio, sempre abusando do uso de padrões abertos para garantir a interoperabilidade. Um exemplo prático desse bom balanceamento é rodar seu ERP corporativo (de código fonte fechado) sobre um sistema operacional de código fonte aberto, mas que tenha suporte comercial no mercado, como Linux.

Tudo que você precisa saber sobre Criptografia

…e tinha medo de perguntar

A palavra “criptografia” vem do grego e significa “escrita escondida”. Bem, ainda não temos a tecnologia dos filmes de fantasia onde um pergaminho aparentemente em branco revela um mapa do tesouro quando exposto ao luar, mas a criptografia simula isso transformando a informação em algo ilegível ou aparentemente sem valor. Muito fácil: se eu rabiscar bem um cheque de R$100.000,00 ele também perde seu valor por ficar ilegível.

O difícil é o inverso: tornar legível o ilegível, e é aí que está a magia da criptografia.

O primeiro lugar onde alguém antenado pensaria em usar criptografia é na guerra, para comunicar estratégia de movimentação a tropas distantes, espionagem, etc. Se o inimigo intercepta essa comunicação, principalmente sem o primeiro saber, ganha a guerra. Por isso quem primeiro estudou técnicas de criptografia foram os militares, governos e instituições de pesquisas secretas. Focavam em duas coisas: como criptografar melhor e como descriptografar as mensagens do inimigo (criptoanálise).

Na nossa Era da Informação e Internet, criptografia tem um papel central porque viabiliza comunicação segura. Mais até: não teríamos uma Era da Informação se criptografia não fosse de uso dominado por qualquer cidadão, simplesmente porque o mundo comercial não entraria nessa onda de trocar informação (e fazer negócios) por redes abertas se não houvesse um meio de garantir confidencialidade.

Trata-se de um tema muito vasto, fascinante, com muitos desdobramentos tecnológicos. Então vamos somente nos focar em entender aqui o vocabulário desse mundo.

Criptografia de Chave-Simétrica

Criptografia digital já era usada secretamente desde 1949 por militares e governos. Em meados da década de 1970 a IBM inventou o padrão DES (Data Encription Standard) de criptografia, que passou a ser largamente utilizado até os dias de hoje. A partir daí tudo mudou.

Como exemplo de seu funcionamento, se a Paula quer enviar uma mensagem secreta para Tatiana, ela deve fazer isso:

Mensagem + ChaveSimétrica = MensagemCriptografada

Então MensagemCriptografada é enviada para Tatiana por uma rede aberta, que para lê-la terá que fazer o seguinte:

MensagemCriptografada + ChaveSimétrica = Mensagem

Uma analogia a essas equações seria como se ambas trocassem caixas que abrem e fecham com uma chave (a chave simétrica), que contém cartas secretas. Para a Tatiana abrir a caixa da Paula, terá que usar uma cópia da chave que a última usou para fecha-la.

O que representamos pela soma (+) é na verdade o algoritmo de cifragem (ou o mecanismo da fechadura) que criptografa e descriptografa a mensagem. Hoje em dia, esses algoritmos tem geralmente seu código fonte aberto, e isso ajudou-os a se tornarem mais seguros ainda, pois foram limpos e revisados ao longo dos anos por muitas pessoas ao redor do mundo.

A Chave Simétrica é uma seqüencia de bits e é ela que define o nível de segurança da comunicação. Ela deve ser sempre secreta. Chama-se simétrica porque todos os interessados em se comunicar devem ter uma cópia da mesma chave.

O DES com chave de 56 bits pode ser quebrado (MensagemCriptografada pode ser lida sem se conhecer a chave), e outros cifradores de chave simétrica (symmetric-key, ou private-key) mais modernos surgiram, como 3DES, AES, IDEA, etc.

O maior problema da criptografia de chave simétrica é como o remetente envia a chave secreta ao destinatário através de uma rede aberta (e teoricamente insegura). Se um intruso descobri-la, poderá ler todas as mensagens trocadas. Mais ainda, comprometerá a comunicação entre todo o conjunto de pessoas que confiavam nessa chave.

Criptografia de Chave Pública

Esses problemas foram eliminados em 1976 quando Whitfield Diffie e Martin Hellman trouxeram a tona os conceitos da criptografia de chave pública também conhecida por criptografia por par de chaves ou de chave assimétrica. Trata-se de uma revolução no campo das comunicações, tão radical quanto é o motor a combustão para o campo de transportes. Eles descobriram fórmulas matemáticas que permitem que cada usuário tenha um par de chaves de criptografia matematicamente relacionadas, uma privada e outra pública, sendo a última, como o próprio nome diz, publicamente disponível para qualquer pessoa. Essas fórmulas tem a impressionante característica de o que for criptografado com uma chave, só pode ser descriptografado com seu par. Então, no nosso exemplo, Paula agora enviaria uma mensagem para Tatiana da seguinte maneira:

Mensagem + ChavePública(Tatiana) = MensagemCriptografada

E Tatiana leria a mensagem assim:

MensagemCriptografada + ChavePrivada(Tatiana) = Mensagem

E Tatiana responderia para Paula da mesma forma:

Resposta + ChavePública(Paula) = RespostaCriptografada

Ou seja, uma mensagem criptografada com a chave pública de uma, só pode ser descriptografada com a chave privada da mesma, então a primeira pode ser livremente disponibilizada na Internet. E se a chave privada da Paula for roubada, somente as mensagens para a Paula estariam comprometidas.

O cifrador de chave pública tido como mais confiável é o RSA (iniciais de Rivest, Shamir e Adleman, seus criadores).

Criptografia assimétrica permitiu ainda outras inovações revolucionárias: se Tatiana quer publicar um documento e garantir sua autenticidade, pode fazer:

Documento + ChavePrivada(Tatiana) = DocumentoCriptografado

Se um leitor conseguir descriptografar este documento com a chave pública da Tatiana significa que ele foi criptografado com a chave privada da Tatiana, que somente ela tem a posse, o que significa que somente a Tatiana poderia te-lo publicado. Nasce assim a assinatura digital.

Infraestrutura para Chaves Públicas

O PGP (Pretty Good Privacy) foi o primeiro sistema de segurança que ofereceu criptografia de chave pública e assinatura digital de qualidade para as massas. Ficou tão popular que virou o padrão OpenPGP e posteriormente recebeu várias implementações livres. É largamente usado até hoje, principalmente em troca de e-mails. Sua popularização exigiu que houvesse uma forma para as pessoas encontrarem as chaves públicas de outras pessoas, que muitas vezes nem eram conhecidas pelas primeiras. No começo dos tempos do PGP, haviam sites onde as pessoas publicavam suas chaves públicas para as outras encontrarem. Talvez esta foi a forma mais rudimentar de PKI ou Public Key Infrastructure. PKI é um conjunto de ferramentas que uma comunidade usa justamente para a classificação, busca e integridade de suas chaves públicas. É um conjunto de idéias e não um padrão nem um produto. Conceitos de PKI estão hoje totalmente integrados em produtos de colaboração como o Lotus Notes da IBM, e seu uso é transparente ao usuário.

Certificados Digitais

Como Tatiana pode ter certeza que a chave pública de Paula que ela tem em mãos, e que está prestes a usar para enviar uma mensagem segura, é realmente de Paula? Outra pessoa, agindo de má fé, pode ter criado uma chave aleatória e publicado-a como sendo da Paula. Podemos colocar isso de outra forma: como posso ter certeza que estou acessando realmente o site de meu banco e não um site impostor que quer roubar minha senha, e meu dinheiro? Não gostaria de confiar em meus olhos só porque o site realmente se parece com o de meu banco. Haveria alguma forma mais confiável para garantir isso ?

Em 1996, a Netscape, fabricante do famoso browser, atacou este problema juntando o que havia de melhor em criptografia de chave pública, PKI (através do padrão X.509), mais parcerias com entidades confiáveis, e inventou o protocolo SSL (Secure Socket Layer ou TLS, seu sucessor), e foi graças a este passo que a Internet tomou um rumo de plataforma comercialmente viável para negócios, e mudou o mundo.

Para eu mandar minha senha com segurança ao site do banco, e poder movimentar minha conta, o site precisa primeiro me enviar sua chave pública, que vem assinada digitalmente por uma outra instituição de grande credibilidade. Em linhas gerais, os fabricantes de browsers (Mozilla, Microsoft, etc) instalam em seus produtos, na fábrica, os certificados digitais dessas entidades, que são usadas para verificar a autenticidade da chave pública e identidade do site do banco. Este, por sua vez, teve que passar por um processo burocrático junto a essa entidade certificadora, provando ser quem diz ser, para obter o certificado.

O SSL descomplicou essa malha de credibilidade, reduzindo o número de instituições em quem podemos confiar, distribuindo essa confiança por todos os sites que adquirirem um certificado SSL.

Na prática, funciona assim:

  1. Acesso pela primeira vez o site de uma empresa que parece ser idônea.
  2. Ele pede o número de meu cartão de crédito.
  3. Se meu browser não reclamou da segurança desse site, posso confiar nele porque…
  4. …o site usa um certificado emitido por uma entidade que eu confio.

Pode-se verificar os certificados que o fabricante do browser instalou, acessando suas configurações de segurança. Você vai encontrar lá entidades como VeriSign, Thawte, Equifax, GeoTrust, Visa, entre outros.

Segurança Real da Criptografia

Quanto maior for a chave de criptografia (número de bits) mais difícil é atacar um sistema criptográfico. Outros fatores influenciam na segurança, como a cultura em torno de manter bem guardadas as chaves privadas, qualidade dos algoritmos do cifrador, etc. Este último aspecto é muito importante, e tem se estabilizado num bom nível alto, porque esses algoritmos tem sido produzidos num modelo de software livre, o que permite várias boas mentes audita-los e corrigir falhas ou métodos matemáticos ruins.

A segurança real de qualquer esquema de criptografia não foi comprovada. Significa que, teoricamente, qualquer um que tiver muito recurso computacional disponível pode usa-lo para quebrar uma mensagem criptografada. Teoricamente. Porque estaríamos falando de centenas de computadores interconectados trabalhando para esse fim. Na prática, hoje isso é intangível, e basta usar bons produtos de criptografia (de preferência os baseados em software livre), com boas práticas de administração, e teremos criptografia realmente segura a nossa disposição.

Quer segurança? Organize-se!

Sobre Segurança em TI

Você sabia que segurança é, por anos consecutivos, apontado como um dos temas que mais gera interesse no mercado de TI? E é claro que fornecedores adoram abordá-lo na mídia, em eventos etc., porque é larga a fauna de produtos a oferecer. Funciona mais ou menos como a “indústria do medo” da área de segurança pessoal e carros blindados.

Se uma brecha de segurança é maliciosamente explorada numa empresa, o responsável será severamente punido pelo seu superior. E um fator psicológico que ameniza isso parece ser adquirir vários produtos de segurança para lançar-lhes a culpa, no caso de uma desgraça.

O fato é: quanto mais produtos de segurança uma empresa adquire, mais… terá produtos de segurança para gerenciar. Não necessariamente estará mais segura. Aliás, eleva-se a chance de ela estar insegura de fato devido ao aumento de complexidade em seu ambiente operacional.

Então o que é segurança? Uma definição que gosto é: segurança em TI se interessa por tudo que abrange a correta privacidade, disponibilidade e qualidade da informação. Essa definição tem derivações óbvias: “estamos inseguros se alguém de fora pode ver as informações internas de nossa empresa”; “estamos inseguros se nossos dados desaparecem”; e “estamos inseguros se alguém modifica maliciosamente nossas informações”.

O que muita gente ignora é que a informação pode ter sido exposta, desaparecida ou deteriorada por fatores internos como disco lotado, má configuração de algum software que nada tem a ver com segurança, ou até uma aplicação desenvolvida internamente, talvez por um programador inexperiente, que consumiu todo o poder de processamento de um servidor, deixando seu serviço — e por conseqüência a informação — indisponível.

Segurança não é firewall. Não são senhas. Nem serviço que se adquire como uma caixa preta. Nem criptografia. Tudo isso nada vale se estiver em mãos inexperientes ou inconseqüentes. Segurança corporativa em TI deve ser uma consciência perene em todos os envolvidos no fluxo da informação, ou seja, todos os funcionários de uma empresa. É um processo. E sendo assim, deve ser invocada desde a confecção de uma aplicação por um programador interno, até seu uso na mesa do usuário final. O primeiro mais que o último.

O primeiro passo é adotar uma metodologia, até uma criada internamente. O segundo é aplicá-la na área de desenvolvimento de aplicações, porque é na mesa do programador que a TI nasce, e se for concebida com segurança em mente, facilita no resto do ciclo de vida da aplicação (disponibilização e produção). Uma boa prática é não reinventar a roda toda vez que um programa novo precisa ser escrito. Use algum framework maduro de mercado, como Java Enterprise Edition, pois eles resolvem estes problemas em níveis que o programador corporativo não precisa chegar.

Costumo dizer também que segurança é sinônimo de organização. É possivel conceber segurança num data center desorganizado? E será que fizemos um bom trabalho se pararmos para organizar nosso data center sem pensar em segurança? Não há organização sem segurança, e vice-versa.

É comum também encontrar empresas em que este tema tem tamanha importância, sem hesitar em dizer que a níveis neuróticos às vezes, que fazer negócios passa a ser proibitivo, porque “é inseguro” fazer conexões aqui e ali. Reflexo popular disso é não permitir o uso das práticas ferramentas de mensagem instantânea ou sites de redes de amizades, como o orkut.com, porque claro, não queremos que um funcionário perca seu tempo falando com amigos pessoais. Mas muitas vezes ele está deixando de se relacionar com um cliente, parceiro, etc. Então é bom ou ruim permitir este tipo de abertura? A experiência tem mostrado que no balanço geral o resultado é positivo quando se permite a comunicação entre as pessoas.

O paradoxo é que empresas só fazem negócios quando seus funcionários se comunicam com o mundo de fora e o impulso natural da segurança é restringir isso. Portanto, nem tanto ao céu, nem tanto à terra, segurança em TI deve ser gerida de forma responsável, consciente, de mente aberta, e principalmente inovadora.

Apresentação IBM Linux

Aqui você vai encontrar minha apresentação sobre Linux e padrões abertos da IBM.

O conteúdo engloba:

  • Como medir maturidade de Software Livre
  • Diferença entre Linux e Software Livre
  • Padrões Abertos
  • De que forma Linux e Padrões Abertos ajudam empresas a reduzir custos
  • O caminho certo para começar a usar Linux numa empresa
  • Posicionando Linux e outros padrões para soluções de desktop
  • Arquiteturas de desktop, como PC Multiusuário, Workplace, etc
  • Arquiteturas não-convencionais com Linux: clusters, para-virtualização com Xen, SELinux, etc
  • Linux na estratégia On Demand da IBM
  • Linux no mercado, números, TCO
  • Comprometimento da IBM com Linux

Há muito conteúdo nesta apresentação, então costumo usar somente partes de acordo com o público.

Esta apresentação usa fontes que não estão por default numa instalação Linux. Se você vai usa-la em Linux, baixe e instale o pacote de fontes webcore-fonts.

Quando apresento, costumo mostrar também algumas animações flash e filmes para quebrar o gelo. Clique com o botão direito e salve o link:

Por que Linux é Melhor que Windows ?

A resposta quase automática e superficial para esta pergunta seria: Ora, porque Linux é livre e aberto, desenvolvido pela comunidade !

Linux tem demonstrado desenvoltura excepcional em ambientes corporativos, trazendo reais benefícios financeiros diretos, e também indiretos através de melhoria da operação de TI das empresas.

Deixando de lado o altruísmo de ser aberto e a moda do software livre, vamos analisar por que isso acontece.

 

Primeiro é importante lembrar que existe diferença entre software livre e Linux. O primeiro é qualquer tipo de software que tenha seu fonte aberto, e que tenha uma licença de uso que respeite certos padrões. Linux é um pequeno conjunto de alguns desses softwares que atingiram uma maturidade tal que podem ser usados até em ambientes críticos, com a tranqüilidade exigida pelo mundo corporativo. Linux não é sinônimo de software livre, nem tão pouco representa todos os softwares livres do mundo.

Linux é desenvolvido com base em padrões abertos. A evolução desse padrões são regidos por organizações independentes, como o W3C, OASIS, JCP etc, que visam o bem comum. Nenhuma entidade com interesses comerciais detém poder sobre eles. Os Padrões Abertos são um patrimônio da humanidade, e por isso podem ser usados livremente por qualquer pessoa ou organização.

Na prática isso se reverte em um consenso automático de como produtos e softwares falam entre sí e interoperam. Mais ainda, dá ao usuário a escolha de trocar facilmente produtos por outros que respeitam os mesmos padrões. Não que o usuário faça isso todo dia, nem todo ano. Mas o simples fato de ter escolha lhe dá um enorme poder de negociação com seus fornecedores. E isso faz os fornecedores reduzirem seus custos e melhorar a qualidade de seus produtos.

Concentrar-se numa camada de padrões tecnológicos abertos, promove ainda uma flexibilidade que permite fazer novas combinações criativas. Exemplo consagrado disso é Linux rodando em zSeries (mainframe), que permite aplicações baseadas em padrões abertos serem consolidadas numa plataforma em que não há desperdícios como tempo ocioso, mais fácil de ser gerenciada, e em que o custo total é menor. Isso é válido também para outras plataformas, pois a flexibilidade do Linux o faz presente em todo tipo de hardware: desde um simples relógio de pulso, até o zSeries.

Há também estudos sobre ganhos indiretos do uso de Linux e Padrões Abertos, mostrando que as empresas que os adotaram, começaram a descobrir uma nova gama de possibilidades que não estavam na prancheta do projeto inicial.

 

Há ainda a teoria de que Linux exige serviços mais caros. A mão de obra para Linux é conhecida como mais avançada, com mentes mais aguçadas, e que com pouco é capaz de fazer mais. Enquanto não se experimenta na prática essa força de profissionais, não é possível entendê-la na teoria. Sem dúvida existem também profissionais que deixam a desejar, como em qualquer especialidade, mas em geral são mentes que tem uma compreensão técnica das coisas que vai além do mero cotidiano de clicar botões na tela. Tudo é uma questão de o quanto se paga pelo tanto que se recebe.

O esforço da comunidade, aliado a intransigência de provedores de tecnologias proprietárias, fez surgir opções de softwares livres que interagem com softwares proprietários. Caso do OpenOffice.org, suite de escritório avançada que lê e grava documentos também nos formatos proprietários das outras suites.

Seja como for, o mercado de TI é grande o suficiente para conter todas as coisas. E o verdadeiro valor que produtos e tecnologias tem para seus usuários deve ser medido mais pelo benefício que lhes traz de fato, do que por relatórios de mercado ou teorias financeiras, que servem meramente para nortear. Dentro deste cenário, não podemos dizer que Linux é melhor. Mas é evidente que o mercado tem aceitado-o como uma ótima alternativa.

Uma coisa é fato: se Linux entra numa empresa, não sai mais.

Meu Mapa Astral


Meu mapa astralEste é meu mapa astral, com a interpretação de alguns aspectos que um astrólogo me enviou. É claro que só coloquei aqui coisas positivas.

Sol em Sagitário e Lua em Áries

Você é um pioneiro, sua Lua em Áries transforma-o em uma pessoa destemida e seu Sol em Sagitário, em um filósofo. Ambos darão a você muito dinamismo, desejos intensos e uma grande capacidade de liderança sobre as pessoas. Apesar da sua grande ambição e vaidade, poderá ser capaz de trabalhar para o bem comum, mas com uma condição: estar sempre à frente dos movimentos. Existe um interesse pelos desvalidos e tem noção da posição das outras pessoas, mas procurará não se sacrificar de forma nenhuma. Nesta vida você será um esplêndido administrador e organizador de grandes ou pequenos eventos ou empreendimentos, quando consegue ter as rédeas na mão e controlar os destinos das pessoas ao seu redor. No amor é muito sincero e ardente, aplicando seus ideais aos assuntos do cotidiano e conseguindo assim ser um namorado satisfatório. Mas nunca se esqueça que você gosta das coisas ao seu jeito e deverá como disciplina de vida, aprender a ceder. Este ceder não é fazer as coisas dentro de 90% do que você quer e 10% do jeito que as outras pessoas desejam, é procurar ver realmente o ponto de vista da outra pessoa e num esforço de vontade, ter absoluta certeza que seu método é melhor. Caso contrário você poderá sempre comer verde pela ânsia de fazer tudo do seu jeito e, ainda, não aprender coisas novas, novos pontos de vista, novas técnicas. Não se esqueça que as grandes descobertas sempre partiram da união de várias técnicas e pontos de vista. Você é intensamente honrado e não se afastará nunca da verdade ou do direito conforme você o entende. É um idealista prático e sabe como viver no mundo tal como ele é, sem renunciar às suas teorias de conduta adequada.

No seu interior não existe nenhum interesse em enganar ou ludibriar os outros, preferindo agir sempre corretamente. Os outros têm muita dificuldade para enganá-lo pois você tem excelente poder mental. Sabe exatamente o que quer até o último detalhe e consegue desenvolver intrincados padrões de pensamento e de ação com a maior facilidade. Em política, no governo, no direito e no sacerdócio — em qualquer profissão ativa — você é imbatível. Não existe altura que você não possa atingir. Seu maior interesse está no mundo à sua volta, na sua carreira e no seu progresso pessoal e sua vitalidade e forças são tão grandes que provavelmente atingirá todos os seus objetivos. Mas cuidado para não ir além de suas possibilidades. Vá em frente, resolva os pesados aspectos que poderão segurá-lo, não se esqueça que você é o tipo de pessoas, cuja integridade e força, podem ser de grande benefício para a humanidade.

Ascendente em Sagitário

Seu maior trunfo é a capacidade de ver o conjunto de qualquer situação sem ter que começar a ver todos os detalhes. Sua perspectiva animadora é uma verdadeira alegria para as pessoas que o cercam.

Seu dom de comunicação é capaz de resumir em poucas palavras as milhares de preocupações que confundem a mente inferior. Você é muito hábil em chegar ao cerne da questão e encontrar formas engenhosas de expressar-se. Mas podemos observar que se você viver em identificação com a impessoalidade do momento, abandonando sua intuição e a comunhão interna, fica uma presa fácil dos exageros, devido a atração por todas as formas de abundância da vida. Sua concentração se torna curta e assim seus interesses mudam antes de começarem a render os dividendos da satisfação. Como os ventos mutáveis de um incêndio na floresta, você parece soprar em muitas direções ao mesmo tempo, e seu entusiasmo não resiste a repetidas frustrações que obscurecem o seu dom de visão.

Aprender a dizer não pode ser uma grande vantagem para seu próprio conforto, pois ao dizer sempre sim, você está criando fatores de pressão sobre si e poderá prometer mais que pode cumprir e com isto ganhar fama não cumpridor das obrigações ou das promessas, além de ficar muitas vezes com o problema dos outros — de graça! Aprender a ir fundo nas coisas é um grande desafio para você que normalmente só toca na superfície e assim fica com dificuldades de lançar a âncora em suas atividades estabilizando-as. Assim perdem-se o valor e o significado da vida quase com a mesma rapidez com que foram encontrados. Você pode ser dos sete instrumentos sem nunca chegar a sentir de fato a satisfação que qualquer um deles pode proporcionar. (O casamento e todas as outras situações restritivas são difíceis de suportar. Quanto mais você vê o mundo externo, mais desassossegado fica. E, em última análise, acaba sendo possuído pela tremenda sede de viver e de experimentar.

Resumo do Karma de Vidas Passadas

Refirindo-se à Entidade que nesta vida se chama Avi mas já viveu muitas outras vidas e já possuiu vários nomes. Aqui estamos nos referindo ao Ser que reencarna

A Entidade escolheu para esta vida a estabilidade e sair da suas indecisões do passado e finalmente ser responsável pela sua vida. Como passou vidas e vidas em total dispersão, resolveu coordenar todas as suas ações e seus pensamentos visando a um só objetivo: Progredir, crescer, evoluir. Mas algo a apavora muito: perder sua liberdade.

A Entidade foi brilhante e mostrava grande habilidade em mudar repentinamente de opinião, cuidava bem de não jogar tudo numa só cartada. Só expunha um lado da sua dualidade podendo corrigir quando algo não saia como ela queria. Seduzia, prometia mas depois se esquivava se lhe pedissem para se comprometer a fundo. Muito flexível, muito inteligente, adaptava-se a tudo. Mas essa personagem inconstante, inatingível como uma coluna de ar, era uma pedra que rola e rola sem nunca criar musgo.

Na primeira parte desta vida a Entidade ainda se sentirá influenciada por estas características do passado. Aceitando convites e tarefas das mais variadas ao mesmo tempo e se reservando o direito de, na última hora,não atender àqueles que não atendiam aos seus interesses, desmarcando-os. Fazia corte a várias mulheres e quando aproximava-se de algum tipo de compromisso, pulava fora, não se comprometendo com ninguém. Quando casada, só comprometia a metade de sua personalidade no casamento.

No trabalho esse medo enorme de se comprometer criava grande instabilidade profissional: a Entidade passava de uma profissão para outra, mudando quando ficava farta. Seu gosto era de fazer pequenos trabalhos, que lhe rendiam toda a liberdade do que se aprisionar a uma carreira de verdade. Mas a idade de Júpiter (regente do seu Mapa) entre os 35-40anos, após ter viajado muito, tendo acumulado uma enorme experiência sobre os povos mais diversos e sobre as mais variadas técnicas, sentirá vontade de se dedicar totalmente a alguma coisa. Sairá de sua indecisão e utilizará então positivamente seus brilhantes dons e seu talento para a comunicação e para o ensino. Adquiriu, no passado, tão grande inteligência das situações, que vê sempre o dois lados de uma questão, de uma circunstância, de um ser humano. Tem o gênio das negociações e do comércio e terá sucesso com certeza. A Entidade será muito apreciada pela sua maneira versátil e de dar sempre um jeitinho em tudo, sabendo sair de uma encrenca como ninguém. Ainda exibe uma jovialidade muito grande e é capaz de aliviar tensos ambientes com sua grande capacidade de comunicação espalhando alegria em torno de si. Tem a tendência a viver sobrecarregada com muitas coisas para fazer e com muita gente em volta.

Mas saberá com a idade organizar seu tempo. A Grande Missão escolhida é a de se engajar num serviço de um ser ou de uma causa, a lealdade e a busca espiritual. Esta foi muito negligenciada, pois estava muito preocupada em adquirir conhecimentos e mais conhecimentos intelectuais e experiências práticas.

Na primeira parte desta vida dirão “ela é boa para tudo sem servir para nada”. Mas na segunda parte desta sua vida, os seus parentes dirão: enfim encontrou seu caminho!

Pense Aberto, Seja Livre

Linux vem ganhando cada vez mais espaço no mercado corporativo, mas ainda há dúvidas sobre até onde os sistemas abertos podem ser usados.

Ainda é comum encontrar grupos que defendem a idéia de Open Source para utilização sem qualquer restrição e que lutam por esta proposta com toda a força, mas nem sempre com um bom embasamento. Há ainda os CIOs que entendem que, deixando de lado tudo o que o movimento representa, Linux é somente um sistema operacional.

Começa a ficar claro que quanto mais específica é a funcionalidade de um software, mais restrito é o número de pessoas e empresas que trabalham nele. É a antítese do Open Source. Pense por um lado numa aplicação que atende somente a algum setor industrial. E por outro, algo de uso genérico como um sistema operacional, que no sentido mais primitivo do conceito, gerencia recursos de hardware, participa da rede, é seguro e confiavel (como Linux). Por ser de uso absolutamente essencial, este último possui sólida infra-estrutura de suporte. Já o primeiro, por ser de nicho, terá suporte muito bem pago, e protegerá seu capital intelectual com mecanismos legais. Antes, sistema operacional era uma necessidade de nicho, hoje é um commodity. Linux é um commodity.

Correlação entre Closed e Open Source

A segunda maior preocupação das empresas no campo de TI — a primeira sempre é redução de custos — é automatizar ao máximo sua cadeia de processos, ou seja, reunir seus processos de negócio como as pessoas os entendem e transformá-los em um “programa de computador”. E quando uma empresa faz isso de uma forma centralizada ela andou 80% do caminho em direção aos Web Services. Então, como executar esta operação de forma universal, libertando a empresa das amarras de um monopólio, com suporte profissional condizente com o negócio, com liberdade para a escolha da plataforma? Compra-se um ERP? Desenvolve-o internamente? A resposta a estas questões é: Não importa, se você estiver usando Padrões Abertos, que é o ponto de equilíbrio entre o closed e o Open Source. O resto se torna uma planilha de custos que definirá qual é a configuração mais barata.

Os grandes pilares do e-business

Pela primeira vez na história da computação, temos um conjunto de ferramentas abertas e universais que podem nos atender para qualquer necessidade: Linux como plataforma, XML e WebServices para comunicação e integração de aplicações, HTML e HTTP para interação com usuários, e o mais importante, Java Enterprise (ou J2EE), para o âmbito das aplicações de negócios. Os quatro são padrões abertos, sem dono, mas com suporte total de toda a indústria (com excessão de uma só empresa). Os quatro são um patrimonio da humanidade.

Arquitetura de um servidor de aplicações J2EE

J2EE, é um framework universal que provê uma série de serviços para aplicações de negócio: acesso a bancos de dados, ambiente transacional, segurança, separação da camada de apresentação, persistência de sessão, mensageria, componentização, serviços de nome, páginas web ativas (JSP), processamento XML, e por aí vai, sem parar de crescer. Isso permite que um processo de negócio seja convertido em software usando padrões, com a garantia de que rodará em qualquer lugar onde houver um servidor de aplicações J2EE, que tem vários fornecedores, Open Source ou comerciais. A implementação da IBM, por exemplo, é o WebSphere Application Server.

A especificação J2EE é desenvolvida por uma comunidade aberta que tem como membros a IBM, Sun, Oracle, SAP, Apache Software Foundation, Laboratórios Dolby, num total de mais de 600 entidades, que contribuem abertamente com o que cada um tem de melhor. Ela evolui seguindo o Java Community Process, que define o que entra ou não na especificação.

Usando sempre tecnologias abertas, uma empresa tem o conforto de aproveitar do mercado o que for mais importante para ela, levando em consideração nível de suporte, disponibilidade de skills etc. Foi isso o que a Internet mudou. Não tem nada a ver com a forma como compramos eletrônicos ou roupas, pois continuaremos indo às lojas. A Internet abriu o mundo permitindo a livre conversa entre as pessoas. Nem Linux nem padrões abertos existiriam sem a Internet. Bem vindo ao mundo livre, aberto e de todos.

Uma Droga de Noite em São Paulo

É incrível como os serviços em São Paulo estão piorando. Vivi a péssima noite relatada aqui, em novembro de 2002. No final fiquei injuriado com o mal atendimento dos bares, e como é difícil sair na cidade gastando pouco. Tudo isso acompanhado de muito trânsito, ruas esburacadas e dificuldade para estacionar.

Queriamos, minha namorada e eu, numa quarta a noite, tomar um açaí na tigela e pegar um cineminha. O programa só podia começar depois das 8:00 da noite porque era nosso dia de rodízio. Então para não ficar muito tarde, decidimos ficar só com o açaí mesmo. Não devíamos ter saido de casa….

B&B Açaí

Endereço: Av. Dr. Arnaldo, esquina com Cardoso de Almeida

Fomos para o B&B porque era o único lugar longe da muvuca que fazia açaí, e era perto de casa. O estacionamento em frente estava ocupado com árvores de natal que estavam a venda, e tivemos que dar a maior volta para estacionar numa ruazinha perto. Sentamos e esperamos bastante para sermos atendidos. O garçom nada simpático disse que estavam batendo açaí com morango e banana, e já saimos pedindo um de morango, grande para dividir. Depois de uma boa demora assoviei pro garçom, e ele:

  • — É… demora um pouco mesmo….

O sangue começou a subir. Demorou mais um pouco e lá veio descendo o açaí. Só que de banana. Reclamamos, e o garçom:

  • — Quer que troque?
  • — Só se for rápido, se não demorar como esse aí.

Prá variar, foi demorando, e o sangue subindo mais ainda. O lugar não estava cheio nem vazio, mas os 2 garçons não davam conta. Era amplo e gastavam tempo se locomovendo.

Ouvi a sineta da cozinha, olhei e parecia nosso novo açaí no balcão. Os garçons, nada. Sineta de novo. Garçons nada.

Não tem coisa mais horrível que açaí derretido na tigela. Eu gosto dele consistente, quase como sorvete. Nada de cara de milk-shake.

Sineta de novo, e nada. Meia hora depois que chegamos no bar eu levantei, puxei a Lu e apitei pro garçom:

  • — Aí, cumpanheiro, desistimos. Tchau.

Confraria Queijo e Vinho

Endereço: Av. Dr. Arnaldo, quase sobre a ponte da Sumaré

  • — Lu, vamos a pé mesmo atravessar a rua e ver aquele barzinho que sempre tive vontade de conhecer – disse prá Lu, saindo do B&B.

Chegamos na Confraria, que de dia é uma loja de queijos, vinhos e coisas gostosamente finas. Subimos a escada. Alguns casais mais velhos, e um voz-e-violão na parte interna. O garçom nos levou até uma mesa boa, e antes de sentar perguntei:

  • — Tem couver artístico?
  • — Tem.
  • — Quanto?
  • — R$15 por pessoa.
  • — Pô cumpanheiro, muito caro, pô!
  • — Caro nada. Cê pode ficar 10 horas ouvindo música!

Nem sentamos, e sumimos dalí. Brinquei com a Lu que nenhum músico ia ficar 10 horas tocando, mesmo com intervalos, e nem a gente ia conseguir ficar alí para tirar a prova. Arrematei lembrando que no Bom Motivo ouve-se o melhor voz-e-violão do mundo na faixa no meio da semana. Só que o Bom Motivo era muita badalação praquela noite.

TETA Jazz Bar

Endereço: Uma das esquinas da Cardeal Arcoverde em frente ao cemitério

Descemos a Cardeal e avistamos o TETA. Gostei do nome: vanguardista e transgressor. E mais ainda do sobrenome: “Jazz”. Entramos sendo os primeiros clientes da noite (lá pelas 10:00).

  • — Toca Jazz?
  • — Tem. Tem som ao vivo.
  • — Mas é Jazz?
  • — É – respondeu sem firmeza.
  • — Quanto é o couver?
  • — R$5

Estava promissor. Fomos falar com os músicos, que estavam afinando.

  • — É Jazz ou não é?
  • — É Jazz, MPB, e tal. Ela aí canta.
  • — Mas toca com técnica? – perguntei só para me enturmar, porque pela pinta, os caras sabiam o que estavam falando. Pareciam firmeza.

Antes de sentar, vimos o cardápio: só traçados engordurados e caríssimos. Embrulhou nosso estômago faminto por um saudável açaí. Além de que a noite ia ter que terminar cedo, e eles ainda não estavam começando o som. Nesse aí eu venho noutra ocasião.

CPI Burger

Endereço: Aspicuelta com Harmonia

A Lu insistiu em irmos para a Vila Madalena. OK Lu, você venceu. Depois de pastar muito para estacionar, o faro do açaí nos levou ao CPI, que exibia uma enorme faixa: AÇAÍ NA TIGELA.

  • — Tem açaí, cumpanheiro? – perguntei sentando.
  • — Ixi! Não tem não. Pedimos desde as 5 da tarde e o cara ainda não mandou.

Que saco! Cansados ficamos alí mesmo e pronto. Como estávamos no coração da Vila, qualquer barzinho que se preze tinha que ser no mínimo bom. O CPI não se prezava, mas ainda não sabiamos disso.

  • — Tem Xingú? Tem Pepsi Twist? Que queijo vai no sanduba natural?
  • — Peraí queu vou ver. – respondia o garçom, uma vez para cada pergunta nossa, com cara de “estou começando hoje”, saindo para averiguar com o chefe.

Depois de algumas horas de confecção do pedido, com direito a muito vai-e-vem do garçom, chegam as bebidas:

  • — Xi…. Eu queria gelo e limão prá minha coca – eu disse.

O garçom sumiu com o copo, demorou, demorou, demorou, até eu assobiar. Fez cara de “opa! já vou”, e não veio. Chamei de novo e perguntei:

  • — E aí, meu? O cara foi catar o limão no pé?
  • — Não… é que ele foi buscar.
  • — Buscar? E você nem prá me avisar que ia demorar, pô! Tráz só o gelo mesmo.

Veio o copo com gelo na mesma viagem da batata frita, que estava completamente mole.

Conselho para donos de barzinho: batata frita tem que ser sequinha e crocante, e um creme por dentro. E mandióca tem que ser sequinha e macia. Nada de mandióca congelada pré-semi-frita. Do contrário, freguês não volta mais.

Reclamamos da batata, e o garçom saiu saindo, como se não tivesse ouvido.

  • — Lu, quer trocar essa batata?

A Lu respondeu positivamente, fazendo careta, e sem emitir nenhum som. Assobiei.

  • — Mas e aí? Vai fazer alguma coisa sobre essa batata? – disse já impaciente.
  • — Por que? Não tá boa?
  • — Tá horrivelmente mole, pô!

O garçom levou-a e trouxe outra menos mole, e mais queimada. Saco!

Aí desceram o X-Salada da Lu e o meu sanduba natural com queijo mineiro, que repetidas vezes o garçom insistiu em dizer – sem eu perguntar – que era feito com pão integral. Era nada. O pão era daqueles que se você testa a maciez ainda na embalagem, não leva. A Lu testou-o com as mãos, e fez outra careta. Mais um detalhe: estava velho.

Fui temperando-o com catchup e mostarda, que eram da pior qualidade. O X da Lu estava gostosinho, segundo ela.

Depois de tragado o quase-intragável o garçom apareceu:

  • — Tá tudo certo?
  • — O pão não era integral?
  • — Mas é integral, light.
  • — Num é não! – dissemos Lu e eu em coro.

O garçom insistiu por muito tempo nisso, mas não parecia estar mentindo. Acho que era por ingenuidade mesmo. Aí arrematei já com o sangue fervendo:

  • — E ó: tava tudo ruim. O pão, a batata, limão e tal.
  • — Bom, desculpaí. Peço desculpas. É queu sou só funcionário, não posso fazer nada. – respondeu, com a máxima da noite.

Conselho para garçom de barzinho: nunca diga que a culpa não é sua, pois para o freguês você é o estabelecimento, além de que tirar o corpo fora é uma atitude de cão.

Pagamos a conta de R$14.50, que veio escrita a mão, sem incluir o serviço, num papel engordurado. Pelo menos numa coisa acertaram: não iamos pagar o serviço mesmo.

E falando em serviço, São Paulo parece já não ser mais a mesma. Voltando para casa e rindo sobre as desgraças da noite, falamos que para sermos bem atendidos temos que pagar caro, muito caro. Mas pô, será que estou pedindo muito? Ou será que demos muito azar mesmo?

Aposto que você também, caro leitor, tem alguma história parecida com essa….

Desventuras no Condomínio

Como esta história causou muita repercussão entre meus amigos. E como todos quiseram ouvir mais detalhes, resolvi publica-la na íntegra na Internet.

Certo dia recebi esta carta formal de meu condomínio:

Do
CONDOMINIO EDIFICIO DONA TUDINHA SALLES
Ao
Sr. Avi Alkalay

Prezado Senhor:

Gostaríamos de comunicar-lhe que foram inúmeras as reclamações que recebemos, devido ao barulho advindo de seu apartamento, até por volta das 3 horas da manhã desta segunda-feira.
Não bastasse a rotina (sempre após as 22h quando já vigora o horário de silêncio) , de sua secretária eletrônica, que é ligada em alto volume para que o Sr. tome conhecimento de seus recados, e de suas constantes invocações a Deus, seu encontro amoroso deste final de semana extrapolou, em muito, o bom senso, o que causou indignação àqueles que residem mais próximo, incluindo aí, pessoas idosas e pais de crianças que foram acordadas com tanto “ruído”!.
Sabedores que somos de sua vontade de colaborar para o bom andamento do condomínio, solicitamos que haja mais ponderação por parte de V.Sa. para que incidentes desta natureza não voltem a ocorrer e, desta forma, retorne o clima de boa vizinhança.
Na certeza de suas providências, agradecemos.

Atenciosamente_____________________
Síndica

E minha resposta

Excelentíssima Sra. Síndica,
Excelentíssimos Srs. reclamantes do outro apartamento,

Gostaria de ter a oportunidade de me explicar perante a surreal carta que recebi.Minha secretária eletrônica fica no quarto de fundo, onde não há nenhuma janela, e a casa é toda acarpetada (o que abafa muito o som), e isso me leva a crer que para que seja ouvida em outro andar, o som para mim deveria ser ensurdecedor, o que não acontece.
Quanto aos meus “encontros amorosos”, entendo que isso não deva interessar a absolutamente ninguém. Não me agrada saber que este assunto seja comentado entre funcionários e outros moradores do prédio. Mesmo assim, posso garantir que acontecem em tons de doces sussurros, e não incomodariam quem estivesse no quarto ao lado.
Quanto as minhas invocações a Deus, sou membro de uma seita neo-illimânica que estipula uma diretriz para faze-lo em alto e bom som, para que a energia possa chegar as alturas e alcançar os ouvidos do Todo Poderoso. Estarei repensando outras técnicas de faze-lo sem incomodar os que estão geograficamente próximos a mim.
Quanto a música que ouço, tento faz-lo sempre que estou em casa. Não posso evitar, pois a música é cor, é a minha vida. Mas novamente estarei ciente para faze-lo num volume inversamente proporcional ao horário.
Quanto a outros “ruídos”, sou uma pessoa muito ativa, participante de diversas frentes de trabalhos e pesquisas avançadas. As idéias jorram em horários inesperados, e isto causa movimentação. Não posso evitar de pensar alto e caminhar em minha própria casa.

Vale lembrar que várias vezes recebi reclamações interfônicas sobre ruidos que não eram meus. Num deles estava tomando banho, com o som desligado. Num outro já estava dormindo, e fui obrigado a acordar para atender o interfone.

Fecho pedindo mil perdões por quaisquer incomodos que causei, e levando a certeza que as próximas reclamaçõees – se houverem – serão bem embasadas, lúcidas, respeitosas, e principalmente de bom senso, garantindo o excelentíssimo relacionamento entre todos nós.

Aberto para qualquer conversa,

_______________________________
Avi Alkalay, ap. 114
8/04/2001

OBS: Favor enviar cópia aos reclamantes

E a história começou a gerar interesse pela seita Neo-Illimânica…

Linux Expo 1999

Este é um e-mail histórico que mandei a vários entusiastas de Linux no Brasil durante a minha visita a Raleigh, que coincidiu com a Linux Expo 1999.

Data: Sexta, 21 Maio 1999 01:00 AM -0300
Assunto: LinuxExpo 1999

Sucedeu de eu estar em Raleigh bem na época da LinuxExpo’99. No podia deixar de ir. Como sou funcionário IBM, entrei na faixa conversando com o pessoal do stand da IBM.

Cheguei umas 17:00 e já estavam fechando a exposição. Dali pra frente só haveria uma recepção da IBM e mais algumas palestras.
No que vi do resto da exposição estavam presentes IBM (apresentando netfinity com raid), Sun, Adaptec, HP, Compaq, SGI (apresentando uma belissima máquina rodando RH6.0), Applix, FSF, Caldera, Oracle, S.u.S.E., Cyclades, Motorola, Linux*, Debian, etc, etc e etc…

Na recepção tinha comes, bebes, música e muitas figuras: Rasterman (Enlightenment, Gnome), Miguel de Icaza (Gnome), Jim Gettys (um dos criadores do X). O traje normal era jeans com polo ou camiseta. Era comum ver alguem com meia escura e sandalha. Muitos dos palestrantes estavam de short. Um clima aberto e desleixado. Tinha uma figura cabeluda com chapeu vermelho que não chamaria a tenção não fosse o chapeu, e sempre ter um monte de gente a sua volta. Cheguei perto pra ler o nome no cracha: ALAN COX!. Não vi o Linus e ouvi rumores que ele não viria.

Foi muito divertido ver as camisetas da galera. Traziam frases e desenhos muito legais.

Aconteceu de Star Wars estrear no mesmo dia da abertura da Expo. Aproveitando o ensejo, a capa do programa é o Pinguim sorrindo, coberto por uma capa Jedi, segurando um Sabre de Luz, e em volta os dizeres: MAY THE SOURCE BE WITH YOU.

Um dos assuntos mais falados é o ExtremeLinux(.org), sobre SMP. Tem algo a ver com o Beowulf. Parece-me que a IBM vai suportar algo do genero.

Entrei no final duma palestra sobre o XFree86(.org) 4.0. Uma pena, pois parecia ter sido bem interessante.

Segui para outra entitulada “The Future of X”, encabeçada por um grupo chamado (www.)X.Org. Esse grupo disse ter sido formalmente anunciado na última segunda-feira. O X parece ter se desmembrado do OpenGroup(.org). As grandes e poderosas fundaram a X.Org para continuar a evolução do X. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, aberta para qualquer um, com o primeiro objetivo de remover a suja licensa do X11R6.4. Eles irão trabalhar mano-a-mano com o pessoal do XFree86 e ambos dizem-se bastante excitados com isso (ui!).

Discutiu-se muito sobre hardware 3D, GNOME, KDE, e como o novo suporte de grandes companias estimula fabricantes a produzirem drivers.

O Jim Gettys tinha um cracha da Compaq, mas acho que ele veio da Digital. No final duma palestra tinha um monte de gente em volta dele. Abriu uma bolsa de notebook, que na verdade tinha um monte de cabos emaranhados, e sacou um protótipo que não era maior que uma caixa de cigarros. Tinha o nome Compaq gravado nele. Disse que tinha 64M de memória, mostrou a saída serial, microfone, etc. Colocou duas pilhas AAA e bootou o Linux. Entrou no X, mostrou o relógio, xterm, ls, top e até o DOOM. Tocou um MPEG em tons de cinza (tudo isso com uma caneta tipo PalmPilot). Ai ele abriu o e-mail, guardou a caneta e começou a falar com o bixinho: “Messages please”. “Message from Mary, April 2, 1999. Attached file”. “Play it for me”. “Hi Jim, this is Mary…”. Captaram?

Estão todos conscientes de que 1999 é o ano Linux, até aquelas meninas que trabalham no evento.

Amanhã tem mais.

Abraços,
Avi
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Avi Alkalay <avi at br dot ibm dot com> – IT Specialist
Managed Internet & Intranet Services of IBM Global Services – Brazil
Tel: +55 11 3050-#### / Fax: +55 11 3050-**** / Tie-line: 842-%%%%

E este e-mail foi enviado alguns dias depois.

Data: Terça, 25 Maio 1999 11:53 PM -0300
Assunto: LinuxExpo’99 Parte 2

Depois daquele primeiro incrivel dia, aconteceram mais dois.

Na sexta cheguei no começo da tarde. Não queria perder a palestra sobre Coda(.cs.cmu.edu) (sucessor do AFS), um assunto que muito me atraia. A sala estava cheia, muitos interessados. O palestrante da Carnegie-Mellon University disse que eles fizeram muita evolução no cliente Windows e ele está mais usável. Mostrou comparações entre Coda, AFS, EXT2, BSD etc… Muito bom. Belíssimo projeto, bem embasado, grandes problemas e boas solução. Decepcionei-me quando ele anunciou um novo projeto: Inter-Mezzo(.org) que não é uma nova geração, apenas melhorias. Eles ainda não terminaram o Coda e já estão brincando de Inter-Mezzo. Isso é o mundo livre, sem compromissos…

Depois peguei o começo duma outra sobre Linux em PDAs (PalmPilot etc). Sei que havia alguém da 3Com presente e ouvindo com muito bons ouvidos. Eles devem estar de olho no Linux para o Palm 18 ou superior. Não fiquei até o fim.
Havia tantos assuntos interessantes que entendi que não adiantava ficar ouvindo todos eles pois até eu ter tempo para estudar tudo, a tecnologia já deu 15 voltas. Isso me levou aos stands, falar com pessoas. Queria ver o mundo marketing do Linux.

Comprei CDs baratíssimos, camisetas (já estou com a sua, Lele) etc. Conversei com um cara que trabalha na RedHat. Ele parece testar pacotes. Disse que trabalha lá a um ano e meio e foi o número 32. Hoje a RedHat tem 130 funcionários, e continuam contratando. Como gostaria de trabalhar nessa empresa…

No fim da tarde encontrei o Jon, um cara da Transarc que veio ao Brasil nos ajudar na instalação do DCE/DFS para Globonacopa(.com.br). Assistimos juntos a palestra do vice-presidente da AOL, que diga-se de passagem odeia a M$. O Jon tinha um Think Pad idêntico ao meu, com o RedHat 6.0 instalado. Na mesa do McDonalds ajudei-o a configurar o driver de som. O kernel 2.2 tem suporte a interfaces Infra-Vermelho, então, lá pelas 19:00, fomos ao seu hotel para tentar fazer alguma coisa com isso. As 2:00 da manhã conseguimos definir IPs nas interfaces “irlan0” de cada ThinkPad. Ai, a um metro e meio de distância, sem cabo (wireless!), fiz um telnet para a maquina dele e rodei um xterm que apareceu no meu display. Isto foi in-crí-vel! Tranferimos arquivos a uma taxa de 7.7 kbytes/s. Só numa LinuxExpo poderia encontrar alguém para montar um laboratório assim!

No dia seguinte conheci um IBMer cuja função é exclusivamente contribuir para o Apache. Ele está trabalhando especificamente no suporte a threads. Comentei que não posso ter uma versão pré-compilada X do Apache e utilizar módulos pre-compilados para a versão Y. Ele disse que a versão 2.0 tentará manter uma API estável. Disse também que a EAPI do mod_ssl será integrada ao núcleo do Apache.

Vi o WebSphere rodando completo, beta, num Linux. O WebSphere é o produto no qual a IBM está investindo mais tecnologia, e principalmente marketing hoje em dia. Percebem o sentido disso?

No stand da Debian havia um Mapa-Mundi com alfinetes coloridos espetados em todos os lugares onde haviam contribuintes. Era lindo de se ver. No Brasil havia só um alfinete verde na região de São Paulo. Fui falar com um dos cara-de-hacker que estava lá. Eu disse que era do Brasil e que conhecia o responsável por aquele alfinete (ouviu essa, Macan?). Perguntei se o Debian tinha consciência de que toda a Expo era graças ao mundo comercial do Linux. Ele disse: Sim, eu sei, mas estamos no mesmo barco. Perguntei qual era o objetivo de seu projeto: Well, to have fun! A resposta dele me deu vontade não de usar o Debian, mas de contribuir para ele.

No resto da tarde aconteceram palestras sobre Beowulf e ExtremeLinux(.org vale a pena visitar só prá ver o logo). Um cara da NASA mostrou um novo projeto em que está trabalhando, o BPROC, que permite um gerenciamento de processos, numa abordagem de cluster. Você pode fazer algo do tipo bproc_execv(node, path). Interessante…

No fim da tarde, reencontrei a garota da IBM que me colocou na faixa na Expo. Ela me convidou para uma festinha a noite na casa dela. Isso foi realmente interessante. Vejam o que aconteceu:
Lá conheci um cara da FSF (gnu.org), Tim Ney, um tipo de relações públicas. Ele trabalha cercadamente com o Richard Stallman. Disse que ele não “trabalha” mais para o MIT pq tudo que ele desenvolve no MIT deve ser propriedade do MIT, e isso é anti-FSF. Mas o MIT ainda o mantém, pois afinal ele é o Richard Stallman, que continua dormindo em sua sala de trabalho. Conversamos sobre o projeto GNU, futuro, passado, filosofia etc. Ele achou impressionante ver as IBMs, HPs, Silicons rodando o GNOME em seus computadores. Quem diria… Lamentei também o exesso de liberdade do projeto, tomando como exemplo a falta de compatibilidade entre as versões da LIBC. Mas é a vida…

Ainda na festa, havia também um pessoal da IBM que eram os expositores da Expo. Não entendi exatamente a topologia e hierarquia, mas 2 deles eram o suporte pre-vendas do Linux e outro fazia parte do PDT (Product Development Team) Linux. Compreendi que eles são o nome ‘Linux’ dentro da IBM. Estavam discutindo que vários gerentes estavam brigando para assumir isto. Todos querem dar uma mordida. Estavam todos muito empolgados e neste frenezi, um deles contou que participou de uma reunião telefônica entre vários grupos e um chefão. O chefão queria saber o que estava acontecendo na IBM. Ouviu falar que o grupo S/390 (mainframe) já tinha o Linux portado para esta plataforma. O grupo AIX, especificamente SP (multiprocessamento e clusters), estava contribuindo para o kernel SMP do Linux; eles inclusive já tinham boa parte do gerenciamento distribuido portado, como o dsh (distributed shell) e outros. O grupo Tivoli já tinha versões Alphas rodando em seus laboratórios, a Lotus já tem o Notes rodando lá dentro, etc, etc. Há algum plano com datas e objetivos? Quem pediu? Quem está gerenciando isto? Por que foi feito? A resposta de cada grupo era “empolgação”.

A Julie, dona da festa, é a responsável por marketing de NetFinity, e por consquência Linux. Reclamou da RedHat. Disse que são muito arrogantes e não tem muito conteúdo. Estão construindo uma imagem. Os outros tb questionaram o modelo de negócios deles. Do que eles vivem? O objetivo deles não é dinheiro e por isso vão acabar quebrando. Eles não estão dando o suporte que as grandes estão precisando. O DB2 foi construido para rodar em RH5.2 e parece não rodar bem no 6.0 por problemas de LIBG++. A RedHat não tem o menor intresse em manter a compatibilidade, e isso chateia. Por outro lado, Caldera responde muito bem a estas requisições. Eles parecem ter uma postura mais comercial, e menos hacker. A IBM parece estar tendendo para o Caldera OpenLinux.
Eu disse que acreditava que dentro de 2 anos a IBM iria lançar o IBM Linux. Os caras concordaram.

Foi muito importante eu ter ido a esta festa. Deu-me uma melhor visão da penetração mercadológica do Linux. As conversas foram impressionantes!

Bom, essa foi a minha visão de todo este eufórico final-de-semana. Comentários?

Boa Sorte e Abraços a todos,
Avi
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Avi Alkalay <avi at br dot ibm dot com> – IT Specialist
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